Assassinando um anjo escrita por imaginação caótica


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo pra vocês.



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POV ISABEL

Chego ao apartamento de Alice ainda bêbada e vou direto ao banheiro, não procuro por ela pois meu sangue ainda ferve ao me lembrar de como a garota me irrita.

Já dentro do banheiro ouço um barulho estranho vindo do quarto e então me posiciono alerta para escutar melhor. Pela primeira vez nesta noite eu me lembro de que estamos sendo perseguidas por um dos maiores traficantes de Brasília, como fui burra ao me submeter a esta situação em uma boate lotada.

Pego minha arma que está no casaco pendurado na porta do banheiro. Lentamente eu a empunho e destravo o gatilho, silenciosamente destranco a porta tentando fazer o mínimo barulho possível.

No quarto o silêncio está total, tudo está no devido lugar exceto por um detalhe: Alice não se encontra em lugar nenhum. Meu coração bate descompassadamente, observo atentamente em volta do lugar procurando por sinais de alguma luta e não encontro nada. Olho no armário e todas as roupas dela estão lá então sei que ela não fugiu.

De repente o telefone toca assustando-me, corro para atender.

Do outro lado da linha uma voz assustada que jamais gostaria de ouvir novamente.

– Isa...Isabel....- Alice grita – fuja.

A voz dela soa cheia de medo e ao mesmo tempo forte, ela está tentando dizer-me que vai ficar bem quando eu sei que não vai.

Ora, ora Isabel... Eu esperava mais de você, mas você facilitou tanto as coisas.

– Pra onde você a levou Lucas? – Digo entredentes.

– Sua namoradinha não vai durar muito e você também não. Eu só liguei para te mostrar um pouquinho do que vai acontecer...

Um grito estridente é o suficiente para me fazer perder todo o chão. Eu havia falhado ao tentar protege-la, ela iria sofrer por minha culpa.

– ONDE VOCÊ ESTÁ? – Grito.

Tu tu tu tu.

O telefone havia sido desligado e com ele minha esperanças de tentar fazer uma troca para que eles a libertassem.

Decido que irei procura-la e viva ou morta eu a traria de volta. Respiro profundamente tentando controlar meu coração, já que me envolver emocionalmente foi o catalisador desse problema eu deveria mudar minha maneira de agir. Cobrindo-me com um casaco e com minha faceta fria e calculista saio do hotel observando tudo ao redor em busca de perigos. Logo na porta de saída do hotel vejo um homem corpulento de guarda na porta, escondo-me dele e tento analisar a situação.

Os anos haviam me tornando uma assassina silenciosa então eu poderia me aproximar dele sem que ele notasse, guardo a arma no cós da calça e rapidamente troco pela faca que sempre trago comigo, com passos lentos eu me aproximo do homem por trás sem que ele note minha presença, as ruas estão vazias então não me preocupo de alguém me ver.

Quando eu finalmente o alcanço coloco a faca em seu pescoço, mantendo-a firme contra sua pele.

–Pra onde a levaram? – Rosno.

– Pra um lugar que você jamais irá procurar.

– Onde?- Enfatizo novamente a pergunta pressionando um pouco mais a faca.

– Onde moças doces como ela perdem a inocência, onde uma certa mocinha anos atrás perdeu o ar de anjo. Você se lembra daquela moça Isabel? Você se lembra de como é ter uma alma? – David, esse é o nome dele, provoca-me.

– Cala a boca ou mato você! – Eu o ameaço.

– Lembre-se de quem você era quando nós a levamos pra lá. Aquela garota me mataria?

Por um instante vacilo quase liberando-o. E então o rosto de Alice me vem na mente. Aquele sorriso doce, os cabelos encaracolados e dourados, ninguém que a colocasse em risco sobreviveria pra contar história.

– Não ...- faço uma pausa- Mas eu sim.

Dizendo isso eu corto sua jugular e sinto seu sangue quente escorrer em minhas mãos. Um prazer genuíno me invade. Essa é quem eu sou e por saber que Alice, se ficar muito tempo naquele lugar, se tornará algo assim eu me apresso na busca para acha-la. Roubando as chaves de David, me ajeito na sua moto e sigo em direção ao lugar que jurei jamais voltar. Mas que por Alice eu voltaria, se eu tinha uma chance de me redimir seria com ela.

POV ALICE

Minha visão está escurecida por causa da venda que colocaram sobre meus olhos. Todo o meu corpo arde em diferentes pontos, sinto gosto de sangue em minha boca. Apesar disso, o que mais me preocupa é o que Isabel irá fazer.

A culpa dessa situação é minha, meu desejo de vingança boba fez com que descobrissem onde estávamos, eu deixei que esse sentimento dominasse toda a missão. Nós nos esquecemos do foco que era fugir do Sr. Mendes e tornamos isso nossa aventurazinha de romance.

Agora, eu tinha que pensar em um jeito de sair dali e encontrar Isabel antes que o Sr. Mendes chegasse. Pelo que eu tinha ouvido ele estava no México em algum tipo de reunião com a máfia de lá, não consegui entender tudo porque Lucas mandou que se calassem, mas minha esperança era que eu conseguisse sair dali e encontrasse Isabel antes dele voltar.

De repente sinto uma dor se espalhar por meu rosto e sei que levei mais um tapa de algum dos capangas. Brutalmente retiram a venda de meus olhos, isso faz com que meus olhos ardam com a luz da lanterna que cega meus olhos em meio a escuridão.

– Você é tão linda menina eu deveria poder tocá-la, mas não, o senhor Lucas não me deixa tê-la.

Um homem asqueroso passa seus dedos em meu rosto e eu tento me afastar.

– Não me toque seu porco! – Grito e cuspo em seu rosto.

– Você não deveria ter feito isso anjinho.

Ele segura meu rosto com firmeza , desespero-me e lágrimas de medo banham meu rosto. As mãos dele estão em todas as partes de meu corpo apalpando-me, apertando-me , sem esperanças grito tentando em vão fazer com que alguém me escute.

– Minha. Minha. Minha. – Ele repete várias vezes enquanto rasga minhas roupas.

Minhas mãos amarradas nas costas de nada servem para me livrar daquele monstro que cada vez mais gruda em mim.

– Pare! – Ouço a voz forte de Lucas ordenar.

Imediatamente as investidas dele param e ele sai olhando com raiva para Lucas.

– Você está bem?

Não consigo formular uma frase, e em resposta um soluço rouco escapa de minha boca. Lucas me olha com pena, apesar de muito leal ao Sr. Mendes eu vejo que aquela situação o incomoda .

– Me ajuda. – Consigo sussurrar.

O olhar duro dele vacila por alguns instantes quase como se fosse ceder ao meu pedido, mas ele lembra de alguma coisa e se recompõe. Deixando-me sozinha na escuridão ele sai. Enquanto tento pensar em alguma maneira de me soltar das amarras que prendem minhas mãos e meus pés acabo caindo no sono.

Sou acordada com algo sendo jogado em mim. Tento tocar para ver o que é, sinto um cabo que parece ser feito de madeira, os primeiros raios de sol invadem o cômodo sujo em que estou, olho para o que jogaram e percebo que é uma faca. Sorrio.

Ouço alguns estrondos vindo do lado de fora. Sons de tiros e de luta.

Apresso-me enquanto tento cortar as cordas que me prendem, mesmo com as mãos tremendo eu consigo me livrar delas, continuo cortando as cordas que prendem meus pés. Assim que termino, levanto-me o mais de pressa o possível e seguro a faca firmemente. A porta é aberta com um chute.

Isabel aparece com o rosto contorcido de raiva e com respingos de sangue. Alguns dias atrás essa cena me causaria arrepios de medo, já agora de alguma maneira me traz esperança de que podemos escapar. Sorrio pra ela como uma cúmplice e ela me lança um olhar intenso, frio e misterioso. Sinto que ela voltou a ser a assassina Isabel.

– Vamos depressa antes que eles mandem mais gente atrás de nós. – Ela corta o silêncio.

– Isabel que lugar é esse? – Pergunto.

– Nós não temos tempo pra isso Alice.

Em alguns segundos, o homem que tentou me estuprar na noite passada aparece atrás de Isabel e empunha um revólver, encostando-o na cabeça dela. Pela primeira vez eu a vejo com medo e isso faz meu peito arder.

Sinto a faca ficar pesada em minha mão, aperto o cabo dela e fecho os olhos. Respiro três vezes profundamente e tento me lembrar das minhas aulas de arco e flecha quando mais nova. Na época, eu pensava que era só mais uma coisa divertida que fazia com meu pai, agora eu sei que ele me treinava sem que eu soubesse.

Abro os olhos e o homem continua na mesma posição, a arma de Isabel está no chão ao seu lado.

– Não tente nada anjinho ou sua amiguinha aqui morre.

A menção daquele apelido é suficiente pra me fazer resolver agir de uma vez por todas. Mais um barulho de tiro vindo de fora é suficiente para fazer com que ele se desconcentre e então eu ergo a faca e jogo em sua direção. Rezo por dentro para que eu ainda tenha uma pontaria certeira e que não atinja Isabel.

Pareceu durar uma eternidade os instantes entre o minuto em que joguei a faca e o momento em que ela o atingiu certeiramente no olho esquerdo. Rapidamente Isabel desvencilha-se dele e termina o que comecei, enterrando ainda mais a faca no crânio dele.

Não tenho tempo para analisar o que fiz e as consequências disso porque Isabel segura minha mão e arrasta-me porta afora.

– Alice agora nós temos que nos unir como nunca entendeu? – Isabel pergunta.

Afirmo com a cabeça que compreendi a gravidade da situação.

– Agora vem a parte mais difícil. Entrar aqui é fácil, mas eu sei por experiência própria que sair é quase impossível, então faça tudo que eu disser.

– Isabel, eu estou com você, estamos nessa juntas. – Digo isso apertando sua mão.

Ela me olha com orgulho estampado e me beija levemente nos lábios. Naquele momento toda a confusão ao nosso redor parece sumir, quase não consigo ouvir os alarmes tocando ou os gritos que nos rodeiam.

Percebo então que estávamos em um centro de venda, prostituição e escravização de menores. O lugar de onde Isabel veio, ao perceber isso coloco todo o carinho que tenho por ela naquele beijo.

Somos tiradas de nossa bolha quando tiros vindos do final do corredor passam a centímetros de nós. Olho para trás e vejo Lucas mirando contra nós, seguro ainda mais forte a mão de Isabel e a puxo corredor a fora.

Correndo sinto que ao lado dela poderemos sair dessa.


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Notas finais do capítulo

Se tiverem algo a dizer falem agora ou calem-se para sempre.
Brincadeira não se calem não kkkk
Dúvidas, anseios, conselhos?
Deixa escrito pra mim.



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