She Looks So Perfect escrita por Rocker


Capítulo 15
Capítulo 15 - Bad pickup lines don't exist only in Brazil




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Capítulo 15 - Bad pickup lines don't exist only in Brazil

Um tempo depois eu e Luke já estávamos andando pelas ruas de Sydney até a locadora mais próxima. Luke queria ir de carro, mas eu precisava conhecer um pouco mais da cidade. Então consegui convencê-lo a ir a pé. Os outros estavam preguiçosos demais para nos acompanhar. Mas eu sabia que Allison os colocaria para lavar a louça. Andávamos em silêncio e eu estava tão perdida em meus pensamentos que mal percebia por onde ia.

— Está com raiva de mim? - perguntou Luke repentinamente e eu levantei meu olhar num ato reflexo.

— O quê? Não, Lukey, não é isso. - disse rapidamente, e corei ao perceber que o chamei pelo apelido que as fãs geralmente o chamam. - Desculpe. Hemmings.

Luke, porém, sorriu. - Não, eu gosto de Lukey.

Corei.

— Bem... É que eu não achei que você realmente me ajudaria. - expliquei timidamente.

— Eu prometi que ajudaria, então eu vou ajudar.

— Obrigada. - sorri para ele, e ele sorriu de volta.

Ouvi um assobio não muito longe de nós e fiquei tentada a olhar ao redor para saber de onde veio, mas me lembrei das situações embaraçosas no Brasil e eu não queria passar por isso aqui. Mas Luke não parecia pensar o mesmo, pois logo localizou a fonte: um cara mais velho do outro lado da rua. Ele era um pouco estranho, o tipo de pessoa que temos o impulso de evitar.

— E aí, gatinha? Não sei você, mas adoraria ver você miando na minha cama. - ele disse e, por incrível que pareça, ele parecia sóbrio.

A reação de Luke foi mais rápida do que eu esperava. Pegou minha mão e me fez passar o braço ao redor de sua cintura. E, enquanto passava o braço por meu ombro, virou-se para o cara com uma expressão de fúria que eu nunca tinha visto em seu rosto.

— Fique longe dela. - ele rosnou, deixando assustada, mas também maravilhada por ele estar me defendendo.  Logo que chegamos na locadora não muito tempo depois, Luke suspirou, mas não me soltou. - Aquilo foi ridículo.

Soltei uma leve risada. - E eu pensei que piadas "de pedreiros" só tinha no Brasil.

— Eles fazem isso lá? - ele arregalou os olhos azuis.

— É uma cantada mais suja que a outra. - respondi e, com isso, me soltei dele para ir encontrar os filmes.

~*~

— Eu pago! - insisti, talvez pela milionésima vez desde que pegamos os três filmes de De Volta Para O Futuro.

— Já chega, Charlie, eu pago! - Luke falou novamente. - Me deixa pagar! Como um agradecimento por você estar traduzindo o livro para mim.

Revirei os olhos, e logo suspirei.

É o mais responsável e o mais teimoso também, pensei.

— Estou fazendo isso porque quero, loirinho, conforme-se. - falei novamente e peguei o dinheiro que eu tinha no bolso.

E então a decepção veio. As notas. Eram notas de real. Real brasileiro, aqueles pedaços de papel colorido, que eu sempre achei mais bonito que a maioria das moedas estrangeiras. E nenhuma nota de dólar australiano.

— Só pode ser brincadeira! - resmunguei, ainda revirando as notas na minha mão, mas eu sabia que o dólar australiano que tínhamos trocado e os cartões internacionais ficaram em casa.

Luke observou-me, e eu via suas feições contraídas, evitando rir.

— Difícil? - ele perguntou, e eu assenti, tentando não surtar. - Isso que é o real brasileiro, não é?

— É, loirinho, é. - confirmei e ele riu, tomando os DVDs da minha mão e indo de uma vez até o caixa.

Guardei as notas de volta no bolso e segui emburrada atrás dele. Ele já estava terminando de pagar.

— Que raiva. - resmunguei, assim que ele se virou para mim com um sorriso vitorioso.

— Fica assim não, Mckinnon. - ele disse. - Estou fazendo isso porque quero, baixinha, conforme-se.

Mordi meu lábio. - Roubar minha frase é golpe baixo!

~*~

Luke insistira em voltar de mãos dadas comigo, dizendo que o "desgraçado pervertido" ainda poderia estar no caminho e ele estava certo. Eu sabia que podia não ser apenas isso, mas preferi ignorar esse pensamento, para não me iludir. O que eu realmente não esperava ao chegar em casa, era ver Calum, Ashton e Michael parados no portal que separava a sala da cozinha e olhando para a cozinha como se vissem ali um dinossauro de três cabeças.

— Vocês estão bem? - perguntei, começando a ficar realmente preocupada.

Até que Luke foi para o lado deles, e olhou para a cozinha. Eu, na minha santa ignorância, pensei que ele diria que os gordos estavam apenas brincando. Mas, assim que seguiu o olhar deles, pareceu tão ou até mais assustado que eles.

— Gente, pelo amor de Deus, o que está acontecendo? - perguntei, segurando o desespero.

Coloquei a sacola com os filmes na mesinha de centro e corri até a cozinha. E talvez eu merecia uma foto, porque a cara de bunda que eu fiz deve ter sido épica e hilária.

— Vocês estão brincando, não é? - perguntei, apontando para Allie, que estava de frente para a pia, ensaboando e enxaguando a louça, como eu tinha pedido.

— O que ela está fazendo? - perguntou Luke, olhando-a com o cenho franzido.

— Lavando a louça, como eu pedi. - respondi.

— Ignore, Charlie, eles estão assim desde que comecei. - Allie disse, voltando ao trabalho.

Revirei os olhos. - Talvez a falta de açúcar no café esteja começando a afetar o cérebro deles.

— É assim que vocês lavam a louça? - perguntou Mike, finalmente se pronunciando.

— É. - respondeu Allie, colocando o último utensílio para escorrer. - Por quê? Como vocês fazem?

— Enchemos a pia de água e sabão, esfregamos e colocamos para secar. - respondeu-me Calum, aproximando-se e olhando para a pia. - Mas o seu jeito parece mais higiênico.

Eu ri. -  E é.

— Agora, cambada, comecem a fazer a pipoca!

Ashton olhou para mim, levemente indignado.

— E você, senhorita folgada?

Sorri.

— Brigadeiro, queridinho!

~*~

— Isso. É. Divino! - Ashton exclamou assim que colocou uma colher de brigadeiro na boca.

— Eu disse que era. - mandei-lhe uma piscadela.

Já tínhamos colocado os filmes, mas estávamos dividindo nossa atenção com o brigadeiro. Aquele doce era realmente dos deuses. No início, eles ficaram um pouco receosos de experimentar ao ver a consistência. Ashton comentou que parecia lama, mas quando ameacei-o de impedir de comer, ele logo retirou o que disse.

— De onde surgiu essa maravilha? - perguntou Calum.

— Eu sabia da história, mas não lembro mais. - admiti.

— Eu sei que o nome vem de um soldado do exército. - disse Allison.

— Interessante. - comentou Michael, e eu quase não consegui entender, por sua boca estar cheia e grudenta de brigadeiro.

— Vocês tem certeza que o loirinho é o mais guloso? - perguntei, rindo.

— Cheque por si mesma! - Calum apontou.

Virei minha cabeça para Luke, que estava deitado no outro sofá, comendo brigadeiro calmamente e prestando atenção no filme. Foi então que eu percebi que outra tigela já vazia jazia no chão ao seu lado. Estava prestes a perguntar de quem foi o idiota de quem ele roubou a tigela quando percebi que a minha não estava mais ao meu lado.

— Hemmings! - gritei, e tive que segurar o riso ao vê-lo dar um pulo do lugar.

— Que foi, Mckinnon? - ele perguntou, mas logo se agitou no sofá.

— Meu brigadeiro! - choraminguei, tentando tomar a tigela da mão dele, mas sem sucesso.

— Calma, Mckinnon, relaxa e deita aqui comigo.

Bufei. - Só porque depois eu posso fazer uma lata só para mim.

Deitei-me ao seu lado e senti ele passando um braço por baixo da minha cintura para me firmar. Ouvi os meninos atrás de nós vaiarem, gritarem e assobiarem, mas apenas mandei-lhes o dedo do meio e os ignorei. Luke riu, aconchegando-me mais perto de sim e eu peguei uma colherada de brigadeiro. Ele começou a acariciar meus cabelos e o sono finalmente abateu.

— Eu podia ficar o dia inteiro assim. - ele disse, baixinho para os caras não ouvirem.

— É, eu também. - admiti.

~*~

Eu devo ter realmente dormido, porque abri os olhos com Luke me colocando sobre minha cama.

— Lukey? - chamei, sonolenta.

— Durma, baixinha, você está cansada. - ele disse, e eu senti um beijo sendo depositado na minha testa.

— Você já vai? - perguntei, sentindo um aperto no coração.

— Eu e os meninos temos compromisso, mas eu anotei seu número pra gente continuar se falando.

Eu ri e, apesar da sonolência, consegui distinguir seu sorriso iluminando minha visão.

— Espera, eu tenho uma coisa para você. - eu disse e, sem sair da cama, abri a gaveta da cabeceira para pegar as folhas do livro já traduzidas. - Quando terminar de ler, me procura para traduzir o resto.

Ele sorriu, pegou as folhas e deu outro beijo na minha testa. Então eu pude finalmente me virar e dormir. Com um sorriso no rosto.

 

 


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Notas finais do capítulo

Sobre a parte do cara mexendo com a Charlie: o Luke ficou super revoltado porque isso não é comum na Austrália. Lá eles não mexem com mulheres na rua, nem mesmo um assobio, isso é super ofensivo para eles. Eles não mexem absolutamente nada, por isso o Luke ficou raivoso daquele jeito. É o costume deles.