Corações Represados escrita por Glenda Brum de Oliveira


Capítulo 22
Capítulo 22


Notas iniciais do capítulo

Ansiedade... Frustração... Esperança... Descubra como todos esses sentimentos podem andar juntos no coração de um homem desesperado.



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O carro de Evelyn seguiu para a periferia da cidade. Seguia em direção ao velho distrito industrial. Uma área degredada com muitas construções abandonadas. Com certeza o cativeiro deveria estar em uma dessas construções abandonadas. Teriam que descobrir em qual delas. A esperança era que ela fosse até o local, mas poderia enganá-los.

Logo no início do distrito industrial o carro estacionou em frente de uma grande estrutura. Ela desceu e pegou as sacolas no carro e entrou. Os olheiros que a seguiam solicitaram orientação. Foi pedido que procurassem investigar sem serem vistos e procurar ver alguma coisa dentro do prédio.

Depois de uns quarenta minutos eles fizeram contato dizendo que devia ser a casa dela. Tinha mobília de uma casa normal. Ela colocou as compras no que seria o quarto e depois seguiu para o banheiro. Tomou banho e no momento estava comendo enquanto via televisão. Pediram mais orientações sobre qual atitude deveriam tomar. Receberam ordens para permaneceram onde estavam e para tomarem cuidado para não serem vistos. Deveriam observar a movimentação e informar qualquer alteração.

Os demais policiais e o carro onde William estava com o sargento seguiram para uma delegacia próxima dali. Lá fizeram uma reunião sobre como deveriam agir dali pra frente. Sabiam que Beatriz deveria estar naquela região. Um relatório sobre o posicionamento de Evelyn no dia anterior de acordo com as antenas de celulares que o aparelho dela entrara em contato, já fora solicitado. Esperavam conseguir um posicionamento mais preciso.

Um outro relatório sobre os imóveis alugados naquela região nos últimos dias, também foi pedido. Esperavam encontrar algum contrato de aluguel no nome de Evelyn. E com isso poderiam ter um endereço. Quando o relatório chegou não trazia nada de concreto. Havia três imóveis alugados naquela última semana, mas nenhum deles tinha o nome dela como locatário.

O relatório sobre as torres de celular usadas também não acrescentou nenhum detalhe, pois eram as que estavam próximas do que parecia ser sua casa. Mas traziam a esperança de que o cativeiro de Beatriz estava próximo.

William estava no desespero. Enquanto os policiais discutiam as possibilidades sobre o caso esqueceram sobre a mesa da sala onde ele estava os relatórios. Ele pegou o primeiro ao seu alcance. Era o relatório sobre os imóveis alugados. Começou a ler e um nome chamou sua atenção. Tinha certeza de que já havia visto aquele nome antes.

A memória é algo terrível. Ela pode dizer que uma informação existe, mas você não consegue lembrar a informação inteira. William pegou os relatórios sobre os demais possíveis crimes da Evelyn e começou a reler todo o material. E acabou dando de cara com o nome que tinha certeza que conhecia. Estava ali no relatório. Era o mesmo nome. Era considerado um cúmplice dela nos demais casos.

Olhava para os dois papeis em suas mãos de maneira incrédula. Ele sabia onde Beatriz estava. Tinham que ir buscá-la. Ele começou a berrar. Os policiais acharam que ele estava maluco. Falava de forma confusa. Por fim conseguiram fazê-lo se acalmar para explicar o que acontecia.

— Desculpem. Estou ansioso. Mas sei onde Beatriz está. Pequei o relatório sobre os aluguéis enquanto vocês conversavam. Quando li um dos nomes dos locatários me pareceu reconhecer de algum lugar, mas não consegui lembrar de onde. Por fim desisti e resolvi ler os relatórios que o investigador dos supostos outros crimes dela me mandou. E vi o mesmo nome. Está aqui. Peter Watson. Ele é considerado um cúmplice nos outros casos.

— Certo. Qual o endereço?

— É este aqui.

— Vamos ver no mapa. Hummm, fica uns dois quilômetros e meio daqui.

— Então vamos! – William falou e foi pegando o casaco que estava jogado na cadeira.

— Calma. Não podemos sair assim.

— Como não?! Já sabemos onde ela está. É só irmos até lá e pegá-la.

— E corrermos o risco de matarem ela? Uma ação como essa precisa ser planejada cuidadosamente. Para não colocarmos a vida da refém em perigo.

— O que faremos, então?

— Primeiro uma equipe vai se aproximar com cuidado para ver como está. Provavelmente esse cara deve estar lá cuidando do cativeiro. Depois estudamos a melhor forma de entrarmos para não colocarmos a vida de Beatriz em risco.

— Tudo bem. Estou ansioso demais. Mas prometo me comportar e seguir o que vocês decidirem.

Num prédio próximo Evelyn tomara banho e colocara a sopa no micro-ondas para aquecer um pouco mais. Com todo o frio que estava fazendo a embalagem térmica não conseguira segurar o calor por muito tempo.  Como se sentia vitoriosa. Dentro de poucos dias, horas podia dizer, estaria casada com William. O homem dos seus sonhos.

É verdade que pensara ter encontrado o homem da sua vida antes, mas não podiam ser comparados a William. Ele era forte e com músculos bem definidos. Sua força não era apenas física era também no destemor na hora de fazer negócios. Começara um negócio modesto que agora tornara-se internacional. E ela sentia-se orgulhosa por ter ajudado nesse caminho de crescimento.

Seriam muito felizes. Ela queria dar-lhe filhos. Cuidaria de todos e não deixaria que ninguém se intrometesse, a felicidade seria pra sempre. Estaria sempre atenta. Nenhuma intrusa como essa Beatriz iria se entrepor entre ela e seu amado. Essa minúscula criatura iria sumir logo após ao casamento, caso já não estivesse morta de frio, fome ou sede até lá.

Dera ordens expressas para Peter não dar nada pra ela. Queria aquela ratazana definhando até morrer seca. Isso é o que merecia por ter se metido onde não devia.

Logo mais a frente, algumas quadras depois, Beatriz se contorcia de frio e fome. A sensação era terrível. Tinha medo de adormecer e não acordar mais por causa da hipotermia. Procurou levantar-se novamente e dar mais uns pulinhos para fazer o sangue mover-se e na tentativa de aquecer-se um pouco. Gastaria energia, mas tinha que tentar continuar viva. Tinha certeza de que estavam procurando por ela. Se refugiava nas lembranças dos dias mágicos passados com William. Como era bom estar em seus braços e sentir o seu amor. Ela descobrira um mundo novo e mágico ao lado dele.

Tinha que suportar mais um pouco. Mais uma vez pensou em coisas de que gostava de comer. Nas coisas simples e em pratos mais elaborados. Esses pensamentos pareciam diminuir a dor que sentia no estômago. Parece que estava sendo bem sucedida em enganar seu estômago. Não sabia por quanto tempo conseguiria, mas faria o melhor que pudesse para continuar viva.


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Notas finais do capítulo

Estará a agonia no fim? O que mais pode acontecer? Ou tudo está sendo definido e chegando ao seu final? Aguarde...



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