Never Alone escrita por Arizona


Capítulo 3
Um garota triste


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!
Estou muito feliz com os resultados inicias da fic. Sinceramente não imaginava que com apenas 2 capítulos, ela já foi favoritada quanto vezes (acreditem, é muito para uma fic com 2 capítulos, agora 3) Muito obrigada as meninas que favoritaram a história, muito obrigada mesmo.
Então, leiam o capitulo novo. E pelo amor de Zeus! Comente para que eu saiba o que estão achando da fic.
Boa leitura.
Beijos!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/624496/chapter/3

Expiro.

Inspiro.

Expiro.

Inspiro.

Meu coração batendo a mil no meu peito, minha mente girando sem parar, meus olhos que só enxergam um caminho. Saio da sala de reuniões sem me importa com a voz de Geórgia me chamando. Meus próximos movimentos são automático.

Arrasto Wayne comigo pelo corredor, explicando a ele o que Ge me contou sobre América. Sem demora, ele faz o que mando indo atrás dela na Europa.

Pego as malas no armário, sem tempo para esperar que alguma criada as faça minhas malas por mim. Jogo as roupas que vejo pela frente dentro sem muito cuidado. Corro de o lado para o outro no quarto, tentando pensa, procurando meus objetos pessoais.

Enfio todo o dinheiro que posso na carteira de maneira desajeitada, seguro minha mala pela alça, pronto para ir, quando minha mãe entra desesperada seguida por meu pai. Seus olhos se voltam para minha mão com a mala, é uma viagem inesperada eu sei.

— Maxon, onde você vai? – ela pergunta quase gritando.

— Inglaterra.

Respondo sem demoras, cruzando o quarto até a porta, mas meu pai não me deixa passar, o que me deixa muito irritado.

— Saia da minha frente!

— Precisamos conversar, filho. – põe uma mão no meu peito, impedindo meu caminho.

— Não! E estou com pressa, se você não se importa.

— Maxon, por favor nos escute, ou...

— Ou o que seu velho de merda? Vai me bater Clarkson? – chego bem perto do seu rosto, o encarando nos olhos - Não sou mais a criança que você castigava para ensina-la o certo. Você não tem nem uma moral para me dar conselhos, ou me impedir de fazer algo, perdeu sua chance a muito tempo, seu monte de lixo.

Deixei de esconder as marcas nas minhas costas da minha mãe no mesmo instante em ele achou que poderia dominar enquanto eu reinava, mas não. Hoje ela sabe com quem casou.

Passei a desprezar o homem que me gerou quando compreendi que as chicotadas que recebia não eram um corretivo, e sim a forma com a qual ele se divertia com o próprio filho. O filho que a mulher custou a dá-lo, que deveria ser amado, não punido por não fazer nada.

— Filho, – minha mãe segura levemente minha mão – só me diga o que está havendo com você?

Suspiro já cansado de dar explicações, porém sei que ela tem o direito saber o que vou fazer. Isso pelo menos me alivia a pressão que se formou em minhas costas, sempre tenho essa sensação quando meu pai está perto. Sento-me na cama, com minha mãe ao meu lado, seus olhos suplicam por uma resposta.

Ela não merece passar por isso, não merece o marido ordinário, nem a vida infeliz do único filho. Tenho a absoluta certeza que se minha mãe pudesse, arrancaria as trevas de dentro de mim.

— Estou indo para a Inglaterra porque a senhora Illéa teve informações na Itália, sobre uma pessoa importante. – não ouso dizer o nome dela, não perto do meu pai.

— Quem é essa pessoa?

— A... América.

Ambos os meus pais me fitam com interrogações no rosto. América sumiu desse palácio a quatro anos, mas sua sombra ainda habita aqui, não só porque eu alimentei suas lembranças, também por todos nesse lugar guardarem o resquício da presença dela em suas vidas.

Uma alma bela demais para não se apegar.

— Você está bêbado de novo?! – meu pai esbraveja – Sua mulher acabou de morrer, e você já vai corre atrás da outra?

— Dobre sua língua imunda ao falar de América! - revido o grito - Você sabe que se eu pudesse, teria corrido atrás dela antes. E eu não tenho culpa de Kriss está morta, nem dela ter levado meu filho junto. Não tenho culpa do seu útero fraco, e sem vida!

Me arrependo as minhas palavras assim que ela saem da boca. Os olhos de minha mãe se baixam, lutando para não chorar, pois o luto ainda é recente. Ela estava tão contente com o neto que chegaria, ela veria a continuação de sua família, cuidaria da minha criança como algo precioso, contudo, ela não teve essa chance.

Lembro do dia do parto, as intermináveis oito horas que foram. Kriss insistiu para ter o parto normal, mesmo sabendo dos riscos da gravidez. Eu nunca a deveria ter deixado fazer isso.

Quando finalmente acabou, os médicos deram a notícia.

Ela havia falecido, o bebê já estava morto no ventre devido as longas horas que passou tentando nascer. Não tive coragem de olhar meu filho morto no seu pequeno caixão, não o conheci, nem pude segurar sua mãozinha. Nunca o veria crescer correndo pelos jardins, ou o mostraria que se vale a pena lutar quando se amo, mesmo que não possa vencer.

Eu não amava Kriss, mas ela seria mãe do meu herdeiro, minha companheira pelo resto da vida, tinha por ela um grande carinho, apesar de não demonstrar. Me arrependo de todas as vezes que me embriaguei e provoquei brigas com ela. Como a fiz chorar! Magoei seu coração sem piedade, e agora estava morta.

Quando a enterrei, meu coração parou pela segunda vez.

— Geórgia falou que um das primas de Nicolleta exagerou no vinho, acabou dando a língua nos dentes. – decido explicar de vez o que descobri – Parece que América pediu ajuda para a rainha, que concedeu sem hesitar, foi por isso ninguém a encontrou em Carolina. Ela havia ido morar coma mãe e os irmãos na Itália, mas um tempo depois foi embora, apenas ela, sua família ficou. América foi para Londres, e é para onde estou indo agora, para encontrá-la.

Levanto-me dando um beijo na testa da minha mãe, que pega minhas mãos, deixando um beijo em cada uma delas. Ela sempre me compreendeu, apesar de brigamos por isso, mas ela sabia o desejo do meu coração.

— O rei inglês sabe que vai para lá?

— Não precisa, não é uma missão diplomata. – não aguento e a puxo para um abraço – Por favor mãe, não me julgue por isso. Eu a amo, estou correndo atrás do meu amor.

Ela assente me lançando um sorriso gentil. Apanho novamente a mala, agora sem empecilhos na minha frente. Meu pai não diz nada quando passo por ele, apenas observa meu andar seguir pomposo.

Wayne me espera na porta do palácio, já com o corro pronto para irmos. Em poucos minutos estamos no pequeno aeroporto real, exclusivo para a Coroa.

Decolamos no jatinho moderno que comprei a poucos meses justamente para viagens de emergência. A expectativa de revê-la se evidencia em meu rosto, meus nervos parecem que vão explodir, estou pirando de ansiedade. Passo a viagem tentando ler algumas das minhas anotações, mas quando finalmente aterrissamos, eu ainda estava na página 3.

Para a minha graciosa sorte, neva em Londres – meados de novembro –, fazendo meus ossos congelarem. Instrui que não usassem bandeiras de Illéa nos carros, ou manifesto de realiza em quanto permanecêssemos aqui. Mesmo que só alguns homens de confiança tenha vindo, prefiro manter a discrição.

— Quanto tempo você leva para encontrá-la nessa cidade? – pergunto mal humorada a Wayne.

— Menos de um dia, senhor.

— Ótimo. Quanto mais rápido sairmos desse gelo de lugar, melhor.

Sou levado para um hotel enquanto Wayne vai atrás de pistas sobre América. Até hoje me questiono sobre sua capacidade de fuçar as coisas e sempre encontrar o que quer. Como em menos de um dia ele vai acha-la não sei. O que sei é que é bom no que faz, e confio nele.

No quarto luxuoso em que fui hospedado, a vista é magnifica. Os flocos de neve caindo, enchem o parapeito da janela. O rio Tâmisa cortando a cidade, e bem ao fundo o famoso Big Bem. Vim poucas vezes a esse país, e das vezes que vim, deteste o frio natural que tem.

Me olho no espelho pela primeira vez me importando com a aparência nesse últimos tempos. Reparando o quanto minha barba cresceu, assim como meus cabelos. Um magreza aparente no corpo, e olheiras grandes que já fazem parte das características do meu rosto.

Como será que América reagiria ao me ver assim?

Com certeza me acharia assustador.

Já é madrugada quando Wayne volta, trazendo consigo o que eu esperava. Ele conseguiu, encontrou América! Deus, em breve estaríamos face a face. Estaremos juntos de novo.

Ele diz que só podemos ir até ela a noite, seria até mais seguro, por isso tenho que rogar ao relógio para que passe as horas mais depressa, entretanto ele parece estar contra mim.

Perto das seis da tarde, eu já estou pronto para irmos, porém Wayne diz que ainda é cedo, tenho que esperar mais um pouco. Quando vejo já passa das onze da noite e ainda estou preso no maldito quarto de hotel, sendo consumido pela ansiedade. Questiono o porquê da hora, e ele só me diz que logo vou entender.

até que pouco antes das duas da manhã, saímos.

Do lado de fora, a vida borbulha em risadas e cores distintas, contudo, o som ofegante que sai de mim é mais forte. Uns bons 20 minutos de carro pela cidade, então chegamos a um bairro mais calmo, embora tenha a nobreza incrustada nos imóveis de arquitetura antiga.

Paramos na frente de uma casa incrivelmente bela, tão bela que poderia ser comparada a um palácio. Na porta de entrada um moça alta de vestido vermelho recepciona os que entram. Os senhores a cumprimentam quando passam por ela, dizendo elogios baratos.

Quando estou prestes a entrar, um homem sai de lá de dentro com um mulher à tiracolo. Formosa, de cabelos loiros e longos, bonita de mais para um barrigudo careca, rindo de algo que ele falou. Acho que aquilo podia ser até normal, mas tenho um choque quando ouço as próximas palavras da mulher.

Ele cochichou algo no ouvidos dela, que rebateu questionando o quanto ele pagaria por seu prazer, pois ela custava caro. Aos poucos entendi o que estava se passando naquela casa. As moças jovens com roupas extravagante e fúteis, os homens elegantes que chegavam aos montes, o cheiro do dinheiro fácil, o fato de ser tarde da noite.

— Wayne, este é um bordel, não é?

Wayne me olha cheio de receios, enrijecendo o maxilar de tensão. Ele sempre fazia isso quando me escondia algo, ou ficava muito nervoso.

— Senhor, eu não sabia como conta-lo. Perdoe-me.

— Ela está lá dentro? – ele apenas confirma com a cabeça o que eu suspeitava.

Minha mente parece ter virado pó. Como América está num bordel? Eu não entendo. Preciso confirmar isso pessoalmente com meus olhos.

Entro no bordel com Wayne nos meus calcanhares. O ambiente luxuoso, com várias damas bem afeiçoadas aqui e ali. Sentadas perto dos respectivos cavalheiros a mesa, fumam, bebem, seduzem ao pé do ouvido.

Procuro em seus rostos por América, ou na cor dos cabelos, quase morrendo ao ver uma ruiva, mas não consigo encontrá-la. Até que um som triste me atrai, uma voz doce, cheia de lamentos, cantando uma melodia deprimida.

Sigo aquela voz como se ela me enfeitiçasse, me levando até perto de um palco pequeno. No canto, escurecido pela penumbra, e apenas um luz focando a moça cantando no centro.

Realmente devo ter sido enfeitiçado, pois vejo na minha frente quem estava procurando, no entanto, é como se não fosse ela.

América, seus cabelos vermelhos caindo como ondas nos ombros. Os lábios carnudos em um batom rúbeo, contrastando com a pele branca, lhe deixando com um ar fatal. O corpo com curvas diferentes que eu adoraria redescobri. E seus olhos que consomem qualquer entendimento.

Em um vestido azul escuro, que cintila quando move os quadris levemente no ritmo da música, flutuando em meio as notas do piano. Ela mudou tanto, não é mais a menina que eu me apaixonei, é um mulher feita, que carrega em seu semblante a personalidade forte que tem.

Sem perceber, paro bem na sua frente, admirando-a fielmente com os olhos arregalados. América demora um segundo para me notar ali, me olhando com a mesma intensidade que eu.

Estou quase gritando pensando que ela não me reconheceu, até ver seus olhos se encherem de lágrimas, e aos poucos elas caírem sobre seu rosto. Mas ela continua cantando a melodia triste, mesmo ao me notar ali.

But you haven't seen my man
You haven't seen my man
You haven't seen my man
You haven't seen him

He's got the fire and he walks with fame
He's got the fire and he talks with fame
His bonny on the side, bonny on the side
Makes me so sad, girl
His money on the side, money on the side
Makes me so sad, girl

I'm a sad girl
I'm a sad girl
I'm a sad girl
I'm a sad girl
I'm a mad girl
I'm a bad girl

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Música Sad Girl;Lana Del Rey.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Never Alone" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.