P.O.V Elena

Acordei desesperada, na verdade, eu acabei de acordar porque escutei tiros e logo depois alguém abriu o portão da gente batendo o grande portão de ferro que tinha ali, e fez aquele barulho de novo. Eu acordei assim porque parecia estar muito tarde, Tony estava dormindo e acordou no mesmo susto, entraram os homens lá na cela, ainda estava zonza, mas já me posicionei para o pior. Não sei por que, mas estava com um péssimo sentido sobre isso.

Entrou aquele chefão de novo e Tony me olhou, certamente preocupado. Não sei porque ele faz isso, é tão irritante e ao mesmo tempo intrigante, porque ele nunca me viu na vida, não tinha motivos para essa súbita preocupação. Mas tinha um sentimento, algo familiar sobre ele. Sei lá. Não soube explicar ou falar sobre isso, então não irei, não consegui me levantar então fiquei do modo que eu estava, mas ainda na pose de ataque.

– Bom dia, Sunshine – Ele falou olhando para minha cara e depois para cara de Tony sorrindo debochado, como sempre. Tony olhou para sua cara querendo ser ainda mais debochado, já esperava algum comentário irônico dele. – Acho que a família teve muito a conversar – Ele falou sorrindo, espera, o quê? Fiquei atônita, totalmente sem ação.

– Do que diabos você está falando? – A pergunta surgiu de Tony.

– Você não sabe? – Ele perguntou com um sorriso brincalhão no rosto.

– Saber do que? – Perguntei irônica.

– Na hora vocês irão saber, mas até lá... – Ele falou estalando os dedos, entrou um outro cara completamente armado, o cara tinha armas até onde não deveria ter, eu poderia fazer uma piada daquilo, mas tinha acabado de acordar e não conseguia pensar direito, e o que o cara falou estava corroendo na minha cabeça. Logo percebi que o cara segurava uma caixa pesada e jogou na mesa que tinha lá, e logo depois veio um outro cara e colocou uma caixa no chão, parecia pesada, eles estavam vermelhos de tanta força que estavam exercendo.

– E o que diabos é isso? – Tony perguntou com seu humor matinal, ele estava com a cara amassada, mas não deixava seus traços que eram bonitos, nunca neguei que Tony era um homem feio, muito pelo contrário, achei ele bonito desde o primeiro dia que eu o vi, mas ele era familiar, só isso, achava-o muito familiar, um rosto que eu já vi, sinto isso, sinto que a presença dele... Não sei, mas é muito difícil dizer já que o mundo inteiro o conhece, e depois vem esse cara com essas indiretas que ninguém sabe de onde surgiu... Ele não explica e eu não pretendo morrer sem saber do que ele quer falar.

– Isso... É o que eu disse ontem – Ele falou chegando perto das caixas e fazendo cara de desentendido.

– Que seria? – Me esqueci disso completamente.

– Vão construir uma armadura para mim – Ele falou.

– Como assim vão? – Eu perguntei.

–E como assim uma armadura? – Tony perguntou na mesma hora.

– Como eu disse ontem, meus queridos Stark, uma armadura, se claro... Vocês ainda querem viver, acho que sim não é mesmo? – Ele falou nos olhando no olho, sorrindo, que patético.

– Você é louco, cara – Falei.

– Sim, eu sou, mas vocês podem usar as suas genialidades e construir rapidamente, não é? – O chefe falou.

– Que genialidade? – Perguntei.

– Oras, Elena, você é uma gênia também... Então, trate de usar sua genialidade para terminarmos logo, não é? – Ele fez aquela cara estúpida que sempre faz para ser irônico.

– Não há genialidade nenhuma, e...

– Quando mais nova, você fez um robô completamente sozinha, e sei que consegue ser uma ótima hacker – Ele falou me interrompendo e senti os olhares do Stark em mim. – Sei que não serve apenas para ganhar competições com velhos bêbados e para ficar chapada – Ele terminou como se não tivesse falando nada.

Eu me irritei, senti meu sangue ferver.

– Você não sabe de nada sobre mim – Falei.

– Oras, há exatos... Não sei quantos anos, mas sei que foi algo recente porque acho que ainda é seu ponto fraco, seu “papai” tentou matar você e quase conseguiu, e depois você ficou doente e o resto é apenas história, blá-blá-blá – Ele falou com cara de tédio.

– Realmente, mas querido, você se engana em algo... Eu não tenho ponto fraco, mas você – Eu falei.

– Eu o quê? – Ele parecia estressado e se aproximou de mim com aquele sorriso, ele pegou no meu cabelo de leve.

– Sabe, você poderia ser útil para outras coisas... – Ele falou chegando perto do meu rosto. O empurrei forte, ele quase se desiquilibrou e caiu no chão, e então ele riu. – Urg, vocês nunca me falaram que ela é do tipo estressada – Ele falou sorrindo com os outros homens.

– HEY! – Gritou o Stark indo para cima do cara e então vários outros caras seguraram Stark, e eu tive que fazer algo, não sei o que me deu, nunca fui de defender ninguém. Empurrei um cara que estava o segurando, que logo saiu e peguei Stark para vim mais para trás.

– Já começamos com nosso afeto exposto? – Ele perguntou irônico.

– Cara, eu não tenho a mínima ideia do que está falando e saia logo daqui – Eu falei, ele riu.

– Você está no meu território – Ele falou ameaçador de novo.

– Espere até eu estar no meu território – Stark estava furioso.

– Homem de Ferro, espero ansiosamente por isso, mas até lá... Acho melhor você fazer isso, acho que não quer que sua... Elena morra, não é mesmo? – Ele me ameaçou.

– Não preciso de ninguém para me defender, não me use de desculpa para nada. Se quiser me matar, que faça logo – Eu falei o olhando e então ele me olhou com um sorriso sombrio.

– Mas meu amor... Você é meu trunfo – Ele falou rindo e então estalou os dedos novamente e saiu na frente e seus homens atrás, me deixando atrás segurando ainda Stark, já que ele estava furioso, dava para ver. Então ele pegou uma chave de fenda que eles haviam deixado ali e jogou fortemente na parede.

– Stark... Pare – Quase gritei.

–Não posso parar... Ele não tinha o direito de falar assim de você – Ele falou gritando e então eu parei por um segundo, eu tive de perguntar, era uma questão pessoal agora.

– Por que liga para isso? Não somos nada – Eu falei.

– Eu não quero ver você se machucando mais – Ele falou olhando para mim agora.

– Você fala como se me conhecesse – Eu falei dando de ombros.

– Eu sinto que eu te conheço, e isso vale muito – Ele falou. Fiquei atônita mais uma vez, esse pessoal não tem ideia do quanto anda me deixando sem reação, mas... Tony foi diferente, protetor agora, e onde está toda aquela minha barreira de Elena dura? Ela não sumiu, porque eu sou do jeito que sou, mas o Stark... Ele consegue tirar o melhor de mim, e isso é péssimo porque não o conheço, mas tenho essa sensação estranha. – Eu não quero que você morra, entendeu, Elena? Eu não vou deixar isso acontecer, e não venha com essa droga de conversa de “eu sei me proteger” ou “eu não preciso de ninguém para me proteger” porque eu entendi, você é a pessoa mais corajosa que eu conheci, mas eu quero fazer isso, quero proteger você e droga, se algo acontecer com você...

– Okay Stark, acalme-se – Falei o interrompendo e levando a mão até seu ombro.

Numa súbita ação, ele me abraçou. Nunca recebi abraços assim, fazia um bom tempo que eu não recebia um abraço assim, e eu sentia o carinho dele e é estranho porque ninguém nunca me abraçou assim, ninguém nunca de jeito nenhum falou tão protetor comigo, nem mesmo Jimmy que tomou conta de mim desde que posso me lembrar. Não consegui o abraçar de volta no momento, apenas toquei de leve nas suas costas.

– Não vou deixar nada acontecer com você, okay? – Ele falou enquanto quebrava nosso abraço, deixando suas mãos ainda em meu ombro e me olhando profundamente.

– Okay – Falei sincera.

Ele saiu daquele momento sentimental, tirou as mãos de mim, mexeu nos cabelos como de costume... Provavelmente nervoso.

– Então... Você é uma gênia! – Ele falou com um certo brilho nos olhos.

– Não, eu não sou...

– Você é uma teimosa, isso sim – Ele respondeu enquanto pegava as caixas.

Bufei tentando parecer irritada, o que na verdade, era improvável quando você estava com Stark.

– Então, vamos fazer isso ou o que? – Falei enquanto remexia nas caixas e vendo várias ferramentas.

Tony apenas me deu um sorriso, percebi no seu sorriso e brilho nos olhos que ele amava fazer aquilo.