Campinas, 11 de junho de 2015.

Querido Matt,

Desde a primeira vez em que te vi, logo percebi que era diferente e isso me atraía. Viramos amigos, nós trés eramos inseparáveis. Eu, você e Frankie. E o que eu mais temia acabou acontecendo, já não podia controlar o que eu sentia, e fazia o possível para disfarçar. Acabei me apaixonando por você, um sentimento quase que proibido, mas era bom.

Queria poder te abraçar agora, receber seus carinhos, ter você contando suas piadas sem graça, mas das quais eu ria só porque era você que estava contando. Éramos tão bobos, mas felizes. Fui percebendo que aos poucos o que eu sentia começava a ser recíproco.

Tive a confirmação de que era real quando me beijou pela primeira vez, na cozinha de casa, no dia do meu aniversário. Foi tão maravilhoso, tudo que eu sempre quis, esperava e desejava aconteceu. Logo depois, tudo mudou, as escapadas no meio da madrugada para olhar as estrelas, havia uma necessidade de estarmos sempre juntos, de nos tocarmos. Em uma dessas noites, ficamos só ali, aproveitando a presença um do outro. Lembro-me de que você estava ansioso para começar a faculdade, para conhecer outra cidade, ter novos amigos e novas experiências. Fizemos tantos planos para o verão, e você nunca voltou.

Mas então aconteceu. Nosso último passeio antes de você ir para a faculdade. Nesse dia iríamos contar a Frankie sobre nós. As lembranças me parecem tão próximas, e com elas uma mistura de alegria, e depois só sofrimento e dor. Sempre que me recordo disso, as lágrimas começam a rolar. Estávamos felizes e, um segundo depois, não havia mais nada. Só destruição, planos nunca executados, a faculdade que você nunca concluiu, os amigos novos que nunca chegou a conhecer, um relacionamento entre nós que nunca existiu de fato e nosso primeiro verão na praia que nunca passamos juntos. Tudo se foi, e você também. E junto com você morreu o nosso maior segredo, que Frankie nunca iria descobrir.

Mantive você vivo em minhas lembranças de todas as formas possíveis, te escrevi cartas como esta várias vezes, com a esperança de que um dia você as fosse ler. Na frente das pessoas me mantinha firme, mas quando estava sozinha no silêncio do meu quarto com meus pensamentos, a rocha que eu aparentava ser não passava de uma máscara para esconder o segredo que eu tanto guardava e que me atormentava.

Esta será a última carta que irei te escrever, mas não será um adeus concreto, eu o manterei sempre em meu coração, pois um amor como esse só acontece uma vez na vida. Sonharei com você todas as noites. Perdoe-me por não te amar tanto assim a ponto de deixá-lo ir, é um amor egoísta, mas preciso que esteja presente sempre, desde em uma brisa suave até nas grandes tempestades.

Com Amor,

Anna