Some Hearts escrita por Kleia Santos


Capítulo 4
Capítulo 4




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                      Capítulo 4

O dia seguinte chegou rápido como uma bala. Clark desceu de seu quarto sem fazer barulho e seguiu direto para a cozinha. Imaginou o que faria após a noite anterior, e, no mínimo, repetiria a fórmula mágica de levar comida para Lois na cama. Não porque fora premiado com um beijo da

última vez, mas porque sentia que era exatamente aquilo que queria e deveria fazer por ela. Abriu a geladeira pegando ovos e leite, mais algumas laranjas no pequeno cesto de frutas junto a pia.       Virou-se na direção da mesa para depositar tudo quando se deparou com a surpresa.

“Lois?”

“Hei, Smallville”, ela disse rapidamente enquanto descia as escadas da cozinha. Vestia blazer e saia em uma tonalidade escura de gravite, com uma blusa preta por baixo. Os cabelos presos em rabo de cavalo e os saltos de bico fino completavam o visual. Clark apenas a olhou altamente surpreso.

“Hã... Por que está vestida?”

Lois o encarou provocativa, “Você me quer andando nua pela casa?”

“Sim, NÃO! Quer dizer..”, Clark se confundiu com seus pensamentos praticamente o traindo, “Eu quis dizer, por que está vestida para trabalhar?

“Porque eu vou, oras”, ela disse caminhando até o cesto das frutas e agarrou uma maçã. Ela o encarou no momento em que ele caminhou na direção dela, e os dois sentiram aquele clima

agradavelmente tenso que emanava de ambos. Eles tinham questões inacabadas e isso estava mexendo com os dois.

“Você precisa repousar, Lois”, Clark disse tentando parecer sereno, embora estivesse nervoso com a presença dela arrebatando as lembranças do beijo recente.

“Sem chance”, Lois deu as costas para ele, ainda comendo a maçã, “Se Cristo levou 3 dias para ressuscitar, acho que 24 horas para eu me recuperar de uma quedinha é razoável... Além disso, eu estava prestes a riscar palitinhos nas paredes com tantas horas de confinamento.”

“Lois...”

“Nem pensar, Smallville...” Ela caminhou pela cozinha, parando do outro lado da mesa, de frente para Clark que a observava preocupado. Ela o olhou surpresa de cima a baixo. “Por que VOCÊ ainda não está vestido? Chop Chop, vamos!”

Lois saiu da cozinha como se tivesse ligada a uma tomada de 440 volts. Clark ficou a observá-la, tentando entender o que acontecera ali. Eles conversaram tão rápido que ele ainda sentia como se estivesse a sonhar em sua cama. No entanto, não estava. A noite anterior havia sido real, a

manhã era tão real quanto. Mas do pouco que ele conhecia de Lois, tinha certeza de uma coisa:

Ela estava em negação.

***

a fazenda ao DP, Clark não teve argumentos que fizessem Lois mudar de idéia, e cerca de 2 horas depois, estavam ambos do prédio do maior jornal de Metrópolis. Lois desceu as escadas tão rápida quanto o próprio borrão, tagarelando sem parar a respeito de sua nova matéria. Clark apenas

tentava acompanhá-la após comer e se arrumar às pressas. Mas estava difícil.

“Lois, você precisa ir com calma”, ele repetia como um disco arranhado, tentando resgatar nela as recomendações médicas.

“Não se preocupe, Smallville, eu vou ficar bem. Muito melhor quando conseguir minha exclusiva com o borrão. Aff, como odeio esse nome...”, ela torceu os lábios ao dizer a última frase. Caminhou até sua mesa, sentando-se diante de seu computador logo após cumprimentar com um sorriso alguns dos outros companheiros de trabalho.

“Como assim exclusiva?”, questionou Clark encostando-se à mesa dela, “Lois, o que pretende?”

“Tirar o borrão da toca, o que mais? Depois daquela foto, é preciso ouvir o que o azulão de capa vermelha tem a dizer e eu pretendo ser a primeira.”

“E como pretende fazer isso?” Clark continuou a fitá-la, perguntando-se até onde iria aquela nova obsessão de Lois.

“Não sei, pular de um prédio, quem sabe...”

“Como é??” Clark mal podia acreditar no que estava ouvindo.

“Calma, Smallville, foi uma piada. Nossa, cadê o seu humor matutino?”, ela riu da cara de assustado que o coitado fez ao ouvi-la em suas loucuras.

“Ficou na cama onde você deveria estar passando o dia, repousando...”, ele manteve seu olhar sobre ela, agora um pouco menos agitado, “Eu acho que há uma razão pela qual o borrão faz o que faz longe dos olhares da mídia. É óbvio que ele não quer aparecer, Lois.”

“Claro que não. Mas estamos falando de um cara com superpoderes que está fazendo seu caminho como o maior herói que essa cidade já viu. Tudo o que preciso fazer é alcançá-lo, Clark. Um chamado público, uma carta...” ela fitou Clark empolgada, como se tivesse achado a respostaque precisava. “Carta! Exatamente isso!”

“Lois...”

“Agora não, Clark” ela respondeu voltando a atenção para o monitor do seu computador, “Eu tenho uma missão a cumprir...”

Clark se manteve ali ainda a tempo de ler os dizeres “Ao Borrão Azul e Vermelho” digitados em negrito no topo da página. Levantou-se e se sentou em sua cadeira claramente preocupado. Em meio a tantas emoções e pensamentos em sua mente, não tinha parado para pensar que Lois não

iria descansar até descobrir quem ele realmente era...

***

No Talon, Chloe falava animadamente ao telefone no momento em que Clark apareceu com um olhar de poucos amigos.

“Ok, Cris, não sei o que a Lois está preparando, mas espero você e as meninas para a despedida de solteiro! Ah, pode deixar, vai ter sim! Beijos, tchau.”

Chloe desligou o telefone e olhou curiosa para Clark e seu estado de espírito. Ele parecia invocado com alguma coisa.

“Desembucha... o que Lois fez agora?”

“Ela não fez...”, ele disse quase para si próprio e Chloe teve que fazer um olhar  “o quê?” para ele.
Clark não insistiu no tópico, mudando de assunto, “E então, mais alguma coisa que eu possa fazer pelo casamento?”

“Por ora, acho que não... Se bem que Lois sabe mais dos detalhes do que eu”, ela riu enquanto largava o telefone na base sobre a mesinha próxima ao sofá. “Como vão as coisas, como está Lois?”

“Bem melhor. Até foi trabalhar hoje.”

“Em pleno sábado?”

“Ela está obcecada pelo borrão” Clark disse quase soando como se não falasse dele. “Quer entrevistá-lo de todas as formas, acredita que ela preparou uma carta para sair na edição de amanhã do jornal?”

Chloe observou Clark em seu desabafo agitado, “E por que isso está te incomodando exatamente?”

Clark olhou incrédulo para Chloe.

“Você ouviu a parte do ‘obcecada pelo borrão’? Ela só pensa nisso! Nem mesmo quis comentar sobre ontem!”

“Ontem?”, Chloe pareceu extremamente curiosa a respeito.

“Esquece...”, ele virou-se para não dizer nada, mas reconsiderou. “É que a gente teve um momento. E foi muito legal...”

“Ok...”, Chloe percebeu que Clark não queria entrar em detalhes, mas não pôde evitar o

comentário, “Não me diga que você está com ciúmes de você mesmo...”

“Claro que não, isso é ridículo!” Clark parecia querer dizer aquilo para ele mesmo. “Eu só não sei o que fazer, acho que é isso...”

“Bem, você conhece a Lois...” Chloe se aproximou do amigo, depositando sua mão sobre o ombro dele, “Ela pode gostar do borrão pelo o que ele faz, mas eu sei que ela gosta de você pelo o que você é. E só você pode ajudá-la a por os dois juntos...”

Clark observou Chloe em afirmação às palavras da amiga. Ela estava certa, ele era o único que possuía as respostas. E o primeiro passo seria chegar em Lois, definitivamente.

***

Depois de horas e horas de trabalho a fio, Lois subiu até o telhado do Daily Planet e deixou-se arrebatar pela brisa noturna de Metrópolis. Chegara a ter alguns momentos de reflexão desde que se mudara para a fazenda Kent, mas nunca precisara tanto deles. Ocupara-se por todo o dia tentando não pensar no que acontecera, mas a verdade era que não conseguia parar de pensar na noite anterior. Ainda podia sentir os lábios de Clark tocando os seus, da mesma forma que a brisa lhe acariciava a pele e os cabelos naquela cobertura. E era tão inacreditável a forma como se sentira, ela, Lois Lane! Caindo por ele, Smallville! Caindo sem saber qual direção tomar, sem sentir o chão sob seus pés, embora ele a fizesse tão segura que ela mal podia compreender o porquê.

Alguns vários andares abaixo, Clark Kent retornava ao DP. Seguiu até a sua mesa e não encontrou Lois em lugar nenhum por ali. Sua bolsa, no entanto, ainda estava pendurada no encosto da cadeira junto ao blazer grafite. Virou-se para um amigo jornalista,

“Viu a Lois por aí?”

“A vi entrando no elevador alguns minutos atrás”, o rapaz respondeu para sair da sala em seguida.

Clark olhou para o teto, imaginando onde ela poderia estar. Concentrou-se em sua visão de raio-x e varreu o prédio,escaneando cada pessoa, cada andar. Até que viu sua perfeita silhueta no topo do prédio, sozinha.

Lois se aproximou na murada do telhado olhando as luzes da cidade de Metrópolis. A vista era tão fantástica quanto à forma como ela se sentia. Por algum motivo, sentia-se radiante, empolgada, excitada. Como se estivesse pronta para algo incrivelmente novo e único, prestes a mudá-la para sempre.

Foi então que Clark Kent surgiu no telhado pela porta atrás dela, chamando sua atenção. Os dois se olharam como se procurassem um ao outro há um longo tempo.

“Hei...”, Clark disse ainda próximo à porta, fechando-a.

“Smallville... Como me achou aqui?”

“Eu... Passei o olho pelo prédio inteiro”, sua resposta dúbia servindo para que não mentisse.

Lois permaneceu junto à bancada, sabendo que era aquele o momento. Que o que ela evitara por todo o dia não poderia mais ficar para trás. Estaria pronta?

Clark parecia se perguntar o mesmo, mas deu alguns passos para o meio da área, quebrando o silêncio

“Publicou a carta?”

“Sim...” Lois se voltou para Clark, “Você acha que ele vai responder?”

“Você realmente pulou todas as etapas...” Clark disse sendo sincero, e Lois quis que ele fosse ainda mais.

“Você responderia? Quer dizer, se fosse você?”

O início da pergunta fez Clark gelar, mas ele decidiu dar a Lois a resposta que ele sentia ser a mais justa. “Eu procuraria saber quais as suas intenções... E se você fosse inofensiva, eu a procuraria no momento certo.”

Lois sorriu com a resposta de seu parceiro e ele a acompanhou. Ela deu alguns passos, se aproximando do centro, se aproximando dele.

“Ontem... Você acha que foi o momento certo?... Você acha que foi certo?”

“Eu acho que podemos fazer dar certo...” Clark respondeu se aproximando dela, seus olhares de encontro um ao outro como na noite anterior, “Eu quero fazer dar certo, Lois.”

Clark não foi mais longe em suas palavras e deixou seus lábios acariciarem os de Lois com um beijo terno e apaixonado. Ela correspondeu de imediato, tão ansiosa por aquilo quanto ele. Os dois continuaram ali naquele delicioso momento até que Lois soltou seus lábios dos dele, abraçando-o.

Clark a envolveu em seus braços bem apertado, para nunca mais soltar.

“Isso nunca vai dar certo”, Lois comentou sorrindo, seu olhar radiante encontrando aquela imensidão azul, “Vamos matar um ao outro...”

“Aposto que vamos...” Clark concluiu sorrindo intensamente para Lois. Ela então levou a mão à nuca dele e o trouxe de volta ao encontro de seus lábios, tão romanticamente como da primeira e

segunda vez. Os dois se beijaram sob a noite de Metrópolis, certos de que não poderiam pertencer a mais ninguém do que um ao outro.

***


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