Never Alone escrita por Arizona


Capítulo 4
Frágil


Notas iniciais do capítulo

Oi gente.
Sei que demorei, mas finalmente postei.
Bom, quero agradecer ao todos e todas que estão acompanhando a historia, o número de leitores cresceu muito, e fico muito feliz com isso. O brigada a todos por isso



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América só desce do palco quando a música acaba, apesar do choro ela foi até o fim. Passa por mim como um raio sem me olhar na cara. Vou atrás dela no mesmo instante.

Ela sai por entre as pessoas até chegar a um porta no fim do corredor, uma saída de emergência na verdade. Quando passo pela porta não a encontro do lado de fora. Está nevando e faz frio, e agora pareço ter perdido a única oportunidade que tinha de encontrar a minha América.

Um breve desespero me sobe pelo corpo, me provocando arrepios agoniantes. Olho de um lado para o outro, tentando encontrá-la, mas ela não está em lugar nem um. estou a ponto de chamar  seu nome de tão angustiado que estou, porém ouço um sussurro vindo de trás de um pequena cerca de madeira.

Sei que é ela.

Devagar, vou me aproximando de onde está, não quero assusta-la, mas também não quero que ela saia correndo novamente ao me ver. América está de costa para mim, com as mãos no rosto enquanto chora, os ombros encolhidos, seus cabelos vermelhos no vento frio são bagunçados.

Mesmo com um certo medo, estico a mão para alcança-la. Quando toco a pele fria de suas costas, ela imediatamente rechaça.

— Não me toque! – são suas primeiras palavras no nosso reencontro.

Depois de quatro anos, de quatro longos, dolorosos anos. Em um momento que esperei no mais intimo do meu ser, eu a ouço me dizer não, assim como eu também, lhe falei um dia.

Agora tenho a mais absoluta certeza do quanto essa pequena mono silaba doí.

— América...

— Não se atreva a dizer meu nome. – finalmente posso ver seus olhos agora que se virou para mim – Você é louco ou o que? O Que faz aqui?

— Eu.. eu vim atrás de você, vim te buscar. – quero por tudo para fora, lhe explicar tudo o que tenho no meu coração, mas ela não deixa.

— Você veio me buscar? Qual o seu problema? Oh, meu Deus! Eu sai da sua vida a quase quatro anos e agora você vem com essa de que veio me buscar. Eu tenho uma coisinha para te dizer, você está atrasado majestade!

Sinto um gosto amargo na boca, seu tom irônico me incomoda, o rosto em expressões bravias, quase me devorando em sua visível ira. América não é assim, ela mudou tanto, mas eu sou responsável por suas atitudes, fui eu quem a desprezei primeiro, estou apenas recebendo o preso dos meus erros.

— América, por Deus entenda! Estou completamente arrependido do que fiz, eu jamais deveria ter deixado você ir, mas eu fui burro. Fiz a pior merda da minha vida e perdi você, mas eu cai na real América. Por favor, conversa comigo, deixa eu recuperar aquilo que perdi com você, deixa eu consertar meus erros.

— Não, não. Maxon, você não faz ideia pelo que eu passei não é? Não sabe nada sobre mim, se soubesse não teria vindo só agora.

Ficamos um tempo calados, encarando um ao outro, América ainda chorava, tentando segurar os soluços que lhe escapavam da garganta. Da dor que ela sente eu também sinto, só queria que ela soubesse disso, que ela não foi a única de nós a sofrer. Mas ao olhar em volta vejo que ela sofre muito mais.

Não sei quais as circunstâncias que a trouxeram a esse lugar, por ela se vender aqui. Como América se tornou um prostituta? Ela estava com Nicolleta, morando na Itália com a família, quero entender o porquê de ter vindo para Inglaterra se tinha uma oportunidade de viver tranquilamente na Corte Italiana.

Dou um passo à frente com a intenção de abraça-la, não a suporto ver chorar, só que antes disso ela levanta a cabeça, me empurrando para longe dela, mais uma vez.

— Ora, América! Chega de tanta rispidez.

Eu a pego pelos braços puxando-a para mim com força para poder segura-la. Seu perfume forte invade minhas narinas, me deixando tonto por um estante, sabendo da estranheza que esse cheiro forte me causou, já que é tão longe do perfume que eu lembrava. A prendo contra meu peito, lutando para que ela pare de se debater na tentativa de me afastar, mas não a deixarei ganhar essa batalha tão fácil.

— Me largue! Me largue se não eu chamo os guardas, e você nem imagina o que eles fazem com os tarados nessa parte da cidade.

Tento segura-la, só que essa mulher parece ter uma leoa dentro dela, se sacudindo o tempo todo, querendo se soltar a todo custo.

— América, vamos conversar...

Me canso de tanto sacolejo, pego-a pelas pernas e a jogo sobre meus ombros. América começa a esmurrar as minhas costas, gritando como uma louca.

Ah, droga! Onde fica a saída?

América continua gritando, me xingando de todo nome que ela sabe enquadro volto em direção a porta por onde viemos. Não estou nem aí se vou ter que passar carregando ela nas costas, só quero tira-la daqui o mais rapido possível. Odeio esse pensamento, mas se América é uma prostituta, vão pensar que ela vai fazer um programa com um cara bem animadinho.

Quando ia abrir a porta, tenho um verdadeiro susto. Um homem alto, magro e careca, segurando um 38 na mão apontando a arma para a minha testa. Ele parece tão assustado quanto eu, e quando ver América em meus ombros seus olhos de arregalam espantosamente.

— Ponha ela no chão, seu bastardo! – ele grita engatilhando a arma.

Sem piscar, ponho América no chão que me estapeai junto com alguns palavrões. Ela arruma o vestido, jogando o cabelo para trás enquanto murara algo que não entendo, na verdade tudo em que consigo prestar atenção é no cano do revólver entre meus olhos.

Paraliso como um pedra temendo que esse homem atire. América não estava brincando quando disse que faziam coisas com os tarados. As notícias amanhã seriam horríveis, pior, seriam vergonhosas, o rei de Illéa é encontrado morto nos fundo de um bordel de luxo em Londres, e América estaria envolvida nisso.

— Você está bem Sunshine? – ele pergunta a América – Esse merda te machucou?

Sunshine? Como assim, Sunshine?

— Não... – ela bufa arrumando os cabelos – Não Nash, tudo bem. Ele só... extrapolou na bebida, como muitos fazem aqui.

— Tem certeza? Não quero nem um babaca dedes te tocando.

Mas o que?

— Tenho Nash – América ameniza a voz e sorrir para o cara docimente – pode jogar ele para fora daqui, não precisa atirar nele.

Ah, mas ela vai ter que me explicar direitinho essa história desse tal de Nash...

O estúpido do homem me segura pelo colarinho, me forçando a andar na sua frente enquanto continua apontando a arma para mim.

— Ei, espera aí! América, por favor vamos conversar.

Eu suplico me jogando ao seus pés, abraçando suas pernas mesmo com o cara me puxando. América suspira parecendo irritada, se livra de me, andando de uma lado para o outro até que finalmente para me olhado atravessado.

— Solta ele Nash.

— Sunshine?! – ele protesta.

— Qualquer coisa eu grito.

Ele não parece gostar da ideia, mas mesmo assim me larga com rudes na neve indo embora. Não escondo meu sorriso vitorioso quando esse cavalo saí, nos deixar em paz.

— E então – levanto-me limpando a neve dos joelhos –, esse babaca é o seu namorado?

— O que?

Fingi que não me entendeu desconversando. Levanta o vestido até a altura da coxa, tirando uma caixinha que estava presa na meia negra que usa. Não pude deixar de reparar nas suas pernas, mas não permito me distrair com isso, América tem muita coisa a dizer.

— Ora, não se faça de desentendida! Quem é ele América? E que porra é essa de Sunshine?

— Argh! Você é tão... ridículo, Maxon. – diz pondo um cigarro (um cigarro?) na boca – Você não tem o direito de me perguntar nada, de me cobrar nada. Pelo amor de Cristo, você me mandou embora da sua vida, mas agora, o que você quer de mim?

Ela acende o isqueiro, levando o fogo até o cigarro, dar a primeira tragada como se precisasse daquilo para viver. Fico olhando para ela fixamente, um dor penetra no meu peito perfurando de dentro para fora. Uma voz brota do meu inconsciente me acusando dizendo: olha o que você fez com ela.

Essa não é a minha América.

— Você fuma agora?

— Só quando estou nervosa. – ela explica soltando a fumaça fedendo a nicotina – Mas não tente mudar de assunto, diga de uma vez o que quer.

— Você, América. – chego mais perto dela, determinado a convence-la do que quero – Eu quero você.

— Quer me fazer a sua amante? O que Kriss acharia se soubesse...

— Kriss está morta.

— Mor...morta? – fica chocada como se não acreditasse no que digo.

— Morreu no parto do nosso filho. Ela e o bebê, a quase um mês.

— Eu sinto muito, não sabia.

Ela não diz mais nada, fuma seu cigarro lentamente, enquanto o silencio entre nós corrói o restante da minha sanidade. Antes que o cigarro acabe, América chega bem perto de mim, quase tocando a pele dos nossos rostos mudando sua postura repentinamente, solta a fumaça e me encara decisivamente.

— Fique bem longe de mim, ou eu mando você para infernos mais cedo, entendeu?

Não vai ser assim tão fácil América.

— Eu já estou no inferno a tempos. Vim te buscar – seguro seu braço para que não fuja de mim –, e eu só vou embora da droga desse país gelado com você.

— Continue tentado. – ela se livra do meu aperto voltando para dentro do bordel.

— Vou estar te esperando lá fora quando você sair.

Entramos novamente, ela se mete em algum lugar que eu não vejo, e eu, como prometi, vou par o lado de fora para espera-la. O homem chamado Nash está sentado no bar, seus olhos me seguem até a saída onde Wayne me espera.

Minha cabeça está uma bagunça, as batidas do meu coração clamam por ela, não consigo parar, não até tê-la de volta.

Vou para o carro e a espero por horas, que mais parecem uma eternidade. Não me atrevo a pregar os olhos enquanto aguardo. O céu começa a clarear com os primeiro raios de sol crescendo timidamente ao leste quando os primeiros cliente começam a se dispersar.

Olho no meu relógio, 5:37 da manhã. Muitos carros já foram embora, junto com muitas meninas, os poucos cliente – os bêbados – que restam já estão sendo expulsos do lugar. Algumas garotas saem aos poucos, nem uma delas com seus vestidos provocante, o que me faz entender que elas devem ter uma vida além dessa.

Vejo América sair apressada se despedindo de outra garota. Está com um sobretudo escuto e uma boina por cauda que a proteje do inverno londrino. Ela olha ao redor, acho que me procurando, mas como estou dentro do carro ela não pode me ver aqui.

Por prudência, espero que ela se distancie alguns metros do seu lugar de trabalho, não quero que pensem que estou sequestrando uma das meninas. Paro o carro ao seu lado enquanto caminha distraída, se assustando quando abro a porta pulando na sua frente. Todavia, ela não tem a reação de correr como eu esperava.

— Entra no carro.

— Vai a meda, Maxon!

Antes que der meia volta, a seguro pelo cintura, deixando nossos lábios a centímetros, os lábios que eu sonho todas as noites em beijar com o desejo mais carnal que o ser humano pode ter, eu desejo essa mulher.

— Só um café, só para que eu saiba como vai você.

Ela percorre cada sentimento do meu rosto, talvez sentindo o mesmo que eu, parando na minha boca, por fim, concordando com a cabeça. A solto  devagar, vendo o quando ela está vermelha, e o meu coração bobo sacudindo em meu peito.

Wayne nos leva a uma lanchonete comum, um lugar que eu nunca tinha vindo antes, apenas visto de longe. Sentamos perto da janela, observando o dia começar mais uma vez para as pessoas do lado de fora.

Fico completamente perdido na hora de fazer o pedido, América me ajuda, mas é claro, não para de rir da minha cara. E omo é bom ouvir sua risada novamente. Em nossos pratos há waffles, ovos mexidos e bacon, com café para acompanhar.

— Isso é tão esquisito para mim. – comento rindo.

— Eu sei, majestade. – ela zomba outra vez – Você bem que poderia me levar a um lugarzinho melhor.

Aproveito o seu bom humor para iniciar uma conversa mais apaziguadora do que a que tivemos pela madrugada, o que dar certo.

Eu julguei mal América, ela me contou que não é um prostituta, ela apenas canta no bordel para o meu completo alivio. A dona de lá gostou dela, então propôs que ela cantasse durante os fins de semana, só para animar um pouco mais as noites.

Ela é chamada de Sunshine por todos no bordel, por cauda dos cabelos ruivos. Assim como cada garota é conhecida por um apelido, ela também tem o dela. O tal Nash, é meio que um guarda costas, se algum cliente for agressivo ou importunar demais as garotas, ele é responsável por espanta-los, não foi diferente comigo.

América também conta que dar aulas particulares de piano, para completar a renda mensal. Ela não tem muito, e prefere viver assim, pois segundo ela mesma, é desse modo que se sente alguém útil.

— Como me achou na Inglaterra, Maxon?

— Geórgia Illéa, fiz dela uma de minhas ministras. – América sorrir quando digo sobre Ge, certamente se lembrando dela – Ela visitou a Itália a alguns dias, e olha, devo agradecer o fato das primas de Nicolleta apreciarem vinho, foi por isso que te encontramos.

— Eu sabia que mais cedo ou mais tarde isso ia acabar acontecendo. – ela dar um suspiro cansado.

— Por que foi embora? Por que foi embora de Illéa, ai quando chegou na Itália, deixou sua mãe e seus irmão lá, e se mandou para a Inglaterra?

Ela dar um sorriso amarelo, como se aquilo não passasse de uma bobagem sem graça do destino, que eu conheço bem.

— Você sabe de tudo, e ao mesmo tempo não sabe de nada, rei Maxon.

— Como... Por favor, me ajude a entender América.

— É complicado. – se ajeita na cadeira incomodada com as perguntas que se seguem – Quer saber a verdade? Eu fui embora para te esquecer. Nicolleta era a única que podia fazer algo por mim naquele momento, ela me acolheu, acolheu minha família, e eu vou ser eternamente grata a ela por isso, mas não queria ser dependente dela, por isso eu vim para cá. E é com o meu trabalho que me sustento. Não me arrependo de nada do que fiz até hoje, porque é assim que me sinto viva e disposta a continuar.

Engulo em seco as suas últimas palavras, ela não se arrepende de nada do que fez, mas eu tenho do que me arrepender.

Profundamente.

— Eu tenho, eu me arrependo de muita coisa – abaixo os olhos para não mirar nos seus –, principalmente por ter perdido você.

Dito do bolso o colarzinho que pertence a ela, deixo-o em cima da mesa, assim como algumas notas de dinheiro, e me levanto. Chega de desculpas, não há mais nada há se dizer, eu errei, estraguei minha vida, América reconstruiu a sua. Por mais que ela passe dificuldades está batalhando para ter o que e seu. Ela recomeçou longe de mim, e eu não tenho o direito de magoa-la novamente.

Ouço ela me chamar, mas não olho para trás, não quero olhar para trás. Entro no carro indo para longe dali o mais rápido possível. Já no hotel, me lanço na cama como se houvessem blocos de chumbo nos meus ombros de tão cansado que estou de viver. Peço a Wayne que prepare o nosso voo de volta a Illéa o quanto antes.

Infelizmente, só poderemos viajar pele madrugada, então terei que esperar a noite toda para partir. Wayne vem com uma história de levantar o ânimo, que eu deveria tirar pelo menos a barba, isso até que não faria mal, melhoraria muito minha aparência. Eu estou parecendo um mendigo mesmo.

Um barbeiro foi chamado para me ajudar com isso. Meu cabelo foi cortado baixinho. E olha, pude ver minhas orelhas novamente! Deixei a barba rasa, me dava um ar me maturidade já que eu tenho apenas 23 anos.

O barbeiro me deu umas dicas/cantadas, de que eu deveria me cuidar, pois era muito bonito e seria um desperdício eu me maltratar desse jeito. Depois dessa, deixei o próprio Wayne se virar com o cara, já que a ideia tinha sido dele.

Minhas malas já estavam prontas, eu havia jantado e estava terminado de me arrumar para a viagem, só iríamos a 1:00 da manhã, então podia fazer tudo com calma até lá.

Me olho do espelho reparando o quanto um corte de cabelo faz bem, me sinto totalmente renovado por isso, a única coisa que me entristece é voltar para casa sem aquilo que eu vim buscar.

— Senhor. – Wayne chega ao quarto me chamando.

— Sim, Wayne?

— O senhor tem um visita.

— Visita?

— Sim. Está esperando pelo senhor na sala.

Ele dar um sorriso maroto de canto. Conheço Wayne para saber que ele está aprontando uma, já que não consegue nem esconder o sorriso dissimulado no rosto.

Antes de chegar a sala, Wayne se apressa passando por mim, me dando um tchauzinho e saindo pela porta. Quando compreendo porque ele fez isso com tanta rapidez meu coração quase para.

Ela está aqui.

Meu motivo, minha América.

Diante de mim, com os olhos e o corpo cheios de ternura a me esperar em seu afago.


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