Memórias Perdidas escrita por Flor


Capítulo 10
Eu ainda estou aqui!


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que eu demorei, mas com as férias, prometo tentar ser mais rápida!
Responderei todos os comentários do capitulo anterior em breve!



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Nova York;

5º mês de gestação de Natasha;

A capela havia se tornado estranhamente pequena para quantidade de pessoas que haviam comparecido ao velório. Todas as pessoas consideradas importantes foram reunidas. Agentes da SHIELD, políticos, ex-agentes, amigos da família, familiares, etc...

Steve Rogers e Tony Stark estavam em uma parte mais afastada da multidão de pessoas, cada um com suas respectivas mulheres, cada um com sua respectiva dor.

Peggy Carter havia falecido na madrugada daquele dia, a notícia, embora esperada, pegou a todos de surpresa. Tony parecia estranhamente abalado, ninguém nunca vira o Homem de Ferro daquele jeito, e por causa de sua reputação, ele cobria os olhos com um óculos escuros. Pepper estava ao seu lado, com sobretudo preto e sofisticado, ela também usava um óculos de sol, entretanto, não chorava, porque, infelizmente, não conhecera Peggy Carter tão bem quanto queria.

Todos sabiam que Peggy ajudara Howard a criar Tony, após sua esposa falecer. Desde então, o milionário crescera vendo em Peggy Carter, a figura materna que lhe haviam tirado tão precocemente. Ele crescera na companhia dos filhos da moça; lembrava-se que, todos os finais de semana, ele ia até a casa da mulher e passava horas brincando nos imensos jardins e ria internamente quando, de uma hora para outra, resolvia desmontar algum eletrodoméstico e Peggy ficava desesperada...Obviamente o aparelho era concertado em questão de horas, ou até mesmo, minutos.

Com Steve Rogers, a situação era bem diferente. Ele conhecera-a em uma época em que ninguém via esperança para a humanidade, o mundo inteiro estava em guerra, e na jovem moça, o soldado Rogers havia encontrado algo que valia a pena lutar, esperança. Peggy fora a sua primeira garota, a garota do qual ele se apaixonou, seu primeiro amor. Ele sonhava em formar uma família com ela, casar, ter filhos, envelhecer juntos e então, ver seus netos nascerem.

Mas o destino quis diferente. O Capitão olhou para a ruiva ao seu lado e, mesmo com sua barriga de 5 meses de gestação, Natasha continuava linda. Assim como Pepper, a ruiva também usava um óculos que cobria seus olhos, embora não estivesse tão sol. Em Natasha, Steve encontrou uma amiga, companheira, amiga, namorada, amante, parceira de crime, como dizia Clint. E agora, mãe de sua filha, mãe de seu pequeno milagre.

Peggy deixaria saudades, ela fazia parte do antigo Steve, o inocente, o bom garoto. Bem, ele ainda continuava bom garoto, mas inocente...

Natasha, por outro lado, sentia que sua bebê estranhamente agitada. Annabeth parecia desconfortável em sua barriga, ou só não gostava de ver o pai e a mãe, tão tristes.

_Nat, acho melhor nós irmos sentar um pouco, não é bom você ficar em pé durante muito tempo.

Natasha assentiu para Pepper, mas quando foi dar um passo à frente, uma forte tontura lhe atingiu, a ruiva teve que se apoiar em Steve, caso contrário, cairia.

A ruiva fechou os olhos e respirou profundamente, quando voltou a abrir, ela jurou ter visto Peggy Carter em pé, à sua frente, sorrindo minimamente. Ela não estava velha como antes de morrer, ela estava jovem e vestia o que parecia ser o uniforme de guerra, o mesmo que aparecia na fotografia que tinha na bússola de Steve. Agora ela sabia porque seu marido havia se apaixonado por aquela garota.

Natasha olhou em volta e não encontrou ninguém , não encontrou seu marido, sua amiga, Tony ou, até mesmo, a multidão de pessoas que vieram para o velório. Era apenas Peggy e ela.

_Ele tem sorte!- Peggy disse.- De ter você e sua bebê...Cuide de quem ainda está vivo, Natasha, porque depois que a pessoa fechar os olhos para sempre. Não tem mais volta.

Natasha sabia de quem a mulher estava falando e sentia extremamente por isso. A ruiva nunca fora tão ligada a sentimentos, a Sala Vermelha deixava claro que, para ser um assassino competente, você não poderia ter sentimentos. E foi assim sua vida inteira, até o exato momento em que Natasha descobriu que amava Steve e mais que isso, descobriu que estava grávida.

Peggy começou a sumir e o som dos murmúrios da multidão, começou a voltar para os ouvidos de Natasha.

Quando ela abriu os olhos, de verdade, dessa vez. A ruiva se viu deitada em um banquinho de mármore do cemitério e quando sua visão focou, ela encontrou os olhares preocupado das três pessoas que lhe acompanhavam.

_Nat, tá tudo bem?- A voz de Pepper adentrou seus ouvidos, fazendo-a chegar totalmente à realidade.

Steve segurava as mãos geladas da esposa e a olhava realmente preocupado, o loiro e Tony levaram uma de suas mãos até a barriga de Natasha e suspiraram quando sentiram Annabeth chutar avidamente, como se quisesse dizer:” Está tudo bem, pessoal! Eu estou vivinha!:’’

Natasha tomou impulso para se sentar e quando o fez, olhou ao redor, estava tudo normal, para um velório. A espiã tomou ar e suspirou em seguida. A marcha de música que iria seguir o caixão começou a tocar, indicando que o caixão começaria a se mover para o lugar que seria o enterro.

Tony e Steve levariam o caixão, ao lado dos dois filhos mais velhos da falecida senhora.

_Eu não vou mais, vou ficar aqui, com vocês!- Steve exclamou, sem tirar sua mão do ventre de sua esposa.

_Você vai sim!- Natasha o olhou brava.- Eu já passei por coisa bem pior, você sabe bem disso!...E...Você tem que se despedir da sua garota.

_Você é minha garota, Nat...Vocês duas!

_Não quero discussão!- Natasha insistiu, se ponde em pé e ignorando o olhar mortífero dos outros três.

_Acho melhor vocês irem, Steve.- Pepper falou calmamente.-Vá! Eu fico.

Steve olhou novamente para sua esposa, suspirou e lhe deu um demorado beijo e, prometendo que voltaria logo, partiu junto com Tony, sempre olhando para trás.Quando eles sumiram totalmente do campo de visão das mulheres, Natasha olhou para a amiga:

_Pepper...- A noiva de Tony olhou para a ruiva e franziu a testa.- Você acha que ele vai conseguir esquecer Peggy Carter?

Natasha nunca fora insegura em relação à seu relacionamento com Steve, ela sabia que Peggy era o passado do marido. Mas a gravidez lhe fazia isso, fazia sentir-se insegura.

Pepper sorriu.

_Ele já esqueceu, minha amiga.

[...]

Perder alguém que você ama, ama de fato, dói muito. É difícil aceitar, mas dia menos dia, você vai aprendendo a conviver com aquela dor e com o fato de que, aquela pessoa amada, se fora e não iria volta nunca mais. E pior do que aceitar, é esquecer.

Os dias vão começar a passar, se transformando em meses e logo em seguida, em anos. Novas pessoas vão entrar a sair, e o rosto daquela pessoa tão amada, vai se apagando de sua memória...E então, chegará o dia, que você não se lembrará mais da face da pessoa, nem de seu modo de agir ou seu falar. Você apenas sentirá um grande vazia em seu coração, e quando esse momento chegar, você saberá que uma pessoa importante se fora definitivamente e o vazio, não poderá ser preenchido.

Mas você também pode esquecer alguém e ela estar viva. Acredite em mim, esse é o pior! Você sabe que a pessoa amada está viva, sabe que ela está em algum lugar do mundo, mas você não pode ir atrás dela, porque o contato fora perdido, o amor, infelizmente crescia, mas você não podia fazer nada, a única coisa que lhe restava, eram as lembranças, boas e velhas lembranças que insistiam em retornar e lhe fazer sofrer.

Natasha chegou no andar principal da Torre dos Vingadores, todos os outros já estavam em seus respectivos andares, com suas respectivas vidas. A espião tirou os sapatos e deixou-os jogados em um canto da sala. Ela caminhou até o sofá e sentou-se no mesmo.

_Você precisa de algo, Sra. Rogers.- A voz de JARVIS soou pelo ambiente, fazendo a ruiva despertar de seus pensamentos.

_Não, obrigada, JARVIS!

Sozinha, novamente, perdida em seus pensamentos. Natasha se recordou do ‘’sonho’’ que tivera com Peggy. Todos diziam que grávida tinha sonhos surreais, realistas demais. A ruiva nunca ligara para isso, ela nunca fora crédula de acreditar em fantasmas, sonhos ou qualquer coisa desse tipo.

Mas a gravidez lhe deixava sentimental e,agora mais que nunca, ela estava sentindo medo de perder as pessoas ao seu redor. E ninguém sabia, mas Natasha tinha trauma em relação a fogo, desde que perdera os pais naquele incêndio, quando tinha 5 anos. Essa foram umas das únicas memórias que a Sala Vermelha tinham deixado em sua memória. A intenção era mostrar que a dor de perder alguém, poderia ser diluída com a série de crimes que as garotas estariam submetidas a fazer.

Steve apareceu na sala, ainda usando a roupa do velório de Peggy. Ele sorriu para a esposa e foi em sua direção, sentando-se ao seu lado.

_O que está fazendo sozinha aqui?- Ele perguntou, trazendo o corpo dela para junto de si.

_Pensando...Eu te amo, sabia?!- Mais uma consequência da gravidez, ela se declarava a toda hora.

_Não mais do que eu!- Ele respondeu. Beijaram-se apaixonadamente e quando o ar faltou, separaram-se. Ambos se fitaram e Natasha suspirou quando sentiu sua filha chutar fortemente.- Vamos pro nosso apartamento. Vocês duas devem estar cansadas.

_Eu tenho que fazer uma coisa antes de mais nada.

Steve assentiu e levantou-se indo em direção ao elevador. Mas antes, ele virou-se e encarou sua esposa.

_Peggy é meu passada, Nat...Você é meu presente e meu futuro...É você que eu escolhi para ser minha companheira e mãe da minha única filha. Eu te amo!

Dito isso, ele saiu, deixando sua esposa beirando as lágrimas.

E entre tudo isso, ela se lembrou que havia uma pessoa que Natasha nunca havia esquecido, a menina sempre fora esperta e sempre mentia dizendo que havia esquecido tudo o que eles queriam que ela esquecesse. Menos aquela pessoa, ela se recusava a esquecer e se recusava mais ainda a deixá-lo no passado.

A espiã pegou seu celular e o encarou fixamente, aprumando sua postura no sofá, como se estivesse prestes a falar com o Presidente dos EUA, a Rainha da Inglaterra e o Papa em pessoa. Ela discou o número que lhe era tão conhecido. Natasha confessava a si mesma que fora péssima no quesito ‘’preocupação’’, já que a última vez que ela ligara para essa tal pessoa, fora à seis meses atrás.

Com o telefone em sua orelha, ela esperou e no terceiro toque, teve a ligação atendida.

_Olá, Senhora Rogers!– A voz masculina soou, parecendo estranhamente irônica.

_Olá, Senhor Petrovich.- Natasha soltou um leve suspiro em ouviu a aquela voz novamente.

Depois do incêndio que acabou com a vida de seus pais,Natasha fora ‘’adotada’’ e salva por Ivan Petrovich. Um homem caridoso, mas perigoso. Ele se tornara seu tutor, até a garota completar 10 anos e chamar a atenção do governo soviético por sua inteligência e agilidade. Ivan não pôde fazer nada, era apenas um assassino aposentado, não poderia ir contra as ordens de seu governo, caso contrário, acabaria morto.

Eles perderam contato, desde que Natasha fora levada pela KGB. Mas depois que se tornara a Viúva Negra, agente da SHIELD, Natasha procurou o contato do homem e desde então, não o perdera mais, não desistira mais de tentar esquecer. Ele havia se mudado para o interior São Petersburgo, onde morava em uma casa de campo, longe da agitação da cidade. E não mais que isso, hoje ele estavam com nada mais que 79 anos.

_Está tudo bem?- A voz de Natasha saiu trêmula e ela sentiu sua filha dar cambalhotas em seu ventre.

O idoso do outro lado soltou uma risada abafada e sorriu.

_Sim, Nat, ainda estou aqui!- A espiã soltou mais um suspiro de alívio. Ela sabia o que aquilo queria dizer, aquele pequena frase significava que...Ele ainda estava vivo! E isso fez o coração da ruiva saltar de alegria.- E ainda pretendo ver a pequena Annabeth.

Ambos riram . Natasha havia mandado uma carta, anunciando sua gravidez, o sexo e o nome do bebê.

_Ótimo!

A ruiva terminou com um suspiro satisfeito.

"Aprendi há muito tempo, que quando você acha algo pelo qual vale a pena lutar, você nunca desiste."

—Once Upon A Time


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!!