Hell on us escrita por Sami


Capítulo 16
Deixando para trás e seguindo em frente


Notas iniciais do capítulo

Oie meus lindos! Depois de uma semana tensa por causa do enem nada melhor do que estar de volta e postar novos capítulos!

Confesso que a demora foi apenas por causa do enem, esses dois dias me deixaram completamente esgotada de energia e acabei ficando doente dois disso. Mas agora voltei e voltei com tudo.

Bom, eu nem preciso escrever o quanto estou feliz com a linda primeira recomendação que ganhei da minha querida leitora Lya. Suas palavras foram lindas amore! Adorei mesmo.

Agora sem mais e menos, aproveitem o capítulo galera.



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[...]

Eu não sabia exatamente como eu estava me sentindo naquele momento, tudo o que eu queria era ficar um tempo sozinha e tentar ao máximo tirar aquelas cenas da minha cabeça. Esquecê-las de uma só vez.

Já era de manhã e eu não havia conseguido dormir nem por alguns minutos naquela noite, eu nem mesmo estava sentindo sono -o que achei algo muito estranho porque, quem passa a noite em claro e não sente sono depois disso? -. Mas era verdade, eu não consegui dormir, sempre que eu fechava meus olhos a imagem daquele desgraçado me machucando vinha na minha mente e eu conseguia ouvir até a risada daquele nojento enquanto ele me batia.

Mas não era apenas isso que havia conseguido tirar o meu sono daquela noite; quando Rick atirou nele e matou o restante do grupo foram o tipo de cenas das quais eu sabia que jamais conseguiria esquecer com facilidade. Nem mesmo o banho de sangue que foi enquanto ele fazia isso com aqueles bastardos.

Era por isso que eu não dormi, não estava assustada por ter visto algo como aquilo -já havia visto coisas bem piores- Por alguma razão eu não conseguia permanecer com meus olhos fechados por mais do que alguns segundos que fosse. E vendo que eu só estaria ocupando espaço dentro daquele carro resolvi ficar um tempo sozinha.

Eu precisava fazer isso o quanto antes, eu precisava ter um tempo para me colocar no lugar depois daquela grande merda que aconteceu na noite passada. Eu só precisava disso naquele momento e havia conseguido. Estava completamente sozinha ali.

Sozinha.

Olhei para as minhas duas mãos e vi que elas ainda estavam sujas de sangue, peguei a faca que Michonne havia me dado e me olhei pela lâmina dela, meu rosto ainda estava coberto com o sangue daquele cretino e o meu pescoço também. Pensei em sair para procurar por algum riacho ou qualquer outra coisa que conseguisse tirar aquele sangue do meu rosto, mas depois daquele grupo da noite passada, eu não iria me arriscar tanto assim.

Até poderia, mas se desse alguma merda com toda certeza Michonne, Rick e Daryl iriam se preocupar e eu não queria isso no momento.

Juntei minhas pernas ao meu corpo deitando minha cabeça nos meus joelhos, fiquei daquele jeito até ouvir passos. Peguei a faca deixando a lâmina dela apontada para frente, Michonne apareceu levantando uma mão para alto e eu logo deixei a faca no chão novamente.

–Oi. –Ela disse com a voz um pouco mais baixa do que de costume, a olhei rapidamente dando um meio sorriso e dando espaço para que ela se sentasse ao meu lado. Sem dizer nada ela o fez. –Daryl pediu que viessem aqui para ver como você está.

–Eu estou bem, Michonne. –Balancei a cabeça concordando comigo mesma. –Só precisava pensar um pouco, só isso.

Ela assentiu e logo estendeu uma garrafa de água e um pedaço razoavelmente grande de pano.

–Não deveríamos desperdiçar a água. –Falei a olhando. –Podemos não achar outra garrafa.

Michonne me lançou um olhar como se estivesse me repreendendo mentalmente, ela deixou a garrafa na minha frente balançando-a um pouco.

–A gente pensa em alguma coisa depois. –Sorriu. –Se não pegar eu mesma limpo o seu rosto!

Dei uma breve risada finalmente pegando a garrafa da sua mão, a abri molhando o pano e tentando não deixá-lo encharcado. Comecei a limpar primeiro o meu rosto, não demorou muito pra que o pano logo ficasse sujo também, mas pelo menos estava me deixando com uma aparência um pouco melhor.

–Rick queria vir aqui ver como você estava, mas acho que em um momento como esse você precisa de uma amiga.

Eu a olhei.

–Eu sei o que vai dizer Michonne, mas não precisa se preocupar assim comigo. –Falei. –Já passei por isso antes e... Eu vou ficar bem!

Michonne me olhou um pouco espantada em saber daquilo, ela ficou um tempo em silêncio me olhando com um olhar quase indescritível.

–Você...

–Quando Rick e Daryl me encontraram eles perguntaram quantas pessoas eu já havia matado, eu respondi que foram sete. –A olhei. –Foi exatamente como na noite passada, a única diferença foi que havia um Rick ontem para impedir que o pior acontecesse.

Passei o pano mais uma vez pelo meu rosto para disfarçar algumas lágrimas que começaram a escorrer pelos meus olhos. Eu não queria que ela me visse chorar.

–Eu sinto muito por isso, Ayla. –Ela passou suas mãos pelo meu rosto tirando alguns fios de cabelo que estavam no meu rosto. Seu olhar havia mudado, já não era mais aquele olhar surpreso de antes, era um olhar de pena.

–As pessoas realmente mudam em situações como essa, ainda mais aquelas que a gente pensa que conhece.

Michonne tirou o pano da minha mão e ela mesma começou a tirar o restante do sangue que ainda tinha no meu rosto. Ela me limpou sem dizer nenhuma palavra, não era preciso dizer nada para que eu soubesse o que ela estava pensando -não exatamente, mas com aquele olhar que ela me lançava não era difícil adivinhar.

Depois de ter meu rosto limpo, ela fez o mesmo com minhas mãos, Michonne limpou meus dedos e entre os dedos tirando todo o sangue que eu tinha nelas. Foi como se ela estivesse tirando um peso de mim naquele momento e de certa forma eu estava me sentindo bem mais leve por não ter mais aquele sangue comigo.

–Michonne, posso te pedir uma coisa? – Perguntei a olhando.

–Claro que pode Ayla. O que você quer?

–Por favor, não conte pra ninguém sobre isso que eu te disse.

Ela sorriu largamente passando a mão pelo meu cabelo.

–Pode ter certeza de que isso não sairá da minha boca.

Pela primeira vez naquele dia eu consegui sorrir de uma forma verdadeira, ter alguém como Michonne por perto era muito bom, era como ter um tipo de mãe por perto. Eu sentia que podia confiar nela e, depois de ter contado algo que eu detestava lembrar foi como se outro peso saísse de mim e me deixasse muito mais leve.

–Obrigada Michonne! –A abracei. –Obrigada mesmo!

Senti Michonne me abraçar de volta e foi algo realmente muito bom, eu estava mesmo me sentindo protegida com ela e por incrível que pareça me senti bem melhor do que eu estava antes. Era como se toda aquela merda sobre a noite passada tivesse sido arrancada de mim e realmente pareceu que foi.

–O que você acha de voltarmos e cuidar dos rapazes?

–Eu acho ótimo. –Respondi sorrindo novamente.

***

Quando voltamos a caminhar já estávamos quase na metade do dia, o sol não estava muito quente e estava ventando um pouco mais em comparação com o dia anterior. Acho que estávamos começando a entrar no inverno ou outono, isso parecia explicar a mudança do clima.

Ainda estávamos seguindo a estrada que havíamos parado na noite passada e pelo que Rick havia dito iríamos continuar seguindo por ela até encontrar outro caminho que fosse seguro para nós. Já tinha uns dias desde que saímos da prisão e até o momento nós não havíamos encontrado mais ninguém do grupo além do Daryl. E isso começou a me deixar mais preocupada, mortos era óbvio que eles não estavam -pelo menos eu acreditava que não-, se eles não estavam mortos, onde eles estavam? Será que eles tinham encontrado um grupo novo?

Cocei a cabeça me perguntando sobre isso e até mesmo cogitando essa ideia, se eles realmente tivessem encontrado um grupo novo seria mais difícil de reunir todo o pessoal. Por um lado seria bom, pelo menos eles estavam seguros, mas por outro lado iríamos continuar separados e pelo modo como Rick estava era evidente que ele queria ter o grupo todo reunido novamente.

Querendo ou não, eles eram uma família e agora eu fazia parte dessa família também. Agora eu tinha uma nova família.

Depois de conversar e ter meu rosto e mãos limpos, Michonne e eu voltamos para onde Rick e o resto estavam. Agradeci mentalmente por nenhum deles me cercarem com perguntas do tipo "você está bem Ayla?", claro que ainda sentia dor por causa dos tapas e socos que eu havia levado daquele desgraçado, mas Michonne havia dado um jeito nisso e isso era o bastante.

Judith agora estava no colo de Rick e pela primeira vez desde que saímos ela não havia reclamado nenhuma uma vez. Talvez ela estivesse apenas sentindo falta do colo do pai e por isso tinha ficado tão rabugenta naqueles dias. Ou talvez fosse por eu e Carl não levar muito jeito com crianças.

Acho que a opção mais provável era a segunda.

–Esperem! –Rick e Daryl pararam juntos na nossa frente e logo fizemos o mesmo, Rick deu Judith para que Michonne a segurasse e começou a caminhar junto com Daryl. Os dois já estavam com suas armas pronta para ataque quando ouvimos um som estranho.

Eu e Carl nos aproximamos de Michonne nos preparando também para a futura ameaça que poderia surgir, ouvi alguns resmungos baixos de Judith e comecei a rezar para que ela não começasse a chorar. Se fosse errantes eles iriam ser atraídos pelo choro dela e eu não estava nem um pouco afim de ter que fugir ou matar os mortos.

Vimos Daryl pedir que fizéssemos silêncio e apenas obedecemos, os dois continuaram caminhando a nossa volta procurando pelo dono daquele som, ficamos daquele jeito durante alguns minutos até que vimos que provavelmente não era nada. Ou era e acabou fugindo.

Daryl olhava ainda um pouco desconfiado para os lados como se soubesse que a qualquer momento alguma coisa ou alguém poderia aparecer ali. Esperamos por mais alguns minutos até que eles guardaram as armas e continuamos andando.

Depois de muito tempo em silêncio senti Carl me dar um beliscão no meu braço, abri a boca querendo logo xingar ele, mas acabei mudando de ideia. Não iria xingar o projeto de xerife com o mesmo palavrão que me veio na cabeça; pelo menos não na frente do pai dele.

–Se fizer isso de novo eu juro que te derrubo no chão! –Falei usando meu tom normal. – O que foi?

–E eu vou ficar esperando por isso. –Ele riu baixo. –Você está muito calada hoje, Ayla.

–Se eu tivesse soltando o palavrão que pensei quando você me beslicou, aí sim você iria pedir pra que eu parasse de falar um pouco. –Cocei a cabeça novamente. –E não me diga que você só me beslicou por causa disso!

–Claro que não. –Respondeu. –Eu achei isso dentro daquele carro.

Ele estendeu a mão mostrando uma pulseira com três pingentes nela, um dos pingentes era um soco inglês, o outro era uma caveira e o terceiro era uma flecha. A pulseira era toda folheada a ouro -ou pelo menos era o que parecia ser- e mesmo com apenas aqueles três pingentes nela, ela era muito bonita.

–Achei que você iria gostar dela, mas se não gostar posso dar ela pra Judith.

Eu o olhei semicerrrando os olhos logo percebendo que ele estava rindo, olhei para a pulseira novamente e voltei a olhar pra ele.

–Isso seria um tipo de presente, projeto de xerife? –Perguntei levantando uma sobrancelha e logo o deixando sem graça, Carl abaixou o rosto sacudindo a cabeça rapidamente antes me responder.

–Só quero fazer um agrado, não posso não?

Eu comecei a rir.

–É claro que pode. –Respondi notando que ele havia ficado ainda mais sem graça. –Quando eu achar uma tesoura, quem sabe eu não embrulhe ela e te dou de presente não é?

Estendi o braço esquerdo esperando que Carl colocasse a pulseira, ele me olhou por alguns segundos e bufou até que finalmente colocou a pulseira no meu punho. O olhei novamente dando um largo sorriso pra ele e voltei a rir quando vi seu rosto corar. Foi engraçado ver o quanto seu rosto ficou vermelho por causa de uma coisa tão simples quanto aquela.

Olhar para Carl naquele momento era como olhar para um grande pimentão vermelho ambulante com chapéu de xerife .

–O que é isso? –Carl mudou a direção do rosto para o outro lado onde havia uma placa um pouco escondida com a folhagem das árvores que haviam em volta dela.

Rick e Daryl se aproximaram tirando as folhas que cobria a placa até vermos um mapa com vários caminhos traçados que se encontravam quase no centro de todo o mapa com uma palavra escrita nele. Terminus.

–Santuário para todos, comunidade para todos. Aqueles que chegam, sobrevivem. –Rick leu e logo se virou para nos olhar.

Eu já havia lido aquelas mesmas palavras antes, fazia uns meses já, mas ainda me recordava de ver uma outra placa como essa dizendo a mesma coisa. Santuário para todos, comunidade para todos.

–Eu já vi numa dessa antes! –Falei olhando para Rick. –Faz tempo, mas dizia a mesma coisa que essa aí.

O pai de Carl olhou um pouco mais para o mapa nela traçando um caminho usando o próprio dedo sobre uma das linhas pintadas de preto.

–Estamos perto. –Falou nos olhando novamente. –Se isso estiver correto chegamos lá antes que de anoitecer.

Michonne e Daryl se olharam parecendo desconfiados.

–Como vamos ter certeza de que eles são pessoas de bem? –Ela perguntou o olhando. –Não podemos confiar apenas em uma placa!

–Nem sabemos como eles são nem nada, acho muito arriscado irmos.

Rick olhou para Daryl assentindo em silêncio, por um momento eu vi seus olhos azuis brilharem com a possibilidade de termos encontrado um grupo que estava aceitando pessoas, isso realmente pareceu ser algo muito bom. Mas era como Daryl e Michonne haviam dito, não podíamos confiar em apenas uma placa e nem mesmo nos arriscar assim sem ao menos conhecermos o grupo.

–Podemos... –O pai de Carl começou a dizer. –Podemos dar uma olhada no grupo antes de entrarmos, estudá-los um pouco e se todos estiver de acordo entramos. O que acham?

Olhei para Carl dando de ombros, deixamos que Daryl e Michonne resolvessem aquilo, não importava nossa opinião, eu e o projeto de xerife iria ir para onde eles fossem.


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Notas finais do capítulo

Bom gente é isso (por enquanto). Avisando que começarei a escreve o próximo capítulo o mais rápido possível e adiantando aqui: Teremos Terminus no próximo capítulo Uhuu!!

Pra quem gosta (assim como eu) desse arco dos canibais, vou tirar muita coisa da série e da HQ pra fazer esse arco então se preparem.

Beijinhos meus lindos e até o próximo capítulo!



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