Clara e Marina chegaram em um prédio em Ipanema, subiram até o quinto andar, então um rapaz magro, alto, de pele clara abriu a porta. 

Henrique: Clarinha! - Ele imediatamente deu um abraço na nela. - Essa deve ser Marina. - Falou depois do abraçou, se adiantando e dando um beijo em cada bochecha da branquinha. 

Clara: Mah, esse é o Henrique... eu sei, nem parece que ele treina comigo de tão magro que é. 

Marina: Oi! - Tinha um leve sorriso no rosto. 

Clara: Cadê o Carlos? 

Carlos: Aqui... Tava na cozinha, checando se o freezer esta bem abastecido para o final de semana. Marina, certo? - Apontou para ela. 

Marina: Isso mesmo. 

Clara: Então, só por que seus pais viajaram, você resolve passar o final de semana na farra? 

Marina ficou admirada de ver como Clara estava descontraída perto dos amigos. Ela não tinha hábito de ficar, só quando estava do lado dela e dos familiares, mas ela parecia se dá bem com os parceiros de academia. Carlos era alto, tinha a pele morena como a de Clara e cabelos bem pretos, tinha 19 anos e estava cursando fisioterapia, Henrique tinha a mesma altura do namorado, só que era bem magro, até fazia esforço para ganhar mais um pouco, mas não tinha resultado positivo, com 18 anos, ele ainda estava fazendo cursinho pré-vestibular. 

Carlos: Vou dá uma social aqui em casa amanhã e sim, meus pais sabem. Não faço quando eles estão em casa porque eles preferem silêncio. 

Clara: Mas, lógico que você já chamou o Henri para passar o final de semana aqui. 

Carlos: Companhia é sempre bom... Mas, então... querem beber alguma coisa, acho que o entregador vai demorar um pouco? 

Clara: Nada muito forte... - Marina olhou para ela de forma estranha. - Tudo bem amor. Estou quase com dezoito mesmo. Você que vai demorar mais um pouquinho. 

Henri: Tem quantos anos Marina? 

Clara: 16. Faço 17 em duas semanas. 

Henri: Vai ter festa? 

Clara: Vocês são folgados, nem bem a conheceram e já querem ir para festa da menina. 

Marina: Tudo bem amor. São seus amigos, faço questão de recebê-los. Vai ter festa sim, vou mandar fazer o convite de vocês. 

Clara: Falando em festa, é por isso que estamos aqui. Semana que vem é o baile da nossa escola e Marina concorre para rainha. 

Carlos: Como naqueles filmes americanos.  

Voltou da cozinha entregando uma garrafa de cerveja para Clara e outro para Henri. Deu uma latinha de refrigerante para Marina e sentaram pelo chão, perto de uma mesinha. 

Marina: Mais ou menos como nos filmes... Eu ainda não sai do armário para o pessoal do colégio e Clara quer manter assim. 

Clara: É melhor, eu sofro muito bullying, mas eu aguento, não vou aguentar ver a Marina passando por isso e já estamos tão perto de acabar as aula de acabar as aulas. 

Henri: Acho que se estar perto de acabar, o melhor é evitar transtorno. 

Clara: Isso, por isso eu pensei que o Carlos poderia ir com a Marina. É que temos obrigação de levar um acompanhante. E o Henri vai comigo. 

Carlos: Será que vai dá certo? 

Clara: Lógico. Você é super discreto, se passa fácil por um hetero, então... vai fazer todo mundo acreditar que é o par da minha namorada. Mas esta proibido de colocar a língua na boca dela. - Todos gargalharam com a fala da morena. 

Henri: E a gente? 

Clara: A gente meu querido... nós vamos brilhar na pista como bffs gays que somos. 

Henri: Super topo ajudar vocês. 

Carlos: E eu não perco nenhuma festa. 

Marina: Acho que estamos em acordo então. Quero você num lindo terno, senhor Carlos. 

Carlos: Pode deixar, minha fake girlfriend. 

A campainha do apartamento tocou e Carlos levantou para receber o pedido. Eles continuaram pelo chão, Carlos colocou o barco com comida japonesa ali. Ficaram conversando sobre o início da relação dos dois casais, Clara falou sobre o plano delas de irem para San Francisco, o rapazes até comentaram que se pudessem iriam também. Já perto das dez, o motorista foi pegar as duas. 

Carlos: Voltem amanhã para a social aqui. 

Marina: A gente vem sim. - Marina se despediu deles com uma abraço e Clara também. 

No dia seguinte, as duas voltaram para o mesmo prédio, dessa vez a o apartamento de Carlos estava cheio de pessoas, Clara entrou de mãos dadas com Marina, Carlos recebeu as duas empolgado, apresentando várias pessoas. Facilmente as duas se misturaram. Quando saiam, as duas agiam de forma discreta, se portavam como boas amigas, afinal Marina ainda não tinha saído do armário, só que na festa do amigo tinha um diferencial: 

Clara: Hoje estamos mais livres, em uma festa onde as pessoas são como a gente. 

Carlos tinha uma infinidade de amigos gays, a maioria das pessoas naquela social eram gays. Assim a morena não se preocupou que alguém reconheci Marina em uma festa gay. Sua namorada estava fora de perigo até o fim do colégio e ela faria o possível para manter tudo daquela maneira. Sem se preocupar com olhares estranhos, elas podiam namorar a vontade. Então o tempo todo trocavam carinhos sem medo, dançavam juntas e curtiam poder ficar daquele jeito. 

Marina: É tão bom poder beijar você sem preocupação. 

Clara: Logo não nos preocuparemos com isso mais. Vamos aproveitar os momentos que temos.  

Com uma das mãos na cintura da branquinha, Clara juntou os corpos da duas e o beijo foi de tirar o fôlego e aproveitaram que estavam na varando do apartamento para ficarem namorando um pouco por lá. 

DIAS DEPOIS 

Já arrumadas para o baile, Marina e Clara esperavam por seus acompanhantes. As duas usavam vestidos longos, a branquinha usava um azul rendado com as costas nuas e um decote na frente. O vestido da morena era preto, mais discreto que o de Marina, com o leve decote. Ambas estavam de cabelos soltos. 

Marina: Amor, você fica linda de vestido. Deveria usar mais vezes. 

Ela corou um pouco com o elogiou que ganhou. Clara não estava acostumada com vestido, ela gostava de roupas confortáveis, embora não achasse o jeans confortável de usar, ela usava bastante roupa jeans porque não se preocupava muito com regras de etiqueta, como sentar com as pernas perfeitamente cruzada. Ela gostava de ficar a vontade e não se sentia completamente a vontade em vestidos. 

Clara: Vestidos não são muito bons pra mim. Me atrapalho muito quando uso um... Agora você, você está deslumbrante. Estou repesando se vou deixar o Carlos ser seu acompanhante. 

Marina: Bem, você sabe que eu vou amar ir com você ao baile. 

Clara: Um dia. Um dia nós iremos juntas para todas as festas possíveis. Acredita em mim, tudo o que eu mas quero é poder ter você em meus braços sem amarras, sem preocupações. Mas, por hoje, o que estou fazendo é para seu bem. 

Marina: Eu posso aguentar. 

Clara: Mas, eu não. Você é a parte mais forte e mais fraca de mim. Eu sei que é contraditório, mas é verdade. Eu enfrentaria o mundo por você, mas o modo mais fácil de me machucar também é por você. 

Delicadamente Marina passou a mão no rosto de Clara, fazendo um carinho leve, o dedo contornou o lábios da morena e ela deu um beijo, um selinho, mas cheio de amor. 

Henri: Olha só, se não somos as bichas mais sortudas da cidade, hoje todos os marmanjos sentirão inveja da gente.  

Os amigos da duas chegaram e já foram fazendo gracinha. Carlos usava um smoking, discreto em preto e branco como de costume. Henrique também usava um smoking, só que com o paletó aberto, mostrando a faixa cor de rosa com a mesma cor da gravata. 

Clara: Você tinha mesmo que vir com uma gravata rosa? - Não perdeu a oportunidade de implicar com ele. 

Henrique: E perder a oportunidade de exibir minha feminilidade que é maior que a sua? JAMAIS. 

Carlos: Vocês estão lindas. - Se aproximou de Marina e deu o braço. - E me sinto honrado pela confiança. - Deu uma piscadinha para Clara. 

Marina: A gente é que agradece. Vamos que o motorista já esta esperando. Cadê a Gisele? - Olhou para dentro de casa. - GISELE! - Gritou chamando a prima. 

Um grito veio de dentro da casa como resposta e segundos depois Gisele apareceu acompanhada do namorado. O garoto era do segundo e estava com um terno preto e uma gravata na cor do vestido dela, que Clara reprovou com o olhar. Eles foram andando até onde o motorista estava esperando. 

Henri: Uma limousine? 

Marina: Alguém contou para meu pai que eu sou finalista na competição para rainha do baile. - Falou olhando sugestivamente para Clara. - Então, ele providenciou uma limousine para irmos ao baile. Disse que uma rainha precisava chegar como uma rainha.  

Carlos: Eu achei ótima ideia. Tem até champanhe aqui. - Ele já estava dentro do carro e se servia com a bebida. - E também tem cidra. Com um bilhete. 

Diogo tinha mandado colocar um balde com duas garrafas ali, uma de champanhe para quem fosse maior de idade e outra de cidra para quem fosse menor de idade, o motorista tinha passado a informação para o rapaz. Marina segurou o bilhete e reconheceu a caligrafia do pai, deu um sorriso leve para Clara e começou a ler: 

"Querida Marina, 

Minha filha amada, espero que você aproveite essa noite. O colégio esta chegando ao fim e espero que você aproveite ao máximo, porque essa é sempre uma fase marcante na vida de qualquer pessoa. Em alguns meses você estará em uma cidade diferente e começando a vida adulta, mas não tenha pressa, a vida passa rápido e um dia você desejará estar de volta de no tempo. Então minha filha, faça como que hoje dure para sempre no seu coração. Sei que a Clara esta do seu lado e cada palavra que direcionei a você, é para ela também. Que também é minha filha e que eu amo muito. Amo vocês. 

E preciso dizer muito uma coisa, independente do resultado do baile, você já minha rainha, é minha princesa, é para sempre a minha meninhinha. 

Te amo. 

Papai." 

Marina esticou o braço pegando um lencinho que esta ali e secando as lágrimas que caíram, com cuidado para não borrar a maquiagem, depois ajudou Clara a secar as lágrimas também. Henri entregou uma taça com cidra para as duas. 

Marina: Um brinde ao hoje. - Sugeriu. - E vamos fazer uma promessa que nada irá estragar nossa noite. 

Clara: Ao hoje. - A moreninha levantou a taça concordando com as palavras de Marina e todos brindaram. 

O motorista dirigia pelas ruas do Rio de Janeiro, na parte de trás do carro, os jovens riam, bebiam e cantavam. A entrada para o baile, era a mesma entrada que dava para a quadra, que estava completamente iluminada, uma grande pista de dança no centro, mesas ao redor, o espaço já estava lotado por adolescente que se divertiam sem parar. Os três casais entraram e Clara agradeceu mentalmente aos céus que os colegas estavam dançando e não notaram a chegada deles. Sentaram inicialmente em uma das mesas e receberam a companhia de Laerte que estava acompanhado de Verônica, namorada dele. O rapaz era um dos finalistas para rei do baile, eles se envolveram em uma conversa rápida, não demorou até todos estarem no meio da pista de dança. Henrique e Clara começaram com coreografias sem sentido e todos os amigos seguiram, não paravam de rir, até o riso sair completamente do rosto da morena, que observou Cadu se aproximando na pista e abraçando a namorada por trás.