Mr. Darcy em minha vida escrita por hatake


Capítulo 37
O adeus




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Já havia se passado duas semanas desde que Darcy sumira e esta era a primeira vez que Hannah entrava no quarto dele após aquela manhã. Ela estava vivendo como um zumbi, cumpria suas obrigações como tinha de ser, mas em casa só sabia vagar entre os cômodos repletos de lembranças de Darcy. Só não conseguira entrar no quarto dele. Até agora.

Girou a maçaneta e a porta se abriu. Estava tudo do mesmo jeito. Inclusive o terno sobre a cama. Segurando as lágrimas, Hannah se aproximou da cama e pegou a roupa, sacudiu-a antes de guardá-la. Passando os olhos pelo quarto, que ainda guardava o cheiro do dono, viu uma caixa de madeira sobre a escrivaninha. Era uma caixa retangular de aspecto vitoriano. Se lembrou de quando ele a comprou. Estavam caminhando pelas lojas do centro quando Darcy viu a caixa pela vitrine, ele disse que o lembrava de casa.

Se aproximou do objeto e o pegou. A caixa tinha um cadeado de segredo para abri-la, mas ao invés de números, eram letras. Seis letras. Tentou a primeira combinação que lhe veio mente: Hannah. A caixa abriu. Seu coração deu um salto ao perceber que deu certo.

Abrindo a tampa encontrou um maço de envelopes, todos com seu nome e uma data. Pegou o mais antigo. Curiosa percebeu que se tratava do dia exato em que vira Darcy pela primeira vez. Abriu o envelope.

Senhorita Montcliff,

Eu não compreendo como vim parar aqui e sinto (e espero) que a qualquer momento posso partir. Não gostaria que isso acontecesse sem que eu pudesse agradecê-la por tudo que fez por mim. A senhorita ajudou um estranho e ainda por cima mal agradecido. Peço desculpas pelo meu comportamento rude. Não há justificativas. Desejo que a senhorita seja muito feliz. Obrigado por tudo.

Adeus,

Fitzwillian Darcy.

Emocionada passou ao envelope seguinte. Foi escrito quando Darcy conseguiu o emprego com Tom. Havia muitas cartas, o tom de Darcy mudou com o tempo, se adaptando ao relacionamento de amizade que construíram, mas todas continham a mesma essência, o agradecimento e o receio de partir sem dizer adeus.

Continuou a ler.

Querida Hannah,

Eu lhe magoei hoje. Eu sinto muito. Minha intenção ao agir assim foi simplesmente para poupá-la de um sofrimento maior no futuro. Pelo menos era o que eu disse a mim mesmo. Hipócrita. Eu estava apenas poupando a mim mesmo da dor de perdê-la após fazê-la minha. Eu sou um covarde minha vida e peço perdão por isso. Perdido no medo magoei duas mulheres, uma que eu mesmo arrastei para essa confusão e outra, você meu amor. A mulher que eu mais amo nesse mundo, que eu preferia morrer a magoar. Eu sinto tanto por isso. Espero que possa me perdoar um dia. Obrigado por tudo que fez por mim.

Adeus,

Fitzwillian Darcy.

Minha pequena teimosa,

Você me obrigou a confessar hoje. Eu não pretendia deixar você saber dos meus sentimentos enquanto estivesse aqui. Mas você foi teimosa, persistente, não sossegando enquanto não ouviu eu dizer aquelas palavras. Sim, é verdade. Eu amo você. Mas por mais que você não entenda, é exatamente por amá-la que eu não posso ser egoísta e prendê-la a mim. Você não tem idéia do quanto me custou dizer para você encontrar alguém e ser feliz. Meu coração está sangrando. Está difícil respirar. Mas eu prefiro sentir essa dor que deixá-la sofrer por mim no futuro. Pelo menos se você sofre agora, eu estou aqui. Mesmo magoada comigo, você não está só. Adeus.

Obrigado,

Fitzwillian Darcy.

Hannah,

Você me fez perder o controle hoje. Como você pode ter me ouvido e arrumado outro alguém? Não! Eu não consigo aceitar. Você deveria brigar comigo, discordar. Não aceitar minhas palavras calmamente e encontrar um novo amor. Sei que não estou sendo coerente. O amor nos deixa assim. Sinto que estou enlouquecendo. Deus permita que eu parta antes de vê-la nos braços de outro. Adeus.

Fitzwillian Darcy.

As lágrimas iam caindo conforme avançava na leitura.

Hannah,

Acredito que mesmo já havendo escrito tantas cartas, essa tenha o peso maior. Hoje eu finalmente admiti para mim mesmo que não interessa o que aconteça no futuro, enquanto eu estiver aqui não deixarei que pertença a mais ninguém. Peço seu perdão por esse ato egoísta. Sem que sofreremos mais tarde por isso, mas eu não pude evitar. Não posso mais. Eu amo você fervorosamente, ardentemente e é inconcebível vê-la nos braços de outro. A única coisa que posso prometê-la é que a amarei com todo meu coração para sempre, mesmo que um dia eu tenha que partir.

Feliz aniversário meu amor.

Adeus.

Seu,

Darcy.

A última carta datava da noite em que ele partira.

Minha amada,

Minha luz, minha vida, minha... Meu coração e meu corpo estão transbordantes hoje. Você é minha. Finalmente. Mal acreditei quando pude colocar aquele anel em seu dedo. Você aceitou ser minha esposa para o que quer que aconteça no futuro. Já somos unidos pelo coração, pelo amor e hoje você aceitou nos unirmos pela lei de Deus e dos homens. A felicidade mal cabe em mim. E como se não bastasse você se entregou totalmente a mim. Estou extasiado. Hoje demonstramos nosso amor em cada beijo, abraço, toque, em cada suspiro. Nunca me senti tão completo assim. Olho para você dormindo agora. Não quero ser desrespeitoso ou arrogante, mas você exibe um semblante de saciedade, de felicidade. E fui eu quem fez isso. Só de lembrar nossos momentos de paixão eu já a desejo novamente.

Mesmo com todos esses sentimentos maravilhosos, sinto certa melancolia ao escrever esta carta. Sinto um medo terrível de não estar aqui amanhã. De não poder acordar ao seu lado. Depois de tudo que compartilhamos isso é inconcebível, quanto mais se tem, mais se perde.

Meu desejo e esse medo não nos deixara dormir essa noite. Pretendo acordá-la e amá-la até o nascer do sol, só assim acalmarei essa vontade arrebatadora de tê-la e esse receio de perdê-la. Irei amá-la e adorá-la como se fosse nosso último dia juntos.

Essa carta esta mais longa que qualquer outra que já lhe escrevi. Você me inspirou hoje.

Saiba que meu coração e meu corpo são seus, para sempre. Obrigado por tudo que você fez por mim. Obrigado por me amar e me deixar amá-la. Me recuso a colocar um adeus no final desta carta e rogo a Deus para que você nunca precise lê-la.

Sempre com você,

Willian.

Quanto mais se tem, mais se perde. Darcy estava certo. Um sentimento de revolta, de impotência se alastrou pelo peito dela. Não era justo. Ele não podia simplesmente partir depois de tudo que viveram. A assinatura no final chamou sua atenção. Willian. Finalmente os dois sem ressalvas. Mas do que adiantava? Ele se fora.


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