Lembranças - Dramione escrita por Licia


Capítulo 9
O Sentimento


Notas iniciais do capítulo

Aii gente desculpa a demora mais estou aquii!!
Quero agradecer a minha Beta Isisgomes, por estar me ajudando a crescer como escritora!!
Enfim, apreciem...



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Ao entrar no quarto de seus pais, Oliver Auvergner já estava lá. Com a varinha em punho ele examinava a mente de cada um dos seus pais. Hermione sempre achou o uso da Legilimência uma arte interessante quando se é utilizada para fins benéficos. Ela permitia penetrar na mente das outras pessoas, possibilitando ver suas memórias e emoções. Contudo, seu uso poderia também se tornar facilmente traiçoeira quando usada de má fé. Nem sempre saber o que os outros pensam é uma boa ideia. Quando Oliver percebeu sua presença afirmou para ela que seus pais estavam respondendo muito bem ao tratamento e que seria necessário apenas quatro dias de internação. Aquilo a aliviou não só por que queria seus pais de volta, ela precisava do apoio deles nesta nova fase de sua vida. Ficou se perguntando o quão decepcionado eles ficariam quando descobrissem sua gravidez. Mesmo com o peso da notícia ela tinha certeza que eles não a abandonariam. Retirou tais pensamentos da cabeça e saiu do hospital, precisava fazer outras coisas.

Aparatou no pequeno apartamento em Siena, pensando no trabalho que teria para arrumar toda a mudança de seus pais e de fato lhe retirara bom tempo e cansaço. Ficou o dia todo organizando roupas, utensílios e coisas que ela sabia serem de seus pais. Quando tudo já estava organizado na sala, a castanha se sentou um pouco exausta pensando se por acaso os bruxos não tinham empresas que faziam mudança, senão ela daria essa ideia a eles. Claro que ao longo do processo teve ajuda da magia, mas ainda sim fora trabalhoso. Precisava agora despachar o aluguel daquele apartamento e aquilo seria fácil, já que mexendo nas coisas de seus pais achou um endereço e o nome do contratante, com uma simples poção polissuco se tornou sua mãe e arrumou tudo rapidamente. Após isso levou tudo para sua nova casa, agora só precisava adquirir alguns móveis.

Lojas de móveis no mundo bruxo eram engraçadas, eles tinham um modo de organização diferente e nada era realmente exposto. Só havia catálogos que mostravam a infinidade de peças diferentes em fotos e você escolhia tudo que queria. Perguntou a si mesma, se havia algum tipo de fabricação diferente ou madeiras especiais que faziam aqueles móveis, achou que não, voltando sua atenção para a rua movimentada tratou de procurar a lojinha que vira outro dia. Quando a achara, entrou logo, sendo quase atropelada por uma mulher em um vestido vermelho berrante e com um chapéu volumoso que saia apressada e com a face carrancuda. Hermione saíra do seu caminho e quando adentrara mais a loja pode perceber um senhor baixinho que tinha um elfo ao seu lado e parecia um pouco bravo.

– Ora! Essa senhora Finclker com suas exigências sem cabimento algum! – O homem um pouco mais alto que os duendes de Gringotes, mas ainda sim mais baixo que Hermione resmungara arrumando as vestes que pareciam um pouco empoeiradas. Demorou um pouco para o homenzinho perceber que ela estava ali parada, mesmo depois de Hermione pigarrear querendo chamar a atenção. Provavelmente estava nervoso demais com a senhora que acabara de sair para se ater a ela. Porém, quando ele finalmente colocou os olhos na castanha soltara uma exclamação alta.

– Me desculpe senhorita não a vi. Venha sente-se! - O homenzinho que parecia muito elétrico gesticulou para a poltrona que compunha o aconchegante cômodo. O elfo parecia bem indiferente a tudo em sua volta.

– Então como posso chama-la senhorita? - sua voz era fina e mansa e lembrava um pouco a de Dobby.

–Hermione Granger.

– É um prazer conhecer uma pessoa tão importante! Embora a guerra não seja motivo para dar gloria às pessoas você a mereceu por lutar contra o lado das trevas. – O homem era ameno e fez Hermione ruborizar um pouco. Ela gostou dele parecia ser uma pessoa simples e verdadeira.

– Fiz aquilo que acreditava ser certo, senhor?

– Luís Bavário! – o homenzinho respondeu Hermione sorridente. – Bem senhorita, em que posso ajudá-la?

– Comprei uma casa há pouco e gostaria de comprar alguns móveis.

O senhor Bavário fora rápido e prestativo, lhe mostrara todo o arsenal de móveis que tinha e Hermione os escolheu. Quando terminaram, ao lado do elfo apático surgiram mais dois e Luís explicou que eles iriam organizar tudo na casa do modo como ela pedisse e fora assim que Hermione aparatara para lá junto com eles e explicou tudo que queria que eles fizessem com os móveis e as coisas de seus pais. Tudo aquilo não ficara tão caro quanto ela achou que ficaria e após pagar foi direto ver seus pais no St. Maxine. Quando chegou sentiu um enorme enjoou apoderar de si e sem protelar entrou no banheiro da recepção com medo de que vomitasse ali mesmo. Em uma olhada rápida aquele banheiro lhe pareceu muito com os banheiros de Hogwarts. Foi direto para a pia lavar o rosto e respirar um pouco de modo que o enjoo passasse. Quando ela realmente pode respirar, viu que o banheiro era realmente parecido, principalmente com os banheiros masculinos de Hogwarts e aquela constatação levou-a para lembranças longínquas que a pouco prometera não se remeter mais.

Hogwarts, 1996.

Hermione estava com muita raiva. Não! Estava espumando de raiva. Não só porque Rony quase morrera na noite anterior e ficara chamando o nome de Lila enquanto ela morria de preocupação, mas porque Harry passara totalmente dos limites mandando Monstro seguir o Malfoy. Sim Harry tinha seus argumentos e seus pontos de vista, mas ela simplesmente não concordava! Aquilo era no mínimo horrível com o elfo e falta de respeito com o Malfoy. Não que este já tivesse demostrado algum respeito por eles, no entanto Hermione estava naquela que existia algo de bom no loiro. Só tinha uma coisa que podia se orgulhar e a deixar com um pouquinho menos de raiva. Os pergaminhos que o sonserino deixou com ela na biblioteca há alguns dias atrás ocupara sua semana inteira e ela ficou, assim, trabalhando neles até conseguir achar a solução para o problema proposto e conseguira para sua total felicidade. Admitia que aquilo tudo tivesse um ‘que’ de orgulho dela e sabia que no fundo queria provar para ele que por mais nascida-trouxa que fosse podia resolver um bendito problema que ele o grandioso sangue puro Malfoy não conseguira. Assim procurou ele a manhã inteira, naquele sábado. Não é como se não o tivesse visto ao longo da semana, porém só terminara a droga dos cálculos ontem de madrugada. Por isso estava naquela de barata tonta pelo castelo. Por que não fora pegar o mapa do maroto de Harry? Ela se indagara mentalmente. Aquilo seria bem mais rápido e não aumentaria sua raiva como aquela caminhada forçada que estava fazendo. Suspirou pensando no fato de que quando o achasse teria que dar um jeito de despistar monstro para poder conversar com Malfoy em paz sem Harry ficar sabendo. Logo que virou o corredor que dava para os jardins viu o loiro andando de costas para ela, porém bem mais a frente. Diminuiu o passo para ver aonde ele iria e ai sim chamar monstro. Quando Draco entrara para o que ela reconheceu ser um banheiro, ela chamou o elfo.

– Monstro!- Nenhum sinal do elfo - Monstro! – Ela chamou mais alto. Aquele nome era cruel, a castanha ponderara. Teria sorte se o elfo a respondesse já que este não a respeitava, mas incrivelmente o viu saindo do banheiro masculino e vindo em sua direção. Meu Deus! Ele seguia Malfoy até no Banheiro. Harry estava muito paranoico.

– Senhorita Sangue-ruim! – Disse o elfo a olhando estranhamente. Ela realmente não se importava com o adjetivo. Não a atingia, não mais. Tinha pena por monstro ter tido mestres que ensinassem essas coisas a ele, não era realmente sua culpa. Ela fez uma associação rápida com Malfoy. Que logo desaparecera, não tinha tempo para sua filosofia sobre o loiro agora.

– Monstro. Trago um recado de Harry. Ele está te chamando no salão da grifinória. Disse ser importantíssimo... – Ela achou que o elfo não iria acreditar e nem dar crédito, porém contrariando suas expectativas o viu assentir e desaparecer rapidamente em sinal de que provavelmente ia à procura de seu amigo. Ótimo! Esperava que ele ficasse muito tempo procurando Harry que definitivamente não estava no salão da grifinória. Olhou para o lados para que ninguém percebesse que ela invadia o banheiro masculino e entrou para ver o loiro, porém os dois quase se chocaram, ele vinha saindo quando ela adentrava mais o recinto.

– Granger! – ele deu um pulo para trás como se visse uma assombração. Mas arrumou sua postura, rápido. Pondo sua habitual cara de deboche. – Trocou de sexo Grange? Aqui é o banheiro masculino se sua percepção de sangue-ruim não te deixou ver! – Hermione girou os olhos e sua raiva deu alguns picos de aumento.

– Ora sua doninha desprezível e idiota! Claro que eu sei que aqui é uma porcaria de um banheiro masculino – Ela praticamente gritava e falou com muita raiva. Malfoy levantou as sobrancelhas para Hermione.

– Ficou louca Granger?

– Não Malfoy! Só vim trazer seu maldito pergaminho e te mostrar que consegui achar a solução para seu problema com armários sumidouros. Pronto, dívida paga! – Ela jogara o pergaminho em direção a ele. O loiro limitara-se a olhar estupefato, porém abaixara para pegar o papel do chão e analisa-lo. Enquanto ele passava os olhos pela resolução de Hermione, ela ficou ali esperando que o loiro falasse algo. Malfoy após alguns minutos retirou os olhos do pergaminho e os fixou em Hermione que sorria triunfante. Ela pode ver um risco de admiração passar pelos olhos de Draco, que logo foi substituído pelo velho conhecido olhar de escarnio.

– Você é realmente uma sabe-tudo Granger. Me diz? Como consegue andar com o burro do Weasley? Ele não morreu, morreu? Seria menos um idiota no mundo! – Aquilo fora a gota d’agua para a castanha naquele dia cheio de raiva. Sem pensar muito ela levantou a mão e deu um tapa no rosto do sonserino. Não era muito de perder o controle, mas ali ela o perdeu totalmente.

O tapa foi tão forte que o rosto do loiro ficou vermelho. Imediatamente ele virara para Hermione com uma expressão de completa raiva no rosto, suas mãos prensadas ao lado estavam sendo apertadas tão fortemente que tremiam em demasiado.

– Porque você não para Malfoy! Eu tenho nojo de você quando diz essas coisas! Acha que só porque é rico pode dizer essas coisas. Não na minha frente! Quer saber de uma coisa? Não é por que o seu sobrenome é reconhecido e fez algumas contribuições para o desenvolvimento da bruxaria. Que você pode se sentir superior às pessoas por causa disso – Hermione falava com tanta raiva que todo seu corpo tremia. Não gritava, mesmo assim seu tom era alto o suficiente para que uma pessoa que passasse na porta do banheiro escutasse – Tenho pena de você porque tudo que você se tornou é fruto daquilo que você foi moldado para ser, daquilo que seu pai moldou você para ser. Não enxerga nada além do seu mundo idiota e egoísta, como com certeza seu maravilhoso papai te mostrou, não ouse mais falar de meus amigos perto de mim. Acha que pode ser tudo que quiser e pisar em quem quiser, mas você não pode! Está fadado a ser o Malfoy preconceituoso e provavelmente futuro comensal como todos esperam.

Hermione estava ofegante por todas as palavras que ela havia dito e não tirou por um minuto os olhos dos cinza de Draco que estavam em uma tempestade de raiva e ódio. A castanha queria poder colocar alguma coisa na cabeça daquele idiota, faze-lo pensar. Mas do que adiantaria se no final de tudo ele ainda seria o Malfoy fadado a ser aquilo que todos esperavam que ele fosse e talvez aquilo que ele queria ser: um maldito comensal. Hermione se importava, mesmo sendo difícil admitir mais era a realidade. Não o amava desde sempre, nem se sentia atraída por ele e nem nada que envolvesse um relacionamento, mas se importava e aquilo só cresceu com aquela estranha convivência. Ela queria tanto que aquela pequena centelha de bondade que viu pudesse florescer e não ser totalmente morta pelas escolhas errôneas que ele poderia fazer. Quando o loiro agia daquela maneira odiosa ela tinha todas suas esperanças esvaídas. Talvez Harry estivesse mesmo certo e ela que estava querendo ver coisas onde não tinham. Malfoy era odioso e sempre seria. Harry diria isso e acreditaria nisso. Suspirou se preparando para sair dali, antes, porém que desse mais um passo Draco segurou forte em seu pulso a virando bruscamente. Ela tinha certeza que no lugar que o loiro apertava ficaria roxo.

– Não ouse falar assim comigo sua sangue-ruim nojenta, você não passa da escória dessa sociedade e vai ser pisada como um inseto. – Ali estava à expressão mais horrível que Hermione vira em Draco desde o começo do ano, a expressão que ela acreditou que ele não usaria mais. Fora ingênua! Pois Ele tinha tanto ascos nos olhos e falava com tanto desgostos que os olhos da castanha quiseram se encher de lágrimas, mas não foi isso que fez. O olhou de volta dura e forte em uma pose altiva. Deu uma risada digna de Belatrix Lestranger, isso o deixou sem ação por alguns minutos sem, no entanto largar o braço da garota.

– Porque você não me tortura aqui e agora Malfoy? Sou uma sangue-ruim! Não é isso que comensais como seu pai fazem? Seria um ótimo começo para você. Depois quem sabe Voldemort não te daria a marca e vocês seriam felizes juntos até ele não precisar mais de você e te matar... Ou não! Ele com certeza é um mestre muito misericordioso e te daria o beneficio da dúvida, não? – o cinismo na voz de Hermione era evidente e ela o olhava em desafio. Não deixaria que os insultos dele a magoasse. Ele soltou seu pulso bruscamente se virando e apoiando os braços na pia do banheiro e a segurando tão forte que os dedos de suas mãos ficaram mais brancos que já eram.

–Saia daqui! - ele gritou com raiva. Hermione observou seu estado lastimável, Draco tinha o maxilar duro pelos dentes travados, o reflexo no espelho era deprimente tinha os olhos fechados como se segurasse para não explodir com ela novamente. Um pouco receosa por proferir palavras duras demais para alguém tão mimado como Draco Malfoy. Ela estendeu a mão com o intuito de colocá-la no ombro dele. Ele por sua vez a surpreendeu dando um grito tão grande que a assustou. Essa foi a primeira vez que ela teve medo do que ele poderia fazer. – Saia daqui sua sangue- ruim imunda e nojenta. - Sem deixar se intimidar ou deixar que o medo que sentia se apoderasse dela o olhou com todo o desgosto que podia sentir em seu amago e seus olhos se encontraram no reflexo do espelho. A castanha então se virou e saiu. Ela andou direto para o salão comunal da grifinoria e depois para seu quarto e pegando seus livros rumou para a biblioteca, aquilo seria a única coisa que a distrairia de tudo que acabara de acontecer.

A ideia da biblioteca foi inútil. Não parava de pensar um só minuto em tudo que falou para o loiro e já era noite quando parou de tentar se concentrar e rumou para o salão comunal. A verdade era que se antes estava com raiva agora Hermione estava decepcionada consigo mesma. Sim! Malfoy mereceu ouvir tudo que ela disse, mas não tinha o direito de dizê-lo, eles nem amigos verdadeiros eram. E ali olhando para o criptar da lareira no salão comunal da grifinória ela sentiu que precisava pedir desculpas. E por quê? Já que ele nunca lhe daria o mesmo tratamento e nem o mesmo respeito. Droga de Malfoy idiota! Ela deveria odiá-lo e uma boa parte dela tinha sim raiva dele, mas se antes toda essa raiva era pela pedra no sapato que ele fora todos esses anos com os insultos e implicância, agora era porque ele não pensava sobre aquilo que ele provavelmente se tornaria. E que direito ela tinha de querer que ele pensasse diferente? Malfoy seguiria seus pais e sua família, afinal ela era só a sangue-ruim amiga do Potter para ele. Então por que ele a ouviria? Quis pegar o livro e jogar na lareira. Por que ela se importava? Mas que grande merda!

Quando Hermione achou que iria explodir pelo turbilhão de emoções que estava dentro dela, Harry entrou atordoado pelo retrato. Imediatamente todas as suas preocupações pareceram muito banais perto dos problemas do amigo. Ponderou que qualquer preocupação que não fosse ele seria banal, Harry tinha uma história muito trágica e triste. Ela parou o caminho do amigo se colocando em sua frente.

– Harry! O que aconteceu? Por que está ofegante desse jeito? – Os olhos esverdeados focaram-se em Hermione, ele parecia atordoado e perdido. Hermione o conhecia bem demais para saber que algo muito grave ocorrera.

– Eu quase matei o Malfoy! – o sussurro baixo de Harry chegou aos ouvidos de Hermione e ela arregalou os olhos.

– Você o que?- ela disse um pouco alto demais.

– Eu estava voltando do quadribol quando Monstro me encontrou dizendo que eu precisava ir ao banheiro masculino que ficava perto da saída para os jardins se não Malfoy faria uma coisa muito ruim. Eu não escutei o resto só fui correndo para lá querendo ter uma prova concreta das minhas suspeitas sobre ele. Mas quando cheguei lá – Harry parou em súbito olhando para Hermione. Droga! Será que ele escutara o escanda-lo dos dois. Não podia ser! Ele viria perguntar a ela. – Ele parecia atordoado e a ponto de, não sei chorar?! – Hermione colocou a mão na boca instintivamente se sentindo culpada. Harry continuou sem dar muita atenção às reações da amiga – Quando ele me viu, começou a me lançar feitiços e então começamos a duelar. Na hora eu não pensei direito. Tinha lido o feitiço Sectumsembra no livro e na frente estava escrito para inimigos e só lancei. E então Malfoy caiu no chão todo retalhado e tinha sangue por todo seu corpo. Snape chegou à mesma hora e pegou o Malfoy e então sai correndo para esconder o livro.

Hermione piscou duas vezes antes de processar tudo que Harry havia lhe dito. Era tudo bendita culpa dela. Se não tivesse deixado Malfoy no banheiro atordoado e ele tivesse ido embora Harry não podia ter chegado a tempo e nada daquilo tinha ocorrido. Meu Deus! Se antes se sentia culpada agora, a culpa aumentara umas dez vezes. Respirou fundo tentando se acalmar e focalizar em Harry que parecia meio atordoado. É claro que tinha aquele maldito livro de poções no meio e ela queria jogar na cara dele e dizer algo como eu avisei, mas não seria muito justo.

– Tudo bem Harry! Provavelmente Malfoy foi levado para a enfermaria e você escondeu o livro, então não há o que se preocupar. - O garoto a olhou assentindo.

–Achei que você diria algo como: eu avisei que aquele livro iria te colocar em confusão. - Hermione soltou um meio sorriso para amigo que parecera relaxar um pouco. Cruzando os braços ela olhara para ele matreira.

– Eu te avisei Harry. Têm que me ouvir mais vezes! – Ela falara quase rindo. Ele deu os ombros rindo baixo e desejando boa noite, deixando Hermione no salão comunal. Ela não queria suscitar a discussão com Harry de que ele estava exagerando com Malfoy, pois aquilo desgastaria o amigo e sabia que Harry tinha seus pontos e assim decidira-se muito rápido o que faria. Iria até a enfermaria ver como Malfoy estava e para isso precisava da capa de invisibilidade. Esperou quinze minutos contados para subir as escadas do dormitório masculino e seguir para o quarto de Harry e Rony. Quando abriu a porta em um rangido baixo pensou que se alguém a encontrasse, arranjar desculpas não seria muito fácil. Depois de constar que todos estavam dormindo e Harry estava provavelmente no banho pegou a capa. Tinha que ser rápida para o amigo não descobrir, mesmo que achasse que ele não fosse dar falta dela tão cedo e assim descendo as escadas e passando pelo quadro rumou para a enfermaria.

Não demorou em avistar a porta do lugar onde madame Pomfrey trabalhava, não sabia se Malfoy estava mesmo lá, mas não custava nada dar uma olhada. Retirou a capa e verificou que ninguém estava presente começou a seguir para a enfermaria. Porém, quando deu o primeiro passo Monstro a interceptou. Aquilo era a prova de que o Loiro estava mesmo lá.

– A senhorita sangue ruim mentiu para o monstro, o Mestre Potter não estava o chamando. Quando Monstro percebeu voltou para seguir o menino Malfoy e ele estava gritando com a senhorita sangue-ruim! Monstro foi procurar o mestre Potter para ele socorrer a senhorita. Mas a senhorita sangue-ruim não merecia ser socorrida porque mentiu para o monstro. Por que a senhorita sangue-ruim mentiu para monstro? – Hermione ouviu tudo meio culpada. O elfo falava rápido e acusava veemente e embora se sentisse culpada, com monstro ali as coisas seriam mais fáceis. Assim com o coração apertado por fazer aquilo com o elfo levantou a varinha e lançou lhe um obliviate e posteriormente um petrifficus tottalus para que ele não pudesse ver que ela estava ali com Malfoy. E assim arrastara o elfo até uma sala abandonada que ficava um pouco afastada da enfermaria e pediu desculpas baixo. Sabia que ele não podia ouvir, mas aquilo já amenizara um pouco seu coração. Quando percebeu que Monstro ficaria bem rumou de volta ao local que Malfoy provavelmente estava.

Ao abrir a porta, seu coração deu três saltos, teve medo do que encontraria ali e de como Malfoy reagiria se a visse e com esse sentimento tomando conta de si recolocara a capa novamente. Draco estava um pouco afastado e a luz fraca da lamparina ao lado de seu leito mostrava as bandagens por seu tronco e também permitia ver que ele estava de olhos bem abertos em uma expressão de total cansaço e resignação. Hermione deu mais alguns passos em direção do loiro que os escutara virando na direção de onde Hermione vinha.

– Se for você Potter, não seja tão covarde, vamos acabar nosso pequeno duelo. – A voz do sonserino saíra com muita raiva e seus dentes estavam trincados. Hermione pensou que seria mais seguro que ela se revelasse logo antes que ganhasse uma azaração. Quando retirou a capa ela pode ver a expressão do loiro quando a reconhecera mudar para confuso e depois voltar para raivosa novamente.

– Saia!- ele disse virando o rosto para o lado e retirando seus cinzentos olhos dela. Aquilo fez Hermione ficar com um pouco de raiva, porém deu mais alguns passos em direção à cama do loiro parando na ponta do lado esquerdo. Não se deixaria intimidar pela grosseria dele.

–Não. Não vou sair. – ela disse baixa e branda, dando mais dois passos em direção ao loiro. Tomando coragem ela completou – Você está bem? – sua voz não saíra firme como ela queria, mas recitante e sussurrante.

– Estou ótimo, agora saia! – Ele não mexera o semblante em nada e nem se dignara a olhar para ela, porém não desistiria assim tão facilmente.

– Porque você tem que ser tão idiota sempre?! – Ela colocou a capa na cadeira ao lado da cama e sentou-se – Não vou sair!

– O que você quer aqui Granger? – ele finalmente a olhou e ela se sentiu vitoriosa por isso. Era uma ótima pergunta a que Draco fizera. O que ela fazia ali?? A verdade! Ela se preocupava se ele estava bem ou não e sua culpa agravou-se muito. Queria, também, pedir desculpas pelas palavras ditas mais cedo, contudo nada era verbalizado, não é como se ele merecesse.

– Me preocupei com você... - ela disse dando os ombros como aquilo fosse normal para ela e de fato era, Hermione sabia quais eram os valores da amizade, fraternidade, do respeito e do amor. Perguntou-se se Malfoy teria alguma dessas noções. Viu o garoto enrugando a testa para ela em sinal de estranhamento.

– Não preciso e nem quero nada que venha de uma sangue-ruim como você! – Hermione girou os olhos e olhou para ele em deboche, não queria brigar, mas Malfoy era tão idiota.

– Você não se cansa Malfoy da mesma ofensa de sempre? – Aquilo o deixou nervoso de alguma forma e Hermione viu-se sendo puxada pelo pulso bruscamente para perto de Malfoy. Ele tinha raiva nos olhos e ao mesmo tempo confusão.

– O que você quer de mim Granger? Com toda essa fraternidade e irmandade grifinória? Se quiser me fazer mudar de lado saiba que eu já tenho um e este é a minha família! – A voz de Draco brava era um sussurro e eles estavam tão pertos que Hermione sentia o hálito dele quente em seu rosto. Ela sabia muito bem que Malfoy tinha um lado, mas Hermione não podia suportar o fato de que o garoto podia e talvez iria afundar na podridão que era ser um comensal da morte. Aquilo era terrível demais até mesmo para ele, mesmo ele já deixando muito claro que eles tinham verdades diferentes em suas vidas ela ainda estava ali.

– Quero te fazer pensar Malfoy. Não tenho a pretensão de mudar nada em você, mas fazer você pensar naquilo que quer ser e naquilo que irá se tornar.

– Então Blaise mandou você fazer essa gracinha? – Hermione olhou confusa para ele não entendendo o que ele dizia. Afinal o que o Zabine teria haver com aquilo? - Vejo que não! – ele emendou rápido percebendo a confusão de Hermione. O garoto loiro não se afastou nem um milímetro dela e aquela proximidade estranha já a estava incomodando. Ela viu Malfoy fechar a face e balançar a cabeça em negação como se estivesse indignado demais e sem que Hermione pudesse realmente reagir ele venceu o espaço mínimo que tinha entre eles e a beijou.

Os lábios de Draco Malfoy eram macios e ele os pressionava fortemente contra a boca de Hermione como se depositasse ali toda a raiva e frustração que sentia. Hermione quis fugir do toque em um primeiro momento, mas Draco apertara o pulso dela trazendo-a para mais perto de si e aquilo encheu a castanha de uma sensação de vitória gostosa. Afinal aquele ato era a prova que tudo que ela dissera e falara para ele o deixara ao menos confuso o suficiente para estar ali beijando alguém com a origem da castanha. Porém aquilo não tirara o fato de que os dois opostos e inimigos estavam ali se beijando e Hermione estava deixando-se ser envolvida pelo encantamento maldito daquele beijo dado a ela por um sonserino. E aquilo a assustou porque estava devolvendo o gesto e se entregando ao momento quando na verdade não podia. Era perigoso e a ‘coisa’ dentro do seu âmago que ela não denominaria de outra forma, poderia crescer mais e criar esperanças vans. E com aquela sensação ela quebrara o contato bruscamente, pegara a capa e saíra dali correndo como uma covarde. Porque teve medo de que toda aquela vontade que Draco enxergasse um lado diferente da história fosse algo além do que ela julgara ser até agora: só algo que ela faria por uma pessoa que merecia sua atenção por ter devolvido algo tão precioso para ela. Se desesperada mais ainda quando ponderou o fato de que aquela pequena coisa que crescera mais uns poucos milímetros com aquele toque íntimo de Draco, aquela coisa que ela não denominaria de outro modo e que ela definitivamente não poderia deixar acontecer, aquela coisa que ela tentara se convencer que jamais aconteceria com ela e Draco. Aquela coisa pequena que crescera com sua fissura por querer que Draco fosse diferente, por dizer coisas que queria que ele pensasse e pela convivência estranha deles e que crescera um pouco mais quando ele a beijara não podiam ser sentimentos simplesmente não podiam.

Encostou as costas na parede ao lado do quadro da mulher gorda e suspirou deixando que a noite do castelo a tragasse, talvez fosse melhor se afastar do loiro, já fizera tudo que podia e ela definitivamente não podia dar ensejo aquilo. Porque tinha a sensação enorme de que se desse espaço, sua vida nunca mais seria a mesma. Ela não podia estar mais certa.


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Notas finais do capítulo

Obrigada a quem leu...
Comentem e favoritem, ou não, vocês que sabem...