Lembranças - Dramione escrita por Licia


Capítulo 2
Achando um caminho


Notas iniciais do capítulo

Resolvi postar um pouco mais cedo que o esperado...
Obrigado a todos que estão lendo. Qualquer erros por favor se puderem me digam. Espero que apreciem!Leiam as notas finais, explico algumas coisas por lá...



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Os próximos três dias estavam sendo difíceis para Hermione não só porque Ronald estava sendo o mais grosso e idiota possível com ela, mas também porque Harry se mostrava sempre preocupado a interrogando se estava tudo bem. Por isso quando chegara o dia do enterro daqueles que morreram lutando em batalha, por mais destroçada e triste que estava por Lupin, Tonks e Fred, também queria poder não ter mais que enfrentar os olhares preocupados e interrogativos de Harry e a carranca de Rony.

A cerimônia fora realizada no cemitério Bruxo de Whityborne perto da casa dos Weasley. O lugar, embora parecesse como qualquer cemitério que Hermione já vira na vida, tinha suas peculiaridades mágicas; havia fantasmas de velhos mortos que não encontraram lugar a não ser naquele cemitério, túmulos em com pássaros os rodeando de maneira estranha, o que fez a castanha presumir serem enfeitiçados e tantas outras coisas às quais não prestara muita atenção, pois seus olhos estavam pousados no enorme monumento de mármore com uma placa de metal postado bem na entrada do cemitério. Nele continha todos os nomes dos que morreram em guerra lutando e que seriam enterrados ali, não eram muitos e os que mais chamaram à atenção da grifinória fora os de Fred, Remo e Tonks. Poderia ser injusto dar tanta atenção somente a eles, outras pessoas também morreram e deram a vida pela causa, porém aquelas eram pessoas que estavam próximas demais de Hermione para que a ferida não sangrasse e doesse mais.

Fora retirada de seu devaneio e lágrimas quando Gina apertara seu ombro levemente e seguira o caminho de pedra que dava para a pequena aglomeração de pessoas que estavam envoltos aos caixões, viu o rosto da mãe de Tonks debulhado de lágrimas, viu tantos conhecidos enevoados em uma tristeza tão grande e não pode deixar de pensar que a guerra lhes valera preços altos demais, porém não havia como não ser assim, toda grande vitória necessita de alguns sacrifícios e ali não era diferente. Hermione se odiou no mesmo instante por pensamentos como aquele, era algo que Draco falaria, algo que ele consideraria sensato e inevitável, porém ela não era assim, preferiria pensar que podiam ter a chance de salvar a todos e ponto, lutara por isso até o fim... Todavia, no final aquilo realmente não importava, eles estavam mortos, nada poderia retirá-los do limbo da morte e então se colocou a ouvir o Senhor Weasley que já se apostara na frente de todos e começava a dizer algumas palavras.

Todas aquelas bonitas palavras, todas aquelas lindas e emocionantes palavras a fizeram chorar muito, tanto que achou que estava incomodando as pessoas ao seu lado, mas aquilo era bobeira, ninguém se quer prestava atenção nela. Harry, Rony e Gina estavam um pouco mais a frente tão absortos em prestar atenção no senhor Weasley que não viu hora melhor para ir embora dali. Queria não olhar para trás ou pensar que Draco não aparecera em lugar algum desde que a guerra acabara, no entanto ela fizera as duas coisas. Esperava que os Weasley e sua amiga ruiva entendessem sua decisão e sem protelar mais, se afastou o bastante para que não incomodasse ninguém com sua aparatação e rumou para um lugar onde poderia dormir e começar a procurar seus pais no dia seguinte.

O caldeirão furado fora o primeiro e melhor lugar que encontrara para ficar, o local tinha o mesmo aspecto de hospedaria de segunda mão que vira quando fora ali pela última vez. Tom, o velho que trabalhava lá desde sempre, estava varrendo o pequeno bar que ficava embaixo da estalagem e além dele não havia muitas pessoas. Sentiu-se aliviada por isso, não queria chamar atenção para si. Assim, foi até onde o estaleiro estava e pediu um quarto para se acomodar. Ele ficara fascinado por vê-la ali e logo a parabenizou por ter ganhado a guerra, ruborizada a grifinória somente assentiu e soltou um tímido obrigada, a esta altura não duvidava que todos os bruxos da Grã-Bretanha já estivessem comentando sobre o fim definitivo de Voldemort e sobre Harry e seus amigos, o que incluía, provavelmente, ela. Retirou-se desses pensamentos ao ouvir o ranger da porta do quarto sendo aberta por Tom e Hermione com o cansaço esquisito que vinha sentido nos últimos dias, colocara sua bolsinha expansiva onde estava todas as suas coisas na cômoda ao lado, tomara um banho e trocara de roupa sendo tragada para o mundo dos sonhos tão rápido quanto despencara na cama.

Tivera sonhos estranhos e nebulosos à noite toda e quando acordou, naquela manhã cinzenta, o lugar pouco habitual a deixara também um tanto desconfortável, por isso levantou o mais rápido possível arrumando-se para deixar o quarto e procurar algo comestível lá em baixo. Quando descera, o bar tinha aquele mesmo aspecto silencioso e pouco movimentado, mas Tom estava lá descendo as cadeiras das mesas e o deixando mais aconchegante possível, o que para Hermione estava sendo uma tentativa vã. Resolvera, naquele instante, que nada comeria ali, aquele ar estava praticamente sufocante e então só acertou tudo com o hospedeiro e colocou-se a caminho da casa de seus pais.

 A grifinória não a via já fazia quase um ano e não estava tão ansiosa para revê-la, seus pais não estariam lá e enfeitiçara-os para não a venderem ou alugarem, pois temia por qualquer trouxa que viesse a ficar nela, todavia não tinha a menor ideia do que acontecera a ela no meio daquela guerra. Com tais pensamentos na cabeça, aparatou ali mesmo no meio do salão do caldeirão furado, o que quer que tenha ocorrido com o lugar em que crescera, ela iria descobrir agora.

A casa, por fora, parecia a de sempre. Havia um jardim pequeno na frente ao lado esquerdo e direito da casa e no meio a escada que era acesso da porta azul, era uma típica casa em Londres, um tanto cara e bem localizada Hermione admitia, mas para ela era somente o seu lar. Hesitara antes de subir a escada, não tinha mínima ideia de como ia encontrar lá dentro, pois sabia que os começais achariam o local onde crescera, afinal era uma bruxa e o ministério tinha tudo sistematizado e como o mesmo havia sido tomado pelas forças de Voldemort esperava que sua casa estivesse destruída, todavia aparentemente ela parecera intocada e isso lhe soava extremamente estranho, já que era uma nascida trouxa amiga do arqui-inimigo de Voldemort. Talvez eles não houvessem a destruído por esperar que durante a guerra ela e seus amigos se refugiassem ali ou ao menos aparecessem e isso fez a castanha ter medo do que poderia encontrar lá dentro, eles poderiam não ter mexido nela por fora, mas quem saberia o que havia lá dentro?

Colocou o pé no primeiro degrau e continuou a subida, com medo ou não, precisava entrar lá. Parou em frente à porta de entrada, percebendo que ela não estava devidamente fechada, mas somente encostada, hesitou em empurra-la, porém não fora para a grifinória atoa e sem protelar mais respirou fundo e empurrou-a bruscamente dando dois passos para o lado, para que nada a atingisse seja lá o que os comensais haviam feito na casa. Uma gargalhada atingiu seus ouvidos e ela pode distinguir a voz de Belatrix gritar alguma ameaça com sangue-ruim no meio. Hermione mentiria se dissesse que o grito não assustou, ouvira-o vezes demais em momentos nada agradáveis, porém Belatrix estava morta e se ela viera pessoalmente inspecionar sua casa, já não estava, obviamente, lá. Acalmou-se então e analisou o cômodo de entrada, não pode deixar de se desanimar com o estado caótico e bagunçado dele, sua mãe detestava bagunça e jamais vira nada nem perto daquilo em sua casa, colocou os pés dentro, pisando em um caco de vidro que fora parte do abajur que adornava o hall de entrada, a parede que antes fora preenchida por um belo quadro, estava nua em papel de parede frio e com letras garrafais feitas, Hermione constatou rapidamente, com magia. A escrita tinha um aspecto avermelhado e fosco, nelas lia-se ‘ Você não pode fugir para sempre sangue-ruim’. Ignorou aquilo levantando a varinha e proferindo o feitiço.

— Homenum Revellio – usara por precaução antes de adentrar mais a casa que provavelmente estava destruída e com frases tão convidativas quanto a que vira há pouco. O feitiço não mostrara nada e Hermione passou a vasculhar cada canto do primeiro andar, quando percebeu que nada realmente perigoso havia ali, somente aquela bagunça que a incomodava, levantou a varinha com o intuito de arrumar tudo e viu as coisas começarem a tomar seu devido lugar. Não havia ali feitiço oral, estava mais para uma conexão entre bruxo e varinha, ela queria tudo arrumado e voíla tudo estava indo para o seu devido lugar.

Tal ato a fizera lembrar-se de Harry contando a ela e Rony, quando visitara Slughorn e vira o antigo diretor fazer aquele mesmo feitiço, parecia que havia passado uma eternidade desde então e de fato passara, Dumbledore não estava mais entre eles e muitas outras pessoas que ainda faziam parte de suas vidas naquela época e tão pouco existia Draco Malfoy povoando seus pensamentos e coração, sim, de fato parecia outra vida. Sua realidade, porém, era aquela agora e com tal pensamento rumou para a escada que ficava na sala e ao terminar de subi-la viu que o segundo andar não estava diferente do primeiro, dando um aceno com a varinha tudo começara, também, a voltar para seu devido lugar. Os escritos, no entanto, não quiseram sair com aquele simples feitiço, porém estava com fome demais e tão avida por notícias de seus pais que arrumaria aquilo outra hora.

Era óbvio que não tinha nada de comestível na casa, portanto teria de comer algo na rua e também não tinha lá muitas ideias para achar seus pais. Hermione havia os enfeitiçado para se mudarem dali, mas não sabia para onde eles haviam ido, só plantara uma ideia em suas mentes de não ficarem e não voltar tão cedo.

Olhou em volta do corredor do segundo andar, frustrada com sua impotência em encontrar os pais, rápido, rumou direto para seu quarto em busca de algum tipo de conforto. O cômodo não estava mais revirado por causa do feitiço, porém ainda havia escritos em vermelho chamuscado com os piores xingametos no mundo bruxo para pessoas de sua origem. Desanimada sentou na cama de seu velho quarto e começou a especular o que faria para encontrar seus pais, tinha certeza que os trouxas sistematizavam quem saia ou não de seus países e sim ela também os enfeitiçara para sair do país, ela temia pelo bem estar deles e ali tão perto da guerra não era nada seguro. Fizera o certo para protegê-los, mesmo que tenha se arriscado para isso.

 Analisou o quarto mais uma vez, com a sensação de que estava esquecendo algo e quando passou os olhos pelo chão lembrou-se do seu esconderijo secreto em baixo da cama, onde uma tábua solta escondia uma caixinha que ganhara de seu pai quando tinha dez anos. Arredou o móvel que estava sentada para o lado e agachou onde sabia estar o tal esconderijo. Havia o protegido com um feitiço fortíssimo que só permitia ter acesso à caixinha com o uso do seu sangue. E assim o fez, pingando uma gota sobre a tábua que soltara um estampido em sinal de que fora aberta, levantou-a tirando de lá uma caixinha de formato retangular e tamanho médio que em toda sua extensão tinha desenhos que retratavam a França. Lembrava-se da paixão de seus pais por aquele país e quando eles a levaram lá quando era pequena. Amara a torre Eiffel, o balé francês, os prédios históricos e o museu do Louvre. Aquela caixinha fora dada a ela lá, seu pai dissera que os desenhos que a adornavam representavam todas as aventuras que haviam vivido naquele país. Abriu-a forçando-se a sair daquelas memórias. Dentro havia uma série de coisas que ela guardava com carinho, mas nada era mais importante do que aquele colar ao fundo. Ele trazia lembranças que ela queria esquecer, mas não podia, pois aquele objeto de ouro fora o começo de tudo.

Hogwarts, 1996

Hermione praticamente corria sobre a neve profunda que acumulara no caminha de Hogwarts para Hogsmead, queria poder ter a esperança de alcançar Harry e Rony como planejara, no entanto sabia que aquela corrida com três livros na mão só deixavam-na mais ofegante e cansada. Diminuiu o passo com o intuito de descansar um pouco já que com certeza os garotos já estariam no castelo. Maldita fora a hora que parara em frente à livraria de Hogsmead e vira o exemplar da nova edição do Livro ‘A História da Medibruxaria em dez contos’ escrita pelo melhor medibruxo da época Nataniel Boughts. Era totalmente fascinado por esse assunto e não hesitara nem por um segundo quando avisara os amigos, que estavam a dez passos de si naquela hora, que iria entrar e comprar o livro. Harry e Rony protestaram dizendo que não queriam ficar até de madrugada fazendo lições atrasadas e por isso queriam chegar depressa no castelo. Ela se viu revirando os olhos e dizendo que fossem na frente então, pois não levaria mais que dois minutos para comprar o livro e depois podia alcança-los. Enganara-se feio ao deduzir somente dois minutos, pois acabara entrando na loja e protelando ainda mais a conversa com o atendente que a fizera comprar mais dois livros sobre o assunto. Às vezes tinha impressão que fazia jus à fama de sabe-tudo.

Harry e Rony não voltaram para procurá-la, conheciam bem Hermione para saber que aqueles dois minutos virariam meia hora muito facilmente e agora ela estava parada ali com frio e sozinha. Assim, colocou-se a caminhar novamente, sendo parada bruscamente quando ouvira uma voz conhecida chamar seu sobrenome. Ela fechou os olhos com força, demorando a virar na direção do som, sabia muito bem quem era.

—O que você quer, Malfoy? – disse ríspida, se virando para o garoto loiro. Ele estava sem seus habituais capangas e balançava um objeto que a castanha não conseguira ver direito por causa da neve que caia.

—Isso por acaso seria seu, Granger? – Malfoy dera três passos em direção à garota, que pudera focalizar melhor o objeto. Era um colar um tanto familiar para ela, instintivamente sua mão fora parar no pescoço onde carregava o cordão de ouro que sua mãe lhe dera no começo do ano, ele não estava lá. Era um objeto muito caro a Hermione, pois nele tinha um pingente que estava na sua família há alguns anos e onde havia duas fotos que retratavam seus pais. Era quase uma tradição de família, ele havia sido de sua avó e depois de sua mãe e agora era dela.

— Onde achou isso Malfoy? Devolva-me agora! – disse ríspida. Não queria transparecer o desespero que sentia em seu âmago por aquele colar estar nas mãos do sonserino. Este rira em deboche, abrindo um sorriso de escárnio.

—Ora, ora Granger, que feio ser tão mal educada com alguém que está com algo seu em mãos! – O cinismo era evidente em sua voz e em todos os seus gestos. Aquilo a irritou em demasiado e quis muito voar no pescoço do sonserino e arrancar-lhe a joia a força. Todavia seu desespero em perder o colar ou o garoto loiro o estragá-lo de alguma forma fora maior. Por isso cruzara os braços, arrumara a postura e procurara abrandar a face.

— Me devolva Malfoy, por favor!

— Assim é bem melhor, Granger. Agradeça por eu prestar atenção o bastante em você para perceber que este colar que eu peguei 'bondosamente' do chão em Hogsmead, é seu! – Hermione deu um suspiro de alívio quando o garoto chegara mais perto e estendera o colar para ela, meio desesperada a castanha o pegou, colocando no bolso de seu casaco. Malfoy continuara andando com sua pose aristocrática, dizendo algo que mais tarde ela lembraria bem.

— Está me devendo uma Granger e eu vou cobrar!

Hermione saíra bruscamente de seu devaneio, indo para frente do espelho e o colocando o colar novamente em seu pescoço. Quando arrumara suas coisas para ir para casa dos Weasley e posteriormente a guerra ficara com imenso medo de perdê-lo ou de ser roubado de alguma forma e por isso o guardara ali em segurança. Mesmo que a casa fosse destruída a caixinha ficaria intacta, tomara precauções para isso, e assim todas aquelas coisas que lhe remetiam a suas lembranças estariam a salvo e fora melhor assim. Não queria dar espaço para que durante suas buscas com Harry e Rony, pegasse na calada da noite aquilo e ficasse perdida em lembranças inúteis como fizera há pouco. Não iria ficar pensando no devaneio que teve com Draco e nem no fato de que ali tudo começara. Iria sair e comprar algo para comer e pensar na melhor maneira de encontrar seus pais, aquele era seu objetivo maior. Amanhã começaria a procurar notícias sobre o seu paradeiro.

Naquela tarde após ter comido tudo que tinha direito, sua mente, inutilmente, tentou traçar a melhor maneira de poder encontrar seus progenitores, no entanto achava que seu coração acabava sempre dando um jeito de voltar para aquela tarde em Hogsmead com Malfoy. Hermione não sabia ao certo se, por um acaso, tivesse oportunidade de voltar no tempo, faria aquele dia ser diferente e não pararia naquela bendita livraria e provavelmente não se encontraria com Draco, afinal ali a coisa toda começara, mas tinha a leve impressão de que tal ação temporal seria inútil, pois se não fosse daquela maneira, o sonserino arranjaria outra para aproximar-se dela, era o que ele queria no final das contas.

Voltou logo para casa saindo daquele pequeno e aconchegante bistrô e daqueles devaneios inúteis sobre mudar o passado e quando já estava dentro de casa começara a lançar todo o tipo de feitiço de proteção que conhecia, aquele era um habito que não queria deixar tão cedo.


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Notas finais do capítulo

As memórias são do sexto ano gente e eu tentarei ser o mais fiel possível ao livro seis, no entanto muitas coisas serão modificadas ao longo da trama para encaixar o romance. Outra coisa que eu quero deixar bem clara é que tudo é do ponto de vista da Hermione, o que ela acha que as pessoas sentem e sejam não quer dizer que as pessoas realmente sintam ou sejam assim. Enfim esclareci algumas coisas, pois estava com medo de que vocês não entendessem sou nova nisso tudo e quero fazer o melhor que posso...