A partir do momento em que viu Carlos Daniel pela primeira vez, Larissa não conseguiu tirá-lo da cabeça. No almoço na casa da família Bracho ela não cansava de admirá-lo, olhá-lo discretamente, observar como ele se portava com a esposa.

— De fato, parece que os dois se amam muito (pensou ela), mas nada do que uma boa dose de insinuação resolva.

Ao final do almoço, Larissa foi embora com Sthephane e a família. No caminho, teceu elogios aos Bracho e ficou orgulhosa por saber que o irmão se relacionara com tão nobre clã. Falou do seu encanto pelas crianças até chegar aonde queria, nos pais delas.

— Seu irmão parece muito apaixonado pela esposa, Sthephane! Isso é verdade?

— O quê? Ele mata e morre por aquela mulher! – disse Sthephane.

— Isso é verdade – ratificou Juan, esposo de Sthephane. – Eles se completam, é um amor tão puro e sincero...tipo o meu com Sthephane!

— Seu bôbo! - retrucou a esposa, cheia de orgulho.

— É bom ver isso, pois são poucos os casais que se amam tão profundamente hoje em dia. - falou Larissa.

— Verdade irmã, pouquíssimos. Ainda bem que estou nessa relação de poucos – disse Juan.

— Ainda bem mesmo Sr. Gamboa! – falou Sthephane.

— Eu terei o maior prazer em atestar esse amor e fidelidade... - pensou Larissa.

Ao chegar em casa, todos foram descansar e Larissa logo se dispôs a ir a seu quarto, sem antes pedir um favor a sua cunhada.

— Téphi... (Era como Larissa chamava delicadamente sua nova “irmã”).

— Diga Lari.

— Você pode me emprestar seu Iphone preu acessar meu instagram? É que o meu celular travou e eu preciso ver se tem algum comentário em minhas fotos! Amanhã vou pedir ao Juan pra comprar um novo pra mim. Estava precisando do Iphone mesmo...

— Ah Larissa... esses jovens! Só querem saber de tecnologia, redes sociais! Claro, toma aqui! (entrega o telefone a cunhada) - Aproveita! Meu instagram não vejo há uma semana...

— Oba! Valeu maninha! Boa noite! Não vai ligar se eu ficar com ele a madrugada toda né?

— Claro que não! Depois de um dia desses o que eu mais quero é dormir! Amanhã tenho de ir na Fábrica Bracho. E você também deveria dormir mocinha, chegou de uma viagem internacional e foi direto a um almoço em família que deve ter sido muito cansativo.

— Que nada Téphi, eu amei! Tenho energia de sobra!

— Então tá, boa noite!

— Boa noite Téphi! Dá um beijo em meu irmão relaxado que já foi dormir sem falar comigo.

— Ele foi tomar banho, estava exausto. Ainda irá a seu quarto falar com você!

— Ah não, só que não! Diz a ele que vou ficar a vontade em meu quarto e vou trancar a porta! Amanhã ele me vê!

— Tudo bem Lari! Boa noite!

— Boa noite!

De fato Larissa era uma mulher muito bonita. Com vinte anos de idade era o orgulho do irmão Juan. Estudava Direito na Universidade de Harvard nos Estados Unidos. De cabelos negros e cumpridos, pele amorenada, aproximadamente 1,75m de altura, pernas torneadas, era a perdição de qualquer homem. Não tinha quem não a admirasse quando ela passava. Gostava de ir a festas, se divertir em baladas eletrônicas e curtir a noite. Porém, era seletiva em seus relacionamentos. Afirmava para ela mesma que era joia e não bijuteria e negava-se a ficar com todos os caras que chegavam até ela. Primeiro puxava o currículo. Não bastava apenas ser lindo, tinha também o fator inteligência e linha familiar. Não ficava com nenhum perrapado e muito menos que tivesse se envolvido em algum escândalo. Preferia filhos de empresários e políticos americanos. Mas em dois anos de estudo ficara apenas com três, pois seus romances não duravam apenas uma noite. Nunca se envolvera com nenhum homem casado, mas Carlos Daniel havia mexido com ela. Era um homem lindo! De pele amorenada com aquele topete charmoso e a boca vermelhinha! E os braços, que fortes! Desejava-o demais.

Depois de tomar um banho, Larissa se jogou na cama e pôs-se a olhar o instagram de Sthephane. Após verificar todas as pessoas que ela seguia, chegou ao seu alvo: @carlosdbracho. Olhou todas as fotos que ele publicara, a maioria com sua esposa. Alguns hobbies como carros e apenas uma foto com os filhos. – É muito reservado (pensou ela). Depois ela partiu para o insta de @paulinabracho. Apenas cinco fotos em um ano de instagram! Que horror! Uma foto do mar, uma foto do jardim, uma foto com as crianças e duas selfies com e esposo. Notou que Paulina não era muito adepta às redes sociais, ao contrário do esposo, que vivia fazendo declarações a ela. Depois de fuçar bastante a vida dos Bracho, Larissa foi dormir.

Acordou no dia seguinte bem cedo para tomar café com o irmão antes dele sair.

— Formiga na cama Lari? São 7:30h da manhã! Não precisava acordar cedo... – disse Juan.

— Eu sei mano, mas é que quero te pedir um favor... e a Téphi também...

— Diga minha geniazinha de Harvard... – falou Juan cheio de orgulho.

— Meu Iphone quebrou. Estou sem contato com o mundo. Ontem à noite tive de pegar o da Téphi emprestado...Preciso de um Iphone novo!

Abrindo a carteira, Juan pega um cartão de crédito, entrega a irmã e diz:

— Resolvido, vou escrever a senha pra você. Vê se não gasta mais de sete mil hoje ok?

— Eu te amo irmão!

— E o que você quer de mim dona Larissa? Não é outro Iphone né? - disse Sthephane.

— Não Téphi, na verdade eu quero ir contigo na fábrica Bracho. Vocês tem um setor jurídico né? Quero ver como funciona e como posso aprender alguma coisa lá.

— Muito bem Lari! Mas você pode aprender no meu escritório, que também é seu! Seu irmão é dono de uma rede de lojas de departamento com filiais em todo o país e você quer ir a uma fábrica que nem tem tantas filiais assim?

— Não ofende minha fábrica, Juan... – falou Sthephane.

— É que não entendo Larissa, ela pode ir comigo pra empresa que é minha e dela! – insistiu Juan.

— Quero passar por diversos tipos de empresas para descobrir as várias maneiras de aplicar o Direito. Vou a fábrica e na semana que vem irei a nossa empresa. Ok Sir? – disse Larissa.

— Agora sim. – falou Juan.

Depois que todos tomaram seu café, saíram em seus respectivos carros. Juan para o trabalho, Sthephane levar as crianças na escola e depois ir à fábrica e Larissa foi ao shopping comprar seu telefone. Após efetuar a compra, se dirigiu a fábrica e educadamente pediu para ficar no setor jurídico. Todos na fábrica ficaram encantados com a inteligência e destreza de Larissa. Ficou lá o dia todo, claro, de tempos em tempos ia à sala de Carlos Daniel para conversar com o mesmo e Rodrigo, levar papéis, dar sua impressão do ofício e sugestões de melhoria. De fato ela era brilhante.

Enquanto isso, Paulina estava em casa cuidando das crianças. As levava a escola, ao médico, as atividades extra-escolares. Tornara-se uma mãe em tempo integral. Ia à fábrica apenas uma vez na semana, durante o turno que as crianças estavam na escola. Carlos Daniel gostava assim, pelo menos a esposa estava em casa, cuidando dos filhos, da Vovó, administrando a mansão e se produzindo pra ele. Mal sabia Paulina que estaria sofrendo uma grande investida.

Após duas semanas se relacionando com a família, levando Amora e Silvano para ver Adelina na casa Bracho e brincar com os primos, Larissa ficara mais íntima. Com isso, conversava bastante com Paulina, sobre seus estudos, as crianças, a fábrica... Tornara-se uma amiga da família.

No início da terceira semana, Larissa ouviu Carlos Daniel dizer a Rodrigo que ia ficar até mais tarde na fábrica para fechar umas contas. Era sua oportunidade! Nesse dia foi de táxi e no horário da saída despediu-se de todos, fingindo ir embora, quando na verdade se trancou no banheiro da sala de Sthephane. Depois de ver que o silêncio reinava, astutamente ela se dirigiu a sala de Carlos Daniel. Estava muito bonita, com uma saia preta um palmo acima dos joelhos, blusa branca e sapatos scarpin preto. Cabelos soltos cuja extensão ia até a cintura. Maquiagem perfeita, principalmente o batom vermelho, que em muito lembra a saudosa Paola Bracho. Entra na sala e diz:

— Ainda por aqui Sr. Bracho?

— Larissa?! Oi... estou fechando umas contas...e você, o que ainda faz por aqui?

— Perdi o horário na sala da Téphi...

— Hum... eu vou sair daqui a pouco. Está de carro?

— Não... Vim de táxi.

— Te levo em casa – disse o bonitão.

— Não quero incomodar, mas agradeço.

— Não é incômodo nenhum...

Depois de dez minutos sentada no sofá de espera, ela começa.

— Sua esposa não liga de você ficar até tarde na fábrica?

— Não, ela confia em mim! E sabe que precisava fechar esse negócio.

— Imagina se ela soubesse que tem uma mulher bonita aqui com o esposo dela. – fala de maneira insinuante.

— Do jeito que ela gosta de você, acho que não ia se importar.

Chegando perto da mesa dele, se reclinando, enquanto ele digitava no computador, ela continua:

— Mesmo sabendo que essa mulher bonita não consegue tirar o esposo dela da cabeça?

— Larissa, por favor...

E nesse momento ela ataca. Agarra-lhe pelo pescoço e lhe dá um beijo. No primeiro instante ele a empurra e a olha com um olhar perplexo.

— Você está maluca menina?!

— Vai dizer que não gostou? Eu posso repetir a dose...

E dessa vez ela o agarra novamente, dando um beijo mais forte e apaixonante. Ela era linda, isso não se podia negar. E atraente. Seus lábios eram doces... Ele não conseguiu se desvencilhar. Retribuiu o beijo, as carícias, que foram ficando mais e mais quentes, que ela começou a desabotoar sua camisa e no mesmo impulso ele começou a tirar a blusa dela. Queria possuí-la. Foi atraído por um impulso que não conseguia controlar. Pensava em Paulina, sabia que estava errado, mas o perfume daquela mulher era tão sedutor que ele não conseguia parar. E foi ali naquela sala mesmo, na fábrica Bracho, que tudo aconteceu. Não preciso contar como a noite terminou, vocês já devem imaginar como foi, certo?