Quando Tudo Começou a Mudar escrita por ElleRamos


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Olááá! 3° capítulo em menos de 24 horas? EBAAAAA (ou não) :(
Boa leitura!



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Illinois – Chicago

KATE

Levantei e tomei um banho rápido. Coloquei um short jeans desfiado e uma camiseta preta. Peguei um all star preto e calcei. Sai da minha casa e fui andar em direção ao Lago Michigan, afinal minha casa fica situada dentro no Lincoln Park. Sempre fui acostumada a andar por aqui desde pequena, saia de casa, andava um pouco, comia alguma coisa fora e voltava. Era praticamente minha rotina. No passado, eu costumava fazer isso com Brian, mas as coisas mudaram. E hoje, depois de muito tempo, é a primeira vez que volto a fazer isso.

Desde que terminei com Brian, eu fiz coisas que jamais havia feito na minha vida... Mas aquela não era eu. Era como se fosse uma personagem que eu encarnava sempre que queria esquecer a merda que é a minha vida ultimamente. Algumas vezes fazia aquilo para provar pra mim mesma que sabia viver sem o Brian.

Andei por uns vinte minutos e de longe avistei um banco de frente para o lago. Estava ficando cansada e nem liguei para o fato de já ter alguém sentado lá. Ao chegar ao banco, me sentei e o cara que estava lá nem pareceu ter notado, então fiquei alguns minutos olhando para frente.

– Oi – Resolvi dizer algo, já que eu estava sentada ali há uns cinco minutos e ele não moveu um musculo.

– Oi – Disse ele sem se mexer, olhando fixamente para frente.

– Você não vai olhar para mim? – Tentei puxar assunto.

– Não acho isso necessário, você pode falar comigo enquanto olho para frente – Ele respondeu com uma voz grave, porém suave.

– Tudo bem então – Kate disse virando-se para frente – Qual o seu nome?

– Você pode falar comigo sem saber o meu nome também – Ele deu um sorriso torto, mas ainda sem olhar para mim.

– Ok, misterioso!Soltei uma risadinha.

– Ok, tagarela. – Disse ele dando o sorriso torto novamente.

Depois disso ficamos ambos em silêncio. Mas confesso que fiquei intrigada.

– Porque você não pode simplesmente virar e olhar para mim?

– Porque eu deixaria de ser o ”misterioso” – Ele sorriu.

– Uma hora você terá que olhar – Cruzei os braços.

– Satisfeita? – Disse ele virando-se para mim.

Olhei-o nos olhos. Fiquei um pouco em silencio antes de responder.

– Mais ou menos – Sorri.

– Mais ou menos? Não gostou do que viu? – Ele me respondeu rindo.

– Não é disso que eu estou falando – Eu ri – Agora que vi seu rosto quero dar um nome a ele – Olhei em seus olhos novamente.

– Quanto mais se tem, mais se quer. – Ele sorriu.

– E então?

– Eu ainda quero ser o misterioso.

– Então ainda quero ser a tagarela, o que você acha disso? – Eu disse em um tom desafiador.

– Fique a vontade – Ele sorriu.

– Tudo bem então... Você mora aqui?

– Sim.

– No Lincoln Park?

– Não.

– Você é desse planeta? – Tentei ficar séria, mas sem sucesso.

– Sim – Ele riu.

– Hm, isso é bom – Eu sorri.

– Sim.

– Você mora com seus pais?

– Não.

– Você vai responder todas as perguntas com sim e não?

– Talvez – Ele sorriu.

– Você nasceu aqui?

– Não.

– Onde?

– Wisconsin.

– Eu conheço lá, meu pai costumava me levar no Sarge Boyd Bandshell* no Owen Park para ver a Banda Municipal de Eau Claire durante o verão.

– Eu já fui algumas vezes, bons tempos.

– É, quando a vida não era complicada. – Respondi.

Fiquei olhando para o lago em silêncio, e pude perceber que ele também.

– Posso te perguntar uma coisa? – Ele disse me pegando de surpresa.

Você quer me fazer um pergunta? Claro! – Respondi enfatizando o “você”.

– Você costuma fazer essas perguntas pra todo cara que você acha por ai? – Ele estava sorrindo.

– Não, normalmente eles me dizem tudo antes deu perguntar alguma coisa – Sorri.

– Eu consigo ver o porquê – Ele deu um sorriso torto.

– E agora você está flertando comigo! – Disse eu surpresa enquanto ria.

– Eu não estou flertando com você, eu só te fiz um elogio – Ele sorriu.

– Obrigada então – Sorri de volta.

– Eu preciso ir – Disse ele levantando-se.

– Você não quer ir almoçar comigo? – Na verdade, nem sei por que perguntei. Não é como se eu saísse convidando qualquer um pra almoçar.

– Eu adoraria, mas eu não posso. Tchau tagarela. – Ele saiu andando.

– Você não vai mesmo me dizer seu nome? – Gritei.

Ele apenas virou o rosto e sorriu.

Ele definitivamente ficou na minha cabeça. Ele era tão misterioso, tinha os olhos azuis mais penetrantes eu já vi. Eu fiquei pensando... Qual seria o nome dele?

Permaneci sentada ali por mais alguns minutos até sentir fome. Levantei-me e fui até ao restaurante mais próximo. Logo após terminar meu almoço e pagar a conta, fui direto para casa, liguei o som no último volume e a música a tocar foi Do I Wanna Know – Arctic Monkeys. Joguei-me na cama. Acompanhei a letra do começo ao fim.

A tarde foi passando devagar enquanto eu continuava na cama, ouvindo música e mexendo no celular. E claro, de vez enquanto pensava no garoto que encontrei mais cedo. Eu realmente havia ficado intrigada com tanto mistério, pensando “Porque ele simplesmente não me falou o seu nome?” – Era uma coisa tão simples.

Sempre gostei de mistérios, tanto em livros, séries ou filmes. E agora eu tinha um mistério pra resolver. Por mais idiota que possa parecer – e eu sei – eu estava determinada a descobrir quem era aquele cara. Quando eu ponho alguma coisa na cabeça, é difícil tirar.


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Notas finais do capítulo

* Sarge Boyd Bandshell é um lugar no estado de Wisconsin que apresenta entretenimento gratuito voltado para a família durante todo o verão.