Hell on us escrita por Sami


Capítulo 61
Guerra part IV - O final


Notas iniciais do capítulo

Bomdia gente linda!
Bom gente esse aqui é o PENULTIMO CAPITULO de Hell on Us e saibam que eu estou sentindo um grande aperto no coração por estar postando ele, eu queria prolongar isso por mais tempo, mas realmente não consegui. Como sempre eu quero agradecer a todo mundo que sempre comenta por aqui, vocês meninas são fodas pra caralho e eu amo todas!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/623918/chapter/61

This burden weighs so heavily
When our demons we must carry
Clinging to this fleeting breath
Dying for a fighting chance
We are one, we carry on

~The Phantoms

POV Ayla

[...]

Eu queria acreditar que aquilo havia mesmo acontecido, eu queria poder piscar e não ter uma visão completamente contrária da qual eu tinha naquele momento. Rick continuava segurando a arma branca que usada para derrubar Negan enquanto o louco líder continuava caído no chão com a mão pressionada onde o pai de Carl o acertara. Dwight e o outro homem que também tinha parte do seu rosto queimado olhavam para a cena com claro espanto; assim como todos que estavam ali presentes.

— Acabou! Essa guerra acaba hoje! — Rick gritou. — Nós temos um doutor que pode salvar a vida dele, rendam-se e nos permita capturá-lo e nós não iremos mais atacar nenhum de vocês! Podem apontar um novo líder e voltar para casa!

O pai de Carl olhava para os homens de Negan com atenção.

— Eu posso deixá-lo morrer! — Rick gritou chamando a atenção de todos ali, eu também o olhei, mas logo voltei a olhar para onde Negan estava caído enquanto agonizava. — Mas isso não me faria melhor que ele, me faria ser igual a ele. Essa guerra que começamos… não deveria ser com os vivos, deveria ser com os mortos! Eles são nossos verdadeiros inimigos, não os vivos!

Rick continuava falando, porém eu não conseguia prestar muita atenção em seu discurso. Estava atenta demais olhando para a figura de Negan pela primeira vez se mostrando estar completamente indefeso e vulnerável. Aquela era uma cena única e eu queria aproveitar cada segundo dela.

—… Eu sei que muitos que estão aqui o querem morto, mas o que isso faria de todos nós? — Voltei minha atenção para Rick e ele agora estava com os dois braços abertos. — Seríamos exatamente como ele, seríamos monstros! Monstros como Negan. Decidam ou ele morre!

Houve um longo momento de silêncio, tanto vindo dos Salvadores quanto do nosso grupo, acho que ninguém sabia ao certo o que dizer naquele momento; ainda mais depois de tudo o que ele acabara de dizer.

— Então o que vai ser? Vão deixar ele morrer ou…

Antes mesmo que Rick pudesse conseguir terminar a frase, Negan conseguira se levantar com rapidez e então se jogou na direção do pai de Carl o empurrando e fazendo com que os dois caíssem no chão. Mesmo com a perna machucada e com um ferimento grave no pescoço, Negan pareceu conseguir reunir forças para derrubar Rick usando o próprio corpo. Assim que essa confusão começou, o loiro que Dwight mantinha imobilizado também aproveitou o momento de distração e também passou a atacar, ele empurrou o corpo para o lado fazendo com que Dwight caísse também no chão.

— Me… Me matar? — Negan estava com dificuldade em conseguir falar. — Eu… Matar… Você!

Negan conseguira se colocar de pé novamente e então passou a usar a perna que estava boa para acertar Rick, o pai de Carl recebeu vários chutes tanto no rosto quanto no restante do corpo, um seguido do outro. De repente tudo começou a se tornar numa grande confusão, Daryl foi o primeiro a atacar o restante dos Salvadores e então tudo passou a seguir o mesmo caminho que antes.

Maggie foi a primeira a gritar e então um tiroteio exatamente como o que acontecera em Alexandria dera inicio em questão de poucos segundos, ela gritou outra vez para que eu e Carl saíssemos do meio de toda aquela confusão, Carl falou alguma coisa da qual eu não consegui entender muito bem e quando percebi já estava no chão com ele ao meu lado tentando me puxar para que saíssemos de toda aquela confusão. Um rapaz ruivo com o cabelo espichado para cima veio na nossa direção nos ajudando e então disse para entrarmos, Carl imediatamente respondeu que não faria isso enquanto seu pai estivesse lá fora e surpreendentemente o morador de Hilltop pareceu entender isso e não discutiu.

— O que quer a gente faça então? Olha só pra toda essa merda! — Ele se colocou de pé e atirou em algum Salvador. — Está tudo fora de controle!

— A gente vai fazer o que viemos fazer aqui. Acabar com eles! — Carl dissera aquilo usando completamente diferente em sua voz, um tom que me deixou um pouco preocupada com ele. — Agora vamos logo antes que eles acabem com a gente!

No segundo que estávamos prontos para atacar nós três fomos jogados para o chão por exatos três Salvadores, o cretino que estava em cima de mim me segurou pelos braços fazendo com que minha arma caísse ao meu lado e então eu estava completamente vulnerável naquele momento. Imediatamente eu comecei a chutá-lo o mais forte que eu conseguia, porém aquilo não pareceu fazer nenhum efeito naquele momento, ele nem parecia estar se importando com aquilo e isso me deixou nervosa. Ouvi mais tiros sendo disparados, estava tudo ficando ainda pior que antes.

Me virando de cara para o chão, ele então me segurou pelo cabelo dando um puxão extremamente forte fazendo com que eu soltasse um berro por causa da dor; se aquele desgraçado estivesse puxando um pouco mais forte era bem provável que ele conseguisse arrancar meu cabelo naquele mesmo momento. Ele então começou a me arrastar, me afastando um pouco dos outros e da minha arma também, comecei a entrar em desespero, ele iria me matar, isso era óbvio.

Tentei me soltar dele e assim que consegui fui direto para onde havia deixado minha arma cair, assim que consegui a pegar ele já estava me puxando novamente para cima me afastando do chão de novo. Ouvi vários disparos um pouco mais perto de onde estava e comecei a ficar extremamente preocupada com o que estava acontecendo ao meu redor. O Salvador passou o braço em volta do meu pescoço o apertando um pouco e conseguindo me deixar um pouco sufocada, comecei a bater meus pés da forma mais desesperada possível e então o senti segurar minha cabeça deixando meu rosto perto do dele.

— Diga boa noite, pirralha! — Ele riu enquanto sussurrava aquelas palavras baixo o suficiente para que somente eu o escutasse, seus braços me seguraram com mais firmeza fazendo com que seu aperto ficasse cada vez mais forte que antes.

Joguei todo meu corpo para trás conseguindo deixar seu aperto um pouco mais frouxo, mas não fez muita diferença assim, o Salvador por ser mais forte e bem mais alto que eu conseguiu me envolver novamente em seus braços e então se jogou no chão derrubando nós dois, mas me machucando bem mais do que ele.

Sua burra você está com a arma!

Parei de lutar e então ergui meu braço aproximando minha arma da sua cabeça.

— Boa noite, pirralha! — Repeti exatamente o que ele havia dito e então atirei.

Por eu ter atirado nele e pelo tiro ter sido disparado tão perto do meu ouvido, assim que ele me soltou, acabei caindo no chão ouvindo um zunido forte no meu ouvido que me fez ficar completamente surda naquele momento. Tentei me colocar de pé e mesmo que eu ainda estivesse com aquele zunido infernal no meu ouvido consegui atirar também nos outros dois Salvadores que havia nos atacado.

Matei os dois atirando também em suas cabeças e o zunido ainda não havia me deixando de lado, Carl se aproximou de mim ao ver que eu estava um pouco suja de sangue e então disse alguma coisa que eu não consegui ouvir direito por estar momentaneamente surda por um tempo.

— O QUÊ? — Perguntei o olhando sem entender, estava vendo Carl mexer seus lábios mas não estava conseguindo escutar nada do que ele estava falando naquele momento. — EU NÃO ESTOU OUVINDO! 

Carl me olhou ainda sem entender muito bem e então gesticulou para que também atacássemos, sacudi minha cabeça com pressa sentindo minha audição começar a voltar aos poucos, ainda escutava aquele zunido irritante no meu ouvido mas agora já não parecia estar tão alto como estava assim que atirei no Salvador que me atacou. A confusão iniciada por Negan estava agora um pouco pior que antes, pessoas estavam morrendo fácil ali; tanto do nosso grupo quanto do grupo dos Salvadores e isso era muito preocupante.

Tudo parecia estar prestes a piorar ainda mais até que ouvimos quatro tiros ser disparados, imediatamente todo mundo não se moveu ou sequer disse alguma coisa, todos olharam na direção de onde vierma os tiros e então vimos Dwight parado de pé com uma arma apontada para o alto. Rick e Negan também pararam de se atacar até que segundos mais tarde ouvimos o pai de Carl soltar um grito de dor que chamou a atenção de todos ali. Agora de pé e com boa parte do seu rosto machucado, Negan estava em cima de Rick e usara um pedaço de tronco velho razoavelmente médio para acertá-lo novamente já que, ele estava sem sua querida e preciosa Lucille para fazer isso.

Dwight olhou para a cena e logo em seguida deu uma coronhada em Negan o derrubando desacordado ao lado de Rick que ainda estava rangendo os dentes de tanta dor. Daryl e Jesus foram rápidos em correr na direção do pai de Carl o ajudando a se levantar, mas Rick ficava dizendo para ajudar Negan primeiro e não ele. Porém tanto Daryl quanto Jesus pareceram ignorá-lo completamente. O disparo dado por ele pareceu vir em boa hora, eu já não estava mais escutando aquele zunido chato que ouvia antes.

— Agora chega! Retirem-se! — Dwight começou a gritar olhando para todos os Salvadores que ainda estavam vivos, ele caminhou até onde Negan havia deixado Lucille e a pegando ele logo a ergueu para o alto, assim como havia feito com a arma. — Essa guerra acabou! Negan caiu e se vocês ainda quiserem continuar vivos, irão me seguir assim como fizeram com ele!

Ninguém disse uma só palavra, provavelmente por estarem surpresos com aquilo.

— Não precisamos mais temê-lo e nem temer suas regras, tudo será melhor e diferente a partir de hoje! — Ele continuava gritando mantendo seu olhar em todos os Salvadores que antes eram comandos por Negan. — Vamos todos recuar e preparar nossas coisas para voltar para casa. Agora!

Nos primeiros segundos não houve uma única resposta, porém na medida em que os segundos foram se transformando em minutos e ao perceberem que Dwight estava mesmo falando sério, todos os Salvadores que estavam ali começaram a fazer exatamente o que ele lhes dissera para ser feito. Estavam mesmo recuando e iriam segui-lo.

Olhei para Carl sem saber ao certo o que dizer sobre tudo aquilo que acontecera, era difícil saber se Dwight iria mesmo manter a ‘amizade’ com Rick, mas pelo menos ele acabou colocando um ponto final naquela guerra. Carl também me olhou soltando um longo suspiro e então pareceu se tocar de que seu pai estava realmente machucado, sem dizer nada ele apenas correu na direção dele e eu o segui. Rick continuava com dor por causa do que Negan lhe fizera, mesmo que ele estivesse recebendo um pouco de ajuda de Daryl e Jesus. Maggie também se aproximou sendo seguida por um homem que estava com um tipo de maleta em mãos, provavelmente ele era o médico de Hilltop.

Assim que ele chegou perto de Rick tentando ver como seus ferimentos estavam, o pai de Carl ergueu o braço pedindo que ele parasse, o homem o olhou sem entender e tentou convencê-lo de que deveria fazer aquilo, mas Rick continuou negando a ajuda.

— Ajude ele primeiro! — Rick praticamente fez uma ordem ao doutor que continuava olhando-o em negação, ele até tentou fazê-lo mudar de opinião novamente, mas como na outra vez; Rick recusou. — Salve a vida dele, droga!

Sem dizer nada, o doutor assentiu e então se dirigiu até onde Negan estava caído desmaiado, eu permaneci completamente calada enquanto ajudava Daryl e Jesus a levantar Rick; não conseguia acreditar que mesmo depois de tudo o que aquele maluco fez com todo mundo Rick iria mesmo deixá-lo vivos. Depois das tantas pessoas que ele havia matado, o pai de Carl preferiu mesmo deixar aquele psicopata assassino filho da mãe vivo.

Eu me recusava a acreditar que seria isso mesmo que ele iria fazer, não queria acreditar que Rick estivesse mesmo falando a verdade e por um momento eu até pensei que talvez ele não tenha falado sério sobre não querer matá-lo; era óbvio que Rick queria matar Negan e eu tinha fé que ele iria mesmo fazer isso depois que as coisas em Hilltop estivessem mais calmas e tranquilas.

...Naquela noite...

Pov Carl

[…]

Caminhei devagar até estar próximo do alto muro que mantinha Hilltop cercada, subi a escada feita com madeira com cuidado e então a vi, Ayla estava enrolada num cobertor quadriculado de diferentes cores e estava de pé com parte de seu corpo escorada olhando para todo o lado de fora de Hilltop; o mesmo lugar que horas atrás havia sido cenário de uma guerra contra Negan. Aproximei-me aos poucos chamando sua atenção, ela me olhou por alguns segundos voltando a olhar para o lado de fora com a mesma atenção de antes, como se houvesse alguma coisa interessante ali que atraia seu olhar para lá.

Fiquei ao seu lado também olhando para o mesmo lugar, ficamos em silêncio por um bom tempo, apesar de já estar de noite era possível ouvir vozes por boa parte de Hilltop, algumas mais abafadas que as outras, mas mesmo assim conseguíamos ouvir várias vozes. Provavelmente estavam comentando sobre o que aconteceu mais cedo, aquele seria um assunto bastante duradouro.

— Ele não vai mesmo matá-lo vai? — Ela perguntou virando seu rosto, a olhei de esgueira desviando meu olhar rapidamente. — Eu pensei que ele só estava dizendo aquilo para deixar todo mundo um pouco mais calmo, mas é verdade não é? Ele não vai matar o Negan.

— Não, ele não vai. — Respondi. — Eu também não gostei de saber disso, mas meu pai disse que não é o certo a ser feito.

Ayla soltou uma risada curta carregada de ironia, ela se afastou do muro se virando para me olhar e fiz o mesmo também a olhando, não me surpreendi quando percebi que seu rosto não demonstrava nada de emoção.

— Depois de tudo o que aquele cretino fez com todos nós, depois dele matar várias pessoas e de toda essa bosta que ele causou o seu pai não quer matá-lo porque não é certo? — Ela revirou os olhos. — A coisa então é deixar aquele louco psicótico vivo.

Ela abaixou a cabeça olhando para os próprios pés.

— Seu pai veio conversar comigo antes, ele me explicou melhor o motivo dessa decisão, mas eu não consigo concordar com ele. — Ayla voltou a me olhar um pouco mais calma. — Ele me fez prometer que não iria entrar no quarto onde o deixaram e dar um fim nele. Mesmo querendo muito fazer isso eu aceitei isso, se ele não quer matar Negan deve haver um motivo para isso.

Ela deu um curto sorriso.

— Ele me fez prometer a mesma coisa também. — Confessei dando de ombros. — Mas eu não sei se posso manter essa promessa, ainda mais sabendo que aquele maníaco vai ficar em Alexandria junto com a gente.

Ayla não pareceu nem um pouco surpresa ao ouvir aquilo, provavelmente meu pai havia mencionado isso a ela também quando eles dois conversaram, a única coisa que ela fez ao ouvir aquilo foi sentar na estrutura montada para fazer vigias. Erguendo o rosto e me olhando ela apontou o dedo para que eu também me sentasse e assim o fiz, me sentei ao seu lado e então ela logo passou uma parte da coberta em meu ombro para que eu também fosse coberto por ela.

Segurei sua mão e assim que fiz isso a senti completamente fria, Ayla me olhou como se estivesse se desculpando por isso e então me aproximei mais um pouco dela passando meu braço por suas costas a deixando encostada em mim para que ela se aquecesse.

— Acho que estamos perto de começar o inverno. — Ela comentou enquanto balançava os pés. — Nesses dias têm feito bastante frio de noite, acho que o inverno está chegando.

Balancei minha cabeça concordando.

— Sabe o que poderíamos fazer depois que arrumarmos tudo? — Ayla virou seu rosto um pouco só para me olhar. — Uma fogueira. Poderíamos juntar todo mundo e fazer uma fogueira, como o pessoal faz quando vai acampar.

— Isso é uma ótima ideia. — Ela respondeu já um pouco mais animada. — Mas precisamos de marshmallow, uma fogueira não é uma fogueira se não tiver mashmallow ou música, precisamos sabem quem de Alexandria tem uma voz boa para cantar e assim vai estar tudo completo.

Cantar. Beth era quem alegrava os dias na prisão sempre cantando alguma canção que conhecia, acho que ela iria adorar fazer parte daquela fogueira se ela ainda estivesse viva.

Ayla começou a dizer alguma coisa, mas logo foi interrompida pela voz do meu pai, nós dois olhamos na direção em que ele estava vindo vendo-o subir também na mesma estrutura em que estávamos sentados. Seu rosto ainda estava um pouco machucado por causa da briga que ele tivera com Negan e seu ombro ainda estava com o enorme curativo feito pelo doutor de Hilltop que por sorte havia conseguido tirar a bala. Meu pai deveria estar repousando já que ele tivera vários ferimentos, mas ele não parecia estar nem um pouco a fim de fazer isso.

Assim que o vi ele lá em cima junto comigo e Ayla notei que Michonne também estava ali, ela subiu segundos depois de Rick e ao nos ver ali sentados nos lançou um curto sorriso como sempre fazia quando ela nos via juntos.

Os dois também se sentaram ao nosso lado e assim como eu e Ayla estávamos dividindo a manta emprestada por Hilltop, Michonne fez o mesmo cobrindo ela e meu pai.

— Achei mesmo que não iriam dormir, não depois de hoje. — Sua voz saiu mais baixa que o normal. — Acho que temos muito sobre o que conversar, vocês dois merecem saber disso e

— Está tudo bem Rick. — Ayla o interrompeu. — Mesmo sendo um pouco difícil dizer isso em voz alta, aceitamos a sua escolha de não querer matar Negan.

Balancei minha cabeça concordando com o que Ayla havia dito, seria difícil aceitar aquela decisão de uma vez, mas era como ela mesma falou antes; se meu pai não quis matá-lo, era bem possível de haver uma boa razão para isso e querendo ou não eu tinha que respeitar essa decisão. Não só por ele ser meu pai, mas também por ele ser o líder de Alexandria.

— Bem, não era exatamente sobre isso que iriamos falar, Ayla, mas fico feliz que tenham entendido. — Meu pai dera um sorriso com o canto dos seus lábios e Michonne fez o mesmo se aproximando um pouco mais dele. — Queríamos saber se está tudo bem para os dois sobre...

Meu pai olhou brevemente para Michonne e ela também o olhou, parecia um pouco estranho aquilo, mas acho que meu pai estava com um pouco de vergonha sobre contar sobre ele e Michonne para nós dois. Claro que já não era surpresa nenhuma que eles dois estivessem juntos, mas desde o dia em que Ayla e eu descobrimos sobre eles meu pai não havia tido tempo para falar sobre esse assunto.

Ayla soltou uma risada baixa ao perceber sobre o que Rick e Michonne estavam falando e então me deu um cutucão já rindo, ela foi a primeira a se pronunciar sobre isso.

— Olha, eu vou dizer a verdade: Eu meio que desconfiava de vocês dois antes, mas só tive certeza mesmo depois daquele dia. — Ela dissera aquilo num tom completamente brincalhão; bem diferente do clima em que Hilltop estava no momento. — Eu não vejo problema nisso, acho até fofo.

Meu pai olhou para baixo por alguns segundos deixando uma breve risada escapar de seus lábios, Michonne continuava me olhando como se estivesse pedindo para que eu respondesse logo aquilo e então o fiz.

— Por mim tudo bem também, pai. — Ao dizer aquilo os dois me olharam; já pareciam um pouco mais felizes e até mesmo mais aliviados que antes. — Se você está feliz então eu também vou ficar feliz.

Ninguém disse mais nada, acho que nem era algo necessário naquele momento, voltamos a ficar em silêncio por um longo tempo olhando parte de Hilltop do alto da estrutura montada até que Ayla mencionou sobre fazermos uma fogueira depois que as coisas em Alexandria estivessem mais calmas e seguras e como já era esperado, meu pai concordou dizendo que seria ótimo para todos ali. Não tínhamos um momento de tranquilidade e já que não iriamos mais nos preocupar com Negan e algum ataque de Salvadores, acho que todos nós precisávamos de um momento de paz e acho que fazer aquela fogueira seria uma boa coisa. Para todos em Alexandria e quem sabe até para o pessoal de Hilltop e do Reino também.

As coisas seriam melhor depois daquela noite, nossa única preocupação seria cuidar dos errantes e reerguer Alexandria novamente fazendo dela o que Deanna queria que ela fosse: um lugar seguro para todos e era isso que iriamos fazer ao voltarmos para casa. Iriamos reconstruir Alexandria.

— Judith está dormindo? — Perguntei quebrando aquele momento de silêncio, depois do dia super agitado que tivemos eu sentia inveja por Judith ser apenas um bebê no meio de tudo aquilo, ela não precisava fazer parte de nada daquilo. Ela tinha muita sorte. 

— Está. Acho que nunca a vi dormir tão bem como nessa noite. — Meu pai voltou a olhar para mim e Ayla. — E vocês deveriam fazer o mesmo, agora que toda a guerra acabou deveriam aproveitar e descansar um pouco. 

Ayla foi a primeira a negar. 

— Até parece que eu vou conseguir fechar os olhos depois de tudo, esses últimos dias foram de longe os mais agitados de toda a minha vida. — Ela coçou a cabeça. — Acho que nem mesmo quando o mundo era normal tive um dia tão cheio de surpresas como esses que passaram. 

Concordei.

— Não vou dormir também, não estou com sono. Nem estou cansando. — Falei dando de ombros e o olhando também. —Quem deveria fazer isso é você, pai. Negan te machucou bonito mais cedo.

Ele apenas sorriu, ficou claro que nenhum de nós iria acabar dormindo e mesmo que fossemos não iríamos sair dali assim tão cedo. Principalmente meu pai e Michonne que não pareciam nem um pouco dispostos a deixar o lugar. Acho que ninguém ali estava disposto a sair dali, apesar do dia que tivemos, aquele momento em especial estava extremamente calmo e tranquilo; algo que fazia tempo que não tínhamos e fazia tempos que não ficávamos todos juntos como estávamos naquele momento. Claro que, ficaria melhor se Judith estivesse conosco também.

Era bom ter um momento tranquilo como aquele depois de tudo o que havíamos passado, depois da guerra contra Negan era muito bom descansar e ter uma noite sem se preocupar com algum ataque dos Salvadores. Aquilo era muito bom.

Desde que toda aquela merda havia começado eu não havia visto meu pai ficar tão relaxado como ele parecia estar naquele instante. Ele merecia isso, Rick havia feito até mesmo o impossível para manter todos seguros, principalmente manter a mim e Judith a salvo e ele merecia um descanso de tudo aquilo, ele merecia ter um tempo só para relaxar e aquele momento era perfeito para ele. 

Ayla encostou a cabeça em meu ombro, passei os dedos naquele monte de fio escuro sentindo um leve cheiro de shampoo em seu cabelo; algo que Hilltop também nos emprestou. Senti aos poucos seu corpo relaxar e então logo senti meu corpo relaxar também, não tínhamos com que nos preocupar com mais nada durante aquela noite.

...Dois meses depois...

POV Ayla

[...]

Ao pisarmos dentro do que Alexandria havia se tornado depois do ataque que havíamos sofrido meses atrás, senti uma sensação um pouco estranha no mesmo segundo que dei o primeiro passo passando do que antes era o portão de Alexandria. Corri meus olhos por todo lugar até parar na rua que levava até onde ficava o cemitério de Alexandria, me afastando um pouco do restante do grupo, segui o caminho que me levaria até lá e por mais incrível que aquilo pudesse parecer, todo aquele trajeto não havia sofrido muitos danos com o ataque que havia acontecido antes. Aquilo pareceu ser até mesmo um pouco irônico.

Continuei seguindo o caminho até chegar ao cemitério, assim que cheguei lá olhei diretamente para o túmulo onde David havia sido enterrado; fazia meses que eu não o visitava e de certa forma eu sentia falta de conversar com ele.

Sentei-me no chão ficando de frente para seu túmulo e fiquei em silêncio por um tempo apenas olhando para a cruz feita com duas madeiras de tamanhos diferentes que Carl havia feito.

— A gente finalmente conseguiu voltar. — Falei quase sussurrando de tão baixa que minha voz saiu. — Já faz um tempo desde a última vez que estive aqui, mas, tanta coisa aconteceu desde então.

Abaixei minha cabeça respirando fundo de forma lenta e soltando o ar de forma ainda mais lenta.

— Conseguimos derrubar Negan, quer dizer, colocamos um fim em todo aquele reinado de terror dele. — Falei um pouco mais animada. — A única parte ruim nisso é que ele continua vivo e que veio morar aqui com a gente, pois é, depois de tudo o que aquele filho da puta desgraçado fez ele continua vivo. Mas Rick fez isso por um bom motivo, pelo menos foi isso o que ele disse.

Contei quase tudo o que havia acontecido desde o dia que Negan finalmente foi derrotado (ou pelo menos cinquenta por cento derrotado), desde que ajudamos em Hilltop a aquele dia em que finalmente conseguimos voltar para casa. Conversar com ele, mesmo que David não estivesse me escutando ou sequer estivesse me respondendo não me fez sentir melhor, vários meses se passaram desde o dia que ele foi brutalmente assassinado e mesmo com várias coisas acontecendo, mesmo depois que conseguimos dar um fim em Negan, eu não me sentia melhor. Eu não conseguia me sentir totalmente feliz.

— Eu sinto saudades de você... — Confessei com a voz bem mais baixa que antes, me senti até mesmo um pouco mais leve que antes, mas continuava a mesma. — E você nem faz ideia do quanto eu sinto.

Respirei fundo outra vez jogando minha cabeça para trás e fechei meus olhos, eu não queria continuar daquele jeito, não queria continuar me sentindo tão mal como me sentia quando me lembrava de David. Eu sei que havia dito que iria pensar nele apenas nos momentos bons que tivemos, mas era difícil fazer isso quando se tinha um vinculo com alguém de passou a ser como um irmão mais velho para você. De certa forma, eu não havia passado por todo o processo de luto e acho que levaria um bom tempo até que isso acontecesse.

— Acho que se você me visse agora iria fazer aqueles sermões que costumava me dar antes de nos separarmos. — Dei um curto sorriso. — Eu sei o que você me diria e vou tentar superar a sua morte. Eu prometo.

Me levantei do chão e tirei do bolso da minha jaqueta uma faca feita de madeira que havia pedido para Earl fazer, claro que aquilo teve um preço e foi até barato; ele pediu que eu lhe emprestaste Orgulho e Preconceito e bem, eu o fiz. O rapaz levou só duas semanas para terminar o livro.

Olhei para a faca e passei a ponta do meu dedo indicador pelo cabo, eu havia passado um pouco de canetinha azul por ele deixando o mais parecido com a faca de cabo azul que David havia me dado no dia que nos separamos. Olhei novamente para seu túmulo e comecei a me aproximar dele, me ajoelhei e então coloquei a faca do lado da cruz de madeira deixando-a cravada na terra e mantendo seu cabo azul exposto. Ao me levantar novamente limpei meus joelhos e então me afastei um pouco do túmulo dele, agora eu tinha uma promessa para cumprir e iria fazer isso; não o visitaria mais, quem sabe duas vezes por mês, mas nada além disso.
Eu iria fazer de tudo para conseguir superar de uma vez a morte dele e me esforçaria para conseguir isso, não podia continuar daquele jeito. Uma hora ou outra aquilo iria acabar comigo e eu não queria perder minha cabeça por causa disso; eu tinha que deixar o passado no passado e viver apenas o presente.

E o presente naquele momento era reerguer Alexandria e fazer dela um lugar seguro novamente para que pudéssemos viver ali dentro como vivíamos antes.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gif do Jeffrey aka Negan que se despede de Hell on Us e porque eu gosto desse gif e do filme que ele faz. Gente assistam o filme Os perdedores é com ele e é super legal.

Gente, antes de vocês me xingar por eu não ter matado o Negan, eu segui a hq e na hq o Rick não mata o Negan e também eu não tive coragem de fazer isso com esse desgraçado. Mas vamos ver pelo lado bom da coisa: Ayla continua viva hahaha brincadeira.

Quem pegou a referência a game of thrones?? Winter is coming hehehe aqui onde eu moro já chegou e chegou com força total, só não tem neve porque eu não sei, mas é aquele ditado né.

Espero vocês nos comentários, Beijos!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Hell on us" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.