Choices escrita por Kaah, Luh Chris


Capítulo 10
Consequências


Notas iniciais do capítulo

Olááá!

Estamos de volta!

Esse capítulo demorou, mas esta grandinho pra compensar. E além disso, o próximo já esta sendo escrito.

Esperamos que gostem!

:*

PS. Foto do Jensen *-*



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As pessoas costumam dizer que o álcool é um lubrificante social. Ouvi Christina e Will discutirem sobre isso outro dia, enquanto estávamos aqui no fosso, em uma das reuniões de sexta à noite. Minha mãe diria que o álcool não tem nenhum propósito, a não ser deixar as pessoas incapazes de agir com bom senso.

No fim, acho que tanto minha mãe, quanto Christina tem razão em suas teorias. Eu estava incapaz de controlar meu próprio riso, estava muito mais enturmada. E, definitivamente, livre de todo bom senso.

Três garrafas de cerveja depois, eu já estava sentindo como se eu pudesse levitar. A essa altura eu tinha perdido a Christina e estava sentada no chão conversando com os nascidos na audácia que conhecemos.

—Acho que você devia parar – Disse Jensen. Ele ainda estava ao meu lado e seu braço descansava nos meus ombros.

A que horas ele colocou o braço ali?

—Eu estou bem – Disse em meio a uma risada eterna – Sério!

Ele sorriu. Seu sorriso era mesmo muito lindo. Depois deu de ombros e voltamos a falar sobre a iniciação.

—Acho que a próxima fase será ainda mais difícil – Disse Uriah.

—Sério gênio? – Zombou Lynn – Claro que vai ser mais difícil. É a fase decisiva e minha irmã disse que a maioria fica traumatizada.

—Não sei se acho certo você ter essas informações Lynn – Brincou Uriah.

—Ah cale a boca – Lynn deu um empurrão em Uriah que estava ao meu lado, seu braço bateu no meu e eu que já estava tonta, caí para o lado de Jensen. Ele apenas sorriu e me ajudou a endireitar.

—Acho que é melhor eu ir embora – Eu disse – Não sei onde a Chris está e já está tarde.

—Os abnegados dormem cedo né? – Disse Lynn – Esqueci! – Ela tomou um gole da sua cerveja e me encarou esperando uma resposta. Quando eu não respondi, ela disse – Relaxa! Eu estava brincando.

—Eu já vou – Disse e me virei. Quando estava quase nas escadas ouvi alguém me chamar.

—Tris, espere! – Me virei e vi Jensen. Senti uma tontura imediata por ter me virado muito rápido – Eu vou com você. Não é boa ideia você andar sozinha há essa hora, ainda mais por que você está bêbada – Ele sorriu.

—Isso é estar bêbada? – Perguntei rindo. Realmente não sabia como é estar bêbada.

—Um pouco – Ele andou ao meu lado enquanto subíamos as escadas – Mas você se saiu bem. Nem vomitou.

—Oh! Que ótimo então – Caí na gargalhada, me sentindo ridícula por não conseguir fechar a boca. Por sorte, Jensen também estava rindo. Ou estava bêbado ou estava tentando ser legal.

—Prontinho – Ele disse quando chegamos ao meu dormitório.

—Vocês dormem onde? – Perguntei.

—Ficamos em outro dormitório durante a iniciação. Depois podemos voltar as nossas casas se quisermos. Ou podemos nos mudar para algum apartamento disponível.

—Ah – Respondi. Não consegui não pensar no fato de ele ter para onde voltar. Seria tão bom estar em uma facção onde eu pudesse ficar, onde eu quisesse ficar ao invés de me mudar e ter que me adaptar.

Mas eu não seria assim nem mesmo se eu tivesse nascido aqui. Eu não me sinto como um membro da Audácia. Eu quero ver o mundo lá fora. Eu sonhei com isso a minha vida toda.

—Você está bem? – Jensen segurou meu braço me tirando do meu transe.

—Sim – Pisquei algumas vezes – Estou bem.

—Você ficou quieta.

—Eu só... – Gaguejei engolindo o nó da minha garganta – Eu só estava pensando que deve ser bom não sentir necessidade de mudar de facção. Quer dizer, você escolheu permanecer aqui, então já tem o seu lar e seus amigos. Não tem que recomeçar.

Ele abaixou a cabeça, absorvendo o que eu disse.

—Não é que seja ruim – Disse suspirando – Eu amo a Audácia, não me vejo em outra facção, mas... – Ele fez uma pausa e olhou em volta – É mais fácil escolher quando não se tem muita escolha.

Ele disse o que eu acho que ele disse?

—É, deve ser... – Respondi. E de repente o ar ficou pesado. Eu fiquei surpresa de ver que ele também estava empurrando a vida com a barriga. Pelo menos foi o que ele quis dizer.

—Boa noite Tris – Jensen se aproximou e eu congelei. Um frio se alojou na minha barriga, mas tudo o que ele fez foi segurar meu rosto com uma mão e depositar um beijo na minha bochecha. Depois se afastou sorrindo.

Soltei o ar que estava preso em meus pulmões e encostei na parede, ao lado da entrada do dormitório. Minha cabeça ainda estava rodando.

Eu nunca mais vou beber! — Prometi a mim mesma.

**

Um som ensurdecedor irrompeu meus ouvidos e me puxou com tudo de volta dos meus sonhos.

Sentei em minha cama e me arrependi no mesmo instante. Um tambor havia se alojado dentro dela e tocava em sintonia com o som que me acordou.

—Todos no fosso, vocês têm meia hora! – Tobias gritou.

Levei alguns minutos para recuperar minha consciência por completo e nesse momento me dei conta de que era sábado, nosso dia de folga. A segunda fase só iria iniciar na segunda.

E eu estava acabada.

Christina estava a minha frente no caminho até o banheiro.

—Caramba, ele tem que ser sempre tão amoroso? – Ela resmungou.

Eu não respondi. Apenas entrei no espaço usado para tomarmos banho e abri a água gelada, na esperança de acordar meu corpo. E também por que eu gostava de banhos gelados. Na abnegação não tínhamos banhos quentes com frequência, apenas no inverno.

Todos foram se preparando, cada um no seu ritmo.

Minha cabeça ainda pulsava e eu temia que fosse durar o dia todo.

Chegamos ao refeitório e só tivemos tempo para uma fruta e um pedaço de pão. Logo todos estavam saindo em direção ao fosso e eu precisei apressar Christina, que não estava nem um pouco ciente do nosso atraso.

—Caramba Tris – Ela resmungou – Calma. Hoje era para ser nossa folga, de qualquer forma.

—É, mas dar um motivo para o To... – Caramba, minha dor de cabeça está afetando meus neurônios, quase deixei escapar que eu conheço o Tobias.

—Quem? – Christina perguntou.

—O... O todo insuportável.

—Ah... – Ela massageou as têmporas enquanto andávamos até o fosso – Que droga! Ainda nem amanheceu direito. Acho que dormi só uma hora – Ela bufou se arrastando ao meu lado.

Ao chegar no fosso vi Tobias no centro nos observando, ao seu lado estava Lauren e logo atrás, Eric.

Os dois grupos de iniciados estava ali. Nós e os nascidos na Audácia. Quando todos fizeram silêncio, Tobias começou a falar.

—Hoje vocês terão uma experiência diferente – Ele se endireitou e limpou a garganta. Pude ouvir o suspiro de uma iniciada do meu grupo, transferida da franqueza. Minha dor de cabeça se acentuou e senti a bile subir. Essas garotas não tinham um pingo de noção.

—Hoje não era o nosso dia de descanso? – Ouvi Albert perguntar bem ao meu lado.

Tobias se virou e em seguida se aproximou de nós. Eu comecei a ficar desconfortável. Ele ficou a poucos centímetros do rosto do All.

—Você precisa de mais tempo de descanso? – Tobias perguntou de forma retórica. Depois se virou para o restante de nós e disse em voz alta – Cada um de vocês deve saber que não existe tempo certo para nada quando se é um soldado da Audácia. Cada segundo é valioso e devemos estar prontos e alertas a todo instante – Ele se virou para All novamente – Dá próxima vez, beba menos e durma mais. Assim estará mais apresentável quando for solicitado – Seus olhos pararam em mim no final.

Ai. Obrigada All!

Depois dessa, All finalmente se calou e Lauren tomou a palavra.

—Iremos até a cidade. Vocês serão divididos em 3 grupos e iremos patrulhar os principais pontos onde os sem-facção se reúnem.

—Existe algum propósito nisso? – Christina sussurrou para mim, mas eu não respondi.

Para mim aquilo era a mais pura bobagem, mas eu não iria abrir minha boca.

Aproximadamente 15 minutos depois estávamos no trem. Fomos divididos em três grupos e eu acabei no grupo com a Lauren, dei graças a Deus por isso, ao menos não teria que suportar o Tobias ou o Eric.

Fomos os primeiros a pular do trem, Christina havia ficado no grupo do Tobias. Eu fiquei com Will, Peter, Drew e alguns nascidos na audácia.

Jensen ficou no grupo com Eric. Ele sorriu para mim enquanto estávamos no trem e fez algum gesto simulando um tiro na têmpora, claramente insatisfeito por ser retirado da cama tão cedo.

Nossa primeira parada foi perto da abnegação. Senti um frio na barriga e ao mesmo tempo uma nostalgia. Não faz muito tempo, mas eu sinto como se fossem anos longe de casa.

Andamos em duplas. Caminhei com o Will, observando o movimento. Nossa missão era observar e separar qualquer tipo de conflito que viesse a ocorrer.

Will e eu entramos em um galpão, aonde vimos um grupo de sem facção entrar um minuto antes. O lugar estava escuro e imediatamente quis voltar, senti que não era boa ideia estar ali.

Após algum tempo andando pelo galpão, me virei para fazer alguns gestos para Will, estava ficando cada vez mais escuro, e percebi que ele não estava em lugar nenhum próximo a mim. Dei alguns passos na escuridão e senti um puxão forte no meu braço. Me debati algumas vezes, mas não consegui me soltar. A pessoa que me puxou era mais forte e me arrastou alguns metros até uma área aberta. Nesse momento percebi que era um homem e ele me prensou contra a parede, me analisando.

—O que vocês querem aqui? – Ele rosnou alto. Seu bafo era tão repugnante quanto sua aparência. Ele era um sem facção. Estava com roupas gastas e tinha uma enorme barba.

Eu não respondi, no entanto. E ele me apertou mais, e foi nesse momento que eu senti uma dor aguda na minha costela. Provavelmente algo pontiagudo.

—Eu vou perguntar mais uma vez garota, o que vocês da Audácia querem aqui? Aqui não tem nada para vocês!

Avaliei minhas opções. Tentar bater nele seria inútil, uma vez que ele tinha o dobro do meu tamanho e eu apesar de estar muito melhor fisicamente depois dos treinos, estava sem defesas. Pensei em gritar, mas ele iria me machucar ainda mais. Olhei por cima do ombro do homem e avistei mais dois. Eu estava encrencada!

Solte-a! – Uma voz próxima ordenou.

Sem se virar o homem gritou:

—Jhonny! – Um dos homens que estavam próximo se aproximou de nós, montando guarda enquanto o homem que me segurava se virou lentamente. Nesse momento ele moveu o objeto pontiagudo da minha costela, direto para a minha garganta.

Antes mesmo de olhar, percebi que a voz que ordenou antes, era de Tobias. Ele estava com a arma apontada em nossa direção e sua expressão era a mais assustadora possível. Ele estava imóvel também.

O homem fétido e assustador ainda me mantinha à sua frente, segurando a lâmina brilhante contra o meu pescoço com uma mão e apertando meus ombros com a outra.

—Vá embora moleque! – O homem que foi chamado de Jhonny gritou.

Solte-a! Tobias alertou mais uma vez.

—Você vai arriscar a vida dela? – O homem que me segurava perguntou se posicionando atrás de mim.

—Não. A essa distância eu nem preciso da minha boa mira, mas eu a tenho, e em 1 minuto você terá um buraco na sua testa – Tobias mantinha-se imóvel.

Outra pessoa se aproximou de nós e sussurrou algo no ouvido do homem atrás de mim. Não consegui entender muito bem, mas ele disse algo como “É ele. O homem murmurou algo de volta e eu não compreendi. Em seguida ele relaxou o aperto e retirou a lâmina do meu pescoço.

Quando eu achei que Tobias ia tentar prendê-los pelo ataque a mim. Os homens entraram de volta na escuridão e eu fiquei ali, parada, sem entender nada.

Tobias se aproximou e me encarou. Ele estava sério.

—Você está bem?

Olhei para ele, depois para a entrada por onde os homens passaram e para o Tobias de novo.

—Por que deixou eles irem?

Ele revirou os olhos e puxou meu cotovelo, me empurrando para andar na frente dele.

—Você não devia estar andando sozinha, você sabe disso não é?

—Eu me perdi do Will quando entramos no galpão.

—E por que vocês entraram lá? – Ele perguntou parando e me puxando para olhar para ele.

—Eu... Ãhn... Nós vimos um movimento estranho e fomos ver o que era!

—Vocês foram imprudentes! E a essa hora você poderia estar morta, Will pode estar morto – Senti meu sangue gelar. Eu não pensei que isso poderia acontecer.

—Por que eles nos machucariam? – Ergui o queixo e tentei engolir o nó de preocupação que se formou.

—Por quê? Você é ingênua ou estúpida?

—Olha Tobias... – Comecei e imediatamente me arrependi. Ele arregalou os olhos para mim e apertou a mandíbula com força.

—Não me chame assim, esse não é o meu nome. Quantas vezes vou ter que repetir isso pra você? – Ele rosnou perto do meu rosto. Depois, recuperou a compostura – Vocês foram imprudentes e se eu prendesse aqueles homens vocês poderiam ser punidos por desobedecer às ordens de andar em grupo. E onde diabos estava sua arma quando eles te atacaram?

Eu não tinha resposta para aquilo. Eu fui pega de surpresa e facilmente desarmada. Pelo visto eu aprendi a lutar, aprendi a manusear uma arma, mas ainda precisava aprender a ser mais atenta.

—Acho que agora você sabe por que ficou em décimo lugar! – Ele atirou e soltou meu braço. Fiquei congelada, com ódio dele e de mim, não, fiquei com ódio da minha estupidez.

Andando depressa avistamos Will. Ele estava mais a frente andando de um lado a outro, com certeza me procurando. Senti um alívio imediato. Ele estava bem.

—Tris! – Ele correu ao meu encontro – Meu Deus Tris, você está bem? Fiquei preocupado com você – Will me encarou e depois desviou o olhar para o Tobias, que estava bufando ao meu lado.

—Vocês deveriam ser punidos por isso. Vocês têm sorte de que isso é só uma atividade e não um teste, caso contrário, eu mesmo iria aplicar uma punição a vocês! – Dito isso, Tobias se virou e saiu andando até eu perdê-lo de vista.

—O que foi isso? – Will quis saber.

—É... Sem facção. Eu fui cercada por três deles e quase fui morta – Revirei os olhos – O... Quatro – Engoli a respiração – Chegou na hora e ficou irritado por que entramos no galpão.

—Oh – Will disse – Você está bem? Eles te machucaram?

—Não, estou bem. Como eu disse, o Quatro chegou bem na hora e... Bom, ele me salvou. - notei o riso começando a escapar por seus lábios - Não ria, a coisa foi séria. - comecei a rir um pouco também. Ergui a ponta da minha regata e vi a marca arroxeada que a lâmina fez, por pouco ele não me perfurou.

—Já que você foi salva pelo incrível Quatro, e tudo agora está bem, acho melhor irmos. Eu vi Lauren mais a frente. Acho que em breve vamos voltar – Ele assumiu a posição à minha frente, e fomos de encontro à Lauren.

Depois do ocorrido, ficamos mais uma hora andando pelas ruas. Observando a movimentação. Eu fui me acalmando aos poucos e pude assimilar melhor as coisas. Fiquei grata pela ajuda do Tobias. No fundo, me pareceu que ele se importava comigo, ou talvez ele só estivesse querendo aparecer, ou não perder um de seus iniciados. Mas ele parecia irredutível apontando aquela arma, senti medo dele. E, uma vontade enorme de abraça-lo.

O mais estranho é que aqueles homens pareciam conhecer o Tobias. Fiquei pensando sobre isso por um bom tempo, alguma coisa não se encaixava.

Como já estávamos na rua novamente, me senti mais preparada para combater, caso fosse necessário. Andava com a postura mais reta, e a arma pronta para ser usada. Não seria pega de surpresa novamente. Minha atenção estava toda em meu trabalho no momento.

De repente vi um brilho um pouco mais à frente na rua, saindo por detrás de umas caixas. Segui naquela direção. Ao passar pelas caixas, ouvi um barulho atrás de mim, e me virei, com a arma apontada na cara de uma pessoa, com o rosto coberto por um lenço.

—Descubra o seu rosto, e coloque as mãos onde eu possa vê-las – Disparei. A pessoa levantou as mãos em sinal de rendição, e retirou o lenço do rosto. Foi nesse minuto que parei de respirar.

—Mãe? O que está fazendo aqui? - Abaixei minha arma, e fui em sua direção. A abracei, e olhei para seu rosto, que sorria ao colocar suas mãos em ambos os lados do meu rosto.

Ela olhou para os lados, em urgência – Precisamos ser breves minha menina - Me lembrei de que não podíamos ser vistas, e balancei minha cabeça concordando – Eu sabia que você iria para onde seu coração estava. Não pense por um minuto que eu não sabia. E apesar de ter ficado triste com sua escolha, eu a entendo.

—Obrigada mãe. Pode ter certeza de que o que fiz foi doloroso, mas precisava ser feito, eu...

—Eu sei querida. Não se preocupe com isso agora – Ela mudou de expressão – Mas preciso de algumas respostas – Ela olhou novamente para os lados, e abaixou ainda mais a voz – Qual foi seu resultado no teste de aptidão?

O sangue correu do meu rosto.

—Abnegação – Foi a resposta mais rápida que consegui dar, rápido de mais. Ela estreitou seus olhos.

—Sério Beatrice. Isso é muito importante para sua segurança.

—Abnegação – Repeti – E Erudição, e Audácia.

Seus olhos se arregalaram.

—Três? – Sua expressão ficou mais sombria – OK, não podemos mudar quem você é. Mas filha, você sabe que é uma divergente, não sabe? – Acenei com a cabeça novamente, e dessa vez, fui eu quem olhou para os lados – Ótimo que você já saiba, agora escute bem o que eu digo. Nunca, em hipótese alguma, revele a alguém sobre sua condição – Ela sacudiu os meus ombros e olhou em meus olhos – Nunca Beatrice.

—Eu sei, mãe... Tori, a moça que fez meu teste de aptidão apagou os dados e me disse a mesma coisa. Pode ficar tranquila.

—Tris? - Escutei chamarem ao longe, tinha que sair dali antes que nos encontrassem.

—Você tem que ir... Tris. Gostei do nome. Você se dará muito bem na Audácia, desde que seu segredo esteja sempre seguro – Ela me deu outro longo abraço - Eu te amo minha filha. Nunca se esqueça disso - Ela sorriu – E coma muitos muffins por mim – Minha mãe piscou e se afastou. Como ela sabia sobre a comida da Audácia?

—Mãe? Você... – Ela levantou a barra de sua blusa, e pude ver uma parte de uma tatuagem. Levei as mãos à boca. Minha mãe também era uma transferida. A voz foi ficando mais perto. Entendi que era hora de ir – Não importa, eu te amo também mãe. Muito.

Comecei a andar de volta ao lugar onde tínhamos que nos encontrar. Olhei pra trás uma única vez, mas ela já não estava mais lá. Eu estava meio boba, com a revelação e também com o susto enorme que já tinha tomado.

—Aí está você, ainda bem que só eu senti a sua falta. Onde você estava? – Will me tirou do transe – Lauren não percebeu que eu estava sozinho, sorte a sua. Não faça mais idiotices como essa.

—Desculpa Will – Pensei em uma desculpa para não revelar meu encontro secreto – Precisava ir ao banheiro. Então improvisei atrás daquelas caixas – Fiz minha melhor cara de tímida. Ok, não foi a mais esperta das desculpas, mas ele não contestou, provavelmente porque ficou constrangido também.

—Vamos, e nada de falar sobre isso. Estávamos juntos o tempo todo – Ele disfarçou, e fomos em direção ao grupo.

Quando nos reunimos novamente, todos estavam exaustos. Tenho certeza que uma atividade como essa depois de uma bebedeira como a de ontem não fez bem a ninguém. Exceto para mim, que depois do momento tenso, deixei de ter dores na minha cabeça. E estava feliz por ainda ter o amor de minha mãe, e por saber que ela era da facção que eu escolhi. E estava determinada a esconder o meu segredo com todas as minhas forças. Ninguém saberia dele. Nunca.


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Notas finais do capítulo

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