Depois de um delicioso café da manhã com o meu “melhor amigo” eu fui para o Studio. Tive duas aulas de dança, agora era aula de... canto. Aula com a minha mãe. Ai não! Pensei que nunca diria isso, mas ok. Entrei na sala e esperei o pessoal chegar. Logo León entrou na sala e me olhou estranho. Ué? Vi minha mãe se aproximando e fui até ela. Tinha que pedir a ela para não contar que eu era sua filha, ela não gostou e falou até que eu tinha vergonha de ser filha dela, apesar disso, concordou. Pedi desculpas a ela por não poder contar o motivo, mas prometi que logo contaria. Então, ela se afastou para dar sua aula e eu para aprender na aula dela.

Sentei-me ao lado de Andrés, o que não foi bom, ele estava tentando me paquerar a aula toda e até me convidou para sair. Disse que tinha muitos compromissos e que não podia.

– E na quinta da próxima semana? – perguntou sorrindo.

– É... Talvez sim. – respondi insegura

Não veio nada na minha cabeça, mas ele me olhou e sorriu.

– Então nos encontramos na próxima quinta às três. – confirmou.

– É... - fui interrompida.

– Vocês dois aí poderiam fazer o favor de prestar atenção na minha aula? – chamou atenção a mais graciosa professora de canto.

Fiquei em silêncio. Ela estava assim desde que perguntei a ela se poderia fazer aquele favor para mim. Quando eu chegar a casa, escutarei muito.

Senti que estava sendo observada e logo encontrei a tal pessoa. Era León. E como eu consegui isso? Simples, fingi um bocejo e logo ele bocejou também. Mas ele não me olhava como me olhou hoje pela manhã. Ele me olhava sério e até demais, como se quisesse descobrir algo a mais de mim, como se estivesse desconfiando de algo. Sorri para ele, mas foi em vão.

Andrés se levantou e saiu da sala calmamente e Maxi ocupou o seu lugar. León ainda me olhava e isso começou a me incomodar.

– León? – Chamou minha mãe.

Ela percebera.

– Sim professora?

– Perdeu alguma coisa na Violetta? – Perguntou com seriedade.

“Sim e muita coisa.” Pensei.

– Não, é que tinha um besouro no... Está no cabelo dela. – apontou para o meu cabelo.

Como? Comecei a pular na sala com a tentativa de tirar aquele besouro do meu cabelo. Se é que tinha um.

– Tira Maxi! Tira! – parei.

Não consegui ver mais nada além de León e minha mãe rindo. Talvez ela não tivesse se incomodado por eu – sua linda e adorável filha – atrapalhar sua aula pela segunda vez.

– Calma Vilu! – Pediu Maxi enquanto procurava o besouro. – Não tem nada aqui.

– Talvez tenha caído quando ela estava pulando pela sala. – Comentou León, gargalhando.

Todos começaram a rir, mas eu não vi graça nenhuma. Que humilhação!

Sentei-me e depois de uns minutos arrisquei um olhar para León que sorriu, se a Ludmila estivesse aqui teria me matado apenas com os olhos.

Depois que a aula acabou a Fran me convidou para ir almoçar com ela, mas recusei. Sabia que a turma toda iria e o León estaria lá e por isso achei melhor não ir. Havia muito que pensar, havia muito que resolver.

Cheguei a casa, cumprimentei a Olga e fui para o meu quarto. Joguei-me na minha cama e comecei a pensar sobre a manhã que havia passado com León.

Ele me tratara bem, mas ao mesmo tempo não. Sentia minha falta ou não sentia? Ele havia me deixado confusa. Doeu quando ele achou uma bobagem à ideia da Violetta – eu – gostar dele. Se fosse ela contando? Imagina que humilhação ela passaria! Mas ela já passou por isso e precisa de um pouco da minha ajuda.

Fui até minha gaveta à procura de algo que finalmente achei. Era um amuleto. Não um amuleto qualquer, era o amuleto que León havia me dado quando tínhamos oito anos para simbolizar a nossa amizade.

Flashback on:

Eu estava na casa dos Vargas brincando de montar LEGO com o Jonas – irmão do León. Tudo estava tranquilo, mas León não se aproximava de nós, o que me deixou muito triste.

– Vou pegar alguma coisa para comermos pode ser Vilu? – Sugeriu Jonas se levantando.

– Sim, Jonas – respondi sorrindo.

Jonas foi à cozinha e logo León se aproximou e sentou-se ao meu lado.

– Você vai brincar com a gente? – Perguntei inocente.

– Não, não.

– Por quê? – com voz triste.

– Porque não gosto de ver você e o Jonas juntos.

O que ele tem na cabeça? Somos todos bons amiguinhos. Meus pais sempre me disseram para eu ser amigos de todos, inclusive a tia Cecília também disse.

– Não fica assim, León.

– Você é minha melhor amiga Vilu – me olhou.

– E você é o meu melhor amigo.

Ele pegou uma caixinha de madeira simples que eu não fazia a mínima ideia de onde ela estava.

– Pega. – me deu a caixinha.

Olhei para ele como se estivesse perguntando se eu podia abrir e ele assentiu.

Abri a caixinha e me deparei com uma corrente de ouro fino que segurava um quadrado como pingente. Eu não sabia bem o que era aquilo, mas era muito lindo.

– E esse quadrado?

– É o nó da amizade. Se alguém te dá esse nó, só esse alguém pode desatá-lo. – explicou.

– E se eu desatar antes? – perguntei curiosa.

– Vai ser tipo como se você não quisesse mais aquela amizade.

Fiquei encantada com o significado daquele nó tão lindo, mas ao mesmo tempo tão simples. Não havia reparado que em dois quadradinhos do nó havia as nossas iniciais. Olhei para ele confusa.

– É seu, ou melhor, é nosso. – pegou outro pingente – Tenho um igual. Então esse simples pingente representa nossa amizade – concluiu sorrindo.

Abracei-o.

Flash back off.

Sorri ao tocar naquele pingente outra vez. Magoava não poder usá-lo agora. Lembro que eu tinha um zelo do tamanho do Universo para não perdê-lo. Olhar aquele nó me dava forças para continuar lutando pelo León, nem que para isso eu tenha que destruir essa amizade. Meu coração era dele, então por direito, tem que ficar com ele.