POV Amara Parker

— Emergência no quarto 203. – Ouvi Julian gritar no corredor.

Sai correndo por ele indo em direção ao quarto do paciente ate que bati em algo duro que fez meu rosto latejar em protesto pelo impacto que recebeu. Ergui meus olhos e encontrei Caleb olhando-me com o mesmo repulso de sempre, mas dessa vez era quase palpável o ódio que ele transmitia sentir por mim.

— Ele está gritando por você. – Ele praticamente cuspiu em cima de mim.

— Ele quem? – Perguntei no mesmo tom petulante.

— O paciente do quarto 203. – Respondeu acenando em direção ao quarto.

Do corredor era possível ver a confusão dentro do quarto do tal paciente. Senti um arrepio frio descer por minha espinha fazendo-me engolir em seco essa sensação.

— Ele está tendo uma convulsão. – Amélia gritou aparecendo no corredor. Caminhando em minha direção deu-me um puxão pelo braço e saiu me arrastando para dentro do quarto.

Foi quando eu senti um arrepio quente subir pela minha espinha e o ar ficar rarefeito e insuportavelmente pesado para poder-se respirar. Um puxão foi dando e minha visão ficou completamente escura e o ar acabou ficou frio fazendo sentir um desconforto maior e passar a sentir falta do quente até que como da mesma forma que se veio minha visão voltou.

Consegui focar um homem e uma mulher muito próximos um do outro e ele a olhava com tanta veneração que me senti uma verdadeira intrusa. Enquanto eles permanecem encarando um ao outro. Eu sou alguém de fora, uma voyeur, espiando uma cena proibida e íntima por trás das cortinas fechadas. O véu negro cobria todo seu rosto assim como o lindo vestido.

O olhar intenso dele parecia queimar-me, e ele muda de rumo sutilmente tira o véu de seu rosto fazendo-me ver o rosto da desconhecida que vem me assombrando desde os meus 10 anos de idade. Ele a olha com mais veneração, mais amor que de alguma forma me deixa sem ar, e mais distante.

Eu reconheço esse rosto. Eu já o vi tantas vezes ao acordar todo dia de manhã e me olhar no espelho. Meu couro cabeludo se arrepia de medo. Aquela sou eu, tanto aqui como ali na cena.

— Lúcifer. – Ouvi eu mesma sussurrar próximo aos lábios daquele estranho.

— Meu anjo. Minha Amara. – Respondeu para mim também se aproximando mais ainda do meu outro eu.

Eu não sei, mas com o coração apertado e o estômago nauseado, eu vejo meus outros olhos encher - se de lágrimas, a respiração se acelerando, enquanto o primeiro rubor mancha suas bochechas. Não! Isto é um indesejável vislumbre, do passado angustiante, para se testemunhar. Seria uma alucinação?

Eu não posso entender o que é, mas o efeito sobre a outra Amara é imediato. Ela saiu correndo e finalmente pude ouvir o som de asas indo na direção deles.

Foi quando tudo tremeu abaixo dos meus pés e eu apaguei. Deixando-me levar pela escuridão.

POV Dean Winchester

Eu Via as enfermeiras tentarem ajudarem meu irmão até que ela entrou no quarto fazendo-me sentir um arrepio em todo o meu corpo como se fosse um mal presságio ou um demônio que tivesse entrando no ambiente e por precaução disfarcei pegando a adaga de Ruby. Olhei para o lado e vi outra mulher atrás dela impedindo os outros de entrarem no quarto de Sammy.

Os batimentos cardíacos de Sammy simplesmente dispararam avisando que de alguma forma ele sentia a presença da estranha no quarto do hospital, mas foi quando ela levantou seu rosto que todo o frio desapareceu do espaço para um calor que aqueceu todo o quarto. Seus cabelos castanhos lhe cobriam o rosto como uma cortina acastanhada.

Ela se aproximou de Sam deitado na cama e tocou-lhe levemente no braço fazendo os batimentos dele se acalmarem. Sua feição tornou-se triste e agoniada como se o estado do meu irmão a afetasse de algum modo.

— Amara.– Sam disse baixo.

— Lúcifer. – Ouvi sua voz sussurra. Minha mão apertou o cabo da adaga com força pronto para poder atacá-la, porém não tive tempo de agir ao ver o corpo dela cair ao pé da cama com seu nariz sangrando.

— Porra. – a ruiva da porta falou ao correr em socorro da mulher chamada Amara.

Tudo passou em câmera lenta até que a vi. A marca em seu pulso que se estendia até o seu braço estendido no chão. Eu sabia o que aquilo significava , pois, eu mesmo tinha uma.

E percebi naquele momento que ela era um dos Arcanjos de Deus.