Shoot into the sky escrita por SilenceMaker


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Alguém está lendo essa história? Bom, se não vou continuar postando e falando sozinha kkk dá nada
Esse foi o capítulo mais rápido que já escrevi. Talvez seja porque eu enrolei bastante, mas acho que, apesar de bem lerda, to progredindo a história no ritmo que eu queria. Talvez não na mesma qualidade, mas tá melhor do que eu achei que ia ficar.
Obrigada por ler!



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Nos dias seguintes Eli fez o máximo para evitar a companhia de outros soldados. Com certeza todos já estavam sabendo de suas condições. Sabia que os comentários iam acontecer, querendo ou não, mas não queria estar lá para ouví-los. Seu ego estava machucado demais para isso.

Estava ocupando seu tempo com os equipamentos que estavam sendo pedidos. Não era nada muito revolucionário, apenas coisas comuns: armamento de longa e curta distância, equipamento para escalar prédios, e mais algumas coisas que Eli ainda não tinha checado. Ninguém lhe contara os planos, o que já esperava, então só podia fazer suposições. Se bem que era meio óbvio que eles queriam fazer uma invasão.

Simples e direto. Entrar lá, pegar os reféns (será que podia chamá-los assim?) e sair. Fazer o menor estrago possível, chamar a menor atenção possível. Se complicar muito, geralmente dá errado. Sempre tem alguém que se bagunça e não faz o que devia.

— Isso aqui é um saco — Eli resmungou, dando um chute frustrado em uma caixa cheia de rifles.

Ele tinha suas máquinas para fazer todo o trabalho. Elas simplesmente cuspiam as armas na caixa enquanto Eli ficava catando moscas. Não tinha mais acesso aos seus projetos, como logo descobrira, nem se sentia a vontade para sair e caminhar. Trabalhar no coelho assassino seria um ótimo modo de se distrair, mas como não tinha jeito tinha que achar outra coisa para fazer.

Tentou correr pela oficina, fazer flexões, fazer tranças nos cabelos (que, não sendo muito longos, ficaram espetando para todos os lados), e por fim se resumiu a quebrar nozes com uma luva mecânica. Eli se perguntou se aquele segundo tenente ainda tiraria sarro de sua cara se o socasse no nariz com aquela luva. Quando abriu sua trigésima noz com um peteleco, sorriu e colocou-a na boca, jogando a casca em uma lixeirinha. Ele choraria aos meus pés por piedade.

Foi tirado de seus pensamentos quando sua máquina apitou, sinalizando o fim do processo. Todos os rifles foram terminados. Bufando, Eli levantou-se e foi lacrar a caixa. Ele podia fazer outra máquina cumprir essa tarefa, mas tinha que se sentir ocupado. Estava entediado demais.

Arrastou-se até o painel, as pontas dos dedos movendo-se para programar outra coisa. Hora de fazer as pistolinhas dos soldadinhos ingratos.

Quando deu início novamente, Eli suspirou. Não adiantava ficar choramingando para si mesmo, afinal, já estava metido naquela situação. Tudo que podia fazer era esperar tudo se resolver para saber o que fariam consigo, o "traidor".

Em alguns momentos até cogitou sair escondido, se mudar para outra cidade para evitar a punição, mas logo descartou a ideia. O que faria em outro lugar? Não serviria de mecânico em outro exército, já que eles provavelmente ou já teriam seu próprio ou não teriam estrutura para acomodar um — principalmente um com ideias extravagantes como Eli. E de jeito nenhum poderia viver como um cidadão na cidade.

Não pisava em áreas comuns residenciais desde que era muito pequeno. Não fazia a mínima ideia de como conviver em uma sociedade onde o dinheiro é a possessão mais estimada das pessoas, seguido de perto pelo tempo. Nunca teve que se preocupar com nenhuma dessas coisas, provavelmente morreria de fome muito rápido.

Naquele dia permaneceu bastante tempo na oficina. Não sentia cansaço por não ter feito muita coisa, e ninguém lhe proibira de ficar acordado até tarde. Não havia motivos para voltar ao seu quarto tão cedo. Sorriu com certa satisfação por sua decisão rebelde, grunhindo quando o sol refletiu da janela do ambulatório direto em seus olhos.

… …

Cinco horas depois Eli não sabia se aquela foi mesmo uma boa ideia. Usou seu tempo para fazer tudo o que tinha lhe sido passado. Mas agora, perto das nove da noite, quando uma máquina terminava as últimas lentes noturnas, Eli não tinha mais nada para fazer. Nada mesmo. Na verdade se arrependia de ter terminado tão rápido. Não ia ter nada para fazer no dia seguinte. E provavelmente nem no outro e no outro. Nem sabia quando ia ser a invasão.

Ficou girando em sua cadeira rotatória, o olhar fixo em seus cadarços escapando de dentro dos sapatos. Pensando bem eu até podia voltar para o meu quarto. Eli levantou o olhar para a porta, medindo se valia a pena ou não. A quantidade de pés se movendo do outro lado lhe deram a resposta.

— De jeito nenhum.

As pessoas estavam saindo do treino para o refeitório, ou fazendo o sentido oposto para encontrar os amigos antes de irem para o refeitório. Se pusesse os pés para fora teria que dividir o metro quadrado com mais seis pessoas e não sabia se estava pronto para isso. Então esperaria. Mas estava com sono. Talvez fosse direto para a cama quando o movimento diminuisse…

— Mas é tão longe…

Melhor ficar por lá mesmo. Devia ter alguma coisa macia em que pudesse dormir.

Olhou em volta, optando por girar a cadeira ao invés de virar a cabeça. A primeira coisa que viu foi um mecha — seu primeiro controlável por dentro, e seu favorito. Se bem que ele nem era tão bom assim. Na verdade era uma droga, sendo o primeiro da linha e tudo mais. Mas havia um carinho especial em relação a ele. Então, para compensar pela completa falta de praticidade, Eli o fizera o mais confortável possível. Ou seja, dava para dormir lá.

Eli se empurrou, ainda sentado na cadeira, e fez as rodinhas deslizarem até o mecha. Finalmente se levantou. Apoiou um pé no joelho de metal e deu impulso, agarrando-se com facilidade na cintura e apoiando-se novamente. Assim subiu até a cabine e deu um tapa para abri-la pelo lado. Entrou e sentou-se no banco, sentindo seu bumbum afundando no estofado macio.

Com um chute impaciente deitou o banco, esticando as pernas. Tirou a regata que usava e colocou-a sob a cabeça para usar como travesseiro e deixou o resto do macacão de qualquer jeito sobre os ombros. Rapidamente se acomodou.

Pegou no sono quando soou um apito, dizendo que as lentes estavam prontas.

… …

Poucas horas depois de ter dormido, Eli estava acordando, ainda grogue e com os olhos ardendo. Bocejou e sentou, tentando sair do estupor sonolento. Logo ficou claro porque tinha acordado. Havia um zumbido de estática no ar que Eli nunca escutara antes. De repente ficou alerta ao som estranho. Agora os olhos bem abertos, fixados no banco, ficou bem quieto.

Quando viu que não estava imaginando coisas, olhou por cima do painel. Procurou por qualquer coisa fora do comum na sala iluminada apenas pela lua, até que seus olhos pousaram sobre um objeto esquecido, bem no canto. Com o coração aos pulos, agarrou a regata e pulou da cabine. Aterrissou meio desajeitado, as pernas ainda moles, mas logo correu até o objeto.

Era seu velho rádio. Um dos primeiros modelos vendidos na história do mundo — muito, muito antes da Guerra Nuclear. Uma verdadeira relíquia. Eli nem se lembrava de como o conseguira, mas nunca o usara. Ele só captava as ondas antigas de rádio, as que ninguém mais se lembrava que existiam. Gostava de deixá-lo na oficina só porque sim, não porque tinha algum uso.

Mas ali estava, o pequeno ponteiro da frequência funcionando, a estática ecoando pela ampla oficina. O humilde rádio parecia terrivelmente deslocado naquele ambiente de tecnologia avançada demais para o tempo em que foi criado.

Eli não fazia a mínima ideia de como usar aquilo, então continuou parado ao lado do aparelho, as plantas dos pés subindo e descendo em inquietação. O que estava acontecendo? Por que, de repente, o rádio deu sinal de vida? Apesar da curiosidade e ansiedade, sentia também um pouco de medo. Era uma coisa completamente inusitada e não sabia se era boa ou não.

Um grunhido chiado começou a sair do rádio, sobressaltando-o. Parecia uma voz, só que ele não conseguia entender o que ela dizia. Inclinou-se mais para perto. Os grunhidos davam pausas e depois continuavam, e isso deixou Eli cada vez mais nervoso.

Em um impulso levou as mãos ao objeto, parando antes de tocá-lo. E se mexesse em alguma coisa e interrompesse a transmissão? Não, sem movimentos bruscos. Haviam alguns botões na parte da frente, mas Eli ficou receoso de apertá-los ou girá-los. Hesitou. Hesitou. Deu um tapinha breve e patético no rádio.

— Não é bem isso — murmurou, ligeiramente frustrado.

Não estava acostumado a não saber lidar com tecnologia.

Antes que pudesse fazer mais alguma coisa, os chiados ficaram menos pronunciados e a voz menos ininteligível. Eli parou de se mover e apenas esperou, aguçando os ouvidos para qualquer mudança. Então ele escutou.

Só falta eu não conseguir…

Apesar de um pouco abafado e baixo, ele conseguia ouvir palavra por palavra.

Consegui!

E agora que a voz estava mais clara, o coração de Eli deu um pulo tão violento que parecia que ia saltar pela boca. Ele reconhecia aquela voz.

Escuta, mecânico… não tenho muito tempo.

Era o soldado de Bayston que entrara em sua oficina naquele dia.

Eu preciso que me escute com atenção.

O soldado que quase o matou. O que ele queria?

Eu sou do exército de Bayston. Os seus soldados, que nós capturamos, morreram.

Dessa vez o coração de Eli pareceu parar. Não conseguia entender o que estava acontecendo. Com um peso no peito, dessa vez se forçou a prestar mais atenção. Engoliu em seco.

Eu não posso explicar agora como tudo aconteceu.

Agora que se focava, Eli percebeu que a voz do outro parecia esquisita. Ele arfava um pouco e grunhia de leve entre algumas palavras. Será que estava machucado?

As coisas por aqui estão feias. A nossa base inteira foi destruída, mas eu consegui salvar esse transmissor para poder te enviar isso. Eu estou caindo fora daqui. E eu preciso te pedir uma coisa, para o seu próprio bem.

Uma pausa.

Saia daí.

Os olhos de Eli se arregalaram.

Eu não sei porquê e agora não posso explicar como eu sei, mas agora que os seus soldados morreram eu sei que a primeira pessoa que o pessoal daí vai culpar vai ser você. Tem um túnel de Bayston que acaba bem perto de Hust. É uma encruzilhada de asfalto rachado, com uma placa verde no chão. É a primeira encruzilhada que você vai ver depois de sair de Hust, se eu não me engano. Eu vou te esperar lá até o sol começar a nascer.

Eli quase abriu a boca para responder, mas lembrou-se que o outro não poderia escutar. Fechou-a. Tinha uma sensação de ligeiro escárnio presa em seu peito, associada ao fato de que aquilo era uma situação completamente absurda. Esperou, torcendo sua camisa entre as mãos.

Você vai se quiser — a voz continuou (se vozes pudessem dar de ombros, Eli tinha certeza que essa daria). — Mas eu acho que a gente precisa conversar.

E então um clique, alguns segundos, e a estática parou.

O estômago de Eli parecia pesado e sua cabeça começava a doer, mas não tinha tempo para ficar de luto ou se lamentando. Não naquele momento, pelo menos. O soldado esquisito estava certo, não podia ficar ali. Tinha certeza que o Capitão estava monitorando Bayston feito uma coruja, não demoraria a saber que a base militar deles não existia mais. Não tinha tempo a perder.

Queria vasculhar sua oficina por coisas para levar, mas sua intuição o impediu. Sentia que não podia ficar enrolando. Foi direto para a porta, apenas pegando de cima de uma plataforma um bocado de ferramentas e as enrolando na camisa. Pegou também um estojo de lentes novas da caixa que fizera naquele dia e enfiou-a no bolso. Trancou manualmente sua oficina dessa vez, o que levaria mais tempo para abrir e talvez lhe ganhasse um tempo caso fossem procurá-lo lá.

O mais silenciosamente que pôde, torcendo para que não houvesse ninguém no caminho, fez o trajeto até seu quarto. Já sabia por onde ia sair, e como o quarto ficava perto, passaria lá para apanhar algumas coisas importantes. Espiou pela porta da cozinha e bateu o olho em uma sacola de papel sobre o balcão. Que conveniente. Pegou-a.

Quando chegou em seu quarto, parou na porta.

Seu quarto não era grande. Tinha uma cama, uma janela grande (sorte, não gostava de lugares muito fechados), um armário e uma portinha para um banheiro. Nada mais do que o necessário, não ocupando mais espaço que o necessário. Passara tanto tempo lá… lhe doía um pouco pensar que estava fugindo de sua casa e provavelmente nunca mais ia voltar.

Logo sua situação atual voltou a mente e Eli correu a tirar do armário tudo que podia levar. Catou uma mochila bem velha e gasta debaixo da cama. Começou a colocar tudo dentro, com pressa. Colocou roupas, peças íntimas, e tudo mais que julgou necessário. Por fim colocou a camisa com as ferramentas e o pacote da cozinha.

Quando foi colocar a mochila nos ombros, percebeu que uma das alças estava arrebentada. Mas não tinha importância. Fechou as persianas e saiu silenciosamente. Andou cauteloso pelos corredores, a toda hora olhando em volta. E então uma sirene ensurdecedora dos alto-falantes soou.

Eli deu um pulo de susto, mas logo se recuperou e começou a correr.

Junto com a sirene, uma voz feminina começou a transmitir uma mensagem. Sua voz estava calma.

"Essa é uma emergência. Todos os envolvidos com a operação de resgate devem se dirigir ao refeitório imediatamente. As portas de saída e emergência serão trancadas até segunda ordem. Repetindo…"

Eli correu o mais rápido que suas pernas permitiam. Virou um corredor e parou. Deu uma cotovelada em uma das placas da parede e ela se soltou um pouco — o suficiente para que Eli pudesse puxá-la e entrar dentro do túnel que foi revelado. Começou a ouvir passos por perto. Com as mãos suando, colocou a placa de volta no lugar.

Pegou do bolso o estojo de lentes e cuidadosamente colocou-as sobre os olhos. Demorou para que seus olhos se acostumassem a intrusão, mas quando melhorou um pouco Eli conseguiu prosseguir caminho. Seus olhos ardiam, mas a visão noturna o possibilitava ver os declives e viradas do pequeno e absolutamente escuro, estreito túnel de concreto.

Agora que estava mais longe, não escutava nada do alvoroço dos alarmes e de pessoas acordando e batendo portas. Tudo que tinha era o silêncio e as batidas fortes do seu coração, que parecia mais agitado que nunca. Quando parecia que tinha virado muitas vezes, que estava levando tempo demais, Eli começou a sentir uma leve brisa. Tão leve que quase não sentia, mas sabia que não era impressão. Estava perto. E já não era sem tempo — seus joelhos e mãos doíam de ficar engatinhando por tanto tempo.

Virou mais uma vez e, enfim, viu o fim do túnel. Apressou o passo. Na verdade ainda estava longe, mas agora que o céu podia ser visto Eli estava empolgado. Quando chegou ao fim, ficou de pé, grato por poder esticar as pernas. Espreguiçou-se para um lado, para o outro, e massageou os joelhos para aliviar o desconforto. Então olhou melhor em volta.

Sabia que esse túnel dava para uma área dentro da parte comercial da cidade. O centro, cheio de lojas, restaurantes, e tudo mais. Era melhor sair de um beco aleatório em um lugar cheio de gente do que em uma área predominantemente residencial.

Eli pisou para fora do beco. Ficou desorientado por um momento. Não se lembrava que a cidade era assim, tão… impressionante. Apesar de ser madrugada, do céu estar muito escuro, ainda havia um número razoável de pessoas andando e todas as luzes estavam acesas — outdoors coloridos e vibrantes, vidros tecnológicos tomando o lugar de placas luminosas, luzes presas bem altas a fim de iluminar o maior espaço possível.

O piso era feito completamente de cimento, com várias partes vazadas para escoar a água das chuvas — cada vez mais ácidas. Estava no coração do comércio de Hust. No centro de tudo havia um prédio colossal que se esticava até a estratosfera. Quase tão alto quanto algumas bases de aterrissagem das forças aéreas, espalhadas aqui e ali pela cidade.

Em torno desse prédio central, na base, estavam as lojas. Eram do mesmo tamanho que as lojas antes da Guerra Nuclear, do mesmo estilo, com um enorme calçadão de cimento liso a frente. Logo acima das lojas ficavam as ruas (altos e largos viadutos) por onde os veículos passavam, com muitas delas passando por dentro do prédio. Nos andares mais inferiores do prédio ficavam os hotéis de alto padrão, e ligando tudo isso junto estava o governo.

Eli não sabia nada sobre ele. Nunca lhe dissera respeito, afinal, pelo menos ali o governo não interfere no exército. Tudo que sabia era que estava ali, provavelmente ocupando mais espaço que o estritamente necessário — mas ninguém nunca reclamava.

Mas não tinha tempo para isso.

Segundo o relógio gigantesco bem no alto de uma loja de roupas, era quase três da manhã. Precisava chegar logo ao local combinado.

Enquanto andava — quase correndo, ignorando os olhares das pessoas ainda nas ruas — considerou que, sim, aquela podia ser uma armadilha. E estaria caminhando direto nela, como um verdadeiro idiota. Mas não tinha muitas opções. Se correr, o bicho pega; se ficar, o bicho come. Em ambos os casos a impressão que tinha é que iria morrer de qualquer jeito. Melhor morrer com o esforço de continuar vivo.

Com um atalho logo chegou ao portão, bem afastado da vista dos civis, que separava a cidade do nada. Ele só era usado para veículos de carga, que regularmente abasteciam a cidade. Em torno havia apenas um campo árido, com um pouco de mato, que se estendia por muito. Parecia que nunca existira nada ali — os semáforos enferrujados, jogados ao chão, e as grandes ruínas de pedras rachadas sempre a vista lhe diziam o oposto.

Agora não precisava mais ser tão cauteloso, mas não podia perder tempo. Começou a correr. Era um ritmo constante, um que frequentemente treinava. Corria sobre a estrada de asfalto, que apesar de rachada, lhe era mais familiar do que a terra. Por volta de uma hora se passou quando Eli sentiu que havia realmente se afastado da cidade. Ainda podia vê-la com clareza, mas sabia que ninguém o encontraria ali. Continuou correndo, diminuindo um pouco o ritmo. Olhou em volta.

Ainda com as lentes noturnas, ao estreitar os olhos pôde ver ao longe uma mancha verde no chão, Havia uma boa distância até lá, mas pelas instruções sabia que era ali. Parou de correr e começou a andar. O soldado de Bayston com certeza não estaria sentado na beira da estrada à vista de todos, então talvez tivesse que procurá-lo.

Captou um movimento pelo canto do olho e parou de andar. Esperou, produzindo a menor quantidade de som possível. Algo se moveu novamente no mesmo local, e Eli virou para lá. Uma figura se levantou de trás de uma pedra, as mãos para cima e uma postura defensiva, porém aberta. Eli não conseguiu evitar dar um passo para trás. Ao ver a ação, a figura parou.

— Eu estou sozinho aqui — disse, saindo devagar de trás da pedra.

Eli novamente reconheceu a voz, mas não reagiu tão negativamente quanto antes. Ainda estava um pouco receoso, mas nada demais. Podia passar por cima das suas frescuras dessa vez.

— Bom… — disse Eli, olhando em volta sem graça e levantando os ombros. — Eu também.

Eli ouviu uma risadinha disfarçada do outro e levantou os olhos, observando-o caminhando a passos lentos em sua direção. O soldado não chegou muito perto, preferindo manter uma distância confortável. Ele tinha cabelos curtos e meio espetados, escuros como os olhos.

— Você tem muitas explicações a dar — Eli disse, fixando seus olhos nos puxados do outro, que assentiu, abaixando os braços para uma posição mais natural.

— Você também.


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Notas finais do capítulo

Nossa, ficou comprido né? hehe
Espero não ter enfiado muita coisa desnecessária ou enrolado demais ou corrido demais. Aceito críticas e correções e o seu primeiro recém-nascido. Até depois!



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