Depois de Regina convencer Emma e Henry a tomarem o café da manhã sem fazer tantas perguntas, eles se direcionaram até a casa dos Charmings. Regina estava um pouco ansiosa e pensativa, fazendo Emma e Henry se sentirem preocupados demais para uma simples história em um livro. Na cabeça do garoto e da Salvadora uma pergunta que não se calava: Quem é Zelena?

Emma estacionou o carro em frente a casa de Mary Margaret e David, saindo do veículo seguida por Regina e Henry. Bateram na porta e logo David apareceu... Seus olhos azuis brilhantes e sorriso simples, mas cativante lembravam o da filha.

– Filha! Que bom te ver! - Ele disse abraçando Emma e logo depois acenando para Regina e Henry.

Eles entraram e encontraram Mary Margaret na cozinha, fazendo ovos e cantarolando, Mary sorriu para eles assim que os viu e deixou a tigela de lado apanhando o pano de prato e secando as mãos no mesmo.

–Emma, como você está filha?

– Bem, e você?

– Ah, estou muito bem! Preparando o café inclusive... Regina e Henry aceitam algo?

– Não, obrigada Srta Blanchard! - Regina respondeu educadamente enquanto Henry balançava a cabeça de forma negativa e sorrindo para os avós. Após alguns minutos de conversa entre os Charmings, Regina começava a se mostrar um tanto impaciente. Ela os achava melosos demais e chegou a soltar algumas indiretas que faziam Emma rir mais do que deveria.

– Por que ela está grávida e eu é quem estou enjoada?- Emma riu.

– Tenha um pouco de paciência, Regina. Acho que chegamos cedo demais.

– Vamos esperar aqui até que eles terminem esse café - Regina apontava para a escada que ficava no centro da sala e que seguia para a parte superior da casa - Se eu escutar mais uma daquelas coisas acho que vou vomitar! - As duas riram.

Regina podia estar apaixonada o quanto fosse, mas nunca seria melosa e nem sequer apreciava isso, e a loira não reclamava. Havia se apaixonado por uma Regina autoritária, forte, durona e sem muitas "papas na língua", uma verdadeira Rainha! Mas no fundo ela conseguia despertar a mulher encantadora que existia dentro dela. Emma podia ver a bondade e o amor tomando conta de Regina, fazendo o passado ficar aonde deveria, bem longe e se afastando cada vez mais. Regina já não era mais uma Rainha Má, continuava sendo rude e as vezes uma pessoa difícil de lidar, mas estava mudando e todos logo iriam reconhecer isso e elas teriam paz para viverem suas vidas... Assim Emma esperava.

Minutos depois Mary e David apareceram na frente das duas mulheres, a face deles demonstrava curiosidade e logo eles olharam para Henry que entendendo, retirou o livro de Contos da mochila fazendo o casal ficarem ainda mais confusos.

– Tenho uma coisa para mostrar a vocês - Henry abriu o livro e entregou aos avós. - Vejam isso... Tem uma historia nova no meu livro!

– Pensei que tivesse jogado isso fora - Mary Margaret disse analisando a página.

– O que?! Só eu não estava sabendo desse acordo? - Regina reclamou um tanto irritada.

– Quando a maldição foi quebrada e todos tiveram suas lembranças de volta nós decidimos que o livro não teria mais utilidade alguma, até mesmo para Henry que já o leu tantas vezes. A iniciativa de se desfazer do livro foi dele, mas tínhamos combinado dele destruir o livro, o que me parece pelo estado em que ele está que não foi isso que Henry fez. Você estava na Cripta Regina. Foi antes de Emma ir atrás de você.

Regina ouvia a explicação de Mary Margaret um tanto incomodada, mas concordou que tinham assuntos mais importantes para resolver...

– Então... - Henry disse chamando a atenção de todos - Tem uma história nova no meu livro, uma historia que não tinha visto antes e minha mãe reconheceu - ele direcionou o olhar para Regina antes que Mary ou David perguntasse qual das mães.

– E que história é essa? - David perguntou analisando a folha marcada do livro.

– A Bruxa Má do Oeste, de o Mágico de Oz, mais conhecida como Zelena - Regina se calou e logo depois fez um gesto com a mão pedindo a todos que se sentassem, havia chegado a hora de contar um grande segredo entre ela e sua mãe Cora.

“Há muito tempo, em um Reino distante, Cora havia se apaixonado por um rapaz de família tão humilde quanto a dela. Eles tinham se mudado para longe de seus familiares, pois ambos queriam um futuro melhor para seus filhos e desejavam vê-los comprometidos com alguém que pertencesse a famílias nobres , a realeza. Foi assim que a paixão mandou os dois para longe de tudo e todos, para o meio da Floresta Encantada. Os dois apaixonados sobreviviam de pequenos furtos e sempre se davam bem. Tentavam juntar algum dinheiro para enfim começarem uma vida juntos. O amor se intensificava entre eles e foi durante uma de suas armadilhas que tudo começou a dar errado... Ou não!

A árvore já estava no meio da estrada como sempre faziam e a carruagem da realeza se aproximava então tudo o que tinham que fazer era aproveitar a distração pela árvore derrubada e saquear a carruagem. Tudo estava indo bem até que Cora tropeçou e caiu não podendo mais levantar, seu amado já estava muito a frente e quando voltou vários soldados estavam a levando para longe. Em sua covardia e falta de armamentos ele jamais cogitou a ideia de ir até lá e lutar, pois com certeza morreria. Quando os guardas chegaram ao castelo carregando nos braços a então ladra, o Rei já estava a sua espera fazendo-a se perguntar se aquilo não teria sido uma armação já que ela nem se lembrava de onde e por que havia tropeçado. Ela tentou então convencer o rei de que estava apenas acompanhando o autor dos crimes e que estava frágil e sozinha, não tendo escolha a não ser obedecer e acompanhá-lo em suas falcatruas. Tentou pedir perdão sem jamais conseguir clemência do nobre homem a sua frente. O Rei então decretou que ela ficasse presa em uma das torres do castelo por tempo indeterminado e foi então que Cora propôs um acordo.

Ela queria palha, muita palha e uma roca em sua cela, fazendo o Rei se perguntar o porquê daquilo. Ela não lhe revelou, apenas pediu que a fossem visitar na terceira noite de sua prisão e então o pedido lhe foi concedido. Cora sabia de um Conto sobre um Senhor capaz de transformar palha em ouro, e naquela situação em que ela se via sem saída tinha que recorrer a qualquer coisa que pudesse lhe livrar daquela punição. Então ela se sentou em frente à roca e pegou um punhado de palha ao mesmo tempo em que invoca o Senhor capaz de fazer ouro, o Senhor das Trevas... Rumplestiltskin.

Eles trabalharam as três noites seguidas transformando toda a palha do local em ouro. Cora pediu ao Senhor das Trevas que a ensinasse a fazer ouro também e ele o fez. Logo a palha passava seca por suas mãos transformando-se em fios de metros e metros dourados e então, em meio a tanto trabalho eles se apaixonaram, mas Cora já tinha outros planos para si. Quando o rei chegasse e visse tanto ouro com certeza faria tudo o que ela pedisse, e ela já sabia o que queria... Além da liberdade ela se tornaria uma integrante da família real. E foi o que aconteceu... O rei libertou Cora de sua prisão e logo ela se casaria com o Príncipe Henry, porém as coisas se tornaram um tanto complicadas quando Cora descobriu estar grávida de Rumplestiltskin. Ela sabia que precisava agir antes que o rei desconfiasse, então tratou de marcar um encontro com o Senhor das Trevas e o mandou embora, afirmando que não sentia nada por ele e que iria se casar com o príncipe, sobre a gravidez, ela decidiu que não iria contar nada. Para isso, foi necessário que ela arrancasse o seu próprio coração, ela conseguiu assim se tornar muito fria e decidiu que jamais o colocaria no peito novamente, o amor sempre fora uma fraqueza para ela.

O casamento entre Cora e Henry logo aconteceu e pouco tempo depois de sua primeira noite juntos ela anunciou para todos que estava a espera de um filho. Quando chegou próximo a época do bebê nascer, ela já tinha tudo armado em sua mente. Uma feiticeira chamada Seer faria o seu parto e fingiria a morte do bebê por diversas complicações e depois cuidaria dele. Algo que chamou atenção de Cora e da suposta parteira foi perceber que a criança tinha por todo o corpo manchas verdes, Cora viu nisso uma chance de tornar todo aquele disfarce mais real. E então tudo saiu como ela havia planejado, todo o reino estava em luto, até a chegada de outra criança, outra menina, uma futura Rainha... Regina. E todo o reino celebrou!’’

– Não sei ao certo o que houve com Zelena e minha mãe também nunca me contou como sabia o nome dela ou se Gold tinha noção de tudo o que houve. Eu tentei procurar por essa feiticeira algumas vezes sem obter sucesso. Nunca a encontrei. - Regina finalmente se calou encarando todos boquiabertos com a história que ela acabara de contar. - A única coisa que minha mãe afirmou é que ela vivia em Oz, pois Seer, a feiticeira pertencia aquele reino.

– Então, essa Zelena ou essa Bruxa é sua irmã? -Emma estava perplexa - Quando você pretendia me contar isso?

– Emma, ela nunca fez parte da minha vida, nem sabia se estava morta ou viva. Minha mãe me contou essa história uma única vez e nunca mais me permitiu falar sobre ou fazer perguntas.

Então o silêncio tomou conta do lugar enquanto todos ainda tentavam assimilar aquela historia e olhavam para o rosto frio e verde de Zelena numa das páginas do livro de Henry.

Naquela noite quando Emma, Regina e Henry já haviam chegado na mansão, os três estavam comendo um lanche no balcão da cozinha onde o silêncio preenchia o ar. Mães e filho estavam com o pensamento em um único assunto: Zelena. Ambos tentavam acreditar nas milhares de teorias que surgiam sobre como aquela história teria ido parar nas páginas do livro de Contos de Henry, e o mais estranho, quem teria pego o livro do lixo e colocado aquelas páginas ali?

– Já sei! - Henry gritou assustando as duas mulheres e espantando seus pensamentos. O menino correu até a sala sendo seguido pelas mães, até que parou próximo ao sofá abrindo a mochila que ali estava e folheando o livro ate chegar nas páginas do novo conto.

– O que você está fazendo Henry? - Regina o olhava confusa e ansiosa.

– Procurando pistas! Assinatura, vestígios... Alguém que colocou essas páginas aqui pode ter deixado algo para começarmos a investigar quem pode ser. - Henry falava enquanto folheava o livro e olhava atentamente procurando pelas pistas que desejava encontrar.

– E então?! - Regina e Emma perguntaram juntas quando ele finalmente parou de movimentar as páginas.

– Nada! - O garoto disse desapontado. - Quem colocou essas paginas aqui realmente não quer ser encontrado.

– O que me preocupa mais é não saber do paradeiro de Zelena. Não saber quem colocou essas páginas neste livro é de menos! E me assusta pensar que pode ter sido ela mesma ou que ela possa estar na cidade.

– Amanhã vou conversar com meu pai e vamos rondar a cidade e a floresta, Regina. Se essa Bruxa estiver em Storybrooke nós vamos descobrir. Agora acho que devemos ir dormir principalmente você, rapazinho! - Emma falou já depositando um beijo na testa de Henry e direcionando um olhar convidativo a Regina. Os três subiram as escadas e se direcionaram aos seus quartos. Já na cama do quarto principal as duas mulheres estavam caladas e quietas.

– Está preocupada, Emma?

– Estou um pouco, Querida! Mas gostaria de esquecer tudo isso pelo menos ate amanhã. - Certo. Então vamos esquecer!

Regina se esticou para desligar o abajur e deitou metade do seu corpo sobre Emma que acariciou seus cabelos negros. Regina respondeu ao carinho envolvendo-a como um lençol, Emma sorriu.

– Boa noite, querida.

– Boa noite, Swan!