Life is strange escrita por Koaert


Capítulo 2
Take me to church




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/626122/chapter/2

''They judge me like a picture book by the colors, like they forgot to read’’

Nina

— E é assim que eu termino a missa de hoje. — Falou Jonas, o padre, finalizando a missa de quarta-feira — Boa sorte a todos no trabalho e no colégio.

Suspirei fundo e me levantei da cadeira de madeira seguindo meus pais logo em seguida.

— Toda missa ele fala boa sorte como se hoje fosse o primeiro dia de aula... — Aiden comentou com a voz sonolenta.

— Na verdade, não sei nem porque nós vamos as missas, nenhum de nós acredita em Deus. — comentei para meus pais, que riram.

— Temos que fingir que somos normais — Papai comentou de um jeito risonho.

— Acho que a cor dos nossos cabelo diz o contrário. — Mamãe falou ao entrar no carro, rimos.

Basicamente nós chamamos atenção principalmente por conta dos nosso cabelos, já que o meu e o de meu irmão são completamente azuis estilo degradê, de azul claro ao azul mais escuro. Enquanto minha mãe tem as pontas rosas e o cabelo do meu pai é verde escuro. Nossos vizinhos nos acham esquisitos por conta disso e dizem que meus pais são muito liberais, por causa deles serem artistas e pintores.

Todas as quartas e todos os domingos tem missa, mas tanto eu quanto meus pais são preguiçosos então nós só vamos uma vez no mês para fingirmos que somos normais, já que nossos vizinhos são extremamente normais e religiosos, enquanto nós somos uma família mais liberal e menos religiosa.

Sim, somos brasileiros. Meus pais se conheceram em uma exposição de arte no Rio de Janeiro, os dois brigavam por que queriam a mesma pintura. Minha mãe acabou ganhando a pintura. Dois anos depois, ela recebeu a oferta de expor suas obras ao lado de um pintor desconhecido em Paris. Esse pintor era meu pai. Enfim, eles dois ficaram no mesmo hotel, até que todas as obras deles foram vendidas. Todas. Eles foram comemorar, beberam e ai vocês sabem o que rolou. Um mês depois, ela com apenas 21 anos, teve a notícia de que estava grávida de gêmeos, ou seja, eu e meu irmão. Ela então foi ao Brasil e escondeu dele até os 5 meses, papai descobriu , ficou feliz e puto ao mesmo tempo. Então eu e Aiden nascemos, moramos no Brasil até nossos 7 anos e depois eles vieram para outra exposição e decidiram comprar uma casa aqui.

Quando eu fiz 11 anos, minha mãe perguntou o que eu queria de presente, eu perguntei se poderia pintar meu cabelo, ela ficou toda feliz com isso. Meu irmão pediu a mesma coisa porém após a gente pintar, eles dois nos deram um skate, contanto que só namorássemos seriamente com 17 anos. Obviamente aceitamos. Eu e meu irmão descobrimos uma pista de skate – o que fez minha mãe pirar – e ficávamos até de madrugada lá.

— Nina? Ta no mundo da lua é? — Meu irmão me sacudiu e então eu percebi que já havíamos chegado no colégio.

Peguei meu skate já todo acabado, e meu irmão com o dele na mão. Chegamos atrasados então tivemos que correr silenciosamente para os monitores não nos ver, já que é a terceira vez que chegamos atrasado essa semana.

Chegamos no terceiro andar na sala do 3 ano A. Sim, eu sou terceiro e tenho 15 anos, eu fui adiantada na 4ª série e na 6ª série. Meu irmão também foi mas ele perdeu de ano então ainda está no 2º ano.

— Te vejo mais tarde na pista! — Ele deu um beijo na minha bochecha se despedindo.

Mas, pouco antes de eu entrar na sala, Andrew, o diretor, chegou acompanhado de um garoto mais alto que ele - Andrew já é alto pra caramba – e com o cabelo branco que nem neve. Parecia com Andrew.

— Ah, olá Nina, chegou atrasada? — perguntou, engoli em seco.

— Não, claro que não! — menti.

— A garota está na porta da sala, com a mochila na mão e o com o skate. É meio óbvio, não acha? — O garoto falou com cara de tédio, eu levantei a cabeça para encarar-lo.

— Callum, não precisa desse mau humor — repreendeu o diretor, o garoto deu de ombros.

Andy bateu na porta e foi falar com a professora que estava na sala. Aula de religião, que bosta. Anyway, Andy falou com ela – que estava quase babando por ele – e nós entramos. Passei o olho ao redor e vi Nicco, meu melhor amigo, sorri pra mim, porém toda a atenção da aula foi atrapalhada para focar no garoto atrás de mim. O engraçado é que eu já conhecia ele porém nunca havia falado com ele. Caminhei até a cadeira ao lado de Nicco e me sentei.

— Nikolina, Luther, gostariam de comentar algo sobre o assunto? Já que vocês chegaram atrasados. — Pediu a professora.

— Não. — Eu e o garoto falamos ao mesmo tempo.

A sala deu alguns risinhos, o que fez a professora ficar irritada.

— Vocês realmente acham que religião é algo inútil ou só estão querendo me irritar? — Perguntou alterando a voz — Principalmente você, Luther.

O garoto riu.

— Eu só falei que não quero comentar — deu de ombros, a sala riu baixinho de novo.

— É, ‘psora’ liberdade de expressão. — Patrick, um ruivinho que senta no fundo, bem legal ele até, falou.

— Ta fazendo o maior drama só porque falei não. — Luther (ou é Callum o nome dele?) se levantou e foi caminhando devagar até a lixeira.

Toda a sala observava ele e a professora, ele chegou na lixeira, abriu um pacote de chiclete, olhou para a professora e colocou na boca. Acho que esqueceram de falar para ele que é proibido comer ou mascar qualquer coisa nas salas.

Assim que a professora ia retrucar algo, o sinal tocou, o que fez todos os alunos saírem da sala – e Patrick foi falar com Callum junto com mais 4 amigos. Salvo pelo gongo. Enquanto eu e Nicco riamos nas duas últimas aulas de português, os alunos mandavam a gente calar e Sarah, a loirinha que aparentemente me odiava, me fuzilava com o olhar.

— Ei, morena, nós vamos na cada da Annie hoje, não é? — Nicco perguntou baixinho.

— Óbvio, se eu não for e não levar meu irmão, ela me mata! — respondi de volta.

Pouco tempo depois, o diretor Andrew apareceu e chamou o Luther/Callum com o olhar, o que fez a sala toda ficar quieta e então sermos dispensados mais cedo.

Chega de 20 minutos depois, eu cheguei na pista de skate, encontrando o ser de cabelo azul – mais conhecido como Aiden – todo suado e sem blusa na pista. Respirei fundo e fui até ele.

— Você não filou aula, filou? — perguntei seriamente.

— Só a última, era de biologia — ele respondeu e já ia dropar da rampa, mas eu o impedi.

— Annie, lembra? Temos que ir a casa dela. — lembrei, ele arregalou os olhos como se tivesse lembrado, saiu correndo pra pegar a blusa na mão de Micka, que estava com Melissa.

Micka é um garotinho de 10 anos que age e as vezes pensa como se tivesse 15 anos ou mais. Ele é da nossa escola também porém da parte infantil – junto com Annie e Savs -, e ele tem o cabelo e olhos morenos, e é quase da minha altura. Uma ofensa isso. Já Melissa é sua irmã mais velha, que eu não gosto muito, mas meu irmão é completamente apaixonado por ela desde a 5ª serie, quando ela deu um beijo na bochecha dele. Isso é um inferno? É, mas ele é meu irmão. O problema é que Melissa é uma das pessoas mais nojentas e chatas que tem, ou seja, se segue assim: Aiden gosta de Melissa, Melissa gosta do irmão de Annie, Annie é nossa melhor amiga e a irmã mais velha dela ‘’gosta’’ de meu irmão. Uma confusão, eu sei.

— Anne, abre a porta! — Gritei já em frente ao grande casarão branco do final da rua.

Anne sorriu ao nos ver e deu espaço para a gente entrar, já fomos largando nossos skates numa parte que é para colocar sapatos, guarda-chuvas e casacos e fomos entrando como se fosse nossa casa, até por que passamos mais tempo aqui do que na nossa própria casa. Aiden todo suado e com o cabelo bagunçado foi se sentando no sofá, cheguei até ele e tentei ajeitar seu cabelo ondulado, colocando sua mini-franja para o lado.

— Você está sozinha em casa? — perguntei ao ver a casa estranhamente quieta.

— Hillary e Davina estão na casa de Melissa, e Savannah esta dormindo com meu irmão, daqui a pouco eles acordam. — explicou, arqueei uma sobrancelha.

— Então seu irmão está de volta? Mal lembro dele direito. — falei, ela riu e se sentou apoiando os pés no colo de Aiden.

O irmão de Anne - cujo não lembro o nome – foi passar um ano e meio com os avós ou algo assim, e aparentemente ele estava de volta. Eu mal falava com ele, até porque ele nunca vivia em casa e quando estava, só ficava no quarto. Só sei que tem boatos que o tio dele deixou ele ir pra lá por uns tempos para esfriar a cabeça. O filho mais velho com quatro irmãs. Um loucura.

Fui com Anne em direção a cozinha porque estava com fome e, já fui abrindo o armário para ver o que tinha, de tanto vir aqui, já perdi a vergonha de esperar Annabeth ir na cozinha para eu pegar coisas. Eu estou com fome, ora bolas!

— Então, já está preparada para amanhã? — Anne perguntou apoiando o cotovelo na bancada, eu conseguia ver Aiden assistindo TV pelo ombro dela.

— Nah, já fiz isso várias vezes, e além do mais, é só uma dança — dei de ombros, eu estava só um pouco nervosa, por que é normal, mas não é nada do que eu já havia experimentado.

— Porém agora vai ser no auditório e só você e Hillary. — Ela me lembrou, olhei para ela com cara de tédio e passei com uma barra de chocolate em direção ao sofá, me jogando ao lado de Aiden logo em seguida.

— É, tanto faz pra mim.

Isso que Anne está falando é que, todo ano eu participo das peças de teatro que tem, no total são 1 a cada 3 meses, e uma no final do ano para encerrar, porém esse ano votamos para não ser peça de teatro e sim coreografias de músicas, para mudar um pouco. Pedimos autorização do Diretor Andrew, ele deixou, e amanhã vai ser a primeira apresentação de dança comigo e com a Hillary como principais, enquanto algumas meninas ficam ao fundo mexendo os braços.

— E você sabe que vai ter que dormir aqui, não sabe?

— Mas porque?

— Por que eu quero, né.

Eu e Aiden arqueamos a sobrancelha para ela.

— Quem te deu essa autoridade toda? — Aiden perguntou.

— Eu sou a menor, eu que comando. — ela deu de ombros sendo mandona — e você também, gatão.

— Hoje eu fico, mas tu só põe ordem quando tiver mais de 1,70. Falou? — ele zoou, ela jogou uma almofada na cara dele.

— A gente não vai poder nem andar de skate hoje? — perguntei fazendo bico, mal andei hoje, to afim de andar.

— Se o Callum acordar e quiser ir, sim, por que basicamente ele que faz o nosso roteiro para fora de casa, isso se a gente sair, né. — ela explicou.

Assim que ela falou isso, só ouvi Savannah gritando e descendo as escadas acompanhada de um guri extremamente alto, de calça moletom cinza, sem blusa e com os cabelos todos bagunçados. Que legal, o cabelo dele era branco e não loiro amarelado. Era o guri de hoje de manhã. Sabia que eu já tinha visto ele antes, mas minha memória não é muito boa.

— Savannah, o que houve? — Aiden perguntou, já que nós três já olhávamos meio assustados e preocupados.

— O Luca estava me perturbando — ela falou saltitando e indo em direção a cozinha. Luca?

— Luca? — Aiden perguntou parecendo ler meus pensamentos

— Savannah as vezes chama Callum de Luca, por que é meio que a junção dos dois nomes dele. — Anne explicou. — Luther Callum, ou seja, Lu e Ca.

— Que confuso. — falei.

O Callum logo em seguida passou por mim esfregando os olhos e nossa como ele é alto. Minha cabeça bate basicamente no ombro dele. E ele é bonito, e está sem camisa. Não gosto de ficar perto de meninos bonitos e sem camisa, não é uma combinação legal, já fico mais nervosa que o normal. Ele então olhou para a gente e eu percebi que seu olho agora estava cinza, de manhã estava azul escuro.

— E a? — Callum cumprimentou Aiden quando voltava da cozinha, eles fizeram aquele cumprimento que a maioria dos meninos fazem.

— Vai pra pista hoje?

— Acho que sim.

Em questão de minutos, já estávamos nós quatro ( e Savannah no colo de Callum) jogando Monopoly e conversando.

— Eu tenho uma pergunta. — Me pronunciei enquanto arrumava meu dinheiro do jogo.

— Fala — os três falaram de vez.

— Como você conhece meu irmão? — Me referia a Callum, ele levantou o olhar pra mim e eu continuei o encarando.

— Vocês são irmãos? Não sabia. — deu de ombros.

— Pelo amor de Deus, eles são gêmeos, Callum. — Anne revirou os olhos como se fosse impossível não perceber que somos irmãos.

— A pergunta não foi essa... — cantarolei.

— Ando de skate com Aiden desde sempre, e com você também, porém você ficava mais andando com minha irmã enquanto Aiden comigo — ele falou.

Arqueei a sobrancelha enquanto o olhava, então ele também lembrava. Assim que eu consegui perceber que ele também lembrava, ele abaixou o olhar e eu consegui ver suas bochechas vermelhas. Comecei a gargalhar.

— O que foi, sua louca? — Anne perguntou assustada, eu já estava ficando sem ar de tanto rir e Callum colocando uma almofada na cara — Uau, Luther constrangido e Nina gargalhando da cara dele, parece que foi algo sério mesmo.

— É que eu lembrei que...

— Não lembrou de nada! — Callum me interrompeu e jogou a almofada em mim.

Porém antes mesmo que eu pudesse falar, o telefone começou a tocar e ele teve que ir lá atender me olhando mortalmente como se dissesse: ‘’ abra a boca e você morre’’, enquanto eu continuava rindo loucamente.

Nós desistimos de jogar porque Aiden e Callum decidiram ir pra pista, e eu, por incrível que pareça, escolhi ficar com Anne e Savannah em casa, já que tínhamos até planos, que nem aquelas menininhas de filme que ficam acordadas até tarde comentando sobre os mais gatos do colégio. Subimos para o segundo andar, onde ficava a maioria dos quartos, o primeiro já era o de Anne, que era todo meio rústico, com detalhes dourados e uma cama de casal no centro, nem prestei muita atenção nos detalhes, já que fui me jogando em cima de todas aquelas almofadas de ursinhos.

— Savs, o que houve? Você está muito quieta. — perguntei, ela se sentou em meu colo.

— Eu sou quieta — ela falou, eu e Anne olhamos pra ela desconfiada — Tá, eu não sou.

— O que teve então? — Anne perguntou preocupada — Você está assim desde que voltou do colégio.

— Não é nada, é serio, Luca já ajeitou pra mim — ela deu de ombros, saiu do meu colo e começou a pular na cama de Anne.

Passados 15 minutos, eu percebi Anne toda no mundo da lua enquanto usava o computador, fui até ela com um sorriso malicioso no rosto e então gritei no pé do seu ouvido.

— Ai, sua louca, para! — respondeu pondo a mão no ouvido.

— Está falando com o Dylan? — Fiz uma cara maliciosa — Quando vocês vão ficar de novo? Hein? Hein? Me fala!

— Meu Deus, calma! — ela pediu — Acho que na festa do Nicco, que ta vindo ai.

— Vocês tem que namorar logo.

— Tá’ louca?

Dylan é um guri que Anne ta ficando já tem um mês, ele é loiro (parece que essa família tem algum dom ou sei lá que só tem gente loira e só atrai gente loira), tem olhos castanhos quase pretos e tem 15 anos. Ele é o tipo de garoto fofinho que toda garota quer, sabe? Mas o problema é que ele já está gostando dela, e a Anne quer mais curtir, acho que de nós duas, ela é a que tem mais mentalidade para essas coisas, já que ela, com 14 anos, já ficou com alguns meninos, enquanto eu, com quase 16, só dei um selinho no meu melhor amigo que é gay. Na verdade eu não me importo com isso, por que se eu quisesse beijar alguém, eu beijaria.

— Você vai me contar tudo dessa festa, você sabe, né? — perguntei, ela arqueeou a sobrancelha.

— Meu amor, você vai pra essa festa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Life is strange" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.