Eldrwin E O Medalhão Real escrita por KyuHumi


Capítulo 9
O retorno ao castelo




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/624346/chapter/9

— Seu maldit... – Exclamou Eldrwin.

— Ah! E achou mesmo que eu iria ficar em casa e não vir junto? – Disse Kairou, sorridente, de armadura e espada embainhada. Eldrwin sentiu um ímpeto de animação, como se um fogo de alegria rompesse dentro dele. Ver o amigo tendo coragem para acompanhá-lo, fazia com que sua tentativa de convencer Villian a liberá-los para ir até Betta, investigar o que ocorreu, tivesse mais chances de dar certo. Ele sorriu sem querer vendo Kairou se aproximar e tatear o chão a procura da pedra oca. Depois de alguns segundos, o som grave e profundo fora ouvido pelos dois. Acharam a pedra correta.

— Era essa daqui! – Disse Kairou animado enquanto juntamente de Eldrwin começavam a levanta-la revelando uma passagem secreta e escura – Vai! Você primeiro. A ideia foi sua.

Eldrwin fitou o amigo com atenção. Havia um quê de alegria e um pouco de temor na expressão de Kairou. Ele decidiu não se focar nisso e lançou-se buraco adentro sentindo o impacto do chão segundos depois. Lá em cima, Kairou primeiro colocou as pernas pela passagem secreta e, movendo a pedra para seu lugar, foi descendo pouco a pouco até selar completamente a entrada e cair ao lado de Eldrwin em meio à escuridão infinita do túnel.

— E agora? – A voz de Kairou ecoou fantasmagórica pelo local.

— Vamos iluminar um pouco isso aqui – E neste instante, um brilho prateado envolveu a lâmina da espada Eldrwin ao mesmo instante que o fogo surgiu na lâmina da espada de Kairou, tremulando sem parar. O túnel escuro fora um pouco iluminado e os dois jovens perceberam que havia somente um sentido a se tomar. O mesmo que eles seguiram quando saíram do reino na ultima vez.

— Acho que só podemos ir para lá não é? – Novamente disse Eldrwin, a espada brilhando à frente e os pés agora um tanto temerosos de andarem. Tomou coragem e andou, seguindo não sabia para onde. Os passos ecoando na escuridão. Vez ou outra ele ouvia, ao longe, guinchos de morcegos e barulhos estranhos. O caminho se seguia a frente até o breu intocável. Nenhum dos dois falava absolutamente nada. Até que Eldrwin decidiu romper o silencio e fazer a pergunta que tanto lhe incomodava.

— Por que decidiu vir junto? – Ele não olhou para Kairou. Mantinha os olhos fixos à frente, atento a qualquer coisa fora do comum.

— Eu sabia que você não iria desanimar Eldrwin. Eu poderia ficar em casa mas, sabe, eu também não consegui dormir de noite depois do que aconteceu e depois do que eu ouvi. Eu também sou um soldado do reino. Também me preocupo com a paz do reino e se realmente as coisas estão acontecendo e só nós estamos sabendo, vale a pena tentar ajudar. Por Orion e por todos.

As palavras de Kairou foram o suficiente para convencer Eldrwin de que o amigo tinha várias razões para segui-lo.

— Está bem. Mas, o que disse aos seus pais? Eles sabiam que hoje você não iria fazer guarda não é?

— Bom... Disse que por conta de Suhoz, Villian me convocou. Mamãe e Papai sabem perfeitamente que este tipo de coisa é comum acontecer a soldados então não disseram nada.

Após alguns passos, chegaram a uma bifurcação. O caminho a esquerda, como bem sabiam, levaria eles para fora do reino, enquanto o caminho da direita provavelmente era o caminho que Anya fazia até o castelo.

— Vamos por aqui – Disse Eldrwin tomando à dianteira e seguindo por um longo corredor. Mais a frente dobrou a esquerda e mais a frente à direita novamente.

— Céus! – Exclamou Kairou – Eu não sabia que esses túneis eram tão longos assim! Quando será que foram construídos?

— Realmente eu não sei. – Disse Eldrwin quando bem timidamente, um barulho diferente preencheu seus ouvidos. Era um barulho metálico que se repetia várias vezes. A fonte estava distante, mas definitivamente, estava em algum lugar à frente.

Kairou percebeu no mesmo instante e perguntou ao amigo.

— Será que estamos nos aproximando do castelo?

— Eu não sei. Deveríamos ter vindo aqui com Anya pelo menos uma vez. Além disto, se caso houvesse uma ocasião em que a família real tivesse de escapar por aqui, seria muito bom que todos os soldados soubessem da existência desses túneis.

O estampido metálico foi ficando mais forte e mais perto. Eles aumentaram a velocidade dos passos. Uma curiosidade se intensificando cada vez mais dentro dos dois. Dobraram a esquerda novamente e chegaram ao degrau inferior de uma escada de pedra. Ela era longa, mas ao fim dela, estava a fonte de todo o barulho que ouviam. Agora não era mais uma batida metálica. Eram várias que se perdiam e meio a um vozerio.

Eldrwin subiu o primeiro degrau e prosseguiu. Kairou logo atrás observando atentamente o que se passava atrás dos dois. Poderiam, sem sombras de dúvidas, ser atacados por guerreiros negros bem ali. Talvez, porém, por ser ainda dia, tal fato não acontecesse, visto que em todas às vezes e, misteriosamente, foram atacados apenas de noite. Após subir mais alguns degraus, chegaram a uma porta de madeira velha. Pelas frestas das portas viam que um fogo muito intenso faziam luzes douradas refletirem em seus olhos. Empurraram a porta e a mesma estava trancada. Não havia como passar.

— Espera – Disse Kairou tomando a dianteira desta vez – Eu cuido disto.

O fogo da espada do jovem se apagou e, após isso, Kairou respirou fundo e lentamente. A lâmina de sua espada se tornou escarlate, como se o fogo agora não envolvesse a parte de fora, mas o interior da espada. Ele enfiou a ponta pela fechadura e a mesma foi derretendo como manteiga até um pequeno buraco se formar e ser atravessado pela espada. Eldrwin notou a expressão do amigo. Ele estava de olhos fechados, fazendo um grande esforço e, após ouvirem um ruído metálico surdo, concluíram que a espada de Kairou derreteu a tranca. O jovem retirou a espada da porta e se se encostou à parede, sentindo-se completamente tonto.

— Cuidado! – Disse arfando, recuperando fôlego e se dirigindo a Eldrwin.

— Mas o que você fez?

— Canalizei minha força mística para que a espada queimasse apenas por dentro. Acho que ela alcançou a temperatura máxima. Mas – Respirou fundo novamente – Isso exige muita concentração e poder.

— Seja como for, funcionou – Disse Eldrwin percebendo que a porta, antes trancada, agora estava aberta.

Eles seguiram e, ao passar por ela, notaram que estava em um enorme salão de armas. Uma enorme fornalha se erguia ao fundo com chamas altas e intensas e, frente a ela, vários ferreiros batiam grandes e pesados martelos em barras de ferro em brasa sobre uma longa mesa de pedra. Pelas paredes, penduradas, havia lanças, espadas, escudos, capacetes, e todo tipo de equipamento de batalha. Os jovens olhavam atônitos aquilo tudo ainda escondidos pelas sombras. O calor do local era sufocante, e a fumaça subia em espiral. Soldados entravam e saiam vez ou outra e Eldrwin viu a saída do salão ao longe.

— Temos que prosseguir! Haja naturalmente!

Os dois saíram das sombras e seguiram pelo salão torcendo para não serem vistos ou reconhecidos. Não se apressaram e, sem ser notados pelos ferreiros, seguiram para a saída e seguiram por um corredor escuro iluminado com tochas. Ao fim dele, havia um longo lance de escadas e os dois, agora com mais pressa, subiram e se depararam agora com um longo corredor de pedras cinzentas e janelas. Ver novamente a luz do dia fez com que os olhos dos dois tivessem que se acostumar com a claridade. Quanto tempo já haviam se passado desde que desceram pelo buraco? Continuaram a seguir em frente, dobraram a esquerda e passaram por mais uma porta. Estavam agora no salão principal do castelo.

Uma longa escada de mármore branco seguia para os andares superiores e, frente a ela, a porta do castelo. Eldrwin e Kairou que conheciam em parte o local rumaram para a escada e cruzaram com vários funcionários do castelo, dentre eles, soldados que ou estavam caminhando, ou estavam encostados pelas paredes imóveis e atentos.

— Provavelmente eles estão na sala de reuniões, temos que ir para lá – Disse Eldrwin subindo mais um lance de escadas.

Chegaram por fim, ao terceiro pavimento e seguiram por um corredor longo e iluminado pela luz do sol que atravessava as janelas. Será que conseguiriam? Será que teriam a chance de encontrar Suhoz ainda ali no castelo? Eldrwin apressou o passo, a sala de reuniões estava próxima.

— Escute Kairou – Eldrwin novamente tornou a falar olhando agora fixamente para Kairou – Se por acaso nós não conseguirmos encontrar nenhum deles, vamos fazer o seguinte...

Sejam lá quais seriam as palavras que Eldrwin iriam dizer, elas não chegaram a sua boca naquele momento. Sem que previsse, ou notasse, sentiu apenas uma pancada seca e intensa que lhe atingiu a testa e todo o rosto. Recuperando-se do atordoamento, tentando saber o que havia acontecido e com os olhos ainda fora de foco, ele focalizou a frente uma armadura marrom, cor de mogno e brilhante. Afastou-se, engoliu um nó e aos poucos ele pôde, mesmo querendo que aquele não fosse o momento, ver com clareza quem estava a sua frente.

— O que vocês dois estão fazendo aqui? – Rompeu Villian, sério e talvez, nunca tão amedrontador como antes fora visto pelos olhos de Eldrwin e Kairou.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Eldrwin E O Medalhão Real" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.