Capítulo 17 - My cousin is another crazy

Acordar com a campainha da casa tocando. Com certa preguiça de sair da cama, a única coisa que eu conseguia pensar era que eu precisava trocar a campainha por uma mais normal.

— Allie! - resmunguei, mesmo sabendo que ela não me escutaria do quarto dela.

Virei de barriga para baixo na cama e afundei o rosto no travesseiro, tentando abafar o som. Esperei alguns minutos, na esperança de que a pessoa desistisse de quase derrubar minha casa ou Allie se levantasse para atender a porta. O que não aconteceu nenhum dos dois, já que a pessoa era teimosa demais e Allie era folgada demais. Suspirei, derrotada, e me levantei. Peguei um short e fiz um nó na barra da blusa, apenas para evitar inconvenientes. Isso, na verdade, já estava ficando repetitivo. Desci as escadas, rezando para não ser os garotos nos perturbando o sono. Esles ainda não eram loucos o suficiente para isso. Mas assim que abri a porta e a pessoa pulou em cima de mim, me derrubando no chão, eu descobri que existem loucos o suficiente.

— Charlie! - disse Cara, saindo de cima de mim e sentando ao meu lado. Cara era filha do tio Malcolm. Outra louca da família. - Você não me ligou como tinha prometido!

Cara era mais velha, mas parecia mais criança do que eu.

— Seria bom fechar a porta! - ainda deitada no chão, com preguiça demais para levantar, apontei para a porta aberta aos meus pés.

Cara bufou, mas se levantou de boa vontade e fechou a porta, para logo depois se deitar ao meu lado e ficarmos as duas idiotas de barriga para cima e encarando o teto branco.

— E então, vai me falar porque não me ligou? - ela perguntou.

— Desculpe por isso. - falei. - Estive ocupada desde que cheguei.

— Escola não foi, eu te conheço. - rimos. - Meu pai disse que seus vizinhos são de uma banda que você gosta. Aposto que já está pegando!

Dei-lhe uma cotovelada na costela e ela gemeu de dor.

— Olha o que você pensa de mim! - reclamei, mas acabei rindo.

— Ela pensa exatamente o que você é!— ouvimos a voz de Allison atrás de nós e esticamos a cabeça para trás, vendo-a descendo as escadas e se aproximando. - Ei, Cara. Muito obrigada por nos acordar, meu sonho estava muito bom. - completou ironicamente.

Cara bateu continência. - Sempre às ordens!

Allie se deixou no chão, meio que de cabeça para baixo e encaixou a cabeça entre a minha e a de Cara.

— O que estamos fazendo no chão? - perguntou Allie.

— Sou folgada demais para levantar depois que a Cara me derrubou! - respondi, rindo.

— Isso não é novidade. - disse Cara, e imaginei que ela estivesse revirando os olhos.

— Enfim. Allie, conte-nos mais sobre seu sonho. - mudei de assunto e pelo canto do olho consegui ver suas bochechas corando. - Hmm, aposto que estava sonhando com Calum!

— Nada a ver, cala a boca! - ela disse rapidamente, claramente na defensiva. - E você não pode falar nada, está quase de pegação com o Luke!

Foi então minha vez de corar. Mas não tive muito tempo para isso, pois Cara se sentou rapidamente, com os olhos arregalados.

— Calum Hood e Luke Hemmings? - ela perguntou.

— É. - respondeu Allie.

— Os garotos do 5 Seconds Of Summer são seus vizinhos? - ela voltou a perguntar, para confirmar, eu acho.

— Aham. - confirmei, mas acho que não foi uma boa ideia.

— ASHTON, MEU AMOR, EU JÁ ESTOU INDO!

Cara se levantou num pulo e, quando percebi o que pretendia, corri e me joguei sobre ela, derrubando-a no chão antes que chegasse à porta. Não a deixei se virar, ficando sentada sobre suas costas, sem esmagá-la.

— Você está louca? - perguntei, segurando-a no lugar.

— Eu preciso conhecer meu marido! - ela exclamou.

— Olha a pedofilia! - disse Allison, rindo, se levantando e indo até a porta para trancá-la.

— Mas eu sou mais velha. - ela disse, franzindo o cenho.

— Exatamente! - exclamou Allie, como se fosse óbvio.

— O importante não é isso. - eu disse, me levantando e ajudando-a a se levantar. - Não posso deixar você ir lá, Cara, eles não podem descobrir que somos fãs ou que faça parte da família Young.

— Por quê não? - ela perguntou, enquanto íamos para a cozinha.

Dei de ombros, mas quem respondeu a pergunta fora Allie. - Não sei. Medo, talvez.

Ficamos em silêncio, enquanto preparávamos o café-da-manhã. Até que percebi algo errado ao ouvir um barulho de chave na porta da frente. E Cara não estava na cozinha.

— Droga, por quê tão teimosa?! - resmunguei ao largar a xícara na mesa e correr para fora de casa.

Não parei ao vê-la atravessando a rua em direção ao jardim dos garotos, apenas apressei o passo. E, quando ela olhou para trás para ver se não estaca sendo seguida, aproveitei a chance e dei um impulso. Caí em cima dela, derrubando-a de costas na grama, e sentei em sua barriga. Brigamos durante algum tempo, eu tentando tapar sua boca e ela tentando segurar meus pulso longe de seu rosto.

— Cala a boca!

— Me solta!

— Fica quieta!

— Sai de cima, baleia!

— Baleia é tua avó!

— Que é a mesma que a sua!

— Para de escândalo!

— Então sai de cima!

— Não até você aquietar o rabo!

— Olha como fala comigo, pirralha!

— Pelo menos não sou pedófila!

— Foda-se, eu só quero ir lá!

— É por isso que não deixo!

— Sai de cima, caralho!

— Não, porque você vai lá!

— Vou mesmo, jumenta,  agora me larga!

— Para de escândalo, desgraça!

— Mas você também está gritando!

— Culpa sua, vadia!

— Foda-se, me solta!

— Não!

— Me solta, eu quero ir lá!

— Fica quieta, praga, estou tentando tapar sua boca!

— É por isso que não fico quieta!

— Foda-se a lógica, aquieta o fogo!

— Não!

— Estão se divertindo?

Congelei ao ouvir uma voz conhecida. E não era a taquara rachada de Allison. Levantei a cabeça para a casa à frente e vi Ashton sorrindo para a gente de uma das janelas do segundo andar. Levei apenas um segundo para tapar a boca de Cara quando ela se distraiu ao seguir meu olhar.

— Oi, Ash! - cumprimentei ironicamente. - Sim, estamos nos divertindo bastante, obrigada por perguntar!

— Não sabia que você se diverte enforcando seus amigos. Bom saber, preciso ficar atento! - ele brincou e eu ri.

Cara não fazia nem esforço para se soltar de mim, estava ocupada demais, congelada, encarando as covinhas e os olhos castanho-esverdeados de Ashton.

— O que está acontecendo aqui?

Luke apareceu em outra janela, os olhos pequenos e o rosto amassado. Tinha, claramente, acabado de acordar.

— Foi mal te acordar, loirinho, mas se eu não durmo, você também não. - eu disse, com um sorriso irônico.

Ele me olhou, parecendo perceber a blusa do lanterna verde, que eu usava como pijama, por cima do short.

— Mas eu preciso do meu sono de beleza! - ele argumentou.

— Que beleza? - brinquei.

— Eu sei que você me quer, Mckinnon! - ele sorriu, cafajeste, e me mandou um beijo no ar.

Mandei-lhe o dedo do meio. - Iludido, você, coitado!

— E quem é essa? - perguntou Ash.

Olhei para Cara, que arregalou os olhos ao perceber a atenção direcionada a si e corou. Ela é fofa corada.

— Ah, essa é Cara, uma amiga minha, ninguém importante! - respondi, sorrindo torto.

— Não sabia que você enforcava seUs amigos! - brincou Luke, rindo.

Engoli em seco, com medo de eles reconheceram Cara; ela era bem conhecida pelos australianos por ser filha do tio Malcolm. Me levantei, trazendo Cara junto comigo.

— Eu tinha dito que vamos precisar tomar cuidado com ela! - disse Ashton a Luke, rindo.

— Seguinte, seus lindos, tenho que voltar pra dentro, não será bom algum vizinho me ver de pijama na rua. - eu disse, voltando devagar pela rua e puxando Cara comigo.

Luke fechou a cara. - Volta mesmo, enquanto ainda não tem muita gente na rua.

— Então até mais! - eu disse, logo antes de correr de volta para casa.

— Olha o ciúme, Hemmo!

A voz de Ashton foi a última coisa que eu ouvi antes de fechar a porta e me recostar nela, ofegante pela adrenalina. Olhei para Cara e ela olhou para mim. E segundos depois estávamos rindo, com Allie à nossa frente, dividida entre rir de nós e nos dar qualquer sermão. Até que Cara me deu uma cotovelada forte na costela, que me fez perder até o fôlego. Olhei para ela, procurando uma explicação, e a vi me encarando séria, mas com um sorriso escondido no canto dos lábios.

— Ninguém importante, é?!