Coração de Porcelana escrita por Monique Góes


Capítulo 46
Capítulo 45 - Erastus




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Capítulo 45 - Erastus

Vincent sentiu vontade de voltar no momento em que pisaram no lugar.

Parecia um entraram em ruínas romanas. Havia pilares partidos, rachados, parte do teto já desabara. A maior parte da pintura do lugar havia descascado e o chão de mármore estava repleto de ossos.

Sentia tanta magia ao fundo que literalmente, teve vontade de girar os calcanhares e partir.

Alphonsus não fora muito otimista com eles. Pelo menos agora sabiam que teriam que passar por um homem louco de novecentos anos de idade e impedir seu irmão de treze anos de fazer alguma coisa com uma das fontes de magia no mundo. Era... Maravilhoso, para dizer o mínimo.

Ao fundo, conseguiu enxergar alguma coisa, e percebeu que, ao menos naquele recinto, era dali que vinha a magia.

Viu que era alguém abaixado, a sua capa roxa se espalhando pelo chão, seja de sangue e terra. Se ele passara quase um milênio preso naquele lugar, poderia ter esperado que ele teria morrido naturalmente, mas não. Claro que ele não havia morrido naturalmente.

Antes mesmo de chegarem perto, ele se levantou, e sentiu um tremor passando por todos os ossos do local. Quando ele se virou para eles, viu exatamente os efeitos que a magia extrema havia causado nele.

Diversos pontos de sua pele cor de oliva pareciam rachados, e de cada uma delas emanava um brilho azul comum à magia. O problema era o número dos cortes, eram dezenas. A magia se empurrava para fora, sem qualquer controle, ferindo-o.

Houvera certos pontos em que sua própria magia o machucara, mas não era algo visivelmente constante, como era o caso de Erastus. Suas escleras eram azuis as íris vermelhas iridescentes não apresentavam sequer pupila.

Ele não apresentou nenhuma emoção ao vê-los, mas em compensação, ergueu um braço ligeiramente em frente ao corpo. Um dos cortes estava presente em seu pulso, e viu claramente quando o sangue começou a verter para o chão.

Só teve tempo de pular um pouco para trás quando o sangue se espalhou pelo chão, como se dividindo em várias partes, cada uma entrando nos ossos dispostos no chão. Não teve certeza do que passou em sua cabeça quando os mortos começaram a levantar. Talvez um grande e alto “merda” e todos os tipos de xingamento que conhecia para descrever a situação.

— Sério isso? Nenhum comprimento, nenhum comentário megalomaníaco ou louco? – Ouviu Ameen exclamar atrás de si. – Só o “vou matar vocês”?

 Percebeu que os ossos não se constituíam simplesmente por formas humanas. Eles se juntavam de forma a se transformarem monstros, e eram vários. Havia dois realmente grandes, que pareciam centopeias de uns seis metros de comprimento, outros três eram simplesmente esqueletos de três metros de altura com armas feitas com os restos que não tinham se juntado.

Os xingamentos em sua mente só aumentaram quando ouviu diversos guinchos. Só teve tempo de olhar para cima e ver os dragões voando pelo céu, sendo seguidos por uma dúzia de criaturas aladas grandes demais para serem pássaros.

Grifos?! – Victoria exclamou. – Eles não estavam extintos?!

Foi logo antes do primeiro gigante descer o seu porrete no chão.

Vincent acabou pulando para o lado, vendo o chão se rachar com o impacto. Os globos vazios dos inúmeros crânios traziam ínfimas luzes azuladas, que no seu ponto de vista, lhe pareciam cruéis. Dava para escutar os ossos estalando enquanto se moviam, e aquele som lhes dava calafrios.

Depois, percebeu a velocidade que as centopeias conseguiam se mover. Decidiu que talvez fosse hora para se desesperar.

Por reflexo, reuniu a eletricidade em suas mãos, e deu um soco no gigante mais próximo, acertando-lhe o osso da bacia. Com um estrondo, a pilha de ossos caiu, mas não demorou muito para notar que eles voltavam a se montar.

E em seguida, Erastus apareceu na sua frente.

Ele segurava um cajado comprido, com uma lâmina prateada em sua ponta inferior. E era justamente essa parte que estava vindo em sua direção agora.

Num impulso, o segurou, mas assim que o fez, viu a energia indo diretamente para o seu rosto, só teve tempo de literalmente se jogar para o lado.

A respiração de Erastus era forçada, dolorosa e barulhenta, o suficiente para ouvi-la de onde estava. Os olhos vermelhos eram vidrados, o cabelo castanho escuro lhe caindo sobre a testa, e dava a impressão de que ao mesmo tempo estava e não estava tremendo. Teve tempo o suficiente para registrar que assim como os Rockstones ele tinha uma força superior a um humano normal.

A velocidade era outro ponto. Que infelizmente, Vincent não possuía.

Quando usava sua magia de eletricidade, o mais correto seria dizer que Vincent ficava “elétrico” em resposta. Mas comparado ao Príncipe a sua frente, começou a se sentir uma lesma. Ou talvez uma preguiça de Zootopia que se movia em câmera lenta.

Mal teve tempo de levantar quando Erastus usou seu cajado como lança e tentou empala-lo. Rolou para o lado, quase sendo esmagado por uma das centopeias que passou naquele exato momento. Suas pernas eram um conjunto pavoroso de mãos e pés humanos se movendo em conjunto, empurrando-se em uma velocidade assustadora.

Ela seguia alguém, mas com o modo em que ela se contorcia, não era muito visível.

Os dragões rugiram, tentando se livrar dos grifos, mas eles pareciam tão enlouquecidos quanto todo o resto. Parecia cada um por si, ou, se os outros cinco haviam conseguido se reunir, Vincent havia sido separado do resto do grupo, de qualquer jeito, já que por coincidência do destino – claro, e a sua maravilhosa sorte -, Erastus decidiu que queria ataca-lo.

Conseguiu se levantar, e Erastus havia se afastado tão rapidamente quanto antes. Ele já estava no outro lado da construção. Ele apenas moveu uma mão, como se estapeasse o vento.

Viu a coluna voando em sua direção.

— Sério?!

Ergueu a mão em resposta, usando a própria magia para destruí-la antes de acertá-lo. Quando os pedaços começaram a se espalhar em todas as direções, o romano apareceu praticamente voando naquela velocidade estonteante que fez o cérebro de Vincent parar por um segundo para tentar entender o que estava acontecendo.

Infelizmente, um segundo era tempo demais.

O outro lado do cajado era uma águia com olhos de rubi. Ele a usou para golpear o rapaz, que teve o mesmo efeito de ser acertado por um martelo gigante.

Foi parar do lado de fora do templo. Por um milagre, seu braço não havia quebrado, mas em compensação, a dor o deixara tonto. Sentiu o sangue vertendo por onde algumas penas da asa da águia tinha atravessado a proteção de sua armadura. Do que elas eram feitas? Facas?!

Ouviu alguém gritando. Não parecia ser a voz de nenhum dos outros, mas também não reconheceu muito além de que era uma voz feminina.

— Você não é um guerreiro?

A voz de Erastus lhe deu calafrios. Era como se ele estivesse em uma espécie de câmara de eco misturada com a voz de um fantasma de filmes antigos. Era lenta, arrastada, grave e penetrante, o suficiente para fazê-lo ranger os dentes.

Ergueu a cabeça. Ele se aproximava, e mesmo que andasse, seus movimentos eram tão perfeitos que era como se ele planasse.

— Não tens uma arma? Empunhe-a.

Por cima do ombro de Erastus, acabou percebendo René e Jim levantando Victoria, que estava tentando alcançar um buraco na parede que dava para o edifício interior. Com um impulso, eles a jogaram para cima, e a garota conseguiu se segurar na borda, pulando para dentro.

Percebeu que era melhor pegar sua espada como o príncipe estava mandando, ou acabaria atraindo sua atenção para os outros. Desembainhou a arma, a lâmina vermelha emitindo reflexos sangrentos e as runas douradas brilhando na claridade.

Não tinha a mínima ideia de como usar ela.

Na hora em que Erastus pareceu que ia se aproximar, uma pedra o atingiu na cabeça. Não o machucou, mas obviamente chamou sua atenção. Ele se virou e viu Jim com um escudo – ele tinha um escudo? –, desembainhando sua espada.

Quase agarrou o romano para que ele não partisse para cima do mais novo, mas tarde demais, ele já tinha ido.

Só que ao contrário de Vincent, Jim tinha ideia de como usar tanto a espada quanto o escudo. Na verdade, mais do que apenas uma ideia, dada a maneira que ele certeiramente bloqueou o golpe e aproveitou o momento de reação de Erastus para contra atacar. Não conseguiu acerta-lo, mas sua espada de lâmina negra passou de raspão na lateral do tronco do homem.

Quando ele ergueu a mão, lançou um raio bem em sua cabeça, atordoando-o. Jim teve tempo de correr em sua direção quando as duas centopeias apareceram, rodeando o necromante como um casulo protetor.

— Corre. – disse. Tinha certeza de que havia estragado as coisas.

A área ao redor do templo era uma floresta, suas árvores próximas o suficiente para com certeza dar problemas para as centopeias. Quando correram, deu para ouvir Anastasiya gritando alguma coisa em russo, mas pelo seu tom, era uma provocação.

— O que eles estão fazendo?

— Stephania está na parte interna do templo – o mais novo lhe informou num tom ofegante. -, a porta é controlada por um mecanismo que segundo ela parecia orgânico, como raízes, então mandamos Victoria pra dentro. Anastasiya, Ameen, René e a ursa estão distraindo os esqueletões e as centopeias demoníacas ou descobrindo um jeito deles pararem de se regenerar, o que vier primeiro.

— Vocês armaram tudo isso enquanto o príncipe louco lá atrás vinha pra cima de mim?!

— O desespero é maravilhoso!

Logo em seguida ouviram uma explosão, e quase caiu quando uma onda de choque passou por eles. Sentiu o sangue fugindo de seu rosto quando as árvores começaram a morrer a olho nu.

— Você está de brincadeira, não está?! – Jim exclamou. O som alto de madeira se quebrando se fez ouvir.

Deu para sentir o chão vibrando mais uma vez. Vincent tentou segurar sua espada de alguma maneira que ao menos sentisse que fosse certa os olhos azuis tentando procurar por onde Erastus e as centopeias poderiam estar.

Viu apenas um clarão no céu quando Freyr começou a cuspir fogo nos grifos. Eles se dispersaram da nuvem inicial, e ainda deu para ver alguns caindo do céu enquanto queimavam. O rugido de Morrígan soou alto e agudo logo depois.

Jim o empurrou para o lado antes de a centopeia esmaga-lo. Bateu numa árvore, notando seu corpo repentinamente maior, demonstrando que as duas haviam sido unidas.

A lâmina acertou seu rosto.

Grunhiu, cambaleando para trás e levando a mão para o local que sangrava por reflexo, e viu Erastus preparando-se para ataca-lo novamente. Acabou levantando a espada com as duas mãos para bloquear, com sucesso, mas quase não acreditou na força que ele depositou no golpe. Suas costas bateram na árvore atrás de si, mas não teve abertura de reação. Com um movimento rápido demais, o necromante desarmou-o, atirando sua espada para longe e por pouco não levou suas mãos junto.

Ele o agarrou pelo pescoço e o levantou. Vincent sentiu o ar escapando de seus pulmões imediatamente.

A cabeça de Erastus pendeu para o lado, examinando seu rosto enquanto tentava desesperadamente respirar. Os olhos vermelhos estavam bem abertos, mas ele não trazia nenhuma expressão.

— Eu reconheço o seu rosto.

O pescoço de Vincent começou a queimar, aumentando o desespero causado por seus pulmões gritando.

Os dentes de Erastus se cerraram visivelmente. Ele tinha presas.

Com um movimento rápido, ele bateu a cabeça de Vincent contra o tronco. Estrelas apareceram diante de seus olhos com o impacto, a dor parecendo vir depois. Ouviu a madeira estalando e lascas arranhando sua nuca e cabeça.

Por que vocês tem o mesmo rosto?! — ele questionou entredentes, batendo com sua cabeça de novo. E de novo, e de novo.

Precisava fazer alguma coisa imediatamente, mas seu corpo parecia pesado. Vincent só sabia que não queria morrer.

Com um fio de reação que conseguiu se agarrar, concentrou todas as suas forças em suas pernas, atingindo Erastus no peito com ambas. Foi o suficiente para que ele o largasse, indo bater na outra árvore enquanto Vincent caía no chão.

Sua cabeça girava e pulsava, sentia o sangue quente escorrendo por seu pescoço e por suas costas, além do corte em sua face direita, passando por seu nariz. Seu pescoço ardia com o que tinha certeza que era uma séria queimadura. Merda. As coisas estavam dando muito errado.

O que estava acontecendo com ele, aliás? Por que estava tão indefeso?

Obrigou-se a levantar. Lutava na Arena. Claro, era muito diferente de ter um necromante louco de novecentos anos tentando mata-lo, mas foi como conseguira sustentar seus irmãos durante dois anos. Foi como mais havia aprendido a se defender de quase todo tipo de pessoa.

Nunca havia perdido.

Poderia fingir, não poderia? Fingir que não tinha nada a ver com sua família, que não corria risco de morte, que não havia o risco de alguma coisa acontecer com seus irmãos. Era apenas mais uma partida da Arena, com um tipo novo de pessoa.

Era imprudente, mas era o que poderia fazer.

Fez-se ignorar seus ferimentos, mesmo que sua cabeça gritasse para que não o fizesse. Havia feito artes marciais com Jim antes de Melissa ser assassinada, sabia luta corporal. Só não tivera como usa-la até então.

Agora parecia burrice, mas ia apostar naquilo.

Quando Erastus se levantou, agarrou seu cajado com as duas mãos. O homem lutou de volta, e por um segundo sentiu-se sendo puxado mais uma vez. Rangeu os dentes e forçou seus braços a puxarem de volta, fazendo os dois brigarem pelo objeto.

O necromante se empurrou para frente, usando a própria força de Vincent para empurrá-lo também. Tropeçou para trás, mas antes de largar o objeto, se jogou no chão. Erastus estava caindo sobre si quando deu um chute em seu estômago com toda a sua força, atirando-o metros à frente, e cumprindo o objetivo de fazê-lo largar seu cajado.

“Você não vai machuca-lo.”. A voz em sua mente falou pela primeira vez em dias.

Quebrou o cajado ao meio com o joelho. Ainda fez questão de incinerar o resto, embora a lâmina e a águia não se desfizessem.

— Pode apostar que eu vou. – grunhiu. – Cale a boca.

Erastus pareceu furioso quando viu o que Vincent fizera. Viu quando a magia se tornou uma área com diversos metros de diâmetro ao seu redor, mais rachaduras aparecendo.

Onde estava Jim?

O homem se lançou para cima de si, e conseguiu bloqueá-lo, mesmo que sentisse como se seus ossos vergassem com o soco que ele deu, e respondeu com um soco que conseguiu acertar o rosto de Erastus. Ele cambaleou para trás, então concentrou sua magia em seu pé direito para em seguida lhe dar um chute no queixo.

O homem tremeu todo com o choque, seus membros tremendo como pedaços de um boneco desconjuntado. Ele abriu a boca, e Vincent sentiu outra onda de choque saindo dele, esta o atirando para trás. Sentiu-se voando e o mundo girando antes de cair sobre seus próprios ombros, seus joelhos bem em frente aos seus olhos.

Sua cabeça doía.

Girou no momento em que viu Erastus saltando sobre si. Duas rachaduras de seus pulsos vertiam sangue, que se formaram em lâminas.

Aquilo era trapaça.

Girou novamente, dessa vez para o lado. Enquanto uma acertou o chão, a outra mão de Erastus se moveu, indo certeira em sua direção. Agarrou-o pelo pulso, a ponta da faca de sangue a alguns milímetros de seu pescoço.

Percebeu então o que estava em sua braçadeira esquerda. Aquilo não fazia parte de sua armadura, era um colar de pedras enrolado por seu braço, com um camafeu de marfim bem no centro.

Soltou uma mão, puxando a joia e a atirando longe, as contas verdes e vermelhas caindo no chão.

Erastus teve uma reação imediata, soltando-o e olhando na direção em que jogara.

Acertou um soco em seu rosto, coincidentemente na mesma direção.

Não queria dar tempo para Erastus se recuperar, sua mente estava a mil. A primeira coisa que viu foi a lâmina do cajado, e a pegou, correndo para onde ele estava. Ele ainda não havia se levantado, e estava olhando envolta com uma expressão desesperada.

Travou. Tinha tudo para mata-lo, mas uma pequena parte de seu cérebro gritou “Você nunca matou ninguém”. E era verdade, nunca tinha matado ninguém. Quando fugiram da Inglaterra, tivera várias e várias chances de matar alguém – principalmente algum membro de Amabosar que estava atrás deles -, mas sempre preferira deixa-los meio quebrados e desacordados, talvez em um estado de coma. Na sua cabeça, se os matasse, estaria se comparando a eles.

Mas Erastus tentara mata-lo, e... O que era o certo ali? Ele certamente havia o feito, mas o homem estava louco, preso naquele lugar há novecentos anos e com uma maldição que tornava as coisas ao seu redor incontroláveis. Mata-lo parecia quase um ato de compaixão, mas a moral gritava que matar era errado.

Cerrou os dentes, e antes que perdesse a coragem, acertou-o no peito, a lâmina penetrando até facilmente sua armadura. Puxou-a com esforço, a sensação da carne parecendo prendê-la o fraquejando. Mas o fez. Uma, duas, três, Vincent não soube quantas vezes, sua respiração soando barulhenta como a de sua vítima.

No final, Erastus caiu deitado, tremendo. As marcas de sua pele começaram a perder seu brilho e ele estava tremendo, assim como seus olhos lentamente tornaram-se normais, suas pupilas adquirindo um tom castanho-esverdeado. Ele ainda olhava em uma direção, a qual Vincent percebeu que era onde o camafeu havia caído.

Acabou o pegando, e percebeu que era a figura da mulher. Conseguiu reconhecer a figura de diversas estátuas de Enguerrand, mas sem dizer nada, entregou-a ao homem moribundo. Ele a olhou, como se o resto de seu mundo dependesse dela, antes de olhar uma última vez para Vincent.

Gratias tibi ago.

E então a vida sumiu de seus olhos.


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Notas finais do capítulo

"Gratias tibi ago" era a forma que os romanos diziam "obrigado".



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