— Temos tempo... (Disse Tamy dando um gole na sua bebida)

— Ok... Eu conto... Lembra dez anos atrás no casamento da minha avó? (Eu disse desistindo e contando toda a história)

Flashback on (dez anos atrás)

— Morgan você vai fazer isso querendo ou não! (Dizia minha mãe irritada)

— Você sabe que só vou participar dessa palhaçada por causa do papai né?! (Eu disse irritada)

— Não importa. Sua avó está te esperando no quarto dela. (Disse minha mãe dando o último ajuste no meu vestido de dama)

— Eu já vou! (Eu saí andando em direção ao quarto da mansão onde minha avó estava)

Minha avó iria se casar no jardim na mansão do Carlos, seu futuro marido, meu pai meio que me obrigou a ser dama de casamento da minha avó. Como se já não bastasse ter deixado o vovô, ainda iria se casar com outro homem no dia do aniversário do ex-marido... Como ela conseguia ser tão petulante?! Eu cheguei ao quarto o qual ela estava e entrei sem bater, como de costume.

— Oi, Morgan... Você não sabe como eu estou feliz de te ver fazendo parte disso. (Ela dizia enquanto acenava pra cabeleireira sair)

— A senhora sabe que isso é só pelo meu pai, né?! (Eu perguntei com grosseria)

— Morgy, minha filha, não aja assim comigo...

— Meu nome é Morgan e eu não sou sua filha, infelizmente tive o azar de ser sua neta, mas não ache que isso te torne minha avó. Porque uma avó de verdade jamais largaria sua família pra casar com outro. (Eu disse irritada me sentando numa cadeira perto da penteadeira)

— Eu tive razões verdadeiras pra isso!

— Conte-me então já que são tão reais como na sua mente! (Eu disse agressiva)

— Você é muito nova, não entenderia... (Ela disse como um desabafo)

— Eu já to cansada! Todo mundo diz que eu sou muito nova, mas não! O vovô diz que sou nova pra entender o porquê da senhora ter fugido, minha mãe diz que sou nova pra entender o porquê dela ter se separado, o papai diz que sou muita nova pra entender o porquê dele ser casado com outra mulher. E agora vem à senhora dizer que eu sou nova! Mas eu não sou! Tenho quinze anos, já sou capaz de entender que por mais que não queiramos não podemos mandar no coração, a paixão é assim! Mas eu já to cansada. Por que ninguém é capaz de sentar do meu lado e dizer do que raios estão fugindo?! (Eu disse revoltada)

— Nós só queremos te proteger...

— Me proteger do que?! Diferente de vocês eu não tenho medo do que sinto!

— É por que você é só uma criança, Morgan! Nós somos adultos, não podemos levar tudo a ferro e fogo como vocês adolescentes!

— Eu não sou mais criança! E nem todos os adolescentes são iguais, a senhora sabia?! (Eu disse grossa)

— Claro que são! Nós nunca entendemos quando somos adolescentes... Quando temos quinze anos tudo parece grande e difícil, mas na verdade não é...

— Então a senhora não acha grande coisa abandonar seus filhos, netos e até mesmo seu marido?! (Eu a interrompi irônica)

— É claro que é, mas não assim como você pensa Mor...

— Você largou tudo e voltou cinco anos depois! (Eu a interrompi) Você não achou mesmo que tudo seria igual, né?! O tempo passa, as pessoas mudam! (Eu disse irritada)

— Quando sua mãe tinha sua idade você nasceu e eu fiquei ao lado dela todo o tempo por que a amo. O seu pai nunca a abandonou, sempre esteve ao lado dela, mas alguns anos depois, o relacionamento deles não deu mais certo e eles se separaram. Morgan, nós sempre fomos próximas e eu te amo, mas tive que fazer escolhas. (Ela respirou fundo) E... Agora não é a hora pra isso...

— A senhora tem razão vamos acabar logo com essa palhaçada! (Eu disse me levantando e saindo do quarto)

Eu desci as escadas daquela mansão enorme, saí correndo pela porta e fui pro jardim. Não aguentava olhar pra cara de toda aquela gente falsa... Eu não estava triste, estava com raiva, muita raiva, como ela conseguia ser tão hipócrita?!

Quando eu cansei de ver aquele monte de mato eu resolvi voltar pra dentro da mansão e esperar começar a cerimônia. Eu estava voltando olhando pra barra do meu vestido que era definitivamente uma merda quando de repente esbarrei num garoto que derramou a bebida do copo que ele estava bebendo no meu vestido, eu estava de cabeça baixa, e só depois eu vi que o cabelo dele era bem vermelho parecia um tomate...

— Olha por onde anda garota! (Ele dizia revoltado)

— Você que derramou isso em mim! (Eu apontei pro copo dele)

— Você sabe como foi difícil conseguir isso?! (Ele bufou e saiu andando revoltado)

— Idiota! (Eu resmunguei)

Eu resolvi ir ao banheiro pra tentar limpar aquela “bagunça”, até que minha mãe me viu e olhou pro meu vestido e começou a gritar comigo.

— Morgan o que é isso na sua roupa?!

— Sei lá mãe, um bobão derramou isso em mim. (Falei séria)

— Morgan isso está me cheirando a vodka. (Minha mãe disse séria) Você estava bebendo? (Ela perguntou com uma cara muito séria)

— Não mãe! Eu juro! Foi um menino que tava aqui, eu não o vi e esbarrei nele e sem querer ele derramou isso em mim... (Eu disse um pouco sentimental)

— Ok, então me mostre quem foi. (Ela disse desconfiada)

Eu não disse mais nada a levei até onde ele estava e ela perguntou:

— É esse? (Eu assenti com a cabeça) Como se chama rapaz? (Ela perguntou)

— Castiel, o que a senhora quer?! (Ele perguntou revoltado)

— Primeiro que você me trate com educação. Você é parente de quem? (Minha mãe perguntou começando a se estressar)

— Neto do Carlos. A senhora vai demorar muito pra dizer o que quer?!

— Tá bom, garoto malcriado, foi você quem derramou vodka na minha filha?! (Ela falou irritada apontando pro meu vestido)

— Eu sou menor de idade nem se quisesse poderia beber! É só isso?! (Minha mãe assentiu com a cabeça e ele saiu revoltado)

— Então Morgan?! O que vai inventar dessa vez?! (Ela disse revoltada)

— Mas é verdade, mãe! Por que é tão difícil acreditar em mim?! Eu sou sua filha e você devia acreditar em mim não naquele mané cabeça de tomate! (Eu disse ainda melosa)

Ela me olhou com cara de reprovação então eu saí correndo e acabei esbarrando nos garçons que estavam carregando o bolo que acabou caindo no chão... Segundos depois minha avó desceu as escadas e eu estava no chão toda molhada e cheia de bolo.

— Morgan eu sabia que estava com raiva, mas nunca imaginei que você faria isso. (Minha avó disse chorando)

— Vó, foi um acidente! (Minha mãe quase me fuzilou com os olhos todos estavam me olhando com cara de reprovação e cochichando)

Eu não aguentei, saí correndo e fui até o ponto de ônibus mais próximo. Peguei o primeiro ônibus que passou. Eu liguei pra Tamy que me esperou no ponto do centro já que todos os ônibus passam no centro.

— Morgan, o que aconteceu com você? (Ela perguntou preocupada)

— Só me leva pra casa, por favor! (Eu disse chorando)

Flashback off

— Então foi isso que aconteceu naquele dia? (Disse Tamy)

— Foi... Depois disso eu e minha avó nunca mais nos falamos como antes.