A música que estava ouvindo fez eu me sentir tão calmo que eu,sem querer,cochilei um pouco,então foi tudo muito rápido: Eu sonhei com algumas imagens dos meus pais brigando,não eram lembranças muito recentes,estavam embaralhadas na minha mente,porém eu sempre me lembrava de momentos antes do divórcio dos meus pais.Comecei a sonhar com a minha avó no hospital,e antes que começasse a pensar em coisas piores que podiam acontecer a ela,fui me acordando um pouco confuso,sem saber se era dia ou noite.

─EI!!!ACORDA! ─ alguém me chamava com a voz aflita enquanto tentava abrir a porta desesperadamente.

─O que foi?! ─ gritei me levantando e correndo até a porta.Destranquei-a e perguntei assustado ─ O que aconteceu?

Era a Helennie,eu nunca tinha visto ela tão apreensiva,a sua expressão já demonstrava que era algo com a vovó e ela não sabia o que fazer.

─A vovó... – ela só conseguiu dizer isso e saiu correndo descendo os degraus até a cozinha.Senti meu coração apertar,não saberia o que fazer caso acontecesse algo pior.Eu tentava tirar isso da cabeça mas tudo voltou à tona nesse momento.

Cheguei na sala e a vi desacordada no sofá.Me aproximei dela rapidamente,tentei dar uma de médico e sentir seu pulso,que se não estava muito lento,estava parado.Quase entrei em choque.

─O que a gente vai fazer?! – perguntou Helennie agitada.

─Toma,liga pro Hospital Tom Grimmy– respondi jogando meu celular pra ela.E claro que caiu no chão.Mas eu sabia que depois de tantas quedas ele não teria quebrado naquela.

─Enquanto você liga eu vou procurar ajuda,porque a gente sabe que a ambulância vai demorar. – eu sugeri,e ela concordou apanhando meu celular.

Eu saí do chalé e fui correndo até a casa onde estavam o Otávio e a Jasmine.Não,eu não tinha pensado em ir até lá antes de passar pela frente da casa.Meu plano realmente parecia ser o de correr sem destino como se fosse ajudar com isso.Mas eu só tinha 12 anos.

Bati na porta da casa recentemente construída,na verdade tinha uma aparência muito diferente do chalé da vovó,as paredes encobertas por cerâmica,nenhum mofo sequer.Vi o rosto da Sofie que tentava se esticar para ver quem estava à porta pela pequena janela.

─Sofie,vai chamar a mamãe! – ordenei-a.

Ela volta com um homem alto e forte.Fiquei espantado.Mas não era hora de fazer perguntas.Mesmo assim eu o fiz.

─Quem é você?! – questionei ao ele abrir a porta.

─O que você quer,garoto?! – ele retrucou ignorando minha pergunta.

─Minha avó está passando mal,me ajude a levá-la ao hospital...por favor! – eu não fazia ideia se podia confiar nele,mas foi a única “ajuda” que eu havia encontrado.

Ele coçou sua barba mal feita voltando o olhar para cima como se pensasse se valeria a pena ignorar seus problemas para ajudar um até então desconhecido.

─Certo!Vamos! – me veio uma leve alegria,mas logo o guiei até a casa da vovó.A Sofie foi conosco com a mão segurada firmemente pela mão do homem.

Ao chegarmos,Helennie se aproximou rapidamente de mim: ─Q-quem é?! – indagou a mim.

─Não faço ideia,mas vai nos ajudar...

─Vamos agora ou querem que o pior aconteça?! – o homem me interrompeu de repente.Helennie e eu respondemos positivamente e nos dirigimos à saída do chalé.