Easy is boring escrita por Bianca Romanoff


Capítulo 12
Loiras e vestidos cor de rosa


Notas iniciais do capítulo

O que dizer sobre esse capítulo? Primeiramente foi um dos que eu mais gostei de escrever, por causa dessa parte da família da Jade que eu gosto de mostrar. E por causa de certas cenas fofinhas entre um certo par de adolescentes... Enfim, boa leitura!



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— O QUÊ?! — Foi a minha reação ao ouvir a notícia bombástica de Tori. Parecia que o chão tinha se desintegrado abaixo de mim e eu estava flutuando no vazio. Minha cabeça latejava com a informação: meu pai vai se casar.

O divórcio dos meus pais foi algo feio, desagradável, e difícil para uma criança como eu era assistir. Desde então eu parei de acreditar no amor, então veio Beck. Era como se eu fosse uma casa vazia por dentro, e de repente ele se tornou um residente, dando vida à casa. Então ele se foi, e ela estava abandonada de novo.

Saber que meu pai se casaria com aquela loira oxigenada só fazia tudo ficar pior. Então era por isso que minha mãe vinha agindo de maneira estranha. Ela sabia.

O convite do casamento pesava como chumbo nas minhas mãos trêmulas. Uma nota anexada com um clip dizia: “Traga o seu namorado, Beck. A companhia dele é muito agradável. Beijos, Miranda.”

E é claro, eu tenho que o convidar. Afinal, eles já têm uma imagem ruim de mim, e Beck era a única coisa que eles realmente apreciavam. Eu não suportaria as carinhas presunçosas quando eles dissessem “Que pena, querida”, com aquele tom de “Eu já sabia”.

Bati o interfone de seu trailer, apreensiva, os braços cruzados e a bota batendo insistentemente no cimento.

— Jade? — ele parecia surpreso. — O que faz aqui? Não que eu não queira sua presença...

— Preciso de um favor.

— Claro... Do que precisa?

— Você se lembra da namorada do meu pai, Miranda? E a filhinha irritante dela? — ele assentiu. — Preciso que você me acompanhe ao casamento deles, e bem, finja ser meu namorado. — seus olhos dobraram de tamanho, as palavras engasgando em sua garganta.

— Claro... Eu posso fazer isso. — eu sorri ligeiramente. — Você, quer entrar?

A pergunta me pega de surpresa.

— Não dá eu... Tenho uns deveres... Tenho que ir. — gaguejei, praticamente correndo para longe dele.

2 dias depois

Beck e eu estávamos com as malas nas mãos, na rodoviária, esperando meu pai nos buscar depois de uma viagem cansativa de ônibus a Santa Barbara, para o casamento. Recebi a grande notícia de que eu seria além de tudo uma dama de casamento, e meu vestido seria escolha da noiva. Eu já podia imaginar a coisa baranga que ela me arrumaria. Meu irmão foi comprar um sorvete e voltou com um sorriso bobo no rosto.

Quando meu pai finalmente chegou, não fez questão de sair do carro para nos abraçar, então apenas entramos no carro em silêncio. Eu não conhecia a nova casa deles, e não me surpreendi nem um pouco com ela. Era como a casa da Barbie, cheia de artefatos caros, espaçosa, num bairro sofisticado.

Miranda veio nos cumprimentar na porta segurando um cachorrinho mais parecido com um rato sem pelos. Logo atrás dela, vinha a filha, Amber, digitando no celular, mas logo interrompeu a ação, arquejando ao encontrar os olhos de Beck.

— Quem é esse? — ela praticamente se jogou pra cima dele.

— MEU namorado. — eu respondi, possessiva. O olhar de Beck encontrou o meu, uma expressão curiosa em seu rosto.

Ela deu de ombros, fingindo não ligar, mas espiava a todo momento pela beleza de Beck.

— Bem, já está tarde, a cama de vocês já está arrumada. Amanhã bem cedo você, eu e Amber vamos experimentar os vestidos! — Miranda anunciou, animada. Resisti o impulso de revirar os olhos e apenas meneei a cabeça e subi para o quarto.

Quando coloquei a cabeça no travesseiro, um milhão de pensamentos invadiram minha mente e de repente me vi chorando em prantos, engolindo os soluços para não acordar a casa inteira. Desvencilhei-me das cobertas e fui para a sacada, e para minha surpresa, ao lado da minha, Beck estava absorto em seus pensamentos em sua sacada, os cabelos sendo vergastados pelos ventos. Quando me viu, um sorriso iluminou seu rosto, logo sendo substituído por uma expressão de preocupação pela tristeza aparente em mim.

— Está tudo bem? — ele não falou alto, mas consegui ler seus lábios e fiz que não com a cabeça. De repente Beck desapareceu da sacada e abriu a porta do meu quarto, dando passos hesitantes em minha direção. — O que houve? — ele perguntou.

— Isso! — eu gesticulei o local ao meu redor, então minhas mãos caíram em seus ombros e eu não me preocupei em tirá-las.

— Vai dar tudo certo, Jade. — ele segurou minhas mãos nas dele, e beijou minha testa. Um calafrio percorreu minha espinha com o súbito contato. — Eu... estou feliz que tenha me convidado pra cá.

— Beck... — me afastei, fechando os olhos. Seu toque ainda me causava reações involuntárias do meu corpo, eu ainda me sentia tentada a fechar o espaço entre nós, e ficar tão perto assim dele me doía.

— Jade, eu só quero que saiba que estou aqui por você. Para o que precisar. — nos abraçamos com firmeza, meu rosto se encaixando no vão entre seu ombro e pescoço. Seu perfume masculino tão conhecido, uma nostalgia ao mesmo tempo dolorosa e deliciosa.

— Obrigada. — a palavra não fazia parte do meu vocabulário usual e ambos sabíamos que significava muito.

...

Acordei com um braço enrolado em volta da minha cintura, um corpo pressionado atrás do meu. Virei levemente a cabeça e encontrei Beck dormindo ao meu lado. Um suspiro assustado escapou da minha garganta. Uma breve olhada para baixo me garantiu que não fizemos nada “interessante” na noite passada, e me senti aliviada por isso. Desvencilhei-me de seu aperto com cuidado para não acordá-lo, andando na ponta dos pés até o banheiro, onde arqueei a coluna na pia, respirando pesadamente.

O que estava acontecendo comigo? Eu queria Beck de volta depois de tudo?

— Jade, querida! Vamos experimentar os vestidos! — o grito de Miranda interrompeu meus devaneios.

Beck já estava de pé, e me cumprimentou com um sorriso.

Descemos juntos, como um casal faria, depois de nos arrumar. Chegando lá, duas senhoras nos atenderam com uma comoção desnecessária, continuavam elogiando as duas mulheres loiras, enquanto eu fiquei num canto analisando a enorme loja com todos os vestidos de gala, até que a vendedora se dirigiu a mim:

— Essa é a senhorita West? É bastante... Bonita. — ela disse e pude jurar que soou como uma ofensa, como se eu não fosse magra ou loira como as duas e isso me deixasse inferior de alguma forma.

Ela me estendeu um vestido cor de rosa com uma flor encrustada no peito, e eu quase tive uma ânsia de vômito ali mesmo. No provador, tive que espremer meus peitos para caberem no vestido, o que me lembrou um certo hambúrguer numa apresentação para o público infantil. Uma olhada no espelho me disse que eu estava horrível, o vestido apertado demais nos quadris e no busto. Enquanto na perfeitinha boneca Barbie chamada Amber, que mais parecia um palito, o vestido caiu muito bem. Um pouco envergonhada, peguei um tamanho maior.

Amber deu uma risadinha no meu sufoco para encontrar o vestido certo, o que me deixou fora do sério, então perdi a paciência e possivelmente arruinei minha atuação de garota passiva.

— Sabe, não sei do que está rindo, ao contrário de você eu tenho alguma carne para exibir e não vou precisar de um cirurgião plástico assim que completar 18 para me dar peitos falsos iguais aos da sua mãe! — percebi o meu erro ao ver as expressões horrorizadas das mulheres. Afinal eu não era contra a cirurgia plástica se fazia você sentir-se melhor consigo mesmo, mas Amber estava me deixando louca de raiva.

Lágrimas falsas se formaram em seus olhos azuis e ela correu para fora, me deixando plantada na loja sem reação por alguns minutos, até perceber que se eu não quisesse voltar a pé, teria que suportar uma viagem curta com as duas. Pareceu uma eternidade no silêncio avassalador até que chegamos em casa e eu pude correr para o quarto.

Quis chorar de novo, mas ao mesmo tempo não estava no clima, então fui até a varanda e me sentei no banco de balanço que deveria conter memórias de uma infância feliz, mas que eu sabia que era tão vazio quanto o da minha própria casa. Beck apareceu logo em seguida, me estendendo um pedaço de chocolate e sentando-se ao meu lado.

— Pelo visto você surtou na loja.

— Elas ficaram rindo de mim! Não tinha como não surtar! — me defendi.

— Tem razão. E para a informação delas, o seu corpo é incrível. — sinto minhas bochechas corarem com o elogio.

— Eu sei. — repliquei, mas ainda sim sorri para ele e deixei que ele me abraçasse.

— Vai ser uma cerimônia grande pelo que vi.

— Vai sim, grande e vazia. Acha mesmo que eles se amam? Porque eu duvido. Só vejo interesse.

— Você tem uma visão muito negativa do amor.

— Foi sempre o exemplo que me deram. — ele sentiu a indireta e abaixou a cabeça, mesmo assim não tirando o braço de meu ombro.

— Me arrependo de ter magoado você, nunca foi minha intenção...

— Eu não tinha ninguém, Beck! — exclamei, de repente comovida a continuar a discussão e finalmente expor meus sentimentos. — Foi como se você tivesse pegado cada caco do meu coração e tivesse o consertado, então de repente você o estilhaçou de novo e eu não consigo recupera-lo! Eu não consigo... — algumas lágrimas ameaçavam cair, mas eu as segurei. — Eu ainda espero que um dia essa ferida cicatrize, ou, na melhor das hipóteses ter alguém para me ajudar, mas... Não posso confiar em você depois disso, Beck.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Quem odiou a Amber? E o que acham do casamento, acham que eles realmente se amam? E sobre o desabafo da Jade? Comentem!



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