Faz apenas 2 minutos, que entrei por aquela porta, e nesses dois minutos queria qualquer coisa menos estar ali, durante 2 anos teria que suportar aquilo, e veja só, sem você novamente! A vida não é nada justa não é mesmo?

Eu não saberia se iria suportar, mas eu havia lhe prometido e haveria de cumprir. Sabe o que é mais horrível em ser adolescente? E o que muita gente leva para a vida toda? Se expressar e ser quem você é! Se fosse de uma maneira diferente jamais seria aceito! Quando se é calouro tudo o que você menos quer é chamar atenção, mas isso era uma coisa da qual eu não conseguia evitar, não que eu fosse exibido ou algo do tipo. Eu era simplesmente esquisito, o nerd que falava sozinho, tomava remédios e tinha uma mãe que havia pirado.

Tentei andar normalmente, mas assim que algum veterano se aproximava eu me recostava na parede para que eles não me notassem. Estava dando certo e eu estava até que feliz por isso, porém não durou muito mais que 8 minutos, até que alguém me notasse e me jogasse numa lata de lixo.

Eu realmente queria ser normal, mas todos os dias de manhã a única coisa que eu pensava era algum motivo para que eu não me matasse de uma vez! E por algum milagre eu estava conseguindo arranjar um todos os dias há 3 meses, mas na maioria das vezes são apenas mentiras, talvez eu fosse tão covarde que nem mesmo para me matar eu prestava.

Meu pai me abandonara pelos negócios que tinha, ele me mandava uma constante mesada para que eu pudesse pagar as contas e comprasse algo para comer, ele me dava sempre um dinheiro a mais e escrevia um e-mail vez ou outra. Mas era apenas para dizer que ele não viria para meu aniversário, ou não estava disposto para viajar para um feriado qualquer. Mas aqueles e-mails que eu mais detestava eram os que ele dizia: “ Mandei um dinheiro a mais para que possa sair com seus amigos! ”.

Ele sabia que eu não tinha amigos, sabia que todos me olhavam torto e que não gostavam de gente esquisita. Mas acho que as poucas vezes que ele me telefonou, não havia me escutado!

Minha mãe? Digamos que depois da morte “dele”, ela me surrou de tal maneira que fiquei internado por alguns dias no hospital e ela foi internada em um hospital psiquiátrico, do qual nunca mais sairá!

Na hora do intervalo eu tentava apenas não chamar a atenção, mas era difícil apenas fingir que tudo daria certo e que alguém daquela multidão gostaria de ser meu amigo, ou pelo menos conversar comigo!

Havia se passado três dias, porém para mim pareciam anos. Havia feito minha rotina normal, pegado um livro ou algum mangá para ler enquanto comia, pelo menos daquele jeito eu conseguia tampar a metade da minha visão. Me sentei na mesa mais afastada e tentei fingir novamente que estava tudo bem, porém alguém gritou... E todo mundo de repente saiu correndo!

“ Ela está fazendo de novo! ”

Eu pensei em ficar, afinal, qualquer coisa que os outros estejam fazendo, não iriam querer um novato por perto, mas por algum motivo, eu me levantei e corri junto a eles. Tentei me manter bem longe de todos a frente. Depois que você morreu eu tentei me tornar uma cópia sua, mas por alguma razão eu nunca seria bom o suficiente como você irmão, mesmo tendo sua cara, seus olhos, sua voz e sua altura.... Eu nunca seria tão legal como você e nunca seria popular como você, por isso me mantinha numa área segura de todos!

Enquanto corria junto a todos uma música me invadiu, era doce, suave, porém me passava uma calma e ao mesmo tempo um sentimento de raiva. No momento em que o sol me invadiu e os gritos se tornaram mais altos que a música, eu senti o que há muito se estava perdido em mim, alegria!

Quando o sol foi encoberto por uma nuvem passageira, pude vê-la pela primeira vez, seus cabelos loiros sendo tomados pelos ventos do verão, fazendo seu vestido rosa se erguer um pouco. Ela era linda. Naquele momento minha alma cinza, se tornara um pouco mais colorida.

Ela se virou para mim, com os olhos marejados, pude sentir os olhares de todos se sobrepondo junto a mim, mas eu não me importei... Meus olhos estavam ocupados nela. Senti as lágrimas escorrendo, tentei contê-las, mas não consegui.

Naquele momento, a música daquela garota iria me salvar de uma maneira que eu nunca pude imaginar!