Carte Mystique escrita por Starlight


Capítulo 5
Quatro: Herança


Notas iniciais do capítulo

Mil perdões pelo atraso desse capítulo, novamente. A última viagem prejudicou a postagem então até o quinto cap vão sair fora de ordem. Peço que tenham paciência, por mais que atrasem os caps eu jamais deixarei de publicar!
Boa leitura.



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Quatro: Herança

Henry tomava caminhada ao lado de Sygnus, ainda com uma certa desconfiança a respeito do homem que lhe acompanha.

– O que era aquele animal que me atacou? – Indagou Henry.

– Era um caçador listrado, típico predador da região. – Sygnus sorriu, respondendo como se nada tivesse acontecido.

– Você fala como se estivesse tudo bem. Ele quase me matou! – Henry se zangou com a tranqüilidade de Sygnus, retrucando em tom alto.

– Mas está tudo bem, afinal, você não está inteiro? – Indagou Sygnus, deixando Henry sem resposta para aquele assunto.

– Cadê o saco que estava contigo quando chegou aqui?

– Saco... Ah, o dinheiro do meu pai! – Henry se assustou, vendo que já não tinha mais o saco em mãos, olhando por todos os cantos. – Precisamos voltar lá!

– Não será necessário. – Sygnus sorriu, tirando das vestes o saco que Henry procurava.

– Espera! – Henry parou, apontando com o indicador direito para Sygnus. – Quando você o pegou?

– No momento em que eu apareci eu sabia que o caçador iria danificar aquilo, então, eu tomei.

– Mas isso é roubo!

– Não é mais. – Sygnus jogou o saco para Henry que, desprevenido, o apanhava todo desengonçado.

– Primeiro eu tenho que te informar que esse dinheiro não é qualquer um como em seu mundo. – Sygnus erguia o palmo canhoto à boca, tossindo. – Seu pai adquiriu esse dinheiro em um jogo especial, um dinheiro que vale apenas nesse mundo.

– Só nesse mundo? – Indagou Henry.

– Claro. Não achou estranho o saco atravessar o portal inteiro junto com você?

– Então quer dizer que tudo que pertence a este mundo ou tem uma ligação consegue transitar daqui para o meu mundo e vice versa sem problema algum? – Henry coçava a cabeça, confuso.

– Pelo visto você aprende rápido, jovem Henry.

– Certo, por que ele iria pegar esse dinheiro pra mim?

– Porque ele sabia que chegaria a hora em que você iria morar aqui. – Sygnus fechava os olhos brevemente durante a caminhada enquanto uma leve brisa eólica batia em seus cabelos, os conduzindo no ar.

– Sério mesmo que eu tenho que morar aqui? – Henry momentaneamente era interrompido por Sygnus que o contornava e parava em sua frente, lhe apanhando pelos braços.

– Escute, Henry. Desapegue de tudo que você conhece lá fora, agora a sua vida é aqui, seu destino pertence a esse mundo e por mais que você não acredite, a sua vida se mudou pra cá e se morrer aqui, não poderá voltar para o seu mundo.

– Olha, Sygnus. Eu realmente acredito nisso tudo mas eu tenho que tirar um tempo para pensar porque não é sempre que eu vejo gigantes sorridentes e árvores flutuantes, ainda mais um felino com um exoesqueleto que tentou me matar.

– Te entendo. Vai ter um tempo para estudar na academia e tomar consciência de tudo que está acontecendo, sem problemas.

– Obrigado pela compreensão. – Henry sorriu.

– Sem problemas, mas se apresse ou eu lhe corto no meio. – Sygnus retribuiu o sorriso.

– Como assim?! – Henry berrava inconformado com a contradição de Sygnus. – Seu bipolar!

Sygnus e Henry desde então mantiveram um silêncio entre ambos, andando grande parte dos campos verdes de Etheryus sem uma palavra se quer quando de repente uma lembrança viria à tona na cabeça de Sygnus.

– Agora que eu lembrei! – Sygnus estalou os dedos, sorrindo. – Você possui uma herança.

– Herança? – Indagou Henry.

– Sim, uma herança. Todo esse dinheiro que seu pai adquiriu para você era a chave que te leva até sua herança.

– Eu tenho uma herança? Então quer dizer que realmente já estava tudo programado para eu morar aqui.

– Exatamente.

Após trinta minutos andando, Sygnus disparava em uma leve corrida até um pequeno morro à frente dos mesmos, uma corrida que Henry posteriormente repetira, porém, sendo incapaz de alcançar.

– Ei, Sygnus! Me espere!

– Você é muito lento. – Sygnus retrocedeu um pouco, puxando Henry pela gola de sua camisa até a ponta do pequeno morro.

Após Henry chegar, sua reação fora de outro patamar. Além de seus olhos, no vasto horizonte, bem ao centro deste, localizava-se enormes muros que abraçavam um gigantesco reino, este era o reino de Soutur: Grandes torres para todos os lados, um barulho alto dos grandes comércios do reino, tropas faziam uma patrulha matinal enquanto o som se escondia nas torres reino, outros soldados praticavam um combate corpo a corpo com armas de madeira sobre os pequenos montes flutuantes que giravam em torno daqueles grandes muros, como uma defesa natural semelhante ao anel de Saturno.

– Essa é a minha nova casa? – Dizia Henry, impressionado. – É incrível.

– Sim, será sua nova casa. – Sygnus sorriu. – Agora vamos.

Desciam o pequeno morro as pressas, com Henry disparado na frente. Chegara em frente do grande portão de metal do reino.

– Você se empolgou, pelo visto. – Disse Sygnus.

– Mas é claro, olha que incrível! – Os olhos de Henry brilhavam enquanto ele aumentava o seu tom de voz, empolgado.

– Vamos, vou te apresentar tudo o que você precisa saber de início. – Sygnus ia na frente, recebendo uma saudação de alguns soldados do exército do reino, os dispensando logo após para continuar suas atividades diárias.

Henry iria logo atrás, observando a bela arquitetura medieval que o local apresentava.

– Vamos começar por aqui. – Sygnus parava em uma grande casa com um enorme brasão de uma espada e uma lança cruzadas em sua fachada. – Esta é a loja de armas “ponta de bronze”. Tudo o que precisar para combates terá aqui.

Sygnus continuava em caminhada enquanto Henry olhava distraído para o brasão gigantesco.

– Próxima parada, “Ninho do faminto”. – Sygnus parava em um pequeno edifício com paredes de vidro onde destas era visível ver várias mercadorias que estavam a vendo nas prateleiras: desde alimentos frescos quanto a outros ingredientes para refeições mais complexas. – Tudo o que precisar para matar a sua fome estará aqui.

Continuando em caminhada, Sygnus parava em uma pequena escada que levava até uma pequena casa que dobrava a esquina.

– Aqui será a sua casa. – Sygnus apontou com o indicador destro. – Como eu soube antes, consegui comprar essa casa com a quantia autorizada da sua herança que eu podia ter em mãos.

– Sério? Obrigado. – Henry andava lentamente para a escada com o intuito de subir para a casa quando de repente era puxado por Sygnus, sendo arrastado pelas ruas de paralelepípedo do reino. – Ei! Por que está me puxando?

– Não terminamos a nossa expedição, venha. – Sygnus manteve a seriedade, arrastando Henry pelas vestes.

Após percorrer uma pequena subida nas ruas do reino, Sygnus ainda arrastando Henry pelas vestes, entrou em uma grande casa dourada, passando por um corredor extremamente estreito que levava até uma longa escada. Chegando na escada, Sygnus soltou Henry e começou a descê-la.

– Ei, o que é aqui? – Indagou Henry

– O banco de Soutur. – Disse Sygnus enquanto descia as escadas com pressa e o saco do prêmio de Thomas em mãos. – Iremos abrir a sua herança.

Após descerem o lance de escadas, Henry e Sygnus se deparam em um enorme salão dourado sustentado por inúmeras colunas brancas e detalhadas com o símbolo do reino: Uma coruja que carregava um arco em suas patas.

Mais a frente daquele enorme salão, nas paredes, existiam inúmeras portas de cofres e dentre eles, Sygnus avistava de longe o que pertenciam a Henry.

– Venha, achei o seu cofre. – Sygnus andava até a grande porta de platina, enfiando a mão no saco que levava na mão direita.

Após retirar a mão de lá, deixara o saco vazio, tendo em mãos um punhado de moedas de ouro que posteriormente cintilavam em uma forte magia que as uniam, as transformando em um único objeto: uma chave gigante.

– O que? – Henry sairia de perto da escada após ver a transformação daquele ouro em uma chave, se aproximando de Sygnus.

– Abra. – Sygnus virou-se para Henry, lhe entregando a chave. – É o seu cofre.

– C-Certo. – Henry, nervoso, empunhava a chave, indo até o grande portão de platina, o observava de ponta a ponta antes de enfiar a chave no orifício do portão.

Após enfiá-la ali, a girou sentido horário, desencadeando uma sucessão de trancas que moviam engrenagens em todas as partes do portão até que por fim este se abriu.

– Não acredito. – Henry fica pasmo com o que via em sua frente: Inúmeras peças douradas e uma quantia incontável de moedas de ouro e uma enorme variedade de jóias.

Entretanto, algo brilhava muito mais que toda aquela riqueza e esse brilho encontrava-se no meio desta grandiosa quantia de jóias e ouro. Henry, ao se aproximar, sentia que o brilho aumentava e uma energia estranha lhe envolvia, prosseguiu, atento. Sygnus olhava do lado de fora, sorrindo, provavelmente já sabendo do que se tratava.

– O que é isso, Sygnus?- Indagou Henry.

– Encontre o que é e saberá. – Respondeu.

Henry começou a vasculhar toda aquele amontoado de moedas até um nível que estas começavam a abrir caminho automaticamente, dando espaço a uma carta de bordas douradas e com um guerreiro sobre rochas flutuantes talhada na mesma.

– Isso é... - Dizia Henry.

– Sim, uma Carte Mystique. – Afirmou Sygnus. – Erius, o escolhido da terra. Ele é um dos cinco grandes escolhidos que nasceu para combater as trevas neste mundo.

Após a carta se revelada, a mesma se aproximou do coração de Henry, criando um compartimento fictício que era interligado a um cordão que se prendia ao pescoço de Henry.

– Pelo visto seu coração fora aceito pela Carte Mystique. – Sorriu Sygnus. – Entretanto, ainda vai ter que aprender a usá-la na Academia antes de sair por aí se transformando, entendido?

– Sim, senhor. – Respondeu Henry.

– Tome isso. – Sygnus apanhava uma bolsa de couro que estava encostada no canto do cofre, arremessando-a para Henry. – Use isso e pegue um pouco de dinheiro.

Henry apanhava a bolsa, colocando dois punhados de moedas de ouro dentro de um compartimento da bolsa, a fechando.

– Posso voltar aqui para pegar quanto eu quiser? – Indagou Henry.

– Não, isso não duraria um mês em suas mãos. – Sygnus o tirava de dentro do cofre, fechando a porta e posteriormente, guardando a chave consigo.

– Que palhaçada, lógico que consigo administrar isso aí.

– O que vai fazer com o que pegou, então?

– Bem...

– A chave vai ficar comigo, mesmo. – Sygnus sorriu, se retirando do banco junto a Henry.

Saindo de lá, Sygnus prosseguiu caminho com Henry até o fim da grande rua que percorreram, virando várias esquinas e passando por grandes comércios, até mesmo pela feira central de mercadorias do reino que acontecia uma vez por semana.

– Agora, nossa última parada antes de você estar dispensado. – Sygnus parava em frente a uma mansão enorme de vários andares, de um material escuro que era enfeitado por metais claros e de cores monocromáticas. – Aqui é a ACS, “Academia Carteniana de Soutur “.

– Aqui é onde eu vou estudar? – Os olhos de Henry brilhava, analisando toda a estrutura.

– Sim, mas não é esse lugar. – Disse Sygnus.

– Como assim é e não é esse lugar? – Indagou Henry.

– Essa não é a aparência real dele. Mas geograficamente dizendo, o local em que irá estudar será aqui. – Respondeu Sygnus.

– Certo, agora eu irei para casa. – Disse Henry.

– Eu também irei, aproveite enquanto tem uma folga, suas aulas começam em cinco dias.

Após isso, Sygnus rapidamente sumia antes mesmo de Henry perceber. Sozinho, tomou rumo rua a baixo rumo a sua casa.

Enquanto o jovem percorria o trajeto, um sujeito surgiria no local, anônimo, de mesma estatura, viria sentido contrário a Henry, passando próximo ao mesmo em uma velocidade reduzida quando de repente ambos se chocam, ombro com ombro, fazendo-os parar de andar.

– Ei, cuidado! – Henry reclamava, porém, no momento em que se virava, uma adaga estava apontada em sua garganta.

– Você que deve ter cuidado se não quiser morrer, novato. – Dizia a pessoa a sua frente.

Era um garoto da mesma altura, cabelo liso e escuro como a noite. Uma franja que se inclinava para seu olho direito, deixando apenas filetes na direção do olho esquerdo e ao centro de ambos os olhos. Olhos cinza com um natural semblante ameaçador. Pele de pouca melanina, coberta por uma camisa azul de manga comprida, calças largas na região da coxa e justas conforme o aproximar do tornozelo, presas na perna por espécie de fivelas.

– Não quero brigar. – Disse Henry.

– Sua arrogância me enoja. – Elevou palmo até uma espécie de coleira que usava cuja qual possuía. – Vou lhe ensinar a ser mais respeitoso com pessoas nobres.

– Você, nobre? Onde? – Indagou Henry com um tom de deboche.

– Passou dos limites, seu imundo. – O garoto pisoteava forte o chão com suas botinas de couro, tocando na carta em seguida, que brilhava em um azul de uma tonalidade mais escura. – Carte Mystique, Euzebius.


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