A viagem, mesmo demorada, foi tranquila.

Quando Lucy percebeu, já conseguia ver o mar ao longe. A sensação era nova e levemente agradável.

Lucy tinha esquecido como a luz do sol parecia tão forte.

Agora, mais perto do mar, até mesmo o ar que respirava era diferente. A brisa vinda da água salgada era refrescante.

— É lindo, não acha? – Meguri questionou, com o braço acima dos ombros de Lucy.

Ambos reinos não ficavam próximos do mar.

Lucy acenou com a cabeça, extasiada.

Era a viagem mais longa que havia feito para fora do castelo, com uma paisagem linda.

Pelo horário, o pôr do sol estava quase no final. O mar refletindo o céu alaranjado e roxo.

— É incrível.

— Que bom. – Meguri sorriu. – Fico feliz que seja de seu agrado, Princesa.

Sean adoraria pintar aquele belo cenário em uma tela.

Lucy se levantou, apoiando as mãos na janela, olhando o exterior.

Então era assim que o mundo era fora dos muros do castelo?

Tinham tantas paisagens diferentes como descritos nos livros e pinturas?

Sinceramente, não conseguia acreditar que havia tanta beleza assim, em um só lugar.

Imagine quantas outras coisas não teriam fora desses países, além do oceano?

Sentiu vontade de conhecer todos os lugares bonitos.

Queria pinta-los, mesmo sem saber escolher corretamente os tons das tintas.

Ela estava sorrindo, olhando para tanta beleza em apenas um lugar.

Meguri sorria também. Aquele lugar era realmente lindo.

Podia ver a admiração de Lucy no olhar, e se lembrava de ter sentido a mesma coisa quando conheceu alguns lugares na infância.

Ficariam hospedados em um Hotel, o que Lucy achava agradável.

Mesmo sendo uma Princesa, não via necessidade de mimos a todo momento.

Ela queria ver o mar de perto.

Mal deixou as mala dentro do quarto e pediu para ir até lá.

Queria sentir a areia ainda hoje, e sentir a água gelada na pele, mesmo estando escuro.

— Por favor. – Lucy pediu, segurando o pulso de Meguri com as duas mãos.–É perto daqui e não vamos demorar!

Ele riu baixinho.

— Por que não? – Colocou sua mão livre sob as dela. – Mas troque de roupa. Seu vestido iria ficar sujo.

Lucy concordou e abriu a mala rapidamente, tirando um vestido branco, que lhe batia um pouco depois dos joelhos, quase nas canelas.

Correu em direção ao banheiro, soltou os cabelos, retirou o vestido e colocou o outro em menos de quinze minutos.

Estava realmente empolgada para ver o mar.

Prendeu a rosa branca nos cabelos e colocou uma sapatilha preta. Seus pés estavam doendo um pouco.

Meguri estava sentado na cama, desenhando, vê-lo vestido com roupas comuns, passava uma sensação agradável, uma camisa de botões e uma calça, os pés calçados em tênis.

Riu baixinho, Lucy podia se acostumar roupas comuns também.

Já que ali na praia, era só mais alguém passando uns dias perto do mar.

Títulos não valiam de nada. E não precisava deles enquanto estivesse por ali. Só queria aproveitar.

— Ei, Meguri. Vamos?

— Claro. – Deixou o caderno e o lápis em cima da cama. – Vamos.

Sorriu de forma calorosa.

Lucy estendeu a mão e puxou ambos para fora do quarto, depois de trancar a porta, desceram as escadas com pressa.

O hotel ficava pertíssimo da praia, e apenas em alguns minutos, Lucy estava tirando as sapatilhas e pisando na areia com empolgação.

— É tão bom sentir a areia nos pés! – Explicou, quando Meguri iria perguntar o porquê de ter ficado descalça assim que chegou à praia.

Ele sorriu de forma melancólica.

Lucy estava com os dedos entrelaçados aos dele.

— Tire os sapatos também! – Olhou-o. – Vamos para perto do mar!

A noite, com a iluminação, aquele lugar era incrível.

Obedeceu e retirou os sapatos, sendo levado pelos puxões que Lucy dava enquanto corria.

O sorriso discreto e animação e felicidade no olhar dela eram tão belos quanto a vista.

Ela entrou na água, abrindo os braços e soltando as mãos, fechando os olhos e olhando para cima, sentindo a brisa balançar os cabelos.

Depois de uns segundos, a ouviu murmurar algo.

— Sean iria amar ver o oceano. – Os olhos verdes brilharam quando ela os abriu.–Eu vou guardar na memória cada detalhe por ele.

Virou-se para Meguri.

— E o dia que eu me encontrar com ele... Vou contar sobre tudo isso. – Olhou para o lado. – Te apresentar devidamente para ele... Contar sobre o mar... As flores, ou como eu estou melhorando no piano.

E então, Lucy abriu um sorriso.

Não era tão discreto quanto o que dera minutos antes, e que continuava na face, este estava aumentado.

— É bom te ver assim. – Meguri colocou a mão em seu ombro. – Sorrindo, mesmo falando de seu irmão.

A água fria batia nas canelas de ambos, molhando a barra da calça dele.

— Estou me sentindo tão viva nesse momento quanto os que eu passava com Sean.

— Isso é ótimo. – Segurou sua outra mão. – É exatamente assim que sempre quero te ver.

— Obrigada, Meguri. Você quem me trouxe aqui e me fez sentir isso. – Elevou-se na ponta dos pés e lhe deu um beijo na bochecha.

Ele olhou para as mãos dadas, com as bochechas avermelhadas.

— ...Obrigado por estar aqui comigo, Lucy. – Afagou-lhe a cabeça.

Ela se virou e passaram a caminhar onde a água se cruzava com a areia.

Se afastaram um pouco e sentaram-se na areia, olhando as estrelas.

— Sean está ali com elas. – Lucy apontou. – Ele é aquela ali.

A estrela que brilhava mais, se destacando.

Meguri sentir vontade de dar risada.

Lucy às vezes era como uma criança.

Pequena, fofa e que precisava de proteção.

As mãos dadas sob a areia fofa...

Ele estava feliz. E queria que essa viagem durasse para sempre.

— Podemos ir agora se quiser, Meguri. – Lucy olhou-o. – Está tarde, e temos que descansar para aproveitar o dia de amanhã.

— Claro. – Levantou-se e estendeu a mão para Lucy, erguendo-a. – Se divertiu?

Lucy concordou com um aceno de cabeça, rapidamente.

— Saiba que esse é só o começo de nossa viagem! – Disse empolgado, vendo o rosto de Lucy estampar um alegria discreta.

Caminharam lado a lado.

— Obrigada por escolher esse lugar, Meguri. – Suspirou fracamente. – É realmente bonito...

— Estava em dúvida se você iria gostar, fico tranquilo agora. – Estendeu o braço para Lucy, que segurou e caminharam de volta ao hotel.

Subiram as escadas e Lucy destrancou a porta, esperando Meguri entrar. Estranho, ele era quem deveria fazer isso.

Ela mexeu nas malas, tirando uma camisola de dentro e indo ao banheiro murmurando:

— Vou tomar banho primeiro.

— Claro. Como quiser. – E voltou a desenhar, sem encará-la.

Minutos depois ela saiu com os cabelos penteados e úmidos.

— O banheiro está livre.

— Só um minuto... Estou terminando. – Deslizava o lápis no fino papel com calma.

— O que tanto desenha? – Sentou-se ao seu lado.

— Quando me sinto inspirado por ver alguma paisagem, a desenho. Mas no momento... Quer ver? Não está terminado ainda.

— Por favor. – Estendeu a mão.

Meguri tinha desenhado o mar, a areia, o sol.

Na areia, havia duas pessoas.

Pode se reconhecer no desenho, ao lado dele, enquanto sorria e apontava para o mar, o Meguri desenhado olhava na direção.

Mesmo pequenininho, os humanos estavam bem detalhados.

— Isso é lindo. – Sorriu. – Vai pintar isso num quadro quando voltarmos?

A estrela de Sean, também estava ali.

— Acha que ficaria legal num quadro? – Perguntou.

— Claro! – Estendeu-lhe o caderno. – Tome banho, vou te esperar para dormir.

— Não vou demorar. – E correu para dentro do banheiro.

Lucy deitou-se na cama, encarando o teto.

Meguri não tinha comentado nada sobre o que realmente fazem em luas de mel, o que a deixou aliviada de uma maneira inexplicável.

Não ficou muito tempo sozinha, e tal como prometera, Meguri voltou rapidamente e se deitou ao seu lado.

— Ei. – Acariciou algumas mechas de seu cabelo. – Amanhã, vamos nos divertir bastante. Vou te apresentar várias coisas da praia.

— Mal posso esperar... – Murmurou baixinho, sentindo o sono chegar com o carinho no cabelo.

Ele sorriu. A mesma expressão de calma, uma frestinha da boca aberta.

Os cabelos caindo sob o rosto.

Lucy adormeceu sentindo a mão de Meguri em seus cabelos.

E Meguri adormeceu sem retirá-las.