[André Solari]

Minha energia voltava aos poucos e junto com ela todos os poderes do sangue do sol, mas por hora apenas minha força física havia voltado e aos poucos a percepção aguçada também voltava, mas o pouco que havia voltado pode perceber a presença de várias criaturas, não eram humanos e se locomoviam muito rápido em nossa direção, talvez a nossa Aura tenha atraído atenções de mais.

– Príncipe Noah... – Comecei. O Príncipe já havia percebido, pois segura firmemente o cabo da sua espada e olhava fixamente para a floresta.

– Tribos Gigantes.... Não deveriam estar aqui perto da fronteira – Disse ele antes de uma flecha passar zunindo pelo ar em direção a cabeça do Nortista, ele apenas curvou o pescoço e a flecha passou pela sua orelha, ele girou e sacou sua espada a tempo de se defender das dezenas de flechas que tentaram acertar o garoto que repeliu todas com rapidez e os cortes da espada conseguiram cortar até mesmo as flechas que vinham na minha direção a metros de distância.

– São um grupo de caça, um grupo de setenta homens talvez – Suspirou Noah – Pegue sua espada.

Agora que tinha me lembrado que a Fogo Ardente havia caído da minha cintura na clareira, ela deveria estar na neve, observei o entorno e vi o pedaço de metal envolto em couro. A espada era um presente dos Ferreiros do Sul para o príncipe recém-nascido e havia sido entregue há dezessete anos e desde que tinha dez anos eu treinava com ela, a espada era magnifica pois era feita com aço solar, um metal raro que da resistência contra quase tudo fora que esta não perde seu fio por nada nesse mundo.

Corri em direção a espada e peguei ela no chão e observei por um instante a beleza dela, a lamina era muito mais longa que qualquer espada bastarda e muito fina e leve, ela ostentava uma boca de dragão não muito maior que a lamina e em seu cabo e abaixo do cabo estava uma joia solar a pedra alaranjada e transparente brilhou assim que encostei no cabo da espada e pude sentir o calor passando da arma para mim e me dando energia para aquecer o sangue e lutar.

Mais flechas caíram do céu, Noah quase nem se mexia para repeli-las, grandes cortes azuis surgiam no ar gelado e desapareciam, já havia ouvido falar dos grandes espadachins do Norte que sua velocidade era tal que parecia que estavam parados, impressionante e eu ergui minha lamina rapidamente e o ar se inflamou junto com a lamina em chamas espectrais que tomaram conta do ar acima de mim e fez as setas de madeira se tornarem cinzas, quando o fogo enfim se dissipou os batedores das tribos apareceram montados em lobos acorrentados pelo pescoço e no punho grandes bastões de madeira com pedaços de metal negro sem forma na ponta e alguns usavam machados de dois gumes. Eles tinham traços fortes, altos e com sobrancelhas grossas e protuberantes e o rosto de todos eles tinham barbas longas e desgrenhadas como fios de ferro enferrujado.

Noah se posicionou e correu em alta velocidade indo de encontro com o primeiro Gigante e cortando a corrente do lobo que derrubou ele das costas e começou a arrancar os pedaços do pescoço dele até que o liquido carmesim se espalhasse pela neve e assim começou ele estava dançando sobre a neve e se defendendo de flechas e contra-atacando os Gigantes, eles se defendiam mas cortes surgiam nas grossas peles de animais que cobriam o corpo deles e sague brotava dos ferimentos e mesmo sendo menor que eles ele se sobrepunha quando eles caiam ajoelhados na neve.

Dois deles vieram na minha direção, não estavam usando nenhuma montaria, mas carregavam pesados machados e eu podia sentir que eles sabiam como usar magia por causa da Aura pulsante deles, o primeiro tinha uma velocidade descomunal, em um instante ele estava a vários metros de mim e no outro estava do meu lado brandindo o machado contra minha cabeça com todo o peso do grande corpo dele, eu já deveria estar com o meu Beserker ligado, pois minha reação foi rápida e girei o corpo para a direita, desviando e no processo desembainhei minha lamina que atravessou a coxa dele como se estivesse cortando um pedaço de frango e no segundo giro finquei ela na garganta do mesmo e depois desviando de dois cortes rápidos do machado do segundo Gigante, ele era mais lento porem mais forte, assim que as laminas se encostaram ele chutou a boca do meu estomago com uma força que me lançou contra a neve deixando um grande rastro.

– Solari! – Exclamou Noah do outro lado do campo de batalha, ele estava duelando contra quatro gigantes e seus lobos em meio a uma pilha de corpos mortos e a neve estava pintada de vermelho sob os pés dele.

Senti o gosto de ferro invadir a boca, mas isso inflamou minha Aura como se deixassem um frasco de Fogo negro cair e ele começasse a consumir tudo que encontrasse no caminho. Foi impossível evitar rir da situação enquanto minha Aura expandia e minha espada começava a flamejar com mais força.

– Ígneas – Falei calmamente a palavra de comando e levantei minha lamina, o ar se transformou em fogo e começou a circular ao meu redor descongelando a neve no mesmo instante, o fogo deve ter sugado alguns dos restantes, mas não tinha acabado, mais deles começavam a chegar pelo Norte e eram maiores, muito maiores, os batedores tinham entre um e dois metros, esses eram do tamanho das árvores, eram apenas dois, mas o andar deles parecia que um exército marchava contra nós e lá estavam eles. O primeiro bateu pé no chão e lançou uma avalanche de neve contra nós, Noah apenas sacudiu a espada e a neve se dividiu e foi para os lados, mas a neve não deixou ele ver o gigante que estava na frente dele pronto para chutar ele.

Minha garganta secou ao ver aquela cena, Ele foi lançado em direção as árvores e foi derrubando uma a uma até parar, não havia chances de ele sobreviver – No-Noah – Disse atônito.

O Fogo que já ardia em mim transbordou como uma erupção vulcânica, o ar estremeceu e se expandiu, o ar estava quente como eu e começou a derreter a neve no chão formando grandes poças d’água e eu já estava com minha lamina em punho e ela brilhava como nunca, não estava pegando fogo, mas emanando luz como o sol.

– Eu sou André Solari, Filho da manhã, herdeiro do trono do império e senhor dos reinos do Sul, Sangue de fogo e te condeno a queimar pela luz – As palavras saiam com fúria e inconscientemente da minha boca, estava dominado pelos instintos. O Gigante se afastou e pegou uma árvore do chão e jogou na minha direção, mas ela apenas começou a se desfazer em cinzas pela pressão da minha Aura.

– Brilhe – Rosnei enquanto fincava a Lamina no chão, do punho dela surgiu um círculo magico parecido com o desenho do sol que estava na bandeira da minha família e nele tinham várias runas inscritas que não sabia para que serviam, mas já iria saber. O céu nublado do Norte brilhou como se um sol estivesse escondido nas nuvens, as nuvens rodopiavam sobre o brilho dançando sobre a luz.

Finquei a lamina no chão com mais força e o brilho por entre as nuvens caiu em um único raio de luz amarela sobre os dois gigantes, era possível ver apenas as silhuetas gigantes e ouvir os gritos estrondosos dos monstros que estavam tendo a pele arrancada dos corpos até as cinzas, as nuvens se dissiparam assim que o raio caiu com um estrondo e assim que o raio de luz se desfez pude observar a cratera de terra derretida junto dos ossos das criaturas que afundavam na terra derretida e creio que também derreteram.

Minhas pernas estavam bambas e eu estava sem energias, mal conseguia respirar o ar quente que estava no local, cai no chão olhando para o lugar onde o gigante havia jogado o Nortista, ele não estava lá, ele estava caminhando na minha direção sem nenhum ferimento e isso foi a última coisa que pude observar antes de tudo se desfazer em pontos alaranjados e apagar.