Ao chegar na escola, Josh viu Rony de longe, conversando com Dave, para variar. Ficou observando por alguns instantes, até que os dois seguiram para uma sala de aula.Revirou os olhos, com raiva e ciúme contidos. O sinal tocou e correu em direção ao armário, para pegar os livros que precisaria.

– Por quanto tempo vão continuar brigados? – Perguntou Terry, parando ao lado dele.

– Eu vou pedir desculpas. – Asseverou, sendo sincero. – Só preciso pensar na maneira certa de fazer isso.

– Indo até ele e se desculpando é a única maneira que consigo pensar.

– Já falei que não é tão simples. – Revirou os olhos. – Você não sabe disso porque o Isaac não te dá motivos para sentir ciúmes...

– E o Rony dá? – Cruzou os braços. – Até onde sei, tudo o que ele fez foi ficar amigo de um garoto que por coincidência também é gay.

– “Coincidência”? – Repetiu, sem acreditar. – Eles nem se falavam um mês atrás, então do nada viram melhores amigos!

– Não é basicamente o que acontece com todo mundo?

– Não!

– Antes de sermos amigas, Frannie e eu nem nos falávamos. E nenhuma de nós conversava com você.

– Uma coisa não tem nada haver com a outra. – Teimou, como sempre. – Se vamos usar esse tipo de exemplo, Matt e Frannie mal se falavam, aí de repente viraram amigos e BOOM, hoje são o casal mais grudento que eu conheço.

– Jura que acha eles piores que a Gwendy e a Liz?

– Elas não são um casal ainda. – Deu de ombros. – Mas essa não é a questão...

– Gostei do “ainda”, me soou bem otimista. – Disse Gwen, surgindo de algum lugar. – Do que estão falando?

– Josh está fazendo drama, como sempre. – Respondeu Terry.

– Eu não estou fazendo drama! – Josh protestou.

– Josh querido, nós te amamos, mas é a pessoa mais dramática do planeta. – “Avisou” Gwen.

– A gente deveria voltar a te chamar de rei do drama. – Isaac também surgiu “do nada”, acompanhado de Frannie.

– Será que nenhum de vocês aqui vai concordar comigo?

– Não. – Todos responderam, em uníssono.

– Tudo bem, tudo bem, vocês venceram! – Exclamou, suspirando longamente. – Eu falo com ele essa semana ainda.

(...)

– Vocês deveriam aprender a ser pontuais, francamente! – Resmungou a senhorita Pillsbury, quando Gwen entrou na sala vinte minutos atrasada.

A baixinha se segurou para não rir ao ver Liz “expulsar” um garoto que estava sentado logo à frente dela. “Com certeza, isso é ser discreta.” Pensou ironicamente, enquanto se sentava nesse mesmo lugar, enquanto o pobre Kyle – ela achava que era esse o nome, pelo menos – ia para o fundo da sala. Curiosamente, isso não pareceu incomodar a professora, o que era estranho, considerando que havia ficado irritada com um simples atraso.

Como a aula que se seguiu estava extremamente chata, começaram a conversar baixinho, passando despercebidas em meio a todo o tumulto presente na sala. De repente, a senhorita Pillsbury parou a explicação – na qual ninguém prestava atenção – e olhou em direção à porta.

– Senhor McKean, entre... – Pediu a professora, com uma estranha educação. “Aluno novo” foi a conclusão óbvia da maioria ali.

– McKean? – Gwen repetiu. – Qual a probabilidade de ser...

Antes que terminasse sua frase, viu Sebastian entrar na sala, com um enorme sorriso no rosto.

– Alunos, esse é o novo colega de classe de vocês, Sebastian McKean.– Pillsbury explicou.

A baixinha então olhou imediatamente para Josh, Terry e Isaac que estavam sentados no meio da quarta fileira contando da direta para a esquerda. Sua expressão dizia: “Algum de vocês sabia disso?”. Todos balançaram a cabeça negativamente.

– Isso não pode ser sério... – Ouviu Liz resmungar, em tom irritadiço. – Se for algum pesadelo, eu quero acordar agora...

(...)

– Ele pediu transferência?! – Frannie não conseguiu acreditar.

– Pelo que o Josh disse, é isso sim. – Respondeu Matt, embora estivesse igualmente surpreso.

– Mas estamos no final do ano... Por que diabos ele pediria transferência logo agora?

– Não consegue mesmo pensar em nenhum motivo? – O quarterback perguntou, arqueando uma sobrancelha.

– Gwen... – Frannie murmurou para si mesma.

– O que tem ela? – Quis saber Noah.

– O Sebastian estuda aqui agora, cara. – Contou Matt.

– Espera, o quê? – Noah juntou as sobrancelhas, em um misto de confusão e surpresa.

(...)

– Qual é porra do seu problema? – Questionou Liz, parando Sebastian antes que ele pudesse sair da sala.

– “Porra”? Agora você fala palavrão, sunshine? – O tom de deboche dele era evidente.

– Se você pensa que pode...

– “Se eu penso que posso”, o quê? – Interrompeu. – Fazer a Gwen perceber que está errada em escolher ficar com você? Ou conseguir o amor dela? Se eu fosse você, Liz, não me subestimaria.

– E se eu fosse você, tentaria ser menos idiota.

– Eu, idiota? – Gargalhou. – Por favor, capitã... A única idiota aqui é você. E a Gwendy vai perceber isso. Então, você perde e eu ganho. Como deveria ser.

– Ela seria burra se me trocasse por você. E eu não tenho medo, porque sei que você não tem a mínima chance.

– Então por que está aqui, me questionando sobre isso?

– Para deixar bem claro que não vou facilitar sua vida nesse colégio.

– Oh, isso deveria ser uma ameaça?

– Entenda uma coisa, Friendzone: Liz Harrison não ameaça. Liz Harrison faz! Se você, por qualquer razão que seja, fizer a minha Gwen se sentir mal, se fizer qualquer coisa que possa irritá-la ou fazê-la se sentir culpada, sua vida vai se transformar em um verdadeiro inferno.

– Estou morrendo de medo... – Ironizou.