Pata das Sombras e os outros levaram a representante ao curandeiro, o gato negro estava observando sua irmã, que estava quieta, o movimento da respiração nao era a comum, as vezes lenta, as vezes ofegante... Se continuasse assim, jamais se tornaria guerreira ou aprendiz.

–Ela vai ficar bem? -perguntou para Bico de Falcão, desviando seu olhar âmbar da irmã para o curandeiro, que cuidava da ferida de Asa de Morcego.

–Ela de vez em quando acorda, dorme muito para uma gata da idade dela.- olhou para o aprendiz negro rapidamente, voltando a atenção para a representante, apertando a folha no pescoço da gata.-Isso é preocupante...

–Certo... -suspirou, entrando na toca e andando até a irmã que dormia, fechou os olhos e deu uma lambida rápida na gatinha. Se virou para a entrada e saiu andando.

Estava realmente preocupado com a situação da pequena, mas tentou esquecer disso e se focar mais em seu futuro, mas o pensamento da irmã o interrompia, tentou ignorar e seguiu em frente.

Ela... Ela tem que sobreviver... Jamais vou me perdoar se Filhote Pequeno morrer...

Pata das Sombras pensou, distraído, trombou em Capinzinho.

–Hey!Olhe por onde anda! -Capinzinho cuspiu, seguindo em frente a batendo a cauda no rosto de Pata das Sombras.

Pata de Hortelã logo veio, pedindo desculpas. Capinzinho nunca foi assim com ele, e fez com que ficasse pensando o porque disso, finalmente uma distração. Mas algo veio em sua cabeça, todos os quatro clãs lutando em um campo de batalha, fogo devorando a floresta e tirando várias vidas, havia um gato em cima de uma pedra coberta de chamas, o vento assoprou o fogo, assim possibilitando a visão, antes que pudesse ver quem era Pata de Texugo interrompeu seus pensamentos.

–Pata das Sombras, Cauda Curta e Coração Selvagem vão mostrar os lugares, vamos logo...

–Uh? Sim? Ah, sim! Desculpe, estava distraído -Respondeu, cutucando o amigo, sinalizando para ele o guiar.

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Cauda Curta e os outros acabaram de sair da área de caça do Clã da Noite, todos silenciosos e em alerta, não sentiram cheiro de nenhuma presa além das que estavam caçando, ainda precisavam descobrir onde estavam as presas. Agora estavam no campo de treinamento, o chão era gramado, uma grama fresquinha, não era o terreno certo para treinar, Pata das Sombras reparou.

–Aqui é o campo de treinamento... Que tal treinarem um pouco? -Coração Selvagem sugeriu.

Os aprendizes se entreolharam, concordaram com a cabeça.

–Hehe, observem e tentem fazer igual.- Cauda Curta sorriu, sinalizando para Coração Selvagem. Os dois se entreolharam com um ódio bem disfarçado, a gata rajada desembainhou as garras e deu um salto no irmão, pousando as garras em seu rosto, os dois se "abraçaram" e trocaram mordidas e arranhões violentos, Cauda Curta a chutou e se levantou, com um corte na cabeça. -Vez dos dois!

Pata das Sombras sorriu, se afastou um pouco de Pata de Texugo e levantou o focinho. O amigo sorriu de volta e chicoteou a cauda, se posicionando em modo de ataque, Pata das Sombras sinalizou, dando chance a ele o atacar, e assim fez, o gato acinzentado foi pular no aprendiz negro, mas agarrou o vão, Pata das Sombras desviou e se impulsionou com as patas traseiras, pulando e derrubando o amigo, posicionando a pata em seu pescoço.

–Assim?

–Exato... -Coração Selvagem e Cauda Curta responderam juntos.

Pata de Texugo sorriu, impulsionou as patas traseiras e chutou a barriga de Pata das Sombras, o fazendo cair no gramado. Ele tossiu, se levantou e arrepiou os pelos.

–Hehe, vamos simular uma luta de verdade! -Pata das Sombras rosnou, cravando as garras na grama. -Minha vez de atacar?

–Você quem sabe... Já não apanhou o bastante? -os dois se provocavam como inimigos.

O aprendiz negro deu uma corridinha e se jogou nas patas do amigo, o derrubando em cima de si mesmo, se levantou e o jogou no chão. Pata de Texugo balançou a cabeça, abriu os olhos que logo se arregalaram e se esquivou de um golpe violento do Pata das Sombras.

–Certo, chega. Estão ótimos, agora vamos conhecer os territórios. -Cauda Curta miou, saindo do campo gramado.

Foram andando, entraram em um lugar parecido com aquele que lutaram contra os gatos do Clã do Alvorecer, mas tinha mais plantas espinhosas e um cheiro forte de algo morto, o mesmo que sentiram quando lutaram com Garra de Ferro, e também tinha um cheiro forte do fedor do Garra de Ferro.

–Ugh... De Novo esse cheiro... -Pata das Sombras entortou o nariz, indo ver o que era, da primeira vez se ocuparam lutando com os gatos. -Ah, droga... Venham ver.

–Uh? Que porcaria é essa? -Coração Selvagem rosnou, encarando o buraco fundo, manchado com sangue.- Que merda é essa, e quem fez isso?! -A gata arrepiou os pelos e começou a chicotear a cauda, abaixou a cabeça para farejar, logo arregalou os olhos e raspou as garras no chão barrento.- Não prestamos atenção nisso, como? Ele vem caçando nossas presas e ninguém reparou? Sério isso? Só pode ser brincadeira

Pata das Sombras e os outros observavam a gata rajada, ela realmente estava irritada, não era uma boa hora para chamar sua atenção.

–Escutem, eu vou chamar Estrela Cortada e obviamente vamos pegar as presas e na próxima Assembléia vamos ter uma conversinha com aquela inutilidade de clã... Cauda Curta, mostre os territórios a eles e no Clã do Alvorecer? Bem, já sabe o que estou planejando.

–Sim, sim... Mas não acho cer...-Coração Selvagem o interrompeu, com as garras desembainhadas. -Sim, irmã... Farei com todo prazer -revirou os olhos, saindo de perto do buraco e chamando os aprendizes.

Se afastaram da guerreira rajada, Pata de Texugo um pouco impressionado com a raiva que ela estava.

–O que foi isso, Cauda Curta? -Pata das Sombras tentou não rir, olhando pro amigo que agora gargalhava, igual ao mentor, que ria loucamente. -Cauda Curta?

–Normal isso... Bem, o nosso território vocês já conhecem, vamos ver o território do Clã do Dia.

–Ouvi boatos que já tivemos uma aliança com esse clã -Pata de Texugo parou de rir, e comentou sério.

–Sim, mas foi muito tempo atrás... Houve uma briga entre um gato e a líder, então a aliança foi quebrada... Estrela de Solstício e os dois ainda pretendem voltar com essa aliança... -Enquanto explicava, ia andando em direção o território do Clã do Dia, as árvores iam mudando, mais afastadas umas das outras, ficavam mais altas e os arbustos pequenos e secos. -Oh, chegamos! Aqui é a fronteira do Clã do Dia...

–E a beira da sua morte, gatinho de gente! -Um gato branco tigrado de marrom rugiu, estava no alto da colina, bem distante deles, mas desceu correndo e chegando perto dos gatos, saltou em Cauda Curta, com as garras em seu peito.