Amor De Verão Nunca Foi Clichê escrita por Dorothy Bass


Capítulo 4
Eu odeio essas covinhas.


Notas iniciais do capítulo

Olá lindos e lindas, tudo bem? Queria agradecer as quatro leitoras mais fofas do mundo que me mandaram review, e falar que eu fico muito feliz pela resposta positiva de todo mundo e pelos meus números.
Um beijo especial pra Butterfly, baahju, Kaath Saviõn e minha linda e mararavlhosa Letícia Ayumi, que me ajudou a corrigir erros e melhorar o capítulo ❤️
Boa leitura e não esqueçam de deixar suas opiniões nos reviews! Quero ver quem são meus leitores!



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Capítulo três.

POV Sophie Holt

Eu já disse uma vez, e repito: Anthony Hoffman não muda! Cérebro não é o tipo de coisa que cresce em alguém que nasceu sem. Ou você tem um, ou não tem. E se com doze anos ele não tinha um, não é porque cinco anos se passaram que isso mudou. Pelo que eu vi, seus pais guardaram toda a inteligência e gentileza para o segundo filho. Frederick me impressionou bastante, admito. Foi fácil falar com ele, foi leve, e eu fiquei metade da viagem me perguntando como era possível os dois irmãos Hoffman terem saído do mesmo útero.

Tudo bem, no ônibus eu ainda estava me perguntando se havia alguma possibilidade de Anthony ser uma pessoa melhor agora. Conhecer Frederick me deu alguma esperança. Afinal, eles são irmãos... tinham que ter algo em comum. Pelo menos alguma coisinha. Não tinham?

Bom, essa pergunta foi respondida quando chegamos ao acampamento: Anthony Hoffman não tinha nada em comum com Frederick. Tudo o que Frederick tinha de simpatia, Anthony tinha de antipatia. Sem contar que ele era um ogro, enquanto que Fred era delicado. Não afeminado “delicado”, mas um fofo “delicado”.

E lá estava eu, conversando tranquilamente com Fred, quando ele chega, todo desajeitado e convencido, falando com seu irmão como se ele não fosse nada de muito importante. E posso jurar que o escutei chamando-o de “Frederico”. Não me culpe por não saber ao certo o que ele falou... Eu estava em transe. Olhar para aquele rosto de novo me deixou completamente paralisada. Lembranças vieram à tona. Tudo vinculado a ele veio. E eu tinha esquecido como fazia pra expulsar palavras da minha boca.

Anthony não tinha mudado nada. Bom, exceto que agora ele tinha uma barba bem rala. E mais músculos. E estava mais alto que eu. Mas, tirando essas coisas que são inevitáveis quando se cresce, estava tudo ali, no mesmo lugar de quando eu o vi pela última vez no ônibus de volta pra casa. O cabelo castanho escuro, os olhos também castanhos e as covinhas. As covinhas que apareceram todas as vezes que ele fez alguma coisa ruim comigo. Eu odeio aquelas malditas covinhas.

– Está precisando de uma águinha? Ou teu rosto está branco por falta de sol mesmo? – ele falou, tirando-me do transe. E eu o ignorei. Totalmente. Não consegui pensar em uma resposta e só consegui fala para Frederick:

– Depois a gente se vê, Fred.

E saí de lá, tentando aparentar confiança. Só aparentar mesmo, porque eu já estava dando adeus para minha confiança. Podia ver ela lá no céu, acenando para mim e me mandando beijos. Ignorei minha visão de pessoa perturbada e fui arrastando minhas malas até os monitores, que estavam direcionando todo mundo para área B do lugar, à direita do refeitório. Lembro que quando eu vim, fiquei na área A. Permaneci em frente aos chalés, enquanto esperava todo mundo chegar para poder ouvir os recados dos monitores.

– Está nervosa? – ouvi uma voz feminina vinda da minha direita. Olhei sem muita vontade, mas armei o maior sorriso quando vi que era a menina que me salvou de perder o ônibus. Ela era loira, tinha olhos castanhos grandes e penetrantes e cabelos cacheados.

– Nervosa? – perguntei, confusa, e percebi que estava mexendo meu pé sem parar. – Ah! Entendi. – soltei um riso breve e ela também. – Sabe, eu te devo alguns cookies. Obrigada por ter feito o ônibus parar.

– Não sei se você está esperando que eu recuse seus cookies, mas saiba que eu não vou. – ela disse e sorriu. – E vou cobrar.

– Por favor, cobre... eu tenho vários na mala.

– A gente junta os nossos, então. Estou cheia de salgadinhos e barras de chocolate na minha.

– Ah, alguma menina daqui não come só alface e tomate! – me impressionei.

– Sim! Bom, considerando as meninas que temos aqui, – ela disse, observando as garotas – Não teremos problemas pra dividir, já que ninguém vai quer... – a menina que eu ainda não sabia o nome foi interrompida pelo monitor de voz grossa falando.

Ele nos falou em qual quarto ficaríamos e mais algumas regras do acampamento. Nada que não seja muito óbvio: meninos e meninas não podem ficar nos dormitórios uns dos outros, nada de agressão verbal ou física e não havia permissão para drogas ou bebidas, obviamente. Não preciso nem dizer que Anthony deu uma de retardado e soltou um “aaaaah” quando o monitor falou que meninos não podem ir aos dormitórios das meninas e vice-versa.

“Quão inconveniente é esse menino?”, pensei. Mas pelo visto só eu achei inconveniente, porque o resto das pessoas presentes riram. Até minha nova amiguinha comedora compulsiva de cookies.

Quando ele terminou os avisos, disse que estávamos liberados pra levar as coisas pros quartos e, até a hora do almoço, poderíamos jogar futebol. Ele deve ter falado alguma coisa sobre piscina, já que quando eu cheguei ao meu quarto, muitas das meninas estavam colocando biquíni, mas eu parei de escutar quando ele disse que tinha futebol.

– Futebol, é?! Que menina mais do contra você, hein. Tem várias histórias nos livros sobre meninas rebeldes assim. – a menina loira com quem eu havia conversado falou quando chegou perto de mim para colocar a mala na cama ao lado da minha, na parte de baixo do beliche.

– É tudo histórinha pra boi dormir. – respondi, sorrindo, enquanto amarrava minha chuteira. – Qual é o seu nome?

– É Helena. Helena Patch. E o seu? – ela perguntou e logo abaixou-se pra puxar suas joelheiras - que estavam nos tornozelos - para cima.

– É Sophie Holt. – respondi. Vi seu rosto se transformar em uma expressão engraçada, com as sobrancelhas franzidas e os lábios comprimidos.

– Engraçado. Esse nome me é bem familiar. – ela disse. E foi minha vez de fazer uma cara esquisita.

– Coincidência! – falei, saindo correndo para chegar ao campo.

***

O campo ficava em um terreno rebaixado, e por isso tive que correr em um barranco e pular. Senti uma fisgada no tornozelo quando aterrissei do meu pulo nada bem pensado, mas passou logo que comecei a andar. Anthony estava lá. E ainda teve a ousadia de me mandar – mesmo que indiretamente – para a piscina. Ele é, definitivamente, a pessoa mais irritante – e, pelo visto, machista – do mundo. E pensar nisso me deixou muito, mas muito brava. Tudo aquilo de ter paralisado e esquecido as palavras desapareceu naquele momento. Lembrei-me que aquela Sophie Holt que veio pra cá há cinco anos havia sumido fazia muito tempo.

Desde que eu voltei do Greighton Camp, aos doze anos, entrei em um projeto de mudança.Resolvi que ninguém ia me amedrontar mais e nem mexeria comigo. Entrei no time de futebol e me tornei uma boa jogadora. Calei a boca dos meninos e meninas do meu colégio que viviam me aterrorizando quando decidi que não ia aceitar mais aquilo tudo em silêncio. E minha vida melhorou. Eu ia mesmo, depois de tanto tempo, deixar um menino fútil como Anthony me fazer retroceder? Não mesmo.

E por isso, quando ele soltou a piadinha sobre Daniel perder o jogo por me ter no time, soltei sem ao menos pensar antes:

– A gente não vai perder. Ele escolheu bem o pacote.

Se eu tinha enlouquecido? Sim. E muito. Eu estava mui louca de ter falado uma coisa daquelas. Nunca tinha jogado com nenhum daqueles meninos e já estava dizendo que ia vencer?!

Bom, a minha sorte foi que uma boa parte deles nem era tão bom assim. E quando o jogo começou, Anthony fez questão de ficar bem na minha frente, me encarando. Com aqueles olhos desafiadores dele. As sobrancelhas arqueadas. Não foi difícil adivinhar quem iria me marcar. E eu aguentei a marcação do Anthony. Mesmo. Desviei dele sempre que pude, fiz dois gols e vi que os jogadores do meu time sempre olhavam o campo, procurando por mim ou por Daniel quando estavam com a bola.

“Acho que ganhei algum respeito, pelo menos”, pensei. E, em meio ao meu devaneio, vi Anthony com a bola. Sorrindo pra mim. E aquelas covinhas nas bochechas, me provocando. De repente, tudo o que eu conseguia ver era o Anthony de doze anos, me chamando de gorda e jogando gelatina na minha blusa. Não sei o que aconteceu comigo. Só sei que, em menos de dois segundos, eu já estava me jogando no chão, em direção à bola. E bom... acabou que o pé do Anthony também estava lá. E por isso, acabei derrubando-o, fazendo-o começar a gemer de dor, enquanto segurava seu pé.

O monitor apitou e veio correndo até nós, perguntando o que tinha acontecido.

– Essa desnaturada me passou uma rasteira! – Anthony gemeu.

– Ah, qual é! Não pode ter doído tanto assim! E nem foi proposital. – falei, enquanto levantava da grama, tirando a terra da roupa. Nesse momento, todos os meninos estavam amontoados ao nosso redor.

– Vem aqui, Tony. – Daniel estendeu a mão para o amigo, que a pegou e levantou. – Não foi nada. – ele completou e piscou pra mim.

– Senhorita... – o monitor começou.

– Sophie.

– Pode levar o Hoffman até a enfermaria? – ele pediu.

– Não! – eu e Anthony falamos ao mesmo tempo.

– Eu não preciso de uma enfermeira!

– E eu quero jogar!

– Vai ser bom pra acalmar os ânimos dos dois. Por favor, Sophie. Anthony... Vai com ela. – o monitor pediu novamente e acho que ele não estava muito disposto a mudar de ideia.

Assenti e comecei a andar até o portão do campo. Ouvi Anthony gritar, pedindo pra eu esperar, mas eu só virei pra trás e acenei com a cabeça, falando pra ele acelerar o passo. Impressão minha ou ele estava mancando?

Assim que o senti me alcançar, escutei-o começar a tagarelar sobre eu o ter tirado do jogo. Ai Deus, o que eu fiz pra merecer isso?

Vai ser um loooooongo verão.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? Me contem! A Sophie é legal? E a Helena, o que acharam dela? Mostrem quem vocês são, mandem reviews, quero conversar com meus leitores lindos ❤️ Beijos



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