Luke Castellan POV

As pessoas costumam dizer que antes de morrer suas vidas passam inteiras diante de seus olhos.

Eu sempre discordei disso, achava que quando uma pessoa morria, ela não saberia... Como no filme “O Sexto Sentido”... Mas agora eu afirmo que é real.

Só que o que as pessoas não falam é que você só se lembra do momento em que tudo começou a dar errado (no meu caso foi quando eu saí de meu esconderijo).

Só descobri que ainda não estava em outro mundo porque os murmurinhos e gemidos dos outros garotos machucados estavam me enchendo o saco.

Tentei gritar algo como: “CALEM A BOCA!”, mas saiu mais como: “Hum, hu... h-hum”.

É... A coisa estava feia... Muito feia.

Com medo de um novo ataque rolei doloridamente até me encontrar embaixo do sofá.

Queria fechar meus olhos e esperar a morte, mas meu celular começou a tocar.

Muse- Madness preenchia a sala.

–HUUUM... – alguem provavelmente reclamou.

~Ligação ON~

–Alô?- falei dolorido- Quem é?

–Luke Castellan! Onde diabos você está? – berrou uma voz conhecida.

–Mãezinha!

–MÃEZINHA?

–Ué... O que foi?

–Você disse que ia arrumar a casa para a sua nova meia-irmã ir para lá hoje!

–Ah é... Mas que horas são?

–São 5 para as 10.

–Mas...?

–Te expliquei que ela ia passar a semana com a gente por conta das viagens do seu padrasto.

–Vou ir arrumar agora...

–É BOM MESMO MOLEQUE! CORRE QUE SE NÃO A CHINELA VAI ESTAR ESPERANDO UM BEIJO SEU EM CASA!

–Ok mãezinha linda. Até logo. Um beijinho...

~Ligação Off~

–Minha vida é uma mer...

–Boca suja! – Gritou Thalia com uma toalha na cabeça.

Me levantei doloridamente e berrei:

–Povoooooooo! Estou indo embora...

–A mala já está lá foraaaaaa – berrou Nico que me cortou rindo.

–Mas que...?

–Eu sei, eu sei, mas para esclarecer suas perguntas, negociei com a Clarisse.

–COMO?

Gemeu lamentando-se, como se fosse uma triste lembrança.

–Não interessa.

–OK... Falei desconfiado... GENTE! Tô indo pra casa, valeu pela noite, pelo café e pela hospedagem! Até logo! - berrei saindo da casa.

Me lembrei que estava sem carro e quase chorei, mas manti a cabeça erguida e calei a boca.

A vida é dura...

Virando a esquina meu celular começa a tocar.

O nome de James apareceu na tela.

~Ligação On~

–O que foi? Acabei de sair dai!

–Calma, só precisamos saber se você vai querer sair hoje de noite.

–Para onde?

–Vamos comer num fast food.

–Hum... Falou... Eu vou, que horas?

–Vem de carro e trate de aparecer as 19:00.

–Ok. Até logo.

~Ligação OFF~

Sem perceber já estava na frente de casa.

Assim que entrei meu telefone ligou de novo.

–Que MALDIÇÃO!

~Ligação ON~

–Oi mãe.

–Luke, vai sair hoje? – indagou minha mãe bem mais calma.

–Vou, por quê?

–Decidimos que sua meia-irmã Coope vai passar uns tempos aqui...

–Como assim?

–Você sabe que logo eu e Peter vamos nos casar né?

–Sei... – murmurei.

–Então... Decidimos que ela vai ficar aqui até o pai dela se mudar para lá também.

–O que?!?

–Eu já decidi, mas só pra constar, você vai levar ela para todos os lugares e vai fazê-la se enturmar, começando por hoje.

–COMO É QUE É?

–CALA A BOCA MULEQUE! VAI FAZER O QUE EU MANDEI E PRONTO!

–Ok... Tchau...

–Beijinhos amor!

~Ligação OFF~

Estranho.

Não acredito que iria servir de babá de garota maluca!

Ódiozinho bonito bateu agora...

Bom... O que me resta a fazer é só seguir as ordens da minha mãe... Não quero perder meus dentes hoje.

Thalia Grace POV

Já havíamos nos despedido, estava saindo pela porta da casa.

Esbarrei propositalmente no ombro do Potter.

–Fique de olhos abertos. Você é um homem morto James Potter. Acredite em mim. Eu não brinco em serviço.

Continuei minha caminhada e como minha casa era perto da casa de Piper, rapidamente estava buzinando na campainha.

Isso que dá esquecer a chave.

–JASOOOOOOOOOOOOOON! Abre essa porta se não eu vou te espancar tanto que você não vai andar por um ano!

Na hora a porta se abriu.

–Como vai, irmã querida? –ironizou meu irmão.

–Ah, me dá licença.

Entrei correndo e me tranquei no quarto.

–Caminha... Que saudade... Você não sabe a falta que me fez...

Sim, eu amo minha cama mais do que eu amo o meu irmão.

As batidas na porta interromperam meu reencontro.

–O QUE VOCÊ QUER?

–Só por curiosidade, sabe... – ai vinha coisa – Onde você passou a noite? E por que estragou o parabéns da Piper?

–Bom, passei a noite na rua, que nem moribunda, ai peguei carona com uns rockeiros que me ofereceram um emprego, que tive que recusar por ser em outro país, daí lutei contra lontras assassinas e caí num bueiro. E em relação à Piper... Não fizemos praticamente nada, ela é que tinha que agradecer a nós por termos aquietado o facho da Tia Bella.

Silêncio.

–As duas respostas não fazem o menor sentido para mim.

–E desde quando isso me importa? Eu não estou nem ai pra você, só quero dormir.

–Bom saber da sua preocupação com os seus familiares.

–Ah, espero que você caia na jaula dos Hipopótamos do zoológico.

Bufou.

–Sinceramente... Você é mais criança que...

Cortei-o abrindo a porta e metendo o pé nas costelas dele.

–Pelo menos o balé me serviu de algo.

Ele agonizava no chão como se estivesse morrendo.

–Eu sei que você me ama... – disse.

–Nem em pensamento.

Ri e entrei no quarto novamente, trancando a porta, obviamente.

Antes que pudesse dormir, recebi uma mensagem de uma grande amiga minha.

~Mensagem ON~

“Adivinha quem está indo morar do seu ladinho?

(Não literalmente seremos vizinhas, mas moraremos no mesmo bairro).

Vou ficar na casa desse tal de Luke, que é meu novo meio-irmão.

Não estou muito confiante em ir.

Você sabe... Minha timidez estraga todas as amizades (menos a sua, incrivelmente).

Mas você me salvaria, como naquele dia em que a corrente do balanço do parquinho soltou.

Agora vou ter que ir.

Preciso terminar de arrumar minhas malas.

Um beijo do amor da sua vida,

Copeland (ou só Coop).

~Mensagem OFF~

Um sorriso monstruoso abriu-se em meu rosto.

Comecei a berrar e pular.

Coop era minha melhor amiga de sempre.

Há uns sete anos ela teve que ir para o estado vizinho, mas ainda assim mantemos contato.

Ouvi batidas na porta e abri esta com uma carranca.

–O que foi?

–Esta tudo bem filha? – perguntou meu pai.

–Sim. Completamente, aham.

Fechei a porta do quarto.

–Venha almoçar, ok?

–Certo, já estou descendo.

Duas horas se passaram desde o meu chilique, só desci para comer depois que todos estava na mesa, se não minha ansiedade ia acabar com o almoço da família.

Como não estava com muita fome, pedi para a Mandy fazer um omelete para mim, que logo se multiplicaram para 6.

Meu celular tocou e o nome de Coope apareceu.

Fiquei meio preocupada e atendi.

~Ligação ON~

–Coope?

–Oi Thai... Preciso da sua ajuda!

–O que foi?

–Meu pai inventou que eu vou praí sozinha de avião.

–Aé... Você tem medo... Mas como assim sozinha?

–Vou ficar morando ai até meu pai se casar com a Senhora Castellan e se mudarem para a casa vizinha da S-U-A!

–Oh My God! – festejei.

–Pois é... Só que eu já estou no aeroporto.

–Calma, olha... Quando se sentir nervosa lembra daquela tarde de Domingo há 9 anos atrás.

–A tarde em que eu engoli um alfinete e quase morri?

–Essa mesma, lembra que eu estava ao seu lado te acalmando, e que te mandava pensar nos piores professores que você já teve?

–Eu lembro que você tentava dizer alguma coisa, mas teve uma crise de risadas.

–É... Mas o importante é que eu te acompanhei até o hospital, certo?

–Uhum.

–Agora quero que faça uma lista de lugares que quer visitar.

–Perfeito. Vou me manter ocupada com isso e nem vou me lembrar de onde estou...

–É. Eu te conheço bem, e sei que você presta a atenção em tudo, mas quando tem pouco tempo para fazer algo...

–Verdade. – rimos.

–Até logo então.

–Obrigada.

–Disponha.

~Ligação OFF~

Estava feliz em ter minha amiga de volta... Mas sei que ela vai arranjar problema.

Com aquela cabeleira azul, ela não vai passar tão despercebida quanto pensa.