No silêncio da madrugada, te ouço respirar tão fundo quanto o arfar do cachorro deitado no tapete felpudo. Os lençóis rosa-bebê dava um charme no quarto e ao espaço vazio que você tinha deixado para arrumarmos mais tarde, tudo estava bagunçado, inclusive a cama. Você que havia escolhido cada detalhe desse quarto, se eu me lembro bem.

Por muito tempo me obriguei a não te querer, me obriguei a dizer "não" para o que eu sentia quando te via. Sob uma árvore na qual folhas caíam no fim de uma severa primavera. São visões belas que perambulam em minha mente quando fecho os olhos e sinto seu corpo nu ao lado do meu. Consigo claramente sentir seu perfume.

Tem cheiro de rosas.

As mesmas rosas que eu sentia quando chegava o mais perto que conseguia de você. Um doce perfume.

O silêncio pesava cada vez mais, era ensurdecedor. Tão ensurdecedor quanto o som de sua voz acoando dentro de mim.

Ouço sua voz me dizendo para ser forte. Sinto o gosto do seu beijo, me dizendo que tudo ficaria bem. Sinto seu perfume me dizendo que está aqui.

O silêncio faz parte de você.

E eu gosto disso.