Era uma manhã de sábado e como desde que se mudara para seu novo apartamento, levantou-se da cama quente e foi a cozinha alimentar seu fiel companheiro canino Boruto, um peralta shih tzu branco e preto de olhos azuis. Sua vontade era continuar deitada viajando nas histórias de amor que encontrava na internet, mas precisava se levantar e começar o dia.

Após fazer sua higiene, cuidar de Boruto e se alimentar, Hannah decidiu voltar para a cama e curtir um pouco mais o friozinho daquela manhã de inverno. Um súbito barulho acrescido de uma imprecação fizeram com que a jovem mulher empalidecesse e corresse para a sala para averiguar o que se passava.

—Quem quer que esteja ai saiba que já liguei para a polícia, é melhor ir embora o quanto antes.- a garota dizia completamente apavorada, segurando em suas mãos o mais próximo de uma arma que encontrou, o sapato de salto que usara na noite anterior e esquecera no meio do quarto.

—Mas o quê...

Hannah ouviu alguém dizer e entrou na sala, demonstrando uma coragem que não possuía.

—Já disse que é melhor ir embora.- disse ao homem de costas na sala, esperando que ele a atendesse pois não teria a menor chance em outro caso. Ele era alto, muito alto, possuía os ombros largos e os cabelos escuros. Parecia ser forte apesar de não truculento.

—Por favor... - engoliu em seco - vá embora, eu nunca lhe fiz nada...- seus olhos estavam marejados e sua voz tremeu um pouco na última palavra.

Nesse momento, o homem que ainda estivera de costas, parecendo analisar o ambiente ao seu redor, virou-se em sua direção, revelando traços nobres e olhos azuis que demonstraram incredulidade.

—Machucá-la? - ele disse em sua voz de barítono - É uma grande ofensa que a senhorita pense dessa maneira. Eu jamais me perdoaria por sequer magoar intencionalmente uma dama, quanto mais machucá-la. Por certo a senhorita não está me reconhecendo, mas tenho certeza que irá constatar seu desplante ao me apresentar...

Hannah foi sentindo seu pavor diminuindo as poucos, pois concluíra que se ele quisesse feri-la já o teria feito. Mais refeita, foi tocada pela voz profunda e vocabulário culto, ao mesmo tempo em que analisava melhor a face do desconhecido.

—Permita me apresentar senhorita, eu sou o senhor...

Nesse momento, a pompa, seus traços e principalmente as roupas diferentes que o sujeito trajava, até então em segundo plano visto a eminência de um assalto, vieram como um estralo na mente da mulher, que sentiu o ar lhe faltar.

—Senhorita! - o homem alarmou-se com a palidez excessiva da garota - Sente-se bem?

—Eu...

Não conseguiu terminar a frase pois no momento seguinte sentiu a cabeça girar e a inconsciência lhe atingir.

O homem conseguiu segurá-la antes que caísse e batesse com a cabeça na mesa de centro da pequena sala. Após colocá-la sobre uma das poltronas, o homem verificou as pupilas e pulso da mulher e verificou que esta não tinha realmente desmaiado, era apenas um mal estar.

Após alguns instantes, a mulher deu mostras de começar a se recuperar.

—Senhorita?! Por Deus, o que lhe ocorreu? Devemos chamar um médico! Onde está sua família?

O homem parecia desesperado.

—Eu estou bem. - conseguiu falar com alguma dificuldade - Já está passando. Foi apenas uma queda de pressão.

—Mas eu devo chamar alguém senhorita. Não é de bom tom que permaneçamos sozinhos aqui... Aqui?! Onde é aqui exatamente e como é que vim parar aqui.- disse confuso.

—Quem é você?- disse a moça de forma abrupta chocando o homem com sua brusquidão, mas que tendo em vista a situação achou melhor responder.

O estranho levantou-se ficando frente a jovem e fazendo uma mesura.

—Sou Sr. Darcy, senhorita. Fitzwillian Darcy, a seu dispor.