O sol entrava pela fresta da cortina. O calor aquecia minha pele. Não conseguia lembrar qual foi a última vez que me senti assim, tão feliz. Parecia um sonho. Sentir o corpo quente dele abraçado ao meu. Sim, parecia um sonho,mesmo de olhos abertos, tanto que não o ouvi chamar pela primeira vez.

– Feliz aniversário dorminhoca! Disse ele beijando a curva do meu pescoço.

– Eu não sou dorminhoca! -Não conseguia falar uma frase sem retirar o sorriso do meu rosto.
– É sim, já te chamei várias vezes... E mesmo dormindo você estava sorrindo.

– Faz tempo que não me sinto assim Oliver, tão feliz. Às vezes acho que vou acordar desse sonho. -Eu disse passando os dedos pelo seu rosto tão sereno, sentindo a sua barba pinicar meus dedos.

– Se for sonho, seremos dois a acordar então. Porque isso, - disse ele apontando pros nossos corpos grudados, - é melhor do que qualquer sonho que já tive.

– E pensar que você achava melhor ficar afastado de mim com aquele discurso de "eu não posso ficar com você e salvar a cidade" e blá blá blá... - eu disse dando um tapinha em seu peito musculoso, mas que com certeza deveria fazer cócegas nele.

– Eu percebi que por mais que me afastasse não poderia ficar longe. Você e essa sua luz, - disse ele olhando no fundo dos meus olhos, traçando com seus dedos o meu rosto; - sempre me trouxeram da escuridão em que eu estava. Nunca em todos esses anos senti algo assim, mas desde que eu a vi pela primeira vez você conseguiu o impossível.

– Claro, como não rir com uma garota gaguejando, mordendo caneta e falando besteiras sobre seu lindo chefe??? - eu disse tirando um sorriso do seu rosto.

– Isso é verdade!! Mas essa não foi a primeira vez. - ele disse com aqueles olhos azuis penetrantes e que não desviavam um minuto de mim.
– Como assim Oliver? Que história é essa?
– Lembra no jato, quando te disse que voltei a Starling a alguns anos e vi a Thea e matei seu traficante? - ele me disse com um tom de seriedade que não escutava desde que saímos de férias; - Não foi só isso que eu vi, eu fui ao escritório do meu pai na QC, precisava pegar um arquivo, e ouvi passos, me escondi.. foi quando vi uma loira. - ele me olhava com os olhos brilhando e um sorriso ainda maior no rosto; -ela se aproximou da mesa e começou a falar sozinha com a minha foto, e disse q eu era fofo.

– Meu Deus Oliver, você me viu?? Por que nunca disse nada?? - eu disse escondendo meu rosto em seu peito, vermelha de vergonha. -Isso parece há anos luz do que já passamos.

– Eu sei, e você não mudou nada. Continua trazendo um sorriso no meu rosto. - disse ele puxando meu rosto do seu peito para me olhar. - Continua trazendo o melhor de mim à tona, traz luz a minha vida. Obrigado por acreditar em mim, nas minhas desculpas esfarrapadas, por ser minha força, minha luz. -Eu já não conseguia segurar minhas lágrimas, ainda parecia um sonho ouvir isso, depois de tudo o que enfrentamos juntos, de vê-lo se sacrificar por todos nós, pela cidade. Ver o homem q eu amava por tanto tempo me dizer isso com os olhos rasos de lágrimas, era o melhor presente que eu poderia ganhar na vida. Eu não conseguia responder a tanto amor..
– Parece que eu consegui deixar a dona Felicity sem palavras aqui. - disse ele com um grande sorriso no rosto, salpicando beijos pela minha face. -Bom meu amor, eu tenho um presente pra você, não pense que eu esqueci do seu aniversário! -disse levantando da cama, e vasculhando a mala que estava próxima a janela que dava vista pra linda praia em que estávamos em Coast City.

–Oliver, quando você comprou isso?? Nós não nos desgrudamos desde que saímos de Starling?? - eu disse segurando a caixinha nas mãos que ele me estendia.
– Bom, na verdade eu que fiz, e já carrego comigo a um tempo esperando a hora certa de te entregar. Sempre acontecia algo e eu fui protelando. E pra falar a verdade, ela já está comigo desde o nosso primeiro encontro que explodiu. - ele falava sem conseguir esconder o sorriso de quem tinha aprontado algo. -Achei que depois de tudo o que aconteceu entre nós, eu não teria chance de te entregar isso. Mas eu fui a Central City ajudar o Barry a enfrentar o Dr. Weels; - ele disse colocando meu cabelo atrás da orelha, tocando meu rosto tão devagar que a brisa que entrava pela janela não era suficiente para diminuir o calor que percorria o meu corpo; - e ele me disse enquanto lutávamos, que meu nome estava nos livros de história e que eu viveria 86 anos. - ele dizia com um sorriso tão grande que era impossível não sorrir como ele; -Ali, naquele momento Felicity, eu percebi que tudo que nos aconteceu não foi por acaso. Nos trouxe até aqui, até esse momento. E eu tive a certeza que eu teria uma chance, nós teríamos a nossa história e que eu poderia ter uma história ao seu lado.

Quando eu abri aquela caixinha não pude acreditar no que via. Uma flecha, delicada, prateada, um pingente pequeno em relação aos meus dedos, mas que me fez relembrar toda a nossa história. Uma história tão linda, cheia de amor e cumplicidade, ao mesmo tempo tão dolorosa, com tantas lágrimas, aventuras e adrenalina. Mas era a nossa história. O início. O início de uma longa história. E eu não me arrependia de nada.