Além do seu Olhar escrita por Miimi Hye da Lua, Incrível


Capítulo 23
Capítulo 23


Notas iniciais do capítulo

Heeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeey! Como estão, seres terrestres? Tudo bom? Eu não sei se vocês já perceberam, mas nas notas iniciais eu gosto de falar da minha vidinha sem graça. ENTÃO, Minha colega faz isso pelo snap, e eu tenho dó dela porque ela não é famosa, então acho que ninguém vê hahahaha. Essa mesma colega me mandou indiretas por lá, e eu, sendo uma pessoa madura de 7 anos, revidei essas indiretas também pelo Snapchat. Enfim... A Incrível disse que eu gosto de falar 'Enfim' e enfim, eu gosto mesmo. FALANDO EM INCRÍVEL, dia 21 de setembro completamos 1 ANO DE AMIZADE E EU ESTOU MUITO FELIZ. INCRÍVEL, SAIBA QUE EU TE AMO, OBRIGADA POR AGUENTAR MINHAS CRISES, VOCÊ É UMA PESSOA MARAVILHOSA, BEIJÃO PRA VOCÊ.
Agora é sério, vou deixar vocês lerem.



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É algo incrível e inexplicável como todas as vezes que olho para León, parece que mais lindo ele fica. Ainda mais quando eu invado o quarto dele pela manhã e o encontro com uma camisa social roxa para fora da calça jeans preta.

— Aonde vai? — perguntei, quando entrei no meu quarto, seguida por ele.

— Tenho uma reunião com o dono de uma gravadora.

— Desde quando tem reuniões com donos de gravadoras?

— Desde que eu decidi vender minha primeira música — respondeu divertido, porém, sem graça.

— Vai vender sua primeira música? — ele assentiu. — Por quê?

— Não sei por quanto tempo vamos ficar fugindo, então vou vendê-la. Precisamos de dinheiro, e apesar de ter uma boa quantia guardada, é sempre bom nos prevenirmos.

Hum... Tudo bem, então — dei de ombros.

Ele apenas concordou com a cabeça e dirigiu-se a porta. Nem um sorriso ou uma palavra disse, o que fez meu coração pesar.

— O celular está aí, se quiser ligar pra alguém — e então saiu do quarto.

Joguei-me na cama, triste e cansada dessa estranha situação. Minha cabeça estava explodindo. Mesmo não querendo, deixei algumas lágrimas rolarem por meu rosto, aumentando minha dor.

Depois de uns dez minutos naquele momento depressivo, repassando nosso beijo pela vigésima vez, fitei o celular e meu coração se alegrou, mesmo que pouco: eu poderia ligar para Fran, ela certamente me daria um ótimo conselho. Dei um pulo da cama e peguei o celular. Desbloqueei-o, entrei no histórico, onde o nome de Diego aparecia em segundo lugar. Cinco toques depois, ouvi sua voz.

— Alô?

— Oi, Diego. É a Vilu.

— Oi Vilu, como está?

— Assustada, e você?

— Acho que estou bem. Então, por que estou ouvindo sua voz, ao invés da voz do León? — perguntou, rindo fracamente pelo nariz.

— É que... León saiu e deixou o celular, e... Seria possível eu falar com a Fran neste momento?

— Neste exato momento? — repassou. — Bem, não estamos juntos agora, mas eu posso ir até ela, pode ser?

— Ah, claro, tudo bem.

— Daqui a pouco te ligo, então, até mais, Violetta — encerrou a chamada.

Pousei o celular sobre meu colo, e voltei a fitar a interessante parede rosa antigo do meu quarto. Não era exatamente interessante, mas ela era a minha companheira dos últimos dois dias. Desbloqueei novamente o celular e entrei na galeria de fotos, por tamanha curiosidade. Uma grande surpresa; encontrei várias fotos minhas — que nunca tive ciência —, tiradas pelo próprio León. Algumas delas eram no Studio, outras com o pessoal, algumas eram de longe, mas com um foco exclusivo em meu rosto.

Assustei-me quando o celular começou a vibrar em minha mão. No visor, o nome de Diego estava em letras grandes, e embaixo a frase 'número privado'. Aceitei a chamada e levei o aparelho ao ouvido.

— Alô? — disse eu.

— Vilu? Eu não acredito que estou finalmente falando com você — proferiu uma voz de mulher, muito animada por sinal.

— Nem eu, Fran — concordei. — Puxa! Tudo aconteceu simplesmente tão rápido. Estávamos no Studio e bum, estou aqui, fugindo e em Nova York.

— Sim, é verdade — afirmou, rindo levemente. — Então, está tudo bem com você?

— Está, tirando o fato de que eu estou sendo caçada, corro o risco de morrer a qualquer momento, ou de ser encontrada e torturada até a morte — respondi. — É, fora isso acho que estou bem.

— Sempre sarcástica e irônica com a vida, não é, Vilu?

— Sempre. Tirar onda com as minhas desgraças é meu talento secreto. E acreditar facilmente no que as pessoas dizem também — completei, diminuindo a voz, virando nada mais que um sussurro.

— Diz isso pelo León?

— Sim e não. Digo isso por todos.

— Principalmente pelo León.

— É, principalmente por ele — concordei, revirando os olhos. — Eu caí que nem boba no jogo do Vargas. Me iludi e apaixonei, pensando que talvez ele fosse o príncipe perfeito da minha vida. Sinto-me tão tola.

— Não sei por que está dizendo isso, Vilu. Alguns dias atrás você estava morrendo de amores por ele. Não é possível que todo aquele amor tenha se esvaído por causa disso, e de algumas outras coisas.

— O amor que eu sinto por ele não diminuiu, amiga. Apenas a decepção que tomou o lugar.

— Por que está decepcionada com León? O que ele te fez de tão mal, oras?

— Ele mentiu pra mim todo esse tempo. León apenas se aproximou para cumprir esse acordo inútil que fez com o pai dele para tirar minha vida. Isso o que ele fez, Fran. E pensar naqueles olhares que trocamos, cada frase fofa que ele já declarou a mim, e tudo não passou de mentiras. — vociferei melancolicamente.

— Violetta, você está ficando maluca? Ele te ama mais do que tudo. León deixou tudo o que tinha por você. Sabe o risco que ELE corre agora? E por você — falou uma voz de homem, irritada, que reconheci ser de Diego.

— Ah, obrigada por deixar no viva-voz, Francesca. Quem mais está aí? Tomás? Camila? Maxi?

— Desculpa, amiga, mas Diego implorou para ouvir.

— Pode ficar tranquila, León não saberá uma palavra desta conversa. A não ser que você mesma conte.

— Ah, fazer o que, né? — murmurei irrita.

— Violetta, não quero tentar mudar seus sentimentos, emoções, sua opinião nem nada disso, também não estou defendendo León, mas ele não tinha uma opção.

— Diego, foi como eu disse pra ele: sempre tem uma segunda opção.

— Sabe qual era a segunda opção dele, Vilu? — perguntou Diego.

— Não aceitar o acordo do pai dele?

— É, mas sabe o que aconteceria contigo? Pelo ódio insano de Carlos, ele não mandaria León te executar, e sim um idiota que tem dívidas impagáveis com a máfia.

— Eu ainda não consigo entender por que está brava com o León — Fran reclamou.

— Droga, Fran! Não estou brava com ele, apenas chateada. León poderia ter me contado antes.

— Ah, claro — debochou. — Pra você agir desse mesmo jeito? Ignorando ele? Entenda que León estava focado naquele acordo, e pelo que sabemos não é esse o trabalho dele: fugir e te proteger.

— Vilu, tem ideia do quanto Carlos está nervoso, atrás dele? — disse Diego. — Sabe, alguns dias antes dessa proposta surgir, León me disse que queria ser livre; livre do pai, da máfia e viver uma vida de verdade, se apaixonar por uma garota, casar. Mas então, ele teve de aceitar esse acordo, e acabou se apaixonando por você.

— Diego...

— Calma, não terminei, Violetta. Sabe como ele — começou, mas parando devido uma fraca risada —, esses dias, quando estávamos voltando da faculdade, ele negou estar apaixonado por você, daí eu decidi fazer uma brincadeira: falei que Carlos havia me pedido para terminar o 'trabalho' no lugar dele, e acredite ou não, León quase me bateu e acabou confessando estar apaixonado no calor do momento. — Diego respirou fundo. — Vilu, sei que você o ama, não tem sentido ficar assim. Tudo bem, pode ficar chateada com ele, mas, acho que você deveria esquecer isso e, como você mesmo diz, aproveitar e trocar saliva com meu amigo.

— Diego, seu mané — falei, em meio a um estranho ataque de risos.

— É sério, oras — alegou. — Eu infelizmente tenho que ir, os meninos e eu vamos resolver algumas coisas da banda. Com a saída de última hora do León e tudo mais, acabamos cancelando alguns shows.

— É uma pena, sinto muito por isso — disse eu. — Tchau, Diego. E se eu descobrir que você contou alguma coisa a León, eu mando Francesca bater em você.

— Relaxa, Vilu — começou Fran. — Ele não vai dizer nada. Não é, amor? — perguntou com uma voz melosa, que me fez revirar os olhos.

— Não vou dizer nada. Agora realmente preciso ir. Fran, depois venho buscar meu celular, e Vilu, pense bem, okay?

— Tchau, Di — ouvi um barulho de selinho e murmurei em protesto.

— Então, Fran, mudando de assunto, como as coisas estão aí?

— Bem, estão muito estranhas e diferentes sem você e o León. Puxa! Você quem trazia alegria para o Studio — exprimiu. — E aí?

— Além de não estar conversando com ninguém, e só as vezes com León, também está tudo estranho. Sinto falta do meu pai, da Angie, sua, mesmo que só esteja dois dias longe. Como está Cami e o pessoal?

— Preocupados. Eles não sabem de nada, nada mesmo. Só sabem que você e León sumiram. A polícia local, graças a denúncia de Pablo, constatou que os dois, aliás, os três estão sumidos. Seu pai também fugiu, não é?

— Sim. Eu falei com ele ontem. Ele me pediu para confiar em León.

— Ele pediu para você confiar em um garoto?

— É — ri. Digamos que a relação entre garotos e meu pai não é a melhor.

— Ah, e Marotti está louco atrás de seu paradeiro.

— Droga! Eu havia me esquecido disso.

— Não é querendo te preocupar, amiga, mas você tem grande chance de perder seu contrato com o You Mix. — Isso foi como um belo soco na minha cara. Tinha me esforçado tanto para ganhar um contrato e quando ganho, perco em menos de um mês.

— Imaginei — uma lágrima solitária escapou do meu olho e caiu em minha coxa. — Hey! Sabe quem eu conheci? — falei normal, mudando de assunto.

— Quem?

— Uma dica: é muito famoso.

— Existem tantos famosos neste mundo, Violetta. Para de enrolação e me conta logo.

— Chata! — falei, brincando. — Eu conheci o Federico.

— Aquele cantor famoso super gato?

— Esse mesmo.

— Como? Aí em Nova York?

— Não. Eu fui na casa dele, que a propósito é enorme e linda — revelei. — Acredita que ele é amigo do León?

— Sério? E ele é legal ou é daqueles famosos chatos enjoados? — perguntou empolgada.

— Ele é muito legal.

Uau! E León que te levou lá?

— É... — respondi o óbvio. — Depois que saímos de Buenos Aires, fomos até a casa do Federico. Daí passamos um tempinho lá, descansamos e fomos para o aeroporto.

Ficamos alguns segundos em silêncio e então, eu resolvi fazer a pergunta que vem realmente tirando a minha cabeça do lugar.

— Fran — chamei-a —, Acha que eu deveria perdoá-lo?

Han... assim, Vilu, na minha opinião, você deveria dar uma segunda chance para ele poder conquistar seu perdão.

— E você acha que eu estou fazendo tempestade em um copo d'água, agindo assim?

— Talvez, mas eu entendo o quão magoada você ficou. Realmente não é fácil. Do nada descobrir que o garoto que eu amo, na verdade, queria me matar.

— Me sinto triste, Fran, e presa.

— Por que não sai um pouco?

— Porque León não está aqui e eu não sei andar por Nova York.

— Peça informações e volte antes do León voltar.

— Não sei. León me pediu para ficar aqui.

— Que mal há em sair um pouco? Vá tomar ar, e eu vou desligar na sua cara, amiga — anunciou. — Tchau. Beijinhos de luz!

— Filha da mãe — xinguei Francesca, pois a mesma realmente desligou na minha cara.

Deixei o celular em cima da cama, coloquei uma outra blusa e arrumei rapidamente meu cabelo. Peguei a chave e abri a porta. Uma leve brisa passou por mim. Entrei no elevador e desci até o Hall. Meu coração estava acelerado.

Fiquei no centro do térreo, que nem uma tonta, sem saber o que fazer, se eu realmente me aventuraria por Nova York ou obedecesse León, e ficasse trancada no quarto. Percebi que a recepcionista do hotel me olhava confusa e de um jeito estranho.

Não é pra menos, eu saio do elevador e fico parada no meio do saguão. Suspeito.

— Oi — cumprimentou alguém, me dando um susto.

Olhei para trás e encontrei um cara alto, olhos castanhos e cabelos louros que, sinceramente, estava na hora de cortar. Ele sorria gentilmente, então respondi:

— Olá — em inglês.

Em seguida, ele reproduziu uma série de palavras em inglês que eu acho que significavam: 'você está perdida?'

— Eu não entendo inglês muito bem — expliquei. — Desculpe.

— Espanhol? Você fala?

— Sim — concordei, mais animada do que deveria.

— Bom, eu falo, mas não muito — sorriu. — Está perdida?

— Não exatamente, mas acho que sim. — falei, deixando-o confuso. — Desculpa, eu queira passear, mas não sei onde fica praticamente nada.

— Talvez eu possa lhe ajudar. A propósito, sou Adam. — estendeu-me sua mão.

— Sou — tentava recordar o nome que León colocou em meu passaporte falso — Emma! — quase gritei.

— É um lindo nome, Emma — piscou pra mim. — Eu estou indo para uma loja de instrumentos aqui perto. Gostaria de me acompanhar?

Pensei bem, por quatro segundos e meio, então concordei.

A loja era enorme e ficava a duas quadras do hotel. Adam é um rapaz comum, com o sonho de viajar por todo o mundo, ele é americano e tem 23 anos, além disso, é músico, guitarrista, na verdade. Mesmo não querendo mentir, era necessário, León me pediu para não confiar em ninguém.

Adam precisava trocar as cordas da sua guitarra, então eu acabei ficando sozinha. Fui para uma sessão de discos de vinil. Não estavam vendendo, todos eram de um colecionador.

A janela estava logo à frente. Notei um carro preto que passou em alta velocidade. O motorista estava doidão, quase bateu o carro em frente o semáforo.

Deve ser um louco, fã de Velozes e Furiosos, pensei rindo.

Peguei um disco do Michael Jackson, onde tinha a história do álbum, história de três músicas e me distraí lendo.

— Vamos, Emma? — perguntou Adam, me assustando novamente.

— Sempre vai me assustar desse jeito? — brinquei.

— Não sei — riu. — Ah, você quer levar alguma coisa? Sobrou um dinheiro aqui.

— Não, não precisa. Mas obrigada.

— Certeza? Você me pareceu gostar desses discos.

— Não estão a venda e eu estava apenas lendo algumas curiosidades.

— Tudo bem.

Quando estávamos saindo da loja, avistei novamente o carro preto e revirei meus olhos. Então o inesperado aconteceu: o carro parou a uns 2 metros de onde eu estava e um León, de cabelos bagunçados e uma feição preocupada, saltou de fora do mesmo.

— Violetta! — ele gritou. Gelei na hora. Adam me olhou confuso.

— Aspen? — falei, na intenção de lembrar León da nossa farsa.

— Violetta? — indagou Adam, me olhando.

— O que deu na sua cabeça pra sair do seu quarto? — gritou León, em um tom raivoso, assustando todos que estavam em volta.

— Quem é ele, Emma? — perguntou-me Adam.

— Ele é meu... — comecei. Afinal, o que León é meu? Bem, nos beijamos, estamos apaixonado um pelo outro, mas não assinamos nenhum compromisso. — Verdade... o que você é meu, Aspen?

— Seu noivo — respondeu, já próximo de nós.

— Você é noiva? — Assenti, apesar de estar tão confusa quanto Adam. — Por que não usa aliança?

— Ela perdeu ontem — mentiu. — Agora vamos, Emma — corrigiu. León pegou minha mão e saiu me puxando, não era de um jeito delicado, porém não era bruto.

— Desculpa, Adam — consegui dizer.

Muitas pessoas nos olhavam assustados, principalmente para León e cochichavam sobre a cena que acabaram de presenciar.

— Qual o seu problema, León? — vociferei, quando entramos no carro.

Ele simplesmente me ignorou.

— León? Dá pra me responder?

— No hotel conversamos.

— Eu quero conversar agora.

— Conversa, oras — falou irônico. — Não estou te impedindo de fazer nada. Mas acho que você pensa isso, não é?

— Eu não penso em nada.

— Então por que não me pediu para sair? Acha que eu recusaria um pedido seu? Ao contrário. Eu iria contigo, okay? Te levaria aos lugares mais incríveis daqui.

Não queria, mas mesmo assim me silenciei. Ele sempre dizia os argumentos necessários para me calar.

— Como conseguiu esse carro? — perguntei, quando eu me lembrei que estávamos sem carro.

— Eu tive que roubar.

— Roubou um carro?

— Sim. Como eu ia te procurar? A pé eu levaria um século.

Por sorte, chegamos rapidamente no hotel. Havia um cara que estava na frente do edifício. Ele andava de um lado para o outro e parecia estar prestes a matar alguém.

— Cara, muito obrigado — agradeceu León, quando descemos do carro.

O homem de terno e que deveria ter uns 40 anos, deu um forte soco em León, que acabou atingindo seu rosto. León apenas se dirigiu a entrada do hotel, massageando o local, como se nada tivesse acontecido.

Entramos no elevador do prédio, e o único som do ambiente era a música instrumental, clássica de elevadores. Quando chegamos ao nosso andar, León fez um sinal para eu andar. Obedeci-o. Ele veio logo atrás de mim. Abri a porta do meu quarto, cuja não havia trancado. Entramos, na companhia daquele maldito silêncio.

— Você está bem? — perguntei preocupada.

— Você está aqui, não é? Então agora eu estou bem — respondeu seco.

— Digo pelo soco, León.

— Aquilo não foi nada, comparado a perder você — ele respirou fundo e passou a mão pelos cabelos. — Por que saiu assim? Sem mais nem menos?

— Porque eu estava me sentindo presa, sufocada por essas quatro paredes que você me colocou — acusei-o. Uma necessidade de ferir León me submeteu, e o estranho é que ela era incontrolável.

— Desculpa se está se sentindo assim, mas é para o seu bem.

— Desde quando sabe o que é bom e o que não é pra mim? — retruquei.

— Eu não sei, eu só estou fazendo isso pra te manter viva.

— E se eu não quiser isso? — indaguei arqueando as sobrancelhas. — Eu só queria ter uma vida normal, realizar meus sonhos, compor minhas músicas. Mas então você chegou, invadiu minha vida e mudou tudo. Olha onde eu vim parar agora: sou uma fugitiva da máfia. Por culpa sua.

— Não foi minha culpa — falou, elevando sua voz, ele se aproximou de mim. Seu olhar estava escuro, parecia um louco, alguém bem diferente do León que conheço. — Acha mesmo que eu desejei essa vida pra mim ou pra você? Eu queria tanto quanto você uma vida normal, mas não é assim que funciona. O que eu menos quero nesse mundo é ter que tirar a vida de alguém.

León recuou e sentou na cama. Eu me aproximei da porta, com medo, caso León surtasse e partisse pra cima de mim. Pelo menos, teria alguma chance. Isso tudo na minha cabeça.

— Calma, não vou te machucar, relaxa — leu meus pensamentos.

— Eu não estava pensando nisso — menti, o fitando.

— Eu sei que estava, Violetta — alegou. Ele se levantou e caminhou na minha direção. Automaticamente eu recuei, confirmando sua suspeita. — Viu? — falou, triste.

— Tá, eu pensei nisso. Mas é porque eu não conheço você fora de si, do que você é capaz de fazer.

— Eu posso ser tudo, mas não sou capaz de encostar um dedo em uma garota, principalmente se for a garota que eu amo — senti que as últimas palavras foram diretamente para mim, então abaixei minha cabeça, envergonhada.

— León...

— Espera, só quero que me responda de novo, mas dessa vez, seja sincera: por que saiu? Poderia ter levado o celular ou ter deixado um bilhete. Eu pensei que meu pai tivesse te encontrado, Violetta. Sabe o quão preocupado eu me senti? — falou, derramando algumas lágrimas.

Senti-me um lixo naquele momento. Eu havia feito León Vargas chorar. Por que disse aquelas coisas sem coração a ele?

Me aproximei calmamente chegando próximo ao seu corpo, passei meus braços por sua cintura e o abracei.

— Me desculpa — sussurrei. — Eu não quis dizer isso. — Ele passou seus braços por mim, retribuindo o abraço.

— Tudo bem. Eu sei o quão assustada você está, eu não queria que nada fosse assim. Queria te dar uma vida de verdade, uma vida tranquila. Mas não posso.

Ficamos mais alguns segundos assim, e tudo naquele momento se tornou diferente. Minha decepção com aquele garoto parecia não ter sentido, assim como minha raiva. León estava disposto a tudo por mim, por que eu não estaria disposta a simplesmente perdoar ele?

— Vilu, eu não aguento mais isso — disse ele olhando em meus olhos, quando nos separamos. — Eu não consigo mais fingir que está tudo bem quando você me ignora. Eu sei que eu eu errei, e errei feio. Mas eu sou humano. Quero consertar meus erros e quero estar perto de você. Por favor, eu te peço que me dê uma segunda chance. Me dê uma segunda chance e eu serei um León diferente do que você conheceu nesses últimos três meses. Por favor.

— León — comecei novamente.

— Calma — pediu, rindo pelo nariz. — Eu sei que você está chateada comigo, mas olha — colocou sua mão em minha bochecha, fazendo um leve carinho —, pode não parecer mas eu estou aqui. Estou aqui para dividir o peso do mundo com você, tá legal? Estou aqui para enxugar suas lágrimas, estou aqui para te fazer sorrir nos momentos mais difíceis. Sabe por que? Porque eu amo você. E nada será capaz de mudar isso, Vilu.

— Por que você tem que ser tão fofo? Droga, eu estava triste com você — brinquei.

Passei meus braços pelo seu pescoço, e como da primeira vez, eu o beijei. Alguns sorrisos bobos escapavam de seus lábios, tornando o beijo um misto de emoções. Sua mão passava por minhas costas, enquanto a outra brincava gentilmente com meu cabelo. Era estranho o quanto meu coração batia sempre que estávamos juntos.

Não sabia quem controlava o beijo, a única coisa que me importava era ele, e somente ele. Como eu consegui sobreviver sem o garoto de olhos verdes e suas doces palavras? Como eu pude dizer aquilo para o cara que deixou tudo por mim?

— Eu que... te devo desculpas — falei extasiada, quando ele separou um pouco nossos lábios.

— Não, você não tem culpa de nada. Só vamos tentar esquecer isso — olhou em meus olhos.

León segurou meu rosto fazendo um diminuto carinho, então me puxou para mais um beijo doce e calmo que só ele era capaz. Agarrei sua camiseta, trazendo-o mais perto de mim.

Um maldito barulho irritante, vindo da porta, nos fez separarmos ofegantes.

— Serviço de quarto — gritou do lado de fora.

— Pediu alguma coisa? — indagou León, confuso. Neguei com a cabeça, recuperando o fôlego. — Deve ser cortesia do hotel — deu de ombros.

Ele caminhou até a porta, abrindo-a. Depois de alguns segundos em que León olhava profundamente o garçom, de cima a baixo, o cara praticamente voou em León, tentando dar-lhe um soco. Por uns dois centímetros, ele não acertou. León recuou três passos, bloqueando um segundo golpe do cara, que para ser sincera, o acertaria em cheio. Nisso, Vargas chutou o joelho do cara, desequilibrando-o e socou seu estômago, que urrou de dor. Aproveitando essa vantagem, León bateu com força em suas têmporas, deixando desorientado. Ele rodeou o moço e o golpeou na nuca, apagando-o de vez.

Olhei espantada para ele. León sabia lutar? O que mais ele sabia fazer que eu simplesmente desconhecia?

— Ele era da máfia — disse olhando para o cara.

— Como você... É...

— Eu sei lutar desde pequeno. Meu pai me colocou em uma academia de luta quando tinha cinco anos e eu só saí ano passado — revelou. — Desculpa te ocultar isso. Mas é uma coisa que eu não me orgulho.

— Acho que você acabou de salvar minha vida, de novo, então... Talvez deveria se orgulhar.

— Você está bem? — perguntou, vindo até mim, passando delicadamente a mão por meu rosto.

O irônico era León que lutava e ele quem ficava preocupado comigo.

— Eu estou. O cara nem se quer olhou pra mim — brinquei, mas ele não pareceu achar graça.

— Droga! Eu não sei como ele nos encontrou. Temos que sair o mais rápido possível daqui. Acho que Nova York não foi uma boa ideia. — suspirou. — Arruma suas coisas, partimos daqui a pouco.

+++

León amarrou os braços e pernas do cara, além de tapar a boca com um pano. Ele arrastou o cara para o banheiro do seu quarto e o trancou lá.
Em dez minutos, estávamos com nossas coisas acertando a conta do hotel. A moça falou algumas coisas que apenas entendi 'hotel'. Eu só concordava com o que ela dizia.

— Então, o que faremos agora? — perguntei, porque, assim, éramos dois malucos com malas no meio de Nova York.

— Bem, não temos carro nem um lugar onde ficar, também temos um grande risco dos mafiosos e do meu pai nos encontrar. Eu sugiro que vamos para uma rodoviária e consequente, para outra cidade. Que tal?

— É, parece um bom plano.

Entramos em um táxi. León deu as ordens e em menos de sete minutos, vadiávamos pelos pátios da rodoviária. Fomos até os balcões, onde León comprou duas passagens para um destino que acabei não entendendo o nome.

— Harrisburg — li nosso futuro destino que estava impresso nos bilhetes.

— Exatamente.

— Lá é tipo uma Burgueria do Harry? — brinquei.

— Não no inglês. — alegou, rindo também.

— Por que escolheu essa cidade?

"Passageiros com destino a Harrisburg, por favor, apresentar-se ao portão de embarque"

— Eu entendi o que ela disse. — disse eu, muito feliz.

— Parabéns — León sorriu, encantadoramente. — E respondendo sua pergunta — estendeu a mão, me ajudando a levantar — era o único lugar cujo ônibus saia em menos de quinze minutos.

Entramos no ônibus, onde o ambiente estava mais que gelado. Sentamos nos nossos devidos assentos. León me deixou sentar na janela.

— Trouxe sua manta — falou León. — Aqui está frio, não é? — concordei com a cabeça.

— São quantas horas de viagem?

— Mais ou menos, cinco horas. Então, se quiser dormir...

— Estou sem sono.

— Eu também.

— Tem algo mais que eu deveria saber, León?

— Sim — confirmou. — Sabe a música Queen Of the Dance Floor? — perguntou, eu assenti. — Bem, ela foi totalmente inspirada em você.

Deixei escapar um pequeno sorriso bobo.

— Quer dizer que eu sou a rainha da sua pista de dança?

— É — riu timidamente.

— Hey! Como soube que aquele cara era da máfia?

— Bom, qualquer pessoa que trabalha pra máfia, independente da posição que ocupa, deve usar a insígnia de uma serpente, na América do Sul; um corvo, na América do Norte e América Central. Eles variam entre broches, colares, tatuagens, pulseiras. É assim que reconhecemos o outro.

— O que aquele cara usava?

— Era uma serpente, o que quer dizer que meu pai sabe que estamos nos Estados Unidos — falou. — E esta mandando seus homens pra cá.

Ficamos os dois observando Nova York se dissolvendo, em um panorama borrado. Senti o braço de León passando por minha cintura. Meu coração automaticamente acelerou, como sempre acontecia quando sentia suave seu toque.

— Sabe, lembro-me todos os dias daquele nosso momento no parque, quando estávamos na roda gigante — comecei, atraindo sua atenção. — Engraçado que mesmo depois de tanto tempo, todas as vezes que trago a memória, ele me proporciona borboletas no estômago.

— Acredita que comigo acontece o mesmo? Mas, digamos que minhas mãos começam a tremer quando você canta, ou quando abre o mais lindo sorriso — piscou sorrindo, que também me fez sorrir. — Igual esse. Sabe, prefiro você assim, sorrindo. Mas só quero que sorria assim para mim — completou, me dando um selinho, que ele acabou aprofundado um pouco mais.

Deitei minha cabeça em seu ombro e ele abriu a manta, me cobrindo.

— Vamos continuar sendo o casal de noivos que você inventou de última hora?

Aspen e Emma? Talvez. Você quer?

— Seria interessante, até porque não exercemos muito bem o papel — disse eu, e senti León concordando com a cabeça, rindo fracamente. — Aspen — chamei-o. — Estou com medo.

— Não precisa ter medo, porque eu estou aqui, sempre estarei. — León me deu um beijo no topo da cabeça, e apesar de não estar com sono, acabei dormindo.


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Notas finais do capítulo

Ontem foi o niver da minha irmã de 6 anos hehehuehueuhehueu. E também, ontem, eu fiz uma prova que eu tenho 89,97% de certeza de que fui muito mal. Bem, estou indo. Não faço ideia se vocês leem as notas iniciais ou finais, mas é isso. AHH, ESPERA. Jortini Fanática, me explica POR FAVOOOOOOR, por que Leonetta é o casal 360? Eu sou meio bugada com a vida, então... huehueue
AH, E OBRIGADA NOVAS MOÇAS QUE FAVORITARAM A FIC (Vulgo Re Tinista, Lydia, acho que tem mais, porém só apareceu estas ;---;) Bem, ADORO E AMO VOCÊS, TODOS VOCÊS.
#Miimi