A história de duas vidas. escrita por Juliana Rosa


Capítulo 17
Convivências.


Notas iniciais do capítulo

Peeta e sua família estão juntos agora...
Mas ainda há sequelas...
A convivência será fácil...?



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/623077/chapter/17

Algum tempo depois.

Peeta se recuperou rápido, mas seu receio ao toque das pessoas não foi superado totalmente, e ele também ficava muito desconfiado, embora as vezes eu o via fechar os olhos e engolir em seco, tentando se acalmar. Ele via inimigos e torturadores em quase todas as pessoas e a presidente Coin não escapou dessa suspeita quando ele foi chamado para falar com ela.

Peeta me disse que não confiava nela e que suas intenções verdadeiras estavam muito bem ocultas. Na verdade, eu também não confiava na presidenta, mas não disse isso a ele, com medo de desencadear algo bem desastroso. Haymitch era a única pessoa que ele não suportava o contato. Não posso culpá-lo, eu também não suportaria se tivessem me deixado lá como fizeram com ele.

Por mais que eu tentasse evitar, Haymitch acabou esbarrando nele por acidente na hora do almoço. E já deu para imaginar. Foi um Deus nos acuda.

– Por que você fez isso? - Peeta pergunta com aquele olhar raivoso.

– Calma garoto. - diz Haymitch. - Eu não vou matá-lo.

Vejo Peeta respirar com força, suas narinas se dilatando. Os punhos cerrados.

– Não coloque a mão em mim. Nem por acidente.- ameaça entre dentes.

– Está tudo bem. - digo a ele. Me viro para Haymitch. - Vá embora, por favor.

Estão todos olhando para nós na sala de refeições. Haymitch vai saindo devagar, mas Gale vem em nossa direção. Faço um sinal de cabeça em negativo para ele, mas Gale continua vindo.

– Não é permitido problemas na hora das refeições.

– Não estamos tendo problemas.

Nós três nos encaramos. Silêncio.

Pérola começa a chorar no colo de Prim. Ela parece perceber o clima pesado.

O queixo de Peeta se contrai, mas ele se vira e pega nossa filha se sentando com ela, acalentando-a.

– Desculpe minha Pérola. - ele diz o nome dela fazendo soar como uma joia muito preciosa. - Assustei você não foi, me desculpe. - a aninha em seus braços acalentando-a e ela sorri.

Me sento junto com ele. Gale permanece ainda em pé e em silencio. E então sai da sala.

Olho por todo o salão e todos voltam a atenção para seus pratos com comida fria.

Peeta está no pelotão de soldados, treinando. Ele e Gale se estranham continuamente e está ficando difícil contornar a situação, principalmente por que Pérola se apaixonou pelo pai e assim que o vê estica os bracinhos para Peeta pega-la, causando mais ciúmes em Gale.

Peeta também nos acompanha na hora da caçada, e sempre me dá um pouco da sua comida para que eu tenha muito leite para para a neném.Gale foi protestar com a presidente Coim exigindo que ele fosse retirado do treinamento, dizendo que ensiná-lo todas as nossas técnicas de combate era um erro pois ninguém sabia o que a Capital tinha feito com ele e Peeta poderia ser um espião plantado no 13. Ela respondeu que o aumento de carne na cozinha era muito bom, Peeta estava sendo vigiado o tempo todo( fato que me desagradou imensamente, até que terminasse o período pedido pelo psiquiatra) e portanto, ela não via motivos pra atende-lo. Gale ameaçou abandonar o distrito e só não foi punido por que intercedi por ele, não sem antes termos uma baita discussão onde eu deixei bem claro que não queria saber mais daquelas briguinhas infantis.

Peeta foi tentar amenizar a situação indo falar com ele na pista de corrida e numa atitude bem infantil, me escondi atrás de um muro para ouvir a conversa. Na verdade, estou com medo dos dois saírem no tapa e todos nós sermos expulsos do 13...ou mortos.

– O que você quer? - Gale pergunta assim que Peeta se aproxima. Ele está ofegante por que interrompeu a corrida.

– Baixe a guarda Gale. Eu só quero conversar. - responde Peeta.

– Sobre o que?

– Essa situação. Toda essa tensão não faz bem para a Katniss, para a minha família. Não faz bem para todos nós.

Gale dá uma risada de desdém.

– Sua família? Sabe quem cuidou da Katniss quando ele entrou em trabalho de parto? Eu sabia? Era eu quem a acalmava quando ela acordava com pesadelos. Eu. Eu tomei conta delas.

Peeta fica olhando-o, mordo o lábio e imagino o braço dele voando num soco na cara de Gale, ma ele só agradece.

– Obrigado. -o tom de sua voz é de uma sinceridade profunda.

Gale parece ter sido atingido por um soco assim mesmo.

– Ela nunca desistiu de você. Sempre acreditou que voltaria para ela.

Peeta respira fundo.

– Eu resisti a tudo na Capital, na esperança de voltar para ela.

Eu comprimo os lábios sentindo os olhos arderem.

– Então cuide dessa garota. - diz Gale. - Por que ela é forte, mas as vezes precisa de alguém que cuide dela.

O rosto de Peeta está muito sério. Ele apenas assenti e sai. Gale solta todo o ar como de tivesse levando um murro na barriga. Põe as mãos nos joelhos por um momento e recomeça a correr como um louco. Eu me recosto no muro, piscando os olhos para não chorar e me pergunto por que estou sempre magoando meu melhor amigo?

Hoje é dia do banho de sol e está um dia lindo de céu azul e um sol muito claro.Todos ficam animados com possibilidade de ver o céu e se aquecer ao sol.

Depois que a patrulha aérea faz a varredura completa e confirma que é seguro, todos sobem para a superfície com toalhas e forrando a grama seca se sentam, respirando fundo, enchendo os pulmões de ar puro pois isso, agora, só é permitido uma vez por mês.

Muitas famílias e amigos se sentam juntos conversando e mesmo com a presença de soldados guarnecendo, ah descontração. Minha mãe e Prim estão conversando com uns conhecidos do distrito 8 e Prim alisa Battercamp que ronrona e está de olhos fechados. É o gato mais feio que já vi, mas ela o adora. Anie e Finnick estão juntos, conversando. Ela está meio sem graça pois em sua cabeça raspada, começa a aparecer uma leve penugem, mas Finnick diz que ela está linda.

Estou sentada com Peeta e nossa filha um pouco mais longe e ele olha encantado, quase babando com um sorriso bobo enquanto ela mama. Olho pra ele sorrindo. Tinha me esquecido de como Peeta me faz sorrir facilmente. Vejo um pouco daquela serenidade em seus olhos e fico feliz, talvez com o tempo ela volte completa.

– Ela está crescendo rápido. - diz ele e estica o dedo indicador que Pérola agarra com força. - E também é forte.

–Ela será como o papai, forte e resistente.

Peeta passa o braço ao redor de minha cintura me abraçando e beija minha orelha, Pérola ainda está segurando seu dedo com força com sua mãozinha gordinha.

– As vezes quando acordo a noite, tenho que te abraçar para ter certeza de que não estou sonhando e que não é mais uma das alucinações do Torturador. - ele diz ainda na minha orelha. Estremeço, mas sinto uma sensação boa, por que ele está perto, está seguro.

– Você não está mais lá. Está seguro, está com sua família agora.

Ele me beija na boca e sinto sua respiração aliviada.

– Eu amo vocês. - diz para mim e sorrio corando.

Pérola termina e nesse momento Gale se aproxima, Peeta puxa rápido minha blusa fechando-a e o encara. Pra mim o gesto é terno, mas Gale acha provocativo e ergue o canto esquerdo da boca com desdém.

– Preciso falar com você. - se dirigi a mim com um gesto de cabeça.

Entrego Pérola para Peeta sorrindo.

– Pode segurá-la, ela precisa arrotar?

Peeta a aninha em seus braços mantendo-a em pé e acompanho Gale.

Ele balança a cabeça com reprovação.

– Não sei como você tem confiança de deixar sua filha com esse cara.

– Esse cara é o pai dela. O que você quer me dizer? - pergunto rude, cortando seu ataque.

– A presidenta organizou uma visita ao hospital do distrito 10... - Gale começa com uma carranca, - E ela acha que se o queridinho casal Mellark estiver presente vai ser um grande incentivo para os doentes. - termina com um sorriso irônico.

Respiro fundo e olho para Peeta brincando com Pérola, ela agita os bracinhos. Essa foi a parte do acordo que tive que aceitar quando decidiram resgatá-lo. A presidenta Coim usaria a imagem do famoso casal sobrevivente da arena, para desafiar a Capital e incentivar a rebelião, mas em troca nossa filha ficaria no anonimato.

– Tudo bem, vou falar com Peeta.

– Precisa da permissão dele agora? Você não é o Tordo? - Gale fala com escárnio.

Eu bufo irritada.

– Não. Não preciso da permissão dele e sim eu sou o Tordo, mas também tenho uma família agora e você deveria pensar em arrumar uma, talvez melhore seu humor.

– Eu tentei uma vez, ela preferiu brincar de casamento na Capital. - ele rebate com ódio e uma amargura pesada.

Abro a boca, mas fico sem palavras, ele pegou pesado. E nesse momento ouvimos um zumbido. Olhamos para o céu e a voz surpresa e aguda de um soldado grita.

– Ataque!

Ao mesmo tempo que as sirenes de alerta soam.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E agora....?
Obrigada por todos os comentários, recomendações, favoritos e tudo mais. Bjos para todos vocês.