Kate acordou sozinha na cama, se sentou devagar e fitou o quarto, vazio. Suspirou e se levantou devagar, vestiu o roupão e saiu do cômodo.

–Kate, o senhor Castle disse que você não podia andar. –Sarah, a moça que cuidava da casa dos Hamptons a anos disse.

–Eu posso andar Sarah, o Rick é que é exagerado. Sabe onde ele foi?

–Não disse, pediu que eu ficasse de olho em você. E disse que daqui a pouco estava de volta.

–Tudo bem, esse homem vai me enlouquecer. –Riu e se sentou em uma das cadeiras dali.

–A senhora quer comer alguma coisa?

–Não. Sarah, você pode me tirar uma dúvida?

–Claro. –Sorriu.

–Hum, você já sentiu enjôos assim que acordou? Eu tenho sentido desde o último mês. Mas bem, eu achei que fosse pela minha má alimentação.

–Na minha época isso tinha outro nome. –A moça falou rindo.

–Outro nome? Você acha que eu posso ter desenvolvido alergia a algum alimento?

–Querida, eu tive esses enjôos duas vezes durante toda a minha vida.

–Quando?

–Primeiro quando eu engravidei do Hugo. E depois quando eu engravidei do Pedro. –Fitou a mulher por alguns segundos.

Kate riu e logo depois ficou séria, será? Ela tomava remédio, sempre tomou, tudo bem que ela e Castle não eram de usar proteção, e era justamente por isso que ela tomava remédio.

–Bom dia meu amor. –Rick abraçou a mulher pelas costas. –O que as moças tanto cochicham?

–A mocinha veio me perguntar se...

–Nada, coisa de mulher amor. –Fitou Sarah.

–Tem certeza? –Rick fitou as duas desconfiado.

–Sim, coisa de mulher. Nada com o que você deva se preocupar. –Sorriu e entrelaçou seus dedos nos de Rick.

–Tudo bem, quer saber onde eu fui?

–Você quer me contar né? –Riu.

–Sim, eu fui falar com aquele meu amigo, e ele me emprestou o barco dele. Para... nós passarmos uma noite.

–Jura? Ai amor, que bom. Eu nunca passei uma noite em um barco.

–Ele disse que podemos ir assim que ele terminar de arrumar o barco. Ele vai dar uma organizada e vai ligar.

Kate sorriu e deitou sua cabeça no ombro de Castle.

–Você já tomou o seu remédio?

–Ainda não, mas eu não comi ainda. E você sabe que esses remédios fazem mal ao estômago.

–Sarah, pode preparar panquecas para ela, e uma vitamina bem reforçada. –Fitou a mulher que assentiu de imediato.

–Castle eu estou enjoada.

–Kate, o doutor disse que você estava com os níveis de vitaminas baixíssimos. E que já podia ser considerada desidratada. Minha mãe disse que você não se alimentava direito há semanas. Vai comer sim, está enjoada porque agora está voltando a sua rotina normal.

–Tudo bem, mas se eu passar mal vai estragar o nosso passeio. –Cruzou os braços.

–Você não vai passar mal, Sarah, fica de olho nela pra mim, e faz ela comer tudo. Vou arrumar uma bolsa para nós levarmos.

Kate suspirou e fitou Sarah.

–Você sempre obedece ele né?

–Sempre, ele é meu patrão desde muito tempo. Então, pode comer tudinho. Está muito magrinha.

Ela riu e assentiu, começando a comer.

–Nossas coisas estão prontas. E o seu remédio está aqui.

–Nossa, rápido assim?

–Sabe que não trouxemos muita coisa, e nem vamos levar. Até porque nem tem cabimento colocarmos um monte de roupa se nem vamos sair do barco.

–Nem um pouquinho assim? –Juntou o polegar e o indicador.

–Não, toma logo o remédio e termina de comer. Eu vou colocar isso no carro e volto para a gente tomar um banho.

–Tudo bem. –Sorriu e recebeu um beijo na testa.

–Tem certeza que só se sentiu assim quando esteve grávida Sarah?

–Sim, enjôos matinais, tontura, muito sono, vontade muito grande de chorar por tudo, e ciclo atrasado. Esse é o grande sinal.

Kate passou os segundos em que a mulher descrevia seus sintomas fitando o nada, ela tinha enjôos matinais, tonturas, muito sono, e uma vontade muito grande de chorar, e sim, ela estava atrasada, mas não era só atrasada, era muito atrasada. Um calafrio subiu pelo seu corpo e ela se levantou correndo o máximo que pode até o banheiro, e colocou o café todo pra fora.

–Sarah, cadê a Kate? –Castle entrou na cozinha.

–Ai meu pai... eu não posso me meter nas relações de vocês. –Disse e se retirou da cozinha.

–Kate... ?

–Eu estou no banheiro Castle.

Ele fitou o café da manhã quase intocado em cima da mesa e caminhou até o banheiro.

–O que houve?

–Hum... vim lavar o rosto.

–Vomitou não é? Sabe o que é isso? Seu estômago não está mais acostumado a receber essa quantidade de comida de uma vez.

–É... é isso mesmo.

–Mas você vai comer. –Suspirou e passou o braço da mulher pelo seu pescoço e a apoiou a levando de volta para a cozinha.

–Castle, meu estômago está revirando.

–Eu sei, mas você não pode ficar sem comer por isso. Então por favor, nós temos o dia inteiro para curtir, juntinhos. Come... por favor.

–Tudo bem. –Suspirou e voltou a comer de novo.

Dessa vez com mais sucesso, não sentiu o enjôo de novo, e nem a tontura, Kate não estava certa se queria ter um filho agora, não porque ela não queria ter filhos, mas pelos fatos, ela tinha acabado de passar dois meses sem Castle, ela não queria expor uma criança a um perigo, mesmo antes de nascer. Tomou seu remédio e se deixou ser carregada até o banheiro.

–Castle, eu odeio ficar vendada. –Bufou o mais alto que pôde.

–Eu sei... –Riu e estacionou o carro.

–Eu posso tirar?

–Não. –Desligou o carro e saiu em seguida, abriu o porta malas tirando a bolsa com as coisas deles e entregou ao dono do barco, deu a volta e foi até Kate.

–É você? –Tocou o rosto do homem quando o sentiu se aproximar.

–Sim, sou eu. –Riu. –Você já vai poder tirar isso. Agora segura que eu vou te carregar.

Tirou o cinto da mulher e a ergueu, fechou o carro e caminhou até o barco.

–Percebeu que eu tenho passado a maior parte da minha vida no seu colo?

–Eu não tenho o que reclamar disso, inclusive, eu gosto muito. Desde que a Alexis cresceu eu nunca mais carreguei ninguém no colo.

–Hum... e você sente falta?

–Claro, eu tenho a impressão de que ela cresceu sem que eu percebesse. Eu carreguei Alexis no colo até os dez anos, e então ela começou a crescer, e preferia que eu a acordasse ao invés de carregá-la para cama.

Ela riu e acariciou o rosto dele.

–Amor, pais são os heróis das filhas, e eu tenho certeza que Alexis adorava o seu colo. Só que ela cresceu, e depois que elas crescem, elas não querem mais o colo dos pais. E sim dos maridos ou namorados.

–Seu pai deve me odiar.

–Hum, ele não te odeia. Mas você roubou a garotinha dele. Um rancorzinho de nada ele tem. –Riu.

– A garotinha dele agora é minha, e eu me sinto muito bem por isso. O senhor Jim que me desculpe, mas eu não devolvo mais. –Riu e a colocou no chão.

–Posso tirar isso?

–Pode sua teimosa. –Riu e desamarrou a venda dos olhos da mulher.

–Castle, isso... É lindo. –Sorriu e abraçou ele.

–Gostou?

–Muito... –Sorriu fitando o barco, e a paisagem ao seu redor.

–Que bom, porque eu acho um ótimo lugar para retomarmos uma parte da nossa relação.

–Hum... você acha é? Poxa, pena que eu não trouxe as algemas. –Riu sem vergonha.

–Você está machucada Katherine Beckett, hoje, eu comando, e nós vamos ser muito, muito cuidadosos.

–Castle, eu machuquei o pé, não precisa ser cuidadoso e lento.

Ele gargalhou com vontade e a pegou no colo novamente.

–Eu não preciso, mas eu vou. Já disse que adoro quando você implora? –Sorriu e caminhou para dentro do barco.