Antes Que Você Me Deixe... escrita por umaasgardiana


Capítulo 3
Capítulo - 2 - Nossa História.


Notas iniciais do capítulo

Hello my loves, como vão? Aqui está o segundo cap. de AQVMD, espero que gostem, ele etá um pouco maior que os outros.
Música do capítulo~~> https://www.youtube.com/watch?v=yJ6wJqaE6o4
Vos apresento, a história de Angelina e Henrique.
Boa leitura :D



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“Não era pra ter acontecido sabe? O nosso amor, ou melhor, o meu amor... não era pra ter acontecido. Ele também não foi feito pra durar. Mas eu quebrei as regras, ele nasceu aos poucos e ainda esta aqui, sem prazo de validade...”

– Autora.


Eu fitava o teto branco de um dos vários corredores que haviam no hospital, pensando quando eu finalmente poderia voltar a ter uma vida normal novamente, sentido falta da minha rotina e principalmente de quem fazia parte dela, Henrique... ele ainda se quer tinha abrido os olhos novamente, já estava a três longos e tristes meses sem ver aqueles olhos azuis, sem ouvir sua risada estranha, sem sentir seus toques, como eu sentia falta disso. Seu quadro não teve melhoras e minhas esperanças já estavam por um fio embora eu sempre acreditasse que no final, tudo iria terminar bem. Seus pais, sua irmã e seu melhor amigo viviam o visitando, mais eu não saia daquele hospital de jeito nenhum, minha vida virou o quarto onde Henrique estava. Ainda podia sentir o olhar de pena das pessoas sobre mim, muitos deles tentaram incontáveis vezes fazer com que eu fosse pra casa descansar, eu não estava cansada, eu só queria que ele voltasse a abrir os olhos, eu só queria que ele saísse dessa, e queria estar ao seu lado caso qualquer coisa acontecesse.

Nesses três meses, vi muita gente chorando. Uns por terem perdido alguém, outros por terem ganhado, também ouvi o choro dos bebês que acabaram de vir a esse mundo. Vi o desespero, vi a esperança, vi a alegria e a tristeza, também vi a felicidade de alguns, a superação de outros, alguns sendo curados e outros diagnosticados, mas principalmente cada um desses seguindo a vida a diante, nem todos estavam completamente satisfeitos, muitos deles quiseram e pediram que a morte os levasse também, e eu os entendia. Entendia porque quando se ama alguém, ama de verdade... não importa se a pessoa esta do seu lado ou não, se ela é merecedora do seu amor ou não, não importa o quanto ela te faça sofrer e chorar, se você a ama de verdade, você nunca vai ter vontade de viver num mundo onde ela já não faz mais parte, porque gostando ou não, parte de sua felicidade é devida a ela, parte de sua força é devida a ela, e bom... alguma parte da sua vida acaba sendo devida a ela também.

É muito fácil ter uma vida, mas sem uma razão para vive-la, ela não é uma vida de verdade.

Já estava à meia hora sentada num banco duro de madeira escura e envernizada que havia no corredor de frente do quarto em que Henrique estava. Sua mãe havia me ligado avisando que viria falar comigo, e que era importante. Não tinha ideia do que ela queria falar, mas sabia que não era algo bom. Minhas mãos estavam suando de nervoso, minha cabeça parecia que dava voltas e voltas, meu coração batia acelerado, era muito claro que eu estava nervosa. Decidi levantar e andar pelo o hospital, precisava me acalmar.

Passei por corredores e mais corredores, alguns quartos dos pacientes estavam com a porta aberta, eu podia ver o sofrimento de alguns, a alegria de outros com uma saúde um pouco melhor, uns se divertiam com o filme que passava na TV e outros assim como Henrique estavam num sono profundo e longo e assim como eu pensava em relação a ele, eu não tinha certeza se voltariam a abrir os olhos.

Ouvi uma voz sonora e um toque suave de um violão vindo de um dos quartos, minha curiosidade me levou até o quarto e por sorte a porta estava aberta.

Pela primeira vez em meses, sorri e me emocionei com o que vi na minha frente. Um casal jovem, talvez tivessem a minha idade, a garota estava deitada na cama com os olhos brilhando e sorrindo bobamente para o namorado que sorria da mesma forma tocando seu violão, ele não estava olhando para ela, ele olhava para a enorme e redonda barriga da garota, eles iam ter um filho.

Respire fundo, respire claro
Saiba que eu estou aqui
Saiba que eu estou aqui
Esperando

Fique forte, fique ouro
Você não tem que temer
Você não tem que temer
Esperando
Eu te verei logo
Eu te verei logo

Como pode um coração como o seu
Amar um coração como o meu?
Como eu poderia viver antes?
Como eu pude ser tão cego?
Você abriu meus olhos
Você abriu meus olhos

Ele cantava suavemente e parecia se emocionar, a garota alisava a barriga de uma forma carinhosa e protetora.

– O papai ta te esperando filho! – ele disse logo após parar de cantar a musica e juntou suas mãos as da namorada e juntos ficaram acariciando aquele pequeno ser que logo se juntaria a eles.

Ter visto aquela pequena cena me deu uma enorme felicidade, andei até o jardim do hospital e me sentei em um dos bancos, o dia estava lindo, o sol estava radiante e o céu num vivo azul, não pude evitar sorrir, inconscientemente lembrei de alguns momentos felizes ao lado de Henrique.

...

Eu estava sentada em um banco mais afastado do pátio da escola, poucas pessoas ficavam ali no intervalo, aquele era o meu refúgio. As aulas já haviam começado a duas semanas e eu já estudava lá a um ano, nunca fui muito de conversar e me enturmar com as pessoas, mas também não era exatamente sozinha, falava com um ou outro de vez em quando. Passava os meus intervalos devorando livros e livros, sempre fui fascinada por sagas e naquele momento eu estava lendo o último livro de Harry Potter, exatamente na parte em que Dobby morre. Dei leves fungadas e lágrimas finas e geladas começaram a percorrer minhas bochechas magras, ele era simplesmente um dos meus personagens favoritos.

– Você ta bem? – uma voz masculina e um tanto rouca disse. Pela proximidade da voz, deu pra perceber que ele estava ao meu lado, ou melhor, no mesmo banco. Estranhei já que a única pessoa que sentava ali, bom... era eu.

– O Dobby morreu... ele não merecia mo.. morrer. – respondi com a cabeça baixa e com certa dificuldade já que continuava a chorar.

– Quem é Dobby? – ele perguntou com certa curiosidade na voz.

– Ele é apenas o melhor elfo do mundo, ele tinha tanto carinho pelos bruxos que eram bons, principalmente por Harry, até mesmo quando ele ainda não era livre. – disse limpando algumas lágrimas que ainda insistiam em cair e levantando o olhar para finalmente fitar o garoto.

Dava pra perceber que ele era mais alto do que eu, afinal quem não era? Sempre fui baixinha. Era branco e tinha cabelos morenos, uma boca avermelhada um tanto gordinha, e olhos... meu deus, aqueles olhos eram um dos olhos mais lindos que eu já tinha visto, não sabia exatamente se eram verdes esmeraldas ou azul piscina, talvez fossem azul esverdeado ou verde azulado, não dava pra saber. Com certeza era aluno novo, aquele talvez fosse seu primeiro dia de aula, eu nunca o tinha visto e a escola era pequena, eu saberia se ele já tivesse pisado lá. Ele me olhava confuso como se eu fosse louca, levantei o livro na altura dos meus ombros para que ele pudesse ver do que eu estava falando. Seu semblante curioso e confuso passou a ser um tanto esnobe.

– É só um livro... – ele disse me lançando um sorriso de banda, fazendo-me bufar.

– Não é só um livro, é O livro, é Harry Potter qual é? – disse gesticulando com as mãos levemente alterada, fazendo-o se divertir.

– Continua sendo só um livro. – ele continuou com um sorriso torto e um tanto cafajeste. Revirei os olhos.

Me levantei com a cabeça erguida e cruzei os meus braços magros em volta do livro deixando-o colado ao meu peito e sai andando, eu senti seu olhar me seguindo e pude ouvir uma baixa risada, ele estava se divertindo.

...

Sorri ao me lembrar da primeira vez que vi e falei com Henrique, estávamos no 8° ano, ele era tão insuportavelmente irritante, tenho certeza que se me falassem naquela época que nós ficaríamos juntos, eu riria da cara da pessoa e a chamaria de idiota, mas... as coisas mudam, ou melhor, mudaram.

...

Alguns meses já haviam se passado, eu continuava a sentar no mesmo lugar de sempre, continuava devorando meus livros, e o garoto dos olhos cujo a cor eu ainda não me decidi qual é, também continuava a se sentar lá, só que eu em uma ponta e ele em outra, eu sozinha com os meus livros e ele rodeado de amigos e garotas, ele acabou ficando... famosinho. Talvez fossem a cor dos olhos, talvez fosse por ele ser novo na escola, talvez por ele ter uma beleza que não era muito comum naquele lugar, as garotas amavam isso, mas eu não me encaixava nesse grupo de garotas. Sempre detestei gente popular, não por ser a invisível da classe, ou talvez pelo o que pensam sobre eu ter “inveja”, mas sempre achei detestável como as pessoas fazem de tudo pra chamar atenção, eu não sei quem é mais idiota, o que faz de tudo pra chamar atenção ou o que da atenção. Mas não era isso que me incomodava, numa escola tem sempre uns que são populares e isso não me incomodava nem um pouco até... agora. Durante um ano eu me sentava naquela mesa onde ninguém se atrevia a sentar, o lugar se quer era conhecido pelos alunos daquela escola, mas isso mudou desde que ele chegou e sentou no meu banco, atraiu atenção pro meu banco, eu não conseguia escutar nem meus próprios pensamentos de tanta coisa idiota que eu ouvia ali, de tantas risadas escandalosas e forçadas. Descobri que seu nome era Henrique, ele era um idiota, adorava uma atenção só faltavam os holofotes, as garotas que davam em cima dele me causavam nojo, eu não tinha motivos bons o suficiente mas ele me irritava de uma forma, eu não sabia explicar, eu só sabia dizer que daquele momento em diante, eu não gostava de Henrique.

...

Revirei os olhos ao lembrar da fama de Henrique na escola, aquilo realmente me irritava e eu realmente não gostava dele, não sei exatamente o porque, eu apenas não gostava e agora, bem... agora o sentimento é diferente.

...

Um ano já havia se passado, estávamos no 9° ano, precisamente no começo do ano letivo. Eu me sentia estranha em relação ao Henrique, começava a pensar nele de uma forma que eu não pensava antes, me irritava por outros motivos, eu não tinha nem uma razão pra sentir o que eu sentia, não tinha nem um porque ou uma explicação, e isso me frustrava. Estava no pátio no intervalo, sentada no palco e encostada na parede com os meus bons e velhos fones de ouvido, ouvia qualquer musica e observava qualquer coisa, pensava em nada e ao mesmo tempo em tudo, uma musica que eu gostava começou a tocar, ela me fazia pensar em Henrique, mas pra ser sincera, qualquer musica de amor me lembrava ele.

Que dia é hoje
E de que mês?
Esse relógio nunca pareceu tão vivo

Enfim, ainda era uma musica que eu não estava prestando totalmente atenção, na verdade, eu não estava prestando atenção em nada, eu estava desligada de qualquer coisa mas, inconscientemente comecei a cantarolar baixo cada verso da musica.

Eu não consigo prosseguir e não consigo voltar
Tenho perdido tempo demais

Sem motivo algum, sem querer, bati meus olhos em Henrique e curiosamente ele me fitava também, nossos olhares se cruzaram por apenas dois segundos e como um baque, a musica começou a fazer sentido pra mim.

Porque somos eu e você e todas as pessoas
Com nada a fazer, nada a perder
E somos eu e você, e todas as pessoas e
Eu não sei porque não consigo tirar meus olhos de você

Eu sabia que ele não estava me olhando por querer, na verdade soou mais como uma coincidência, eu também não tinha olhado pra ele por querer, apenas aconteceu... sem querer, inconscientemente fiz de you and me do Lifehouse nossa musica, sem motivo algum, sem razão alguma, ela simplesmente se tornou a nossa musica.

...

Um sorriso largo sempre aparece em minha boca toda vez que eu lembro dessa cena, foi insignificante pra ele, e pra ser sincera pra mim também foi, mas a musica, o olhar, o momento e os dois segundos, foram tão perfeitos, foi algo sem sentimento mas ao mesmo tempo maravilhoso, foi a única vez que nossos olhares se cruzaram realmente na escola, e pode parecer loucura mas pensando bem, acho que foi exatamente nesse momento que eu comecei a ama-lo, e o sentimento já estava muito adiante pra que eu pudesse ou ao menos tentasse interromper.

...

Ensino Médio, tava sendo um lixo por sinal... Henrique tinha ido pra outra escola e eu nunca mais o vi, as matérias ficaram mais difíceis, as pessoas mais idiotas, e eu mais sem paciência do que nunca. Não consegui me apaixonar por outro garoto, olhei uns aqui e ali, bonitos até... tive interesse em dois ou três, beijei um desconhecido, meu maior erro inclusive.

Eu ainda pensava nele, não sentia sua falta mas era como se me faltasse algo. Como uma boa stalker acompanhei sua vida nas redes sociais, namorou algumas garotas, todas imprestáveis que fique claro, fez algumas novas amizades, poucas por incrível que pareça, ainda era muito amigo de um garoto que estudava na mesma classe que ele em minha outra escola, Gustavo, eu acho.

Tive um namorado no terceiro ano, durou pouco, culpa minha admito...

Não pensava mais em Henrique, embora ainda não o tivesse esquecido completamente. Nunca mais o vi.

Fiz cara de tédio. Meu ensino médio não foi dos melhores, me encontrei sendo uma adolescente completamente perdida, sem saber o que fazer... eu tava sem ele, não foi horrível posso dizer... aos poucos eu fui o superando. E aos poucos ele foi saindo da minha cabeça.

...

Haviam se passado cinco anos, estava no começo da primavera, eu tinha decidido ir ao shopping, tirar o dia pra relaxar depois da semana de provas na faculdade, eu cursava Arquitetura e Urbanismo, eu adorava mas as provas eram um saco e tomavam todo o meu tempo. Achei que sair pra comprar algumas roupas e tomar sorvete seria uma boa, até ver ele.

Eu congelei no lugar e deixei algumas das minhas sacolas de compras cair no chão, enquanto me agachava desajeitada e pegava as minhas sacolas me atrapalhando toda, pensei que talvez não fosse ele já que eu tinha uma mania de ver seu rosto em qualquer um que tivesse seu corte de cabelo ou sua altura, e bom... ele estava de costas falando no celular, talvez eu só tenha me confundido mesmo.

Após ter pego todas as sacolas e me levantar ainda desajeitada, pude vê-lo melhor... e pro meu azar, seu rosto ficou ao meu alcance. Era ele, eu tinha certeza agora. O observei melhor e vi que ele usava um jeans desgastado, uma camiseta branca com as mangas dobradas até o cotovelo e um tênis branco da nike. Ele segurava uma casquinha de sorvete de baunilha e tinha um semblante de duvida no seu rosto, olhei na direção em que ele olhava, na vitrine em que estava a sua atenção haviam duas camisetas polos, uma branca e uma preta, ele devia estar em dúvida de qual comprar, ficaria melhor na preta e melhor ainda sem nada cobrindo seu abdômen que agora eu sabia que estava muito bem definido.

Voltei pra realidade e olhei para os lados tentando achar outro caminho para ir quando seus olhos me fitaram, eu entrei em pânico mas eu sabia que ele não lembrava de mim, eu só precisava continuar andando... então por que meus pés não saíram do lugar? Por que eu continuava fitando-o? Seu semblante ficou curioso e ele me lançou um sorriso sedutor de lado e começou a andar na minha direção, merda! Olhei pra trás procurando alguma mulher pra tentar me convencer de que era pra ela que ele estava olhando, não havia ninguém. Me virei para o lado pra começar a correr quando senti uma mão em meu braço, me virei em direção a quem quer que fosse que estivesse atrapalhando minha fuga, e engasguei com a saliva quando o vi tão perto de mim.

– Oi... - ele disse com o sorriso ainda no rosto, parecia que ele sabia exatamente o efeito que tinha sobre mim.

– Eu tenho que ir! - disse pronta para correr, mas sua mão não soltou meu braço.

– Angel né? - ele perguntou, por que ele não tirava aquele maldito sorriso do rosto?

– Angelina pra você... - disse ríspida, você já tem 20 anos, seja adulta, pensei.

– Você é aquela garota que chorou do meu lado lendo Harry Potter não é? Ta diferente... - era impressão minha ou ele tava debochando da minha cara? Obvio que eu to diferente, eu to mais gostosa agora, pensei me olhando.

– Eu realmente preciso ir! - disse tentando fazer ele me soltar de novo quando percebi que ele me analisava da cabeça aos pés com um sorriso cafajeste.

– Sem problemas Angel! Eu te acho... - ele disse voltando seus olhos pros meus e me lançando uma piscadela marota.

Ele soltou sua mão do meu braço e andou na direção contrária da minha, me virei e comecei a andar meio trêmula com um só pensamento na cabeça, o que é que acabou de acontecer agora?

E eu soube naquele instante, que eu estava perdida novamente.

Nossa! Impossível não rir toda vez que eu lembro disso, lembro de me achar a pessoa mais azarada do mundo naquela tarde, tentar esquecer alguém, conseguir, e o maldito aparecer de novo na minha vida. Pode isso?

...

Eu to psicótica! Se passaram dois meses desde que eu o vi, e andava na rua olhando para todos os lados temendo que ele aparecesse de novo, parecia uma louca se é que eu já não esteja louca.

“Tudo bem Angelina, ele já até deve ter esquecido quem você é, segue sua vida e faça o mesmo.” Fiquei repetindo pra mim mesma, não sei porque, já que eu nunca faço nada que digo pra mim mesma fazer.

Agora que eu to de férias da faculdade não posso continuar sendo psicótica, ele nem deve estar na cidade, todos viajam nessa época. Decidi ir almoçar fora e logo depois passaria a tarde na casa dos meus pais, sentia falta deles.

Estava terminando de comer quando alguém senta na minha frente, alguém branco, com cabelo escuro, alto, e... olhos azuis. Mas que porra! Não é possível que eu seja tão azarada assim.

– Boa tarde Angel... eu disse que te achava não disse? – ele disse me olhando com um sorriso convencido, chamando o garçom logo depois.

– O modo como você diz isso me faz pensar que você é algum maníaco, psicopata, ou sei lá. – disse indiferente fazendo – o rir enquanto fazia seu pedido ao garçom.

– Analisando.. parece mesmo. Mas admito que foi só uma coincidência, eu costumo almoçar nesse restaurante, te vi aqui e vim falar com você. – ele disse dando de ombros.

– Ok, já falou... de qualquer forma, eu estava de saída mesmo. – disse pronta para me levantar.

– Espera Angel! Fica aqui me fazendo companhia... – ele pediu sorrindo, porque merdas ele sorri tanto.

– Eu tenho compromisso obrigada, e meu nome é Angelina. – disse o encarando.

– Eu sei Angelina, mas vou te chamar de Angel, você tem cara de anjo... não que eu acredito que você seja, do jeito que você ta me fuzilando estou quase certo que você é uma pequena demôniazinha. – ele disse e eu o encarei de cara feia pronta para manda-lo ir a merda. – Ah não me olha assim, aposto que é verdade. E pra ser sincero sempre gostei de mulheres que tem cara de anjo mas são exatamente o contrário, eu acho excitante. – ele continuou com um sorriso cafajeste e eu tive vontade de rir.

– O que você quer? – perguntei sendo direta, nem sei como eu não to gaguejando, ou falando uma besteira.

– Nesse momento eu quero comer, to morto de fome. – ele disse assim que a comida chegou.

– Mas eu também quero conversar com você. Eu me lembro de você, nós estudamos na mesma escola. – ele disse enquanto dava uma garfada na comida.

– E...? – eu disse tentando o acelerar.

– E que eu achei bacana a gente se reencontrar. – ele respondeu como se fosse a coisa mais óbvia do mundo, ele deve ter um leve retardo mental.

– A gente nem se falava, não to entendo o “bacana”. - eu disse fazendo aspas com as mãos e ele revirou os olhos.

– Não haja como se você não se importasse, eu sei dos seus sentimentos por mim Angel... – ele disse finalmente parecendo sério e parou de comer. Devo ter ficado com cara de bunda por uns três minutos.

– Eu era criança... – disse finalmente, mentindo pra ele e pra mim mesma e ficando com a boca seca. E Henrique balançou a cabeça de um lado pro outro em discordância.

– Acho que 15 anos não é exatamente idade de criança, você não concorda? – ele perguntou me provocando, afinal qual era a dele?

– Que seja! Isso não vêm ao caso, vou repetir minha pergunta, o que você quer? – disse soando mais grossa do que necessário.

– E eu vou repetir minha resposta, eu quero conversar... – ele disse voltando a comer.

– Conversar sobre o que? – perguntei impaciente, sinceramente eu nem sei porque ainda estou aqui.

– Eu to com uma leve impressão que você me odeia, eu to certo? Porque se você me odeia pelo simples fato de eu não ter correspondido aos seus sentimentos, sinceramente é muito infantil, eu nem sabia na época e.. – ele ia dizendo mas o interrompi.

– Não que fosse fazer alguma diferença pra você se você soubesse! E não, eu não te odeio, simplesmente não vejo o porque de ainda estar falando com você. – porque ele queria falar desse assunto?

– Angel, somos adultos agora... você não precisa se exaltar. – ele disse com toda a calma do mundo, e ele estava certo.

– Tá, eu não costumo ser assim, é que você me tira do sério... é o efeito que você tem. – eu disse olhando pra baixo e logo depois sorri.

Henrique me encarou e assentiu, parecendo achar engraçado já que ele estava quase rindo.

– Eu vou aceitar esse quase pedido de desculpas, mas enfim... me fale sobre você. – ele disse parecendo interessado.

Conversamos pelo o que pareceu ser uma hora, eu falei sobre mim e ele sobre ele, eu já sabia bastante coisa sobre ele e mesmo assim tudo me pareceu ser novidade, por incrível que pareça ele me fez rir na maior parte do tempo, até que do nada ele parou e me avaliou como se não soubesse se deveria dizer alguma coisa ou não. E então ele disse.

– Quando você começou a me amar? - ele perguntou me fitando sério, e era incrível como eu nunca conseguia sustentar seu olhar por muito tempo, nem mesmo depois de cinco anos.

– No momento em que eu percebi que eu não tinha motivos pra sentir o contrário.. - respondi dando de ombros, e era verdade, cada palavra. Voltei a fitá-lo e ele me deu o seu melhor sorriso, e eu apenas sorri pra ele também, e eu sabia que naquele momento não tinha mais volta, era isso. Eu estou apaixonada por ele... de novo.

Era incrível os efeitos de Henrique em mim, tudo parecia tão a flor da pelo, ele falava e eu sentia, era tudo muito rápido... ficamos amigos e logo depois começamos a namorar, o que foi extremamente surreal. E pra ser sincera, ainda é tudo muito surreal...

Senti meu celular vibrando no bolso da calça, e li a mensagem da mãe de Henrique.

“Eu já cheguei, onde você está?”

O nervosismo que havia indo embora enquanto eu lembrava da nossa história, voltou com mais força ainda.

“Já estou indo.”

Respondi, me levantei e respirei profundamente antes de voltar para o corredor do quarto dele.

– Angelina! Pensei que havia ido embora, como está? – a mãe de Henrique disse sorrindo e me abraçando.

– Um pouco melhor e a senhora? – perguntei retribuindo o abraço.

– Indo querida, indo... – ela disse um pouco mais abalada.

E então o médico de Henrique se juntou a nós, e eu sabia que não era coisa boa.

Quando eu acordar, bem, eu sei que serei
Serei o homem que acorda ao seu lado

– Então, a senhora disse que queria falar comigo... – eu disse aflita, dando abertura para ela me contar o que estava havendo.

– Angelina querida, sente-se. – ela pediu educada e nos sentamos no mesmo banco que eu estava a vinte minutos atrás.

Quando eu sair, sim, eu sei que serei
Serei o homem que vai junto com você

– O Dr. Miguel conversou comigo e meu marido ontem a noite, e... ele acha que está na hora de... – ela disse não conseguindo completar a frase.

– Eu acho que já devemos desligar os aparelhos. – O Dr. Disse. Mas... O QUE?

Se eu ficar bêbado, bem, eu sei que serei
Serei o homem que fica bêbado ao seu lado

– Mas se desligarmos os aparelhos... Henrique vai morrer! – eu disse com lágrimas nos olhos, ele... ele simplesmente não pode morrer!

– Sabemos disso querida... e acredite não estamos contentes com essa notícia, mas já fazem três meses e nada. Ele é meu filho Angelina, não está sendo fácil pra mim, pra ninguém da família, nem pro Gustavo, Henrique é seu melhor amigo a anos. – a mãe de Henrique disse chorando, e eu comecei a chorar também.

E se eu falar nada com nada, sim, eu sei que serei
Serei o homem que fala nada com nada para você

– A autorização do desligamento dos aparelhos, pertence aos pais. São eles que devem tomar a decisão já que Henrique nunca informou nada sobre uma opinião a isso quando estava... bem, quando estava acordado. – o médico disse, e eu me sentia caindo num buraco sem chão.

– Mas, eu sei, ou melhor nós sabemos que você vai ser a mais afetada nisso tudo, eu vejo o quanto você ama meu filho... e sempre admirei muito esse amor. – Ela disse sorrindo e eu chorei mais ainda, temendo o que ela queria dizer.

Mas eu andaria 500 milhas
E eu andaria mais 500 milhas

– O que isso significa? – perguntei depois de arrumar coragem sei lá da onde.

– Isso significa, que é com você... A decisão é sua Angel.

Apenas para ser o homem que andou 1000 milhas
Para cair de joelhos em sua porta




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Notas finais do capítulo

Eai galerinha, gostaram? Antes de ir queria esclarecer algumas coisas sobre esse cap.
— A música que o jovem canta pra namorada grávida é essa aqui: https://www.youtube.com/watch?v=Vu3n9iVqPxU
— A música que a Angel escuta no recreio (mesmo que o nome seja mencionado, vou deixar o link) é essa aqui: https://www.youtube.com/watch?v=ac3HkriqdGQ
— Nesse "Haviam se passado cinco anos..." eu me refiro aos 3 anos do ensino médio e dois da faculdade. E não 5 anos após o ensino médio.
— Eu sei que é óbvio mas o que esta em itálico são as memórias da Angel kkk
— Desculpem qualquer erro, vou revisar depois.
— Comenteeeeeeeem!
See you soon, bjss da pequena

NOTAS FINAIS ATUALIZADAS...
Heey povo, então... a fic tem pouquíssimos favoritos, poucos leitores acompanhando e consequentemente quase nenhum comentário (o que é extremamente decepcionante). Tudo bem a fic é "nova" começou a duas semanas atrás, só que é uma Short-fic, o que já é claro, têm apenas 5 capítulos, e só faltam mais dois para acabá-la. É claro que eu agradeço as meninas que deixam seus adoráveis comentários aqui, mas é muito desmotivador receber dois comentários por capítulo, sendo que eu estava super ansiosa pra começar a postar essa fic porque pelo menos na minha cabeça ela é muito boa e as garotas que comentam também me dizem isso, então não sei qual é o problema... a fic é para vocês, se fosse só pra mim eu deixava no meu pc e lia quando quisesse, o que custa deixar um comentário? um simples "estou lendo", quem quiser deixar uma crítica tudo bem também, desde que seja construtiva...
Enfim.. só queria avisar isso a vocês pois eu não vou postar o próximo capítulo na sexta se eu não receber uma resposta de vocês, claro que eu não vou abandonar a fic, mas queria muito que vocês dividissem comigo a opinião de vcs ok?
Um beijo, e até a próxima *3*