Entre Mundos escrita por Ca_Dream


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Essa é a minha primeira tentativa em histórias originais. Espero que gostem e principalmente, espero que faça sentido. Não deixem de comentar, por favor. Adoraria saber o que acham desse meu primeiro capítulo.



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Estava chovendo. Levantei o capuz do casaco, mas isso não me impediu de ficar molhada. Apressei o passo com medo de que a chuva piorasse. Contornei a esquina e a fachada do hospital começava a aparecer.

Segui pelo hall, indo direto ao elevador. Apertei o botão do terceiro andar como de costume. Senti a parede fria de metal contra as minhas costas e aproveitei os milésimos de segundo antes da porta se abrir para recobrar o fôlego.

Assim que a recepção entrou em meu campo de visão, vi que Iara conversava com a recepcionista. Quando ela percebeu que era eu, abriu o maior sorriso do mundo.

–Alice! Quanto tempo. – sorri para ela, sabendo que não fazia tanto tempo assim. Duas semanas e eu já estava de volta ao hospital.

Iara me arrastou pelo corredor, cochichando para que ninguém nos ouvisse.

–Você não devia estar na escola?

–O professor nos liberou mais cedo hoje. – era óbvio que eu estava mentindo.

Paramos em frente a um dos quartos. Espiei pelas persianas entreabertas. Quem eu precisava ver estava bem ali.

–Como você ficou sabendo?

Tirei o casaco sem olhar para ela.

–Eu vi a notícia no jornal. E ele estuda no meu colégio.

Iara tentou esconder a surpresa. Assumindo uma expressão séria antes de falar.

–Alice, você acha que ele vai acordar logo?

Quantas vezes ela já tinha me feito essa pergunta? Minha mão girou a maçaneta da porta.

–Ele vai acordar logo, logo.

Entrei no quarto, sentindo meu corpo se arrepiar imediatamente. Joguei meu casaco na mesinha de cabeceira e puxei a cadeira mais para perto do garoto em coma.

Fitei as paredes, pensando em como eu odiava as cores claras do hospital. Eram tão deprimentes.

Busquei a mão do garoto entre os lençóis e segurei seu pulso contra o meu. Eu sabia que a morte ainda não o havia levado. E sabia que podia fazê-lo acordar.

Fechei os olhos e a familiar eletricidade queimou minha pele. Apertei os lábios, sem emitir nenhum som. Me senti ser puxada. Como se fosse arrancada do meu corpo.

Aquele era o momento em que eu saía de um mundo para vagar em outro.

Momentos depois, quando tinha acabado, larguei a mão do garoto. Pisquei várias vezes até voltar a enxergar. Eu estava ofegante e exausta. Fazer aquilo sempre me custava energia demais.

Fiquei parada, tentando me recuperar. Sabia que levaria pelo menos dez minutos até que o garoto acordasse. Essa era a média da maioria.

Quanto estava melhor, levantei da cadeira. A última coisa de que precisava na vida era ser pega ali. Não teria como eu me explicar.

Olhei para o garoto uma última vez. Para meu espanto e terror, seus olhos verdes me encaravam de volta. Eu não soube o que fazer. Nem como pensar. Então fiz o que parecia ser a coisa mais inteligente. Saí correndo.


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