Estava com minha irmão mais velha no supermercado, quando esbarramos com duas amigas dela, como ninguém tinha começado a colocar nada nos carrinhos, fomos para uma sorveteira perto, tinha anos que minha irmão não encontrava as colegas. Foi aí que meu queixo caiu. Elas eram casadas, mas a surpresa não foi essa. O que fez meu queixo cair, foi o fato de que as duas estavam juntas desde o colégio. Uma das duas tinha o cabelo que me lembro o da Gio, ela tinha sido a primeira a sair do armário. Minha irmã lembra do dia, disse que foi horrível, que eles estavam tento uma palestra sobre sexualidade e que o assunto foi para no homossexualismo, aí cada um foi dar opinião e a garota que tinha o cabelo parecido o da Gio (vou chamá-la de garota A) se irritou e acabou explodindo e disse que era gay. Ela é minha inspiração para a Clara.

A garota passou a sofrer, mas não foi abandonada pela garota B, a que serve de inspiração para Marina. A amiga sempre ficou ao lado dela, deu apoio. E mesmo não estando envolvidas, ainda, passou a ser chamada de namoradinha da garota A. Depois do colégio, elas mudaram de cidade, conseguiram entrar na mesma faculdade, passaram a dividir um apartamento e aí que o relacionamento avançou de nível, elas começaram a ficar e veio o namoro. Após a formatura, elas se casaram, não civilmente, mas passaram a usar aliança e tal.

Hoje elas já estão casadas legalmente, pelo que falaram o casamento é recente. A garota B esta grávida, elas fizeram uma inseminação. Ah sim, para não esquecer, hoje elas moram fora do país, estavam aqui para visitar a família.

Pensei que esse tipo de história apenas existisse na imaginação, fiquei surpresa, especialmente por perceber que elas permanecem eternas namoradas. Sabe aquele grude de início de relação? Pois é, as duas são assim. É lógico que elas passam por problemas, mas, quem não passa?

Essas meninas inspiram minha nova fic. Lógico que mudarei algumas coisas. Mas, a base é: duas amigas que vão descobrir que se amam e que juntas enfrentarão as dificuldades do dia a dia.

Bem, sem mais conversas, vamos a fic:

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Clara: AHHH! - Jogou o travesseiro para fora da cama com raiva.

Marina: Clarinha...

Clara: Estou com raiva, ela não tinha direito de fazer isso.

Marina: Uma hora tinha que acontecer.

Clara: Eu sei. Mas, você sabe que eu estava esperando ir para faculdade para sair do armário. Já seria difícil o suficiente já que gay sofre pra caramba, mas na colégio... As pessoas são muito mais cruéis no colégio.

Marina olhou para amiga sem argumentos. Ela e Clara cresceram juntas, moravam no mesmo condomínio, eram melhores amigas desde sempre, estudavam juntas. Clara não demorou a descobrir que tinha preferência por garotas, ela contou para Marina que sempre a apoiou. Ninguém além de Marina e a família sabia sobre a preferência de Clara, até que a morena se apaixonou por uma colega, Bruna, elas começaram a namorar. Mas, a amizade dela com a branca incomodava Bruna, já que ambas eram inseparáveis, elas brigavam o tempo todo, até Clara dar um basta na situação. Aproveitando que iria fazer intercâmbio, Bruna revelou a opção sexual de Clara a todos, que passou a viver um inferno no colégio.

Clara: Ainda bem que ela foi embora. Se não eu seria capaz de matá-la.

Marina: Não fala assim. Mataria a garota e o que? Você ficaria lá na prisão e eu aqui abandonada. - Fingiu carência e Clara a abraçou.

Clara: Sempre dengosa né? - Sorriu para ela.

Marina: Só faço o possível para fazer você sorrir. Não gosto de ver você assim. Anda, você tem que erguer a cabeça.

Clara: Fácil falar. Você não é gay. - Abraçou o travesseiro emburrada.

Clara não sabia, mas Marina era apaixonada por ela. Só que nunca teve coragem de falar, tinha medo de ser rejeitada.

Marina: Logo passa. Logo vamos para faculdade e o colégio vai ficar para trás...

Clara: É que é difícil. Poxa Mari, aquelas idiotas lá jogaram ovos em mim.

As reclamações de Clara continuaram, Marina fazia o possível para acalmar a amiga. Por fim, Clara apenas deitou no colo da outra e chorou. A branca ficou por lá até ver amiga pegar no sono, saiu do quarto de fininho. Andou até a casa que ficava do lado, chegou da varanda e viu a as luzes do quarto da morena apagadas. Tomou banho rapidinho, apagou as luzes e foi dormir, minutos depois sentou braços envolvendo sua cintura:

Marina: Você estava dormindo tão profundamente. - Comentou sem se virar.

Clara: Estou triste e carente, não posso dormir sozinha.

Marina: E desde quando você precisa de desculpas para vir dormir aqui?

Era mania da morena, deitava na cama para dormir e não dormia, saltava a varanda do quarto, o pequeno muro entre as casa, tinha um portãozinho, foi colocado quando as duas eram pequenas, assim facilitava para irem na casa uma da outra, Clara então passava o portão e subia na varanda de Marina, que dormia sempre aberta, para que morena entrasse. Era assim direto. Pela manhã ela fazia o trajeto inverso, soltava a varanda de Marina, passava pelo portão e subia para a varanda do próprio quarto.

Clara: Não gosto de dormir sozinha.

Marina: Também não.

Clara: Boa noite Mari.

Marina: Boa noite Clarinha.

E adormeceram ali, abraçadas e inseparáveis.