A aquela que você nunca olhou escrita por Iced


Capítulo 4
Um dia nada promissor




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Meu segundo dia de resfriado, meu décimo sexto ano de tédio.

Acho que essa frase me resume bem visto que nessas últimas horas a única coisa que fiz foi dormir, tomar remédios e tornar a dormir.

Li a última parte do que escrevi ontem e sério, tenho que reescrever aquela bagunça antes de enviar. Na verdade já era para eu ter enviado a horas, mas minha mãe decidiu que eu estava me sentido sozinha e resolveu "passar o tempo comigo". Isso infelizmente só ficou na fala pois assim que ela chegou no meu quarto discou o número de sua melhor amiga e começou a falar sobre as recentes coisas acontecidas no escritório de advocacia que ela trabalha. Resumindo: eu fiquei com cara de taxo olhando para fora da janela vendo as pessoas passarem pela rua.

Minha mãe só me deixou sozinha no quarto novamente mais ou menos ás 20:30 mas aí ela resolveu que eu deveria dormir e me deu mais uma dose daquele remédio que mais parecia um calmante.

E estou aqui. Acordei a exatos trinta minutos e então vim logo para a escrivaninha assim que terminei meu café da manhã e que chequei para ver se a casa estava realmente vazia, e está.

Tommy ao meu lado está dormindo e tirando as plantas da mamãe eu sou o único ser vivo acordado nessa casa - se bem que não sei se plantas dormem.

Olhando assim Tommy dormir na mais pura e calma serenidade me lembra uma vez em que fui obrigada a ir a praia pela viagem em família. Era longe e parecia que cada vez mais eu iria derreter naquele carro, mas quando eu cheguei lá vi que não era tão ruim assim, mas dentre tudo o que eu vi naquele dia uma coisa me chamou a atenção. Uma pipa.

Eu até então não havia visto uma pessoalmente, mas ver aquele objeto se mover tão calmamente me fez pensar em como seria interessante ser uma pipa. Deixe-me explicar melhor.

Uma pipa é livre, sente o ar em seu auge. Vê tudo acima de nós, como um pássaro só que então pensei que por mais que se parececem com um pássaro eles nunca seriam um, porque pássaros tinham vida.

Mas todos os que tem vida tem problemas, talvez até mesmo Tommy tenha problemas mesmo que saia todos os dias para passear e sua alimentação seja tão observada quanto a minha. Todos tem problemas, até os pássaros com seus predadores ou até mesmos nós, os "incríveis" humanos.

Mas voltando a história da pipa.

Pensei então comigo que por mais que pipas fossem sem vida e sempre precisassem de ajuda humana ou da natureza para voar, elas não tinham vida então não compreendiam o mundo a sua volta ou melhor ela não tinham um mundo só faziam parte dele, sem nenhum tipo de interação. Elas eram peças do mundo e não um jogador que tem escolhas como os seres humanos e, acredito eu, os animais. Certo, os animais não tem tanta escolha, mas pense:um cachorro tem um poder de escolher qual pessoa saudar primeiro com uma senhora lambida e nós temos a escolha de escolher que profissão seguir. Todos tem uma escolha, exceto plantas e objetos.

Debatendo internamente me perguntei se era melhor ser um animal como o Tommy ou de repente uma pipa?

Naquele dia eu escolhi a pipa. Claro que eu poderia ser rasgada, ficar trancada em um porão por décadas, ser levada pelo vento, ser esquecida.Mas eu ainda sendo sem vida seria livre para voar, e nunca sentiria dor, só sairia em épocas quentinhas - que se dane que eu não iria sentir - e traria felicidade a quem me colocasse para voar. Seria livre de todas as maldades humanas, de todas as guerras, e cima de tudo: seria livre de pegar gripe ou resfriado.


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Notas finais do capítulo

Oi?



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