Os Jogos Dos Deuses escrita por Tsumikisan


Capítulo 18
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

fimmmmmmmm



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Eles pareciam levemente atordoados. A multidão ao redor, pela primeira vez, ficou em total silêncio. Até mesmo Marina parecia chocada, como se não esperasse que aquilo fosse funcionar. E mais, alem de vivos, os semideuses estavam intactos, sem os arranhões e ferimentos horríveis que haviam adquirido na Arena.

O primeiro movimento visível foi dos outros semideuses, aqueles que haviam sobrevivido antes. Estes desceram da arquibancada com a maior calma possível, ou seja, pisoteando e correndo feito touros. GG chegou na frente de todos, empurrando quem estivesse em seu caminho para chegar até Bella. Ele a abraçou tão forte que a tirou do chão, erguendo e girando-a. Frost veio depois, parecendo algo entre extremamente satisfeito e (surpreendentemente) envergonhado, cumprimentando Aron e GV com um sorriso. Wlad soltou a mão de Manu rapidamente apenas para abraçar Ias e Julia, pedindo desculpas por ter deixado que elas morressem, ao que Brant deu um tapa em sua cabeça, declarando que também era seu irmão e que merecia desculpas.

Michel abraçou Ray com força e logo depois deu um tapa de brincadeira no ombro dela, xingando-a por ser tão cabeça dura. Leo se aproximou deles, coçando a cabeça. Ele e Michel se encararam por um instante, de cenho franzido. Por fim, Michel estendeu a mão, sorrindo:

— Acho que essa é a sua chance de provar que deve ir para o Elísio, né mano?

Leo sorriu também, apertando a mão do irmão. Em seus olhos havia um claro pedido de desculpas.

— Emocionante. – Nêmesis bocejou, entediado. Lá em cima, os Deuses discutiam entre si em voz baixa.

— Eles me parecem bem lúcidos, na verdade. – Sofia disse a Marina, entre dentes.

— Certo, certo. – Nêmesis prosseguiu. Parecia extremamente calma, mas sua voz correu como um trovão pela arena. – As regras então! Um Deus para cada três semideuses! O ultimo de pé ganhara o direito de governar ao lado do Caos na Nova Ordem Mundial! Suas armas!

Ela estalou os dedos e estandes com vários tipos de armas apareceram. Os semideuses hesitaram brevemente antes de se aproximarem para pega-las, perguntando uns aos outros o que diabos estava acontecendo. Sara evitava olhar para os amigos, sentindo-se culpada ao pegar uma das espadas. Iolanda, pálida como um fantasma, segurava o braço de Brant com força, não querendo nem mesmo olhar para as armas. Enquanto se preparavam, a multidão voltara a gritar, clamando por mais sangue.

— Escutem. Podemos estar em maior numero, mas não se esqueçam que eles são Deuses. – Milord disse, se aproximando também. Ele não olhou diretamente para nenhum dos que haviam voltado dos mortos, nem comentou nada sobre, apenas continuou a falar seriamente. – Então lembrem-se do que aprendemos no Acampamento e que estamos unidos nessa. Esqueçam toda e qualquer rivalidade que possam ter aqui, por que nós somos uma família. Entenderam?

Eles acenaram , concordando. Com as respirações pesadas, eles se viraram para os Deuses, reparando que eles também haviam invocado suas próprias armas. Até mesmo Afrodite carregava junto a si uma pequena e bela adaga. Ares olhava para ela com um sorrisinho malicioso, girando sua lança para se exibir. Hefesto ignorava os dois, segurando um grande martelo que arrastava-se no chão. O caduceu de Hermes havia se transformado em uma espada curta, com duas pequenas cobrinhas no punho. Todos eles tinham armas de aparência tão antiga quanto perigosa. O poderoso Raio Mestre de Zeus estalou perigosamente quando os semideuses se aproximaram.

— Nêmesis parece ter errado a conta. Sendo assim, eu, Wlad, Leo e Marina vamos atacar Zeus. Os outros, espalhem-se em grupos de três entre os Deuses. Iolanda... – Milord olhou para a garota e notou que ela havia passado de branca como um papel para um tom enjoado de verde. Ele suspirou e continuou, com tranquilidade. – Saia da Arena e siga em frente pelo Olimpo, até encontrar um grupo grande. Michael, o Pretor de Roma, deve estar no comando. Conduza-o até aqui, sim?

Ele não precisou pedir duas vezes. A garota assentiu e correu em direção ao portão grande. A multidão vaiou e jogou coisas nela, mas ela pareceu não dar a mínima. Nêmesis riu alto, dizendo:

— Parece que tivemos uma desistência! Depois cuidamos dela, então. E lembrem-se, queridos, que as chances estejam sempre ao seu favor!

Ela bateu palmas e um pequeno gongo surgiu em suas mãos. A multidão começou uma contagem regressiva em uníssono. Os semideuses apenas trocaram olhares, como se soubessem o que cada um estava pensando. Com uma apresentação teatral, Nêmesis tocou o gongo.

Zeus ergueu o Raio Mestre e entrou na luta.

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Rubens parou de repente, uma clara expressão de confusão se espalhando por seu rosto. Adrila estava tão concentrada em Hemera lhe guiando, que nem reparou até Nico a segurar com delicadeza pelo braço. A garota franziu o cenho e olhou para trás, para o lugar em que o filho de Hades estava parado, parecendo meio perdido. Ela colocou a mão na cintura, aguardando, mas ele não se moveu. Por fim, Nico se aproximou e tocou o ombro dele, sacudindo-o.

— O que foi? – Perguntou, apreensivo.

— Eu... Estou sentindo ele. – Rubens murmurou, sem olhar diretamente para Nico. – Ele está vivo.

— O que? – Adrila disse, confusa.

— O Maro. O Maro tá vivo! – A compreensão enfim se espalhou por seu rosto. Ele olhou para trás, os olhos brilhando. – Eu preciso voltar. Preciso ver ele. Eu...

O aperto de Nico em seu ombro se intensificou. O filho de Poseidon franziu o cenho e disse, num tom de voz controlado:

— Você não pode fazer isso. Prometemos a Adrila que iríamos ajuda-la.

— Como assim não posso fazer isso?! Eu preciso fazer isso. Ele está vivo, deve estar se perguntando onde eu estou...

— Rubens! Você não pode simplesmente voltar lá. Temos uma missão a concluir, sei que Maro entenderia...

— Você que não entende! – O filho de Hades gritou, ficando vermelho e se soltando do aperto do outro. – Tem quase um mês que eu não sei o que aconteceu com ele! Não senti sua morte, mas tão pouco o senti com vida! Sabe como é torturante? Não, você não sabe! Então não tem o direito de me dizer o que devo ou não fazer!

Ele começou a se afastar, tentando evitar correr desesperadamente na direção em que vieram. Nico baixou a cabeça, ficando tão vermelho quanto o amigo. Num tom de voz controlado, porem alto o suficiente para que Rubens mesmo distante ainda ouvisse, ele disse:

— Eu mandei a espada e os mantimentos pra você.

Rubens parou no ato. Ele não se virou, mas Nico sabia que estava ouvindo, por isso continuou falando, fuzilando as costas dele com o olhar:

— Eu fiz isso porque sou seu amigo e a ultima coisa que queria era te ver morto. Claro que eu tinha prioridades, como por exemplo, me manter no Acampamento, por que acredite, se o Milord descobrir isso, ele mesmo me mata. Mas eu passei por cima disso para ajudar um amigo. E você se comprometeu a ajudar a Adrila, Rubens.

Eles puderam ver os ombros do filho de Hades ficando tensos e depois relaxando. Rubens demorou um minuto para se virar, com ar de derrota. Olhou novamente por cima do ombro, mas por fim se aproximou novamente de Nico. E lhe deu um soco no braço.

— Ei! – o garoto reclamou, esfregando o local. – O que foi isso?

— Você é um idiota. – Rubens balançou a cabeça, mas sorriu. – Obrigada por me ajudar. Eu teria morrido de fome se não fosse você.

— Sei. – Nico bufou.

Eles recomeçaram a andar, agindo como se nada daquilo tivesse acontecido. Adrila olhou para eles, confusa, mas se contentou em suspirar algo como “garotos” e continuou a andar, seguindo as instruções de Hemera, que estava impaciente com toda aquela cena. Eles seguiram pelas ruas largas e limpas do Olimpo, que na verdade mais se pareciam com espaços aleatórios entre um e outro templo, fonte ou mansão enorme. Não havia, literalmente, uma alma viva ali.

“Espere.” Hemera disse, na mente de Adrila. Ela parecia ansiosa. “Acho que estou sentindo alguém.”

— Acha? – Adrila repetiu em voz alta. Rubens e Nico olharam para ela.

— O que foi? – Nico perguntou.

—Hemera diz que podemos ter companhia. Fiquem atentos.

Os dois garotos se entreolharam e puxaram as espadas. Adrila se sentiu levemente indefesa, mas a força de Hemera ainda se apossava dela, então talvez quem devesse se preocupar fossem os dois.

Ah, como ela estava enganada.

“Não pode ser.” Hemera murmurou, extremamente alerta. “Ah, por Zeus, ela não.”

Ao virarem a esquina em um templo dedicado a Afrodite, depararam-se com uma cena esquisita. Uma mulher muito feia estava apoiada no seio esquerdo de uma estatua de Afrodite, mirando-a com certa inveja. Ela tinha nariz e orelhas extremamente grandes, olhos pequenos demais e muito juntos, duas papadas onde deveria haver o pescoço, braços de tamanhos desproporcionais e asas negras que pareciam asas de abutres. O cabelo cor de rato estava preso e era adornado por uma guirlanda de ervas daninhas.

“Poutána, skýla,atychís” Hemera recitou em grego antigo. Adrila entendeu parcialmente, mas com certeza não eram elogios à mulher. Hemera estava ficando muito nervosa, e a garota podia sentir a raiva da Deusa em seu próprio sangue, ficando também com ódio da mulher sem motivo algum.

Por sinal, ela parecia ter notado os três semideuses ali. Sorriu com todos os dentes meio tortos a mostra.

— Ah, vejam só, vocês chegaram. Achei que seriam mais rápidos.

— Hmm desculpe? – Nico disse, olhando para os amigos e depois para ela.

— Tem mesmo que se desculpar! Não se deixa uma dama esperando!

Ela deu mais uma olhada para a estatua de Afrodite e se afastou, andando com um rebolado meio estranho. Os semideuses se entreolharam novamente, bem confusos, com Hemera gritando na cabeça de Adrila. Decidiram acompanha-la, com as espadas preparadas. Adrila tentava perguntar para Hemera quem era a mulher, mas a Deusa estava ocupada demais xingando-a.

— Não achei que a Deusa da Luz e tudo mais falaria esse tipo de coisa. – Adrila murmurou.

— O que disse, querida? – a mulher esquisita perguntou, com outro sorriso.

— Hã... Nada.

— Bem. Vocês devem estar se perguntando o que está acontecendo, não é? Ah, é uma sorte minha querida mãe Hera estar tão ocupada! Eu nunca poderia ter entrado aqui se ela estivesse prestando atenção. Hmm. Talvez se Nêmesis não tivesse proporcionado uma distração tão boa, eu mesma teria provocado algo. Talvez outra traição de Zeus, meu pai.

Os garotos não acharam prudente falar algo, por isso se limitaram a concordar. A mulher os conduzia pelo Templo de Afrodite, olhando feio para todas as imagens da Deusa. Na verdade, Rubens começou a se perguntar se aquela careta não fazia parte da feiura da mulher.

— É claro, quando o Caos me ofereceu isso, eu aceitei rapidamente! Nem foi necessário me iludir e enganar como ele faz com Nêmesis. A gente sempre precisa de um pouco de discórdia não é mesmo?

— Ah! – Adrila exclamou, ignorando os xingamentos de Hemera. – Você é a mãe do Pete! Éris!

— Querida, você realmente lembra de mim! – A Deusa pos a mão no peito, claramente emocionada. – É claro! Aposto que meu filho está por ai, participando dessa guerra, né? Tsc tsc. Ele é um amor, mas... – Éris olhou para outra estatua de Afrodite. – Venera essa aí.

Eles finalmente chegaram a uma câmara separada do templo. Éris pegou uma tocha ao lado da porta e a abriu com facilidade, descendo as escadas enquanto tagarelava. Eram estreitas, então eles tinham que ir em fila. Nico pegou outra tocha antes de descerem, de modo que o caminho ficasse bem iluminado. De qualquer forma, nenhum deles se sentia exatamente confortável ali.

— Entenda, minha mãe sempre valorizou a família perfeita. Então já imagina minha historia trágica né? Uma aberração, tal como Hefesto. Mais de uma vez fui a causa da discórdia entre ela e Zeus. É quase um hobbie. – deu uma risadinha afetada. – E então veio essazinha, e teve um caso com meu irmão Ares, desprezando meu querido Hefesto e ainda concebendo aquela criança infernal! Minha sobrinha, Harmonia, o completo oposto de mim! Quanta audácia, não é mesmo?

Não houve resposta. Os semideuses estavam mais ocupados desviando de degraus quebrados e teias de aranha enormes. A Deusa continuou tagarelando sobre sua vida, sem se importar. Parecia que não teve ninguém com quem falar sobre suas indignações durante anos e agora estava colocando tudo para fora.

—Por isso procurei me enturmar com os Titãs. Aprendi muita coisa desde então, principalmente com o Caos! Ah, ele é magnífico, vocês deveriam ver. É a mais pura forma de discórdia. – Éris deu um suspiro contente. – E é claro, conheci meu marido.

“Mentiras! Mentirosa! Pare de falar tais coisas!” Hemera pestanejou, mas havia uma pontada de tristeza em sua voz.

— Uh, seu marido, senhora? – Adrila perguntou.

— Sim. – Ela deu uma risadinha. – Um marido dedicado, mas que trabalha muito. Não o havia visto por muitos anos, até agora, quando ficou ao meu cargo guarda-lo.

“Você não o viu por que ele estava comigo.” Hemera lamuriou-se “Comigo, onde deveria estar.”.

Finalmente chegaram ao fim das escadas. Entraram em um tipo de porão com uma estatua de Éris em cada um dos quatro cantos, todas em poses estranhas, mas que a Deusa devia considerar... Sensuais. No centro, havia uma mesa de pedra alta e larga, com correntes prendendo-a ao chão. Deitado sobre ela, num sono tranquilo, estava Éter.

“Meu querido. Meu pobre e doce amor.” Hemera gostaria de poder toca-lo, e essa sensação passou para Adrila, mas a garota se segurou. Éris se aproximou da mesa, tocando a face azulada de Éter com a palma da mão. Adrila sentiu a raiva de Hemera novamente.

— Ela está nervosa, não está? – Éris disse baixinho.

—O que? – Adrila perguntou.

—Hemera. Ela odeia isso. – riu. – Pobrezinha. Pelo menos, morrera aqui, próxima ao seu amor.

Rubens e Nico se aproximaram, formando um escudo humano a frente de Adrila, ambos com as espadas erguidas. Éris apenas riu e agitou os dedos levemente. Então, as espadas que antes estavam contra ela, agora estavam uma contra a outra. Adrila recuou, horrorizada quando, num golpe rápido, Rubens tentou atacar Nico, errando por pouco a base de sua coluna.

—Viu querida? A Discórdia sempre vai existir. Então não tem como você me vencer. – Éris disse, estalando os deuses. Nico contra-atacou, fazendo um movimento em forma de arco com a espada e atingindo Rubens na altura do ombro antes que o garoto reagisse. Uma linha fina de sangue escorreu dali.

— Pare com isso! – Adrila gritou, nervosa. Rubens atacou mesmo com o braço sangrando, parecendo totalmente fora de si.

— Você não pode impedir o Caos! Não pode impedir a Discórdia! – A Deusa continuava rindo.

Algo brilhou na mente de Adrila. Ela olhou para a mesa em que Éter estava e depois para Éris. Não seria fácil fazer o que ela estava pensando, precisaria ser cuidadosa. E enquanto tentava, Nico e Rubens continuavam a lutar, agora gritando acusações horríveis um para o outro. Como ela seria rápida e cuidadosa ao mesmo tempo?! Era praticamente impossível.

Rubens finalmente atingiu Nico, com uma estocada em sua perna esquerda. O filho de Poseidon sequer fraquejou, apenas continuou a lutar, reprimido pelo controle mental de Éris. Mesmo que fosse impossível, Adrila pensou, ela tinha que tentar.

— Então, você prendeu Éter para deixar a mente dos deuses mais... Vazia?

— Pode se dizer que sim. Vocês, mortais, nunca entenderiam como ele é importante. Nem mesmo Zeus entende. Já falei com Éter milhares de vezes que ele não é valorizado da forma que deveria, mas ele é um tolo, prefere acreditar que “amanhã será um ótimo dia, melhor que este”, como diz Hemera. Argh. – Éris acenou com descaso.

A espada de Rubens passou de raspão no braço de Nico, abrindo um talho na blusa do Acampamento Meio Sangue dele. Adrila desviou o olhar, tentando se concentrar na Deusa. Ela também estava prestando atenção na luta, por isso a garota deu alguns passos de lado em direção da mesa.

— E depois foi fácil implantar a Discórdia na mente deles, não é? Não houve nenhuma resistência.

— Nenhumazinha. – ela concordou, acenando com descaso. Rubens acertou Nico novamente, cortando-lhe a face, mas o filho de Poseidon revidou com um golpe bruto, jogando-o para trás. Éris bateu palminhas excitadas. – Oh, a quanto tempo não tenho tanta diversão!

Mais alguns centímetros e Adrila poderia tocar Éter. Ela sentia todo o ser de Hemera irradiando por suas veias, aguardando.

— Você acha que terá alguma diversão se o Caos vencer? Quer dizer, qual o sentido de promover a Discórdia se não há Harmonia para destruir?

—Sempre vai haver algo para arruinar, relaxe. – Éris revirou os olhos. – Olhe a relação de Hemera e Éter por exemplo. É algo milenar, mas não me impede de deixa-la nervosinha de vez em quando.

Foi a gota d’agua para Hemera. Ela se apossou do controle do corpo de Adrila e fez com que ela desse mais dois passos firmes em direção a Éter, tocando-lhe diretamente no peito. A luz começou a irradiar de sua mão, incendiando todo o corpo do homem. Éris gritou um “NÃO!” bem alto e o ar ficou subitamente mais leve, mais limpo, mais fresco...

... No exato momento em que Rubens perfurava a barriga de Nico com a espada, Éter abriu os olhos.

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Michael foi o ultimo a entrar no Olimpo, seguido de seus semideuses romanos. Todos do Acampamento Grego já estavam ali, aguardando novas ordens, conversando baixinho entre si. A cidade parecia completamente deserta, mas nada mais estranho. A tal distorção que poderia ocorrer caso Romanos e Gregos entrassem juntos no Olimpo não surtiu efeito.

— Mike! - Foca gritou, se aproximando. Ela havia sido uma das primeiras a subir e parecia ansiosa ao se aproximar, com a mão na cintura.

Atrás dela, Min se aproximava, segurando o braço de uma garota que ele não conhecia pessoalmente, mas tinha certeza que era uma das que havia sido mandada para a Arena e morrera dias atrás.

— O que aconteceu? – Michael perguntou, confuso.

— É a Nanda. Ela me disse umas coisas bem preocupantes. – Foca franziu o cenho. Aquela expressão não combinava com seu rosto, sempre sorridente, e isso incomodou Michael um pouco.

A garota explicou o que estava acontecendo, uma tradução um pouco melhor do que os soluços de Iolanda. Michael ouviu com calma, assentindo. Uma parte de si se tranquilizou ao saber que Adrila e Sara, que também eram Romanas, estavam bem. Talvez fosse por isso que não havia ocorrido um paradoxo, já que as duas também estavam participando da Arena.

De qualquer forma, eles não tinham muito tempo para planejar. Michael não estava com sua legião e não sabia muito sobre o sistema de batalhas dos Gregos, por isso pediu ajuda a Foca, mas a garota ergueu as mãos, como que se rendesse.

— Eu não luto, sério. – A garota disse, revirando os olhos e sorrindo. – Mas tenho o general perfeito para você, espera ai.

Ele olhou para Felps, mas o garoto deu de ombros. Foca voltou nem um minuto depois, trazendo um garoto alto e forte com ela, que encarava tudo com um ar sério.

— Mike, esse é o Brito, Brito, esse é o Mike. – ela bateu uma continência. – Estou as suas ordens. E... EI PESSOAL, DA PRA PRESTAR ATENÇÃO AQUI, PORRA?

Os semideuses ao redor pararam de conversar no mesmo instante. Foca agradeceu e se virou novamente para os garotos.

— Eles também. – disse, sorrindo.

Michael se curvou de leve para dar um beijo estalado na bochecha da garota. Ela ficou levemente sem graça, mas continuou ali, de braços cruzados, aguardando. O rapaz deu uma risada, apesar de ainda estar preocupado, e começou a conversar com Brito sobre uma possível estratégia para entrar no Coliseu.

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Frost lutava com Hermes ao lado de GV e Julia. Tudo bem, ele poderia ser considerado um bom lutador. Para alguns dos mais fortes do Acampamento, ele poderia ser até mesmo razoável. Mas contra um Deus? Bem. Dizer que ele e os amigos estavam apanhando certamente seria um elogio à situação. Apesar de completamente alienados, os onze Olimpianos ali presentes eram fortes e rápidos como nenhum mortal jamais seria. Talvez a única coisa que os mantinha vivos era Milord, dando tudo de si, como um Deus Menor, para estar em todas as lutas ao mesmo tempo e interceptar os maiores ataques antes que atingissem o alvo. Marina também ajudava, mas por ter vivido toda a sua vida no palácio de Poseidon no fundo do mar, ela não tinha muita instrução em lutas. Suas bolhas não eram letais, como ela explicara aos gritos, e ela não poderia invocar um monstro marinho como fazia sua mãe ali em cima no Olimpo.

Então, já era de se esperar que alguns minutos depois da batalha começar, Trindade caísse no chão com a leveza de uma pluma. Não parecia que uma arma havia atingido ela, mas quando Ellen se afastou de sua batalha contra Apolo brevemente para checar-lhe o pulso, declarou com um berro que ela estava morta. A garota estava lutando contra Hera, mas a Deusa realmente não usava nenhuma arma. Lutava com as próprias mãos, ignorando os golpes de espada de Arthur e Sofia como se fossem meros mosquitinhos. Não havia como parar a luta para perguntarem o que havia ocorrido, por isso continuaram, deixando o corpo de Trindade ali.

Pelo menos a situação com Zeus estava controlada. Leo e Wlad sempre batalharam em dupla, então conheciam bem os movimentos um do outro e ainda por cima estavam em vantagem com dois deuses menores priorizando aquela luta. Mesmo que não conseguissem acertar Zeus, podiam distraí-lo e incomoda-lo, com raios e terremotos que impediam que ele tentasse atacar os outros. Teria sido uma batalha bem épica, diga-se de passagem, pois Leo estava realmente dando tudo de si.

Infelizmente não podia-se dizer o mesmo de alguns. Passados quinze minutos de batalha, Rayssa jogou sua espada no chão e tentou correr para longe de Afrodite, que parecia um verdadeiro demônio com aquelas pequenas adagas, quase tão feroz quanto Bella, que a atacava junto com GG, sem piedade. A tentativa de fuga de Rayssa não foi exatamente bem sucedida, pois no meio do caminho ela tropeçou e de alguma forma, conseguiu cair diretamente na lança de Ares, lutando contra Quéz, Mands e Nat, que perfurou-a bem no meio da testa.

Frost, assistindo aquilo, teve que parar de lutar por um segundo para bater na própria testa e dizer:

— Essa menina certamente é a mais retardada que eu já conheci na minha vida.

Ares levantou a lança, com o corpo mole de Rayssa ainda pendurado e o jogou contra Mands e Quez, ambas caindo no chão ao serem atingidas. Nat tentou atacar por trás, para distrair o Deus, mas este estava focado demais em seu objetivo para reparar. Ele se aproximou das garotas caídas e levantou novamente a lança com o corpo de Rayssa, empalando as outras duas logo em seguida junto a filha de Afrodite. Nat gritou de raiva, fincando a própria espada na base da coluna de Ares. O Deus gritou, e a primeira gota de Icor dourado foi derramada.

Milord apareceu na sua frente do nada, no momento em que Ares ia revidar, e lançou algo no Deus que se pareciam com sombras vindas diretamente de sua espada, uma iguaria totalmente prateada, um ferro tão antigo que ninguém no acampamento sabia do que era feito. As sombras atacaram Ares, que tentava joga-las para longe, mas estas pareciam escapar por entre seus dedos.

— Isso vai distraí-lo por algum tempo. Ajude Bella e GG contra Afrodite!

Nat assentiu e correu naquela direção. O casal parecia que não ia se separar, atacando juntos e criando golpes combinados entre si, nos quais GG ajudava Bella a ficar em uma altura adequada, ou ela distraia Afrodite para que ele atacasse. Afrodite também não era exatamente muito boa na batalha, olhava ao redor a todo momento procurando alguém para ajuda-la.

Sara e Gabi lutavam ao lado de Luke contra Atena. As duas haviam chegado a um consenso de desculpas quanto a situação em que ambas haviam morrido, e agora atacavam a Deusa da Sabedoria com cautela. Não podiam ser desesperadas ou agressivas como os outros, pois a Deusa certamente conheceria todos os seus golpes e estratégias. Um movimento em falso seria fatal, como foi comprovado no momento em que Luke tentou fingir que atacaria a Deusa pela esquerda, mas foi pela direita e acabou cortado ao meio pela espada mortífera que Atena portava.

Os semideuses agora tinham que se desdobrar para vencer essa batalha. Alguns lutavam praticamente com dois deuses ao mesmo tempo, como era o caso de Edu, que atacava Apolo junto com Manu e Ellen, ao mesmo tempo em que atacava Hefesto com Aron e Jeff. Ele e Manu discutiam em altas vozes enquanto lutavam, praticamente ignorando os conselhos um do outro.

— Não! Pare de se distrair com Hefesto, Apolo vai te atingir por trás! – Manu gritava, tentando convencer o garoto, mas ele balançava a cabeça num gesto displicente.

— Você está lutando muito abaixada. – Gritou de volta. – Levante um pouco os joelhos.

Ela ficou vermelha, ignorando-o também. Chegou a conclusão de que, se ele queria morrer, o problema era dele. Continuou atacando Apolo, desviando das flechas de Ellen sem dificuldade. Seu pai estava em apuros, pois ele também tinha um arco e flechas, mas se tornava inútil já que tanto Manu quando Edu tinham armas de curto alcance. Se ele mirasse em Ellen, mais distante, abriria brechas para Manu atingi-lo. Se mirasse na própria Manu, Ellen iria atingi-lo. Essa confusão resultou em várias feridas pingando Icor por parte do Deus.

Manu não conseguiu cumprir o que decidira, de qualquer forma. Ela viu o que ia acontecer antes de rolar, até mesmo os pelos de sua nuca se arrepiaram quando ela gritou:

— Edu! Abaixe-se!

O garoto parou o que estava fazendo exatamente para olhar para ela com raiva.

— Escuta aqui, Manuela, eu sei o que eu to fazen...

Ela tentou desviar o olhar, mas não conseguiu. O martelo de Hefesto girou, passando por cima da cabeça de Aron e de Jeff e acertando em cheio a de Edu. O fantasma de sua cara rabugenta continuou em seu rosto quando ele caiu, cheio de sangue ao redor. Manu arquejou, paralisada. Uma flecha de Apolo passando de raspão e rasgando sua blusa foi o que a trouxe de volta a realidade.

Ias, Dohan e Jimmy lutavam contra Deméter. A Deusa fazia plantas de todos os tipos crescerem ao redor deles, prendendo-os ou parando seus ataques com elas. Como Hera, ela também não tinha espada. Isso não a impedia nem um pouco, pelo contrario, dava-lhe mais vantagem para erguer as mãos e fazer um casulo com espinhos da largura do braço de Leo e da altura de Dohan (não que isso fosse muito grande) crescer sobre Ias. Ela ficou presa e incomunicável logo no inicio da batalha, então não havia como saber se estava viva ou morta ali dentro. Dohan e Jimmy não tiveram outra escolha se não continuar a lutar.

Michel, Ana Flavia e Brant lutavam contra Ártemis. A deusa havia invocado um tigre e uma águia para ajuda-la, mas todos os seus esforços estavam concentrados em Brant e Michel. Era como se ela não se importasse nem um pouco com a presença de Ana, e isso lhe dava vantagem. Simplesmente por ser mulher, a garota podia chegar perto o suficiente da Deusa para feri-la, mas se Michel ou Brant ousassem se aproximar, a águia atacava com uma ferocidade inimaginável.

Em resumo? Estavam sendo massacrados, um a um, pelos Deuses. A promessa de Nêmesis era tão vazia quanto a anterior, mas dessa vez era para valer, pois não haveria mais terra para ser um Deus caso o Caos vencesse, por isso eles davam tudo de si.

Foi como um milagre vindo diretamente... Bem, não do Olimpo, já que eles estavam no Olimpo. Nem do céu. De qualquer forma, foi um milagre quando as quatro grandes portas nas quatro extremidades do coliseu foram abertas e um grande numero de semideuses começou a surgir, vindos de todas as direções, sendo comandados por Brito, Michael, Rômulo e Dan. Nêmesis se levantou de sua cadeira e desapareceu no mesmo instante e as pessoas nas arquibancadas começaram a protestar que aquilo era injusto, que estavam fugindo das regras. Eles começaram a descer para a Arena também, atacando quem estivesse no caminho, não se importando exatamente com quem era. Em algum momento, até, Frost viu o mesmo cara com a toga dourada lutando ao seu lado contra Hermes.

Isso se alastrou para fora da Arena e do Coliseu. Eles atacaram enquanto corriam, ou simplesmente ficavam parados lutando contra vários inimigos. Michael havia conseguido posicionar muito bem os arqueiros de Apolo nas arquibancadas, e chuvas de flechas choviam sobre os inimigos. A vantagem parecia estar virando, finalmente.

Não souberam como, mas, em algum momento, o ar ficou mais leve. Parecia que estavam respirando o mais puro oxigênio. Todos sentiram essa mudança e alguns até pararam de lutar, meio confusos. O primeiro a recuar, se erguendo e olhando ao redor como se visse pela primeira vez onde estavam, foi Zeus.

—PAREM! – O senhor dos céus gritou, com sua voz retumbante. – LARGUEM AS ARMAS AGORA!

Foi instantâneo. Todas as armas caíram no chão, mesmo que alguns não se lembrassem depois de tê-las largado. Zeus franziu o cenho, olhando para o próprio Raio Mestre com confusão. Depois, olhou ao redor, para todas aquelas pessoas reunidas, com sangue e Icor nas mãos. Seu semblante se fechou ainda mais. Ele ergueu o Raio para que todos vissem e disse, num tom sombrio:

— DECLARO AGORA, UM FIM A ESSA IDIOTICE DE JOGOS VORAZES!

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As mortalhas estavam prontas. Onze ao todo. Os semideuses que haviam restado no Olimpo deixavam lagrimas silenciosas caírem, enquanto Milord argumentava:

— Mas vocês deixaram que outros vinte voltassem a vida. Por que não esses?

— É antinatural, garoto. – Zeus disse, de sua cadeira. Havia retomado ao seu tamanho real, de oito metros de altura, e parecia alguém se recuperando de uma ressaca fortíssima. Todos os outros Deuses estavam assim também, apertando a cabeça com as mãos e suspirando em alto e bom som. – Sintam-se gratos por que deixaremos aqueles que foram ressuscitados viverem. Mas isso não ocorrerá novamente, eu lamento.

Milord queria discutir, mas aceitou sua derrota. Ias, Rayssa, Luke, Quez, Mands, Nico, Edu e até mesmo Arthur, Rômulo e um garoto chamado Gabriel Monteiro haviam morrido na batalha. Aliás, assassinados pelos próprios deuses. E eles não podiam fazer nada.

— As mortalhas estarão no seu acampamento. – Zeus garantiu. – Para que velem seus corpos como deve ser feito.

Ele estalou os dedos e elas desapareceram. Milord tinha certeza que deveria agradecer, mas não o fez. Zeus também não comentou nada, apenas se inclinou na cadeira e olhou para os outros doze. Doze por que logo depois que a paz fora restaurada, Poseidon e Hades haviam oportunamente aparecido.

—E agora, as suas recompensas.

Ele ergueu a mão e apontou para um casal próximo. Hemera e Éter estavam de mãos dadas e sorriam um para o outro. Hemera não mais no corpo de Adrila, mas sim uma jovem moça de pele e cabelos amarelos brilhantes. Ninguém conseguia olhar para ela por muito tempo, e até mesmo o próprio Zeus desviou o olhar quando eles se aproximaram.

— Queremos apenas a paz, meu senhor. – Éter disse. Sua voz era limpa e clara como a água e trazia leveza a todos que ouviam. – Nada me fará mais feliz do que voltar para o lado de Hemera.

—É uma pena que, quando a noite cair, não poderemos estar juntos. – Hemera suspirou. – Mas é o curso da vida. Eu só gostaria que Éris...

— Querida. – Éter murmurou. – Éris já vive uma vida de desgosto. Não é necessário que a pioremos. Ela não tentara nada, com a caixa de Pandora que contem a essência do Caos segura aqui no Olimpo.

— Bem, supostamente segura, né? – Milord alfinetou.

Zeus ignorou e acenou afirmativamente para Éter.

— Se é apenas a paz que deseja, vocês podem ir.

Éter segurou ambas as mãos de Hemera e a beijou. Todos desviaram o olhar quando uma luz forte emanou dos dois, fazendo com que se dissipassem no ar logo em seguida.

— Ótimo. Agora... Os dois deuses menores, por favor.

Marina e Milord se aproximaram, ambos encarando Zeus com ar completamente contrariados. O senhor dos Céus mais uma vez os ignorou e deixou a palavra primeiro com seu irmão, Hades.

— Nosso filho foi realmente prestativo, não acha, Afrodite?

A Deusa do amor apenas fez uma careta e tossiu levemente. Hades revirou os olhos, e continuou:

— Bem. Então, Deivison, você nos prestou serviços honoráveis, bla bla bla. Essa coisa toda. Está liberto de sua maldição e agora em diante será conhecido como Milord, o Deus das Sombras do Submundo. Aproveite o titulo, etc etc, e saia da minha frente.

Zeus sorriu como se aquilo resolvesse tudo. Logo depois indicou que era a vez de Poseidon falar. O Deus dos Mares suspirou e disse, com ar cansado:

— Você me desobedeceu. Muitas vezes.

— Eu sei, pai. – Marina respondeu, erguendo o queixo. – E faria tudo de novo para salvar meus amigos.

—Bem. Se é assim, fique com eles. Pois eu te sentencio a cumprir uma pena de hm... Mil anos como ajudante de direção do Filho de Hades no Acampamento Meio Sangue.

— Sério?! Obrigada! – Marina sorriu, radiante. Depois, fechou a cara, fazendo uma péssima encenação de alguém triste. – Digo, nossa, que horrível, por favor não.

— Se você soubesse... – Milord bufou.

— E além disso... – Poseidon agora sorria. – Você também de agora em diante será conhecida como Marina, Aquela que Vem Do Mar, Deusa Das Pequenas Criaturas Marinhas.

— Que fofinho. – Sofia riu, lá atrás. Marina revirou os olhos e agradeceu ao seu pai, empurrando Milord para que os outros entrassem na frente.

Os restantes da Arena pareciam acabados. Completamente derrotados e arrasados. Rubens tinha os olhos vermelhos de tanto chorar e Wlad tinha que se apoiar em Leo para conseguir andar. O braço de Nat estava em uma tipoia e o rosto de Brant tinha cortes profundos com band-aids por cima. Uma das pernas de Gabi estava quebrada e Sara a ajudava gentilmente.

— Como os heróis que foram, declaro que vocês tem com certeza um lugar no Elísio e que tudo que fizeram na Arena foi prontamente perdoado. – Zeus declarou.

— Eu não diria isso. – Milord resmungou, encarando Leo.

—Até mesmo seu diretor do Acampamento ira perdoar. – Zeus completou, olhando para Milord. Este bufou e revirou os olhos. – Alem disso, cada um de vocês, vinte e seis semideuses mandados para a Arena, ganhara uma estrela no céu com seus nomes. E juntas, essas estrelas formarão uma constelação que passara a ser chamada de “Os Campeões”. Todos de acordo?

Ninguém se manifestou contra. E nem mesmo a favor. Na verdade, todos os Deuses pareciam mais querer que aquilo acabasse logo. Dioniso suspirou e disse:

— Eu iria sugerir uma festa. Mas estou cansado demais para isso. – Moose arregalou os olhos para as palavras do pai, mas este o ignorou. – Então, é, acho que é melhor mandarmos esses pirralhos para casa.

Todos murmuraram a favor.

— Que assim seja, então.

Zeus se ergueu e bateu três palmas longas. Tudo girou.

E então, estavam em casa.


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