Estrela do mar escrita por Cherrys moon


Capítulo 7
Capítulo 7




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Na manhã seguinte acordo novamente com Catarina fazendo barulho ao se arrumar para ir pra escola. A noite anterior foi tão incrível. Danilo e o pai voltaram da cidade quase na hora do jantar e ele me trouxe mais chocolate. Eu realmente amo chocolate. Malena não me deixou comer na hora, disse que eu tinha que jantar primeiro, então tive que segurar minha vontade de devorar todas aquelas barrinhas deliciosas.

Depois do jantar, Danilo e eu nos sentamos na varanda e ele começou a ler um livro pra mim enquanto acabávamos com a caixa de chocolates. A história que ele me contou foi linda, era sobre uma princesa que se apaixonava por uma fera, mas a fera apesar da aparência horrível era boa, e no fim ele se transforma num lindo príncipe. Eu fiquei encantada com as figuras do livro, aquela princesa com um vestido amarelo e uma coroa brilhante na cabeça. E a voz do Danilo contando a historia, tão suave e doce, me fez viajar para outra dimensão. Não tenho ideia de ate que hora ficamos acordados, mas quando fui pra cama a Catarina já estava dormindo e assim que me deitei fechei os olhos e embarquei num sonho onde eu era uma princesa e o Danilo o meu príncipe.

Me levanto e percebo que Malena já saiu com Catarina, pela janela vejo Danilo arrumando algumas ferramentas no quintal e corro até ele

__ Oi __ digo

__ Oi. Você acorda cedo

__ A Catarina faz muito barulho pra se arrumar

Ele solta um gargalhada e diz que concorda plenamente comigo. Pergunto onde ele está indo e ele diz que finalmente vai concertar a cerca da dona Filomena, que já está atrás dele a mais de uma semana.

__ Quer mesmo ir comigo? __ pergunta ele

__ Quero. Se não for te dar problemas

__ Problemas? __ ele me olha e ergue a sobrancelha

__ Com a Larissa. Acho que ela não gosta de mim

Seu rosto assume uma expressão mais seria e ele se remexe na cadeira.

__ Não liga para o que a Larissa diz, ela está com um ciúme bobo

Dou um sorrisinho pra ele. Eu queria perguntar se ele e a Larissa vão se casar, morar juntos e construir uma família, mas não tive coragem. Pensar nisso me deixa triste, não quero que o Danilo se case com a Larissa.

Depois de uma boa caminhada chegamos na casa de Dona Filomena. A casa em si é muito simples e pequena, com paredes com a tinta desbotada e porta e janelas de madeira, pintadas de azul, também já desbotadas e descascando. O quintal é grande e muito bem cuidado, tem muitas plantas e flores de todas as cores, me lembra ao parque que Danilo me levou. Nos aproximamos e uma senhorinha vem nos receber

__ Até que enfim heim Danilo __ diz ela com simpatia

__ Desculpe dona Filomena, mas andei ocupado nos últimos dias

__ E quem é essa mocinha? __ pergunta ela olhando para mim

__ Essa é a Estrela, ela está na minha casa por uns tempos

Dona Filomena me dá um abraço tão apertado que quase me deixa sem ar. Ela deve ter uns 65 ou 70 anos, mas é bem forte e disposta. Usa um vestido estampado com pequenas flores e esta com os cabelos brancos preso num coque no alto da cabeça.

__ Você é tão magrinha __ diz ela me soltando, e posso respirar de novo __ Quer um pedaço de bolo de fubá? Acabei de assar

__ Não, obrigada, eu acabei de tomar café __ digo. Eu sei o que é bolo, já comi um que Malena fez, mas não sei o que é fubá. De qualquer forma não estou com fome.

__ Vamos ver a cerca? __ diz Danilo

Seguimos para a parte de traz da casa, e já escuto o cacarejar das galinhas. A cerca que impede que os aninais escapem está toda rachada de um lado, e dona Filomena encostou uma porta antiga, um carrinho de mão e uma bicicleta sem rodas para impedir que os bichos escapassem.

Danilo analisa a cerca e diz que ela está muito velha e com as madeiras todas apodrecidas. Dona Filomena confirma que aquela cerca tem quase 20 anos, e Danilo sugere que seja feita uma cerca nova, pois aquela pode desabar a qualquer momento. Depois de uma conversa entre custos e benefícios, eles decidem que Danilo vai fazer o reparo na parte que está se quebrando e que dona Filomena vai providenciar materiais para que uma nova cerca seja construída. Danilo ficará responsável pelo projeto e vejo a empolgação com que ele fala no assunto, tirando medidas e anotando tudo num bloquinho.

Depois da conversa, dona Filomena volta para dentro de casa e Danilo começa a trabalhar. Eu me sento num banquinho que Danilo pegou da varanda, e o observo. Após medir e fazer marcações a lápis num pedaço de madeira, ele começa a serra-la. Imediatamente uma sensação estranha toma conta do meu corpo.

__ Esse cheiro __ digo fechando os olhos e inspirando profundamente __ eu conheço esse cheiro.

Danilo não me ouve, ele está concentrado demais em seu trabalho e eu estou sentada um pouco afastada por segurança. Meu coração está acelerado, eu não sei que cheiro é esse, mas tenho certeza que já o senti antes. É uma sensação estranha, não sei identificar. Me levanto e caminho até Danilo

__ Eu conheço esse cheiro

Danilo para de serrar e ergue os olhos para mim

__ Que cheiro?

__ Eu não sei. Esse __ digo inspirando profundamente de novo

__ Cheiro de madeira?

__ Acho que sim

Então é isso, é o cheiro de madeira. Mas por que eu o conheço? Onde já o senti? Existem vários moveis de madeira na casa do Danilo, e o barco deles também é de madeira, mas sinto que não é isso. É uma lembrança mais antiga, mais profunda, mas não consigo me lembrar de onde.

__ Você está bem? __ pergunta Danilo segurando minhas mãos que estão geladas

__ Não sei. Estou meio tonta

Danilo me abraça

__ Tudo bem. Vamos pra casa

Danilo e eu caminhamos de volta pra casa. Eu ainda estou um pouco tonta, aquele cheiro mexeu realmente comigo. Seguimos de mãos dadas, ele apertando fortemente minha mão. De repente me dou conta de que nem nos despedimos da dona Filomena, o Danilo não terminou o serviço e largou todas as ferramentas lá

__ Desculpe ter atrapalhado o seu serviço __ digo envergonhada

__ Você não atrapalhou nada __ diz ele parando de andar __ É muito bom que você esteja começando a se lembrar das coisas, mas fico preocupado com a sua reação

Um impulso toma conta de mim e eu o abraço fortemente, e ele retribui o meu abraço. Os braços dele me acalmam, e eu finalmente paro de tremer

__ Estrela, eu gosto tanto de você __ diz ele e meu coração dispara

__ Eu também gosto muito de você

Seguimos abraçados.

Ao chegarmos em casa, Danilo conta a mãe o que aconteceu e agora tenho duas pessoas preocupadas comigo. Digo que estou bem, embora não seja totalmente verdade. Apesar de não estar mais tremendo, ainda sinto uma sensação desconfortável. Danilo fica comigo o tempo todo e a cada cinco minutos me pergunta se estou bem. Não posso negar que gosto dessa preocupação que ele sente por mim.

Depois do almoço, Danilo volta para a casa da dona Filomena para explicar o que aconteceu e continuar o serviço. Passo a tarde inteira deitada no sofá assistindo televisão, não estou com vontade de fazer nada, a lembrança daquele cheiro ainda mexe comigo.

__ Acho que você gosta do Danilo __ dispara Catarina que eu nem tinha percebido que estava no meu lado

__ O que?

__ E acho que ele também gosta de você __ diz ela

Hum, sim eu gosto do Danilo e me lembro dele dizer que também gosta de mim.

__ É, eu gosto dele __ confirmo __ e também gosto da sua mãe, do seu pai e até de você

Catarina solta uma risadinha e coloca a mão na boca

__ Não, eu estou dizendo gostar como namorado

Não entendi direito o que ela está querendo dizer. Quantas formas de gostar existem?

__ Mas o Danilo não é namorado da Larissa? __ pergunto

__ É, mas eles podem terminar __ diz ela se levantando __ aí ele podia namorar com você.

Catarina vai para o quarto e eu esqueço completamente aquela sensação de desconforto que estava sentindo e começo a me imaginar sendo namorada do Danilo. Namorado podem se casar e eu ainda me lembro do que Catarina disse “casar significa morar junto e formar uma família”. Gosto dessa ideia.


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