Touch-me only like you do. escrita por Sexiest, Director of dreams


Capítulo 31
Em casa


Notas iniciais do capítulo

Senhoras e senhores, depois de muito tempo... com vocês: Logan Heidy



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Capítulo 31

“Em casa”

Logan Heidy

 

Oito meses. 

Oito longos meses, porra.

Isso foi quanto tempo se passou desde que eu fui dormir o homem mais feliz do mundo, com ela em meus braços, e acordei pra um pesadelo.

Na época eu não entendi, mas com o tempo eu fui percebendo que foi melhor dessa maneira. Ter que vê-la andar pra longe de mim teria doído mais. Eu entendi, cerca de seis meses atrás, quando eu tive que andar pra longe dela. O olhar desolado que ela me deu então, era algo que eu jamais esqueceria. Doeu fisicamente ter que me afastar naquele dia. Foi aí que eu finalmente entendi porque ela havia sumido no meio da noite, sem nem um bilhete de adeus. 

Isso e tudo que aconteceu depois, com a doença de Chris piorando, as contas de hospital acumulando, meus irmão tendo que trabalhar até a exaustão para tentarmos nos manter na superfície, Chris sendo internado… era como se Loren tivesse partido e levado com ela o pouco de felicidade que nos restava. 

Eu estava tão fodidamente cansado.

Como se tudo que tivesse acontecendo na minha vida não fosse o suficiente, eu só conseguia pensar nela, sentir falta de vê-la me receber com um sorriso quando eu chegasse em casa, e me aconchegar com ela na cama pra esquecer qualquer merda de dia que eu tivesse tido. 

Como era possível uma pessoa se tornar o seu mundo inteiro em tão pouco tempo? 

E então, naquele fatídico dia, ela voltou pra mim como a resolução de todos os meus problemas. Em um dia ela resolveu as contas do hospital, ela fez o transplante de Chris acontecer, ela consolou Matt e Calebe que estavam desolados, ela devolveu a confiança que Thomas havia perdido de que Chris ficasse bem, e ela voltou para os meus braços.

Exceto que eu não poderia mantê-la.

Ela não me disse, e não precisava dizer, que aquilo não foi um retorno planejado. Por um momento, quando ela entrou toda bagunçada no hospital, cabelo empilhado no topo da cabeça, vestindo pijama e segurando uma bolsa de aparência cara, eu me permiti ficar feliz em vê-la. Mas então eu olhei mais de perto, no olhar triste e resignado que ela sustentava, na postura cabisbaixa que ela não costumava ter, nas olheiras fundas em seus olhos… e isso quase me quebrou. Naquele momento, com tudo o que estava acontecendo na minha vida e dos meus irmão, ainda segurando ela em meus braços e sentindo ela chorar, eu soube que não era só por Chris que ela chorava, era pra a gente. Contra tudo que minha cabeça dizia, eu a segurei apertado mesmo assim, precisando de um momento com ela, mesmo que breve. E então eu me obriguei a colocar minha vida e minhas responsabilidades em prioridade. 

Não era fraqueza admitir que não conseguiria lidar com alguma situação, eu sabia disso quando confessei a ela um pouco mais tarde que não poderia lidar com ela e a dor que eu via pingando de cada poro de seu corpo. Mas, porra, eu me senti fraco. Tanto que, quando dobrei a esquina de onde a deixei, no corredor do hospital, eu desabei. Literalmente desabei, meu corpo sem forças pra continuar me sustentando de pé. 

Levou tudo de mim para não pedir que ela ficasse.

Graças a bondade de Loren, a vida foi voltando ao normal.

Chris estava se recuperando bem, seu peso estava melhorando, e aos poucos fomos vendo ele voltar ao que ele costumava ser antes dessa doença. Matt e Calebe voltaram a ser o normal deles, relaxados e felizes, sem ter que se preocupar em ganhar um monte de dinheiro pra tentar salvar a vida do irmão. Thomas conseguia se dedicar mais ao trabalho na loja de tatuagens, como ele gostava. E o dia a dia era como sempre foi para todos, exceto pra mim.

Eu sentia tanta falta dela que era ridículo.

Eu tentava me ocupar ao máximo, fazendo uma tonelada de hora extra no escritório, e atendendo um monte na loja com Thomas. Meus irmãos estavam preocupados, eu podia ver. Eles até mesmo tentaram falar comigo sobre o assunto. E tanto quanto eu sabia que não era saudável o tanto de trabalho que eu estava fazendo, eu precisava disso no momento. Era a única coisa me mantendo de jogar tudo pra cima e tentar encontrá-la. Isso e o fato de que eu não poderia me dar ao luxo de jogar tudo pra cima.

Rachel e Beth estavam preocupadas também, e isso fez com que elas ficassem mais ao redor. Elas iriam mais vezes lá em casa, ela se preocupariam com a limpeza da casa como nunca se preocuparam antes, porque elas sabiam que era assim que Loren gostava e fizeram questão de manter os meninos na linha nesse quesito. Elas jantavam lá tantas vezes, que eu quase estava mudando Calebe e Matt pra o mesmo quarto, pra que elas pudessem se mudar de vez.

Era irritante, mas também era doce a forma como se preocupavam.

Ray estava quase me colocando a força no carro e me levando pra cortar o cabelo.

Eu não me preocupava muito com supérfluos por esses dias. Eu vivia das minhas responsabilidades, e fazia com que elas ocupassem cada segundo do meu tempo.

Era isso ou deixar me afogar até apagar numa garrafa de bebida, pra acalentar a dor da perda que eu sentia. 

Eu tentei a bebida por um dia, e funcionou, até que eu tive que levantar e cumprir minhas obrigações com uma ressaca colossal. Não foi legal.    

Thomas riu da minha cara nesse dia, e murmurou um — idiota — quando me viu tomar um pote de aspirina antes de ir trabalhar. 

Eu nunca tentei essa merda de novo.

 

 

Meu dia hoje foi mais horrível que o normal nos últimos dias. O caso que eu estava trabalhando tomou uma curva que não era nada boa para o lado do meu cliente, e as horas extras que eu fiz não foram nem propositais. Pela hora que eu finalmente cheguei em casa, pela primeira vez em meses, eu estava feliz de voltar para lá. Eu estava exausto pra caralho.

Rachel tinha razão, eu precisava cortar o cabelo, porque a maldita coisa só me fez mais irritado hoje, caindo na minha cara toda vez que eu abaixava a cabeça para analisar um documento.

Eu enfiei a chave na porta com alívio, até que a porta abriu, e eu ouvi vozes. Parando antes de abrir completamente a porta e fazer barulho, eu respirei fundo me preparando e sabendo que todo mundo estaria lá dentro, e, porra, eu os amava, mas eu estava morto.

Eu queria dormir, não queria ter que socializar com ninguém. 

Não sei quanto tempo eu passei lá criando coragem de entrar, mas pelo momento que abri a porta, as vozes tinham se acalmado um pouco.

Assim que eu finalmente abri completamente a porta, a voz de Calebe gritou — Logan, venha aqui, você não vai acreditar em quem veio visitar e ficou pra jantar!

Eu murmurei um monte de palavrão sob minha respiração, sem saber quem diabos poderia ser. Decidindo acabar com isso o quanto antes, pra tomar banho e conseguir algum sono muito necessário, eu virei para a sala de jantar, de onde as vozes vinham.

Dizer que eu não estava preparado, seria dizer o mínimo. 

Como se um holofote estivesse ligado sobre a cabeça dela, eu não reparei em mais ninguém.

Loren estava aqui.

Parei no limiar da porta, precisando de um momento para assimilar que isso não era fruto da minha mente cansada, ou que eu não tinha dormido em minha mesa no trabalho e estava sonhando. Minhas costas estavam doendo e minha cabeça latejava, me dizendo que eu não estava dormindo. 

Eu pisquei lentamente, passando os olhos por ela, e o que eu vi fez meu maxilar apertar de raiva. Mas que porra. Ela não era a mesma mulher que dormiu pacificamente nos meus braços a noite. Ela estava muito magra, deixando os ossos da bochecha e da clavícula aparecendo mais que o normal. Seus olhos estavam ainda mais fundos do que naquele dia que a vi, seis meses atrás. Ela parecia… frágil.

Cada instinto protetor que eu tinha entrou em alerta.

E foi nesse momento que eu também reparei na mão que ainda descansava nas costas dela, e finalmente fiz um reconhecimento das demais pessoas na sala. Todas as pessoas habituais, e o cara que claramente estava com Loren. Eu o encarei, com uma carranca irritada no meu rosto. Ele era bonito, eu podia perceber, ele também vestia roupas caras e tinha o ar de gente que foi criado na riqueza. Ele não se encaixa aqui, e eu não gostei que ele estivesse aqui. E era por muito mais do que apenas ele provavelmente ser rico pra caralho, era a forma confortável que ele tocava Loren, como se tivesse feito isso mil vezes. 

Eu odiei isso. Odiei com tudo em mim.

Por isso, quando Loren se levantou, falou meu nome e veio na minha direção, eu meio que agi por instinto. Pegando ela pelo braço e tentando levá-la dali.

Pra que eu pudesse te-la só pra mim, e descobrir como cuidar dela.

E, dessa vez, insistir pra que ela ficasse, porque, porra, ela se acabaria do jeito que estava indo. Eu queria socar alguma coisa apenas pela forma como ela parecia quebrada. Mas eu vi a insegurança na maneira como ela se aproximou de mim, e eu não faria nada pra assustá-la. Nunca. 

Foi por isso também que eu só encarei o cara quando ele tentou me parar de levá-la, quase quebrando meus dentes com a forma como minha mandíbula estava cerrada. Se Loren não estivesse parada entre eu e ele, com toda a certeza, quebraria a cara dele. Eu não gostei que ele estava tocando ela novamente, e odiei a maneira carinhosa e preocupada como ele olhou pra ela quando ela falou com ele. Eu quase explodi com a maneira íntima que ela falou com ele também. Mas me forcei a ficar parado até que ele deixou o braço dela ir e deu um passo para trás. Eu escorreguei minha mão do pulso de Loren, até que estivesse segurando sua mão e, dando um pequeno aperto pra chamar sua atenção, virei e comecei a subir a escada para o único local onde ela sempre se sentiu segura aqui: meu quarto.    

Assim como da primeira vez que ela esteve nessa casa, foi meu primeiro instinto trazer ela aqui e mantê-la protegida do resto do mundo. 

Nada tinha mudado muito aqui desde que ela se foi, suas coisas nunca saíram do meu guarda-roupas, um monte de porcaria feminina estava espalhada no banheiro, sua escova de dente ao lado da minha. Ela não levou nada com ela quando partiu, e eu não tive força pra tirar nada do lugar. 

Ela perceberia se olhasse ao redor. Mas ela não fez. Olhou direto pra mim, esperando. 

Eu me livrei das coisas que inconscientemente ainda segurava, jogando na cama, e então dei toda a minha atenção a ela, querendo averiguar cada linha preocupante da sua aparência.

Loren não esperou muito tempo… ela raramente esperava quando tinha algo em mente.  

— Logan, eu… — ela começou com uma voz fraca e hesitante. Eu precisava de um tempo, então a cortei antes que ela continuasse. 

— Quieta, baby — demandei, soando um pouco mais ríspido do que eu jamais tinha falado com ela. 

Ela fechou os olhos, abaixando um pouco a cabeça em derrota. Como se ela tivesse 5 anos e eu fosse lhe dar uma bronca.

— Porra — murmurei em voz baixa o que era pra ter ficado só na minha cabeça. Eu me sentia descontrolado. — Olha pra mim, — pedi um pouco mais suavemente e quando ela não fez, me repeti — Abra os olhos, baby.

Parecendo fazer com muita dificuldade, ela abriu. E então, pela primeira vez em uma porra de um tempo muito logo, nossos olhos se encontram. Eu vi quando as lágrimas começaram a brotar nos dela.

— Onde você está? — perguntei sem desviar o meu olhar. 

Ela fechou os olhos mais uma vez, as lágrimas finalmente derramando. 

Eu encostei minha testa na dela, minhas mãos foram ao redor dela, e perguntei mais uma vez, baixinho, como se um tom mais alto pudesse quebrar a conexão entre nós — Olhe ao redor.. onde você está, Loren?

Ela não olhou, mas em um suspiro quebrado de choro respondeu:

— Em casa.

Sim.


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Notas finais do capítulo

Cristina, Wilma, Ellie e Elise: Meninas, sério, eu só posso agradecer. Vocês não tem noção de quão feliz eu fiquei quando abri aqui e vi os comentários Muito obrigada por ainda acompanharem e sempre tirarem um tempo pra comentar, me ajuda demais!!!

O que acharam do cap do Logan? Eu tava com muita saudade de escreve ele...



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